30 Moedas

O entusiamo desesperado com o regresso de Carlos Moedas à competição política é a exacta manifestação do desespero acabrunhado que Rui Rio espalhou na direita portuguesa. O bom povo do PSD está cercado pelos decadentes raivosos, a “brigada antisocrática” que vive das glórias judiciais do passismo e sonha com o regresso do ditador troikano e joanamarquesvidalino, e pelos broncos furiosos, massa disforme de infelizes comandada pela invenção do Pedro para conquistar Loures à esquerdalha e que não passa de um movimento tachista. Naturalmente, ver este PSD aliado do Chega a poder exibir em palco um tipo que cumpre os mínimos da decência moral e da higiene ideológica provoca uma fortíssima comoção de alívio e esperança no laranjal. Mas esperança em quê?

Neste momento, a única esperança é a de que Moedas perca contra Medina simulando ter dado “luta” – ou seja, que no melhor cenário o resultado continue a ser uma derrota mas sem humilhar o candidato e o seu eleitorado. Porque isso já seria uma vitória, tamanho o deserto de liderança em que a direita portuguesa se perdeu após longos anos a apostar as fichas todas na baixa política, no golpismo e na concepção da política como a conquista do poder pelo poder. Daí não haver na sua elite nem sombra de uma ideia para o País que seja apresentável. O profundamente doloroso fiasco de Rio, o qual desceu até Lisboa com um plano que consistia apenas em estar convencido de que lhe bastava ficar a olhar para o calendário, e que depois na sua indelével e inenarrável estupidez acabou a servir de capacho a Ventura, exauriu a energia anímica daqueles que acreditaram na promessa de trazer o PSD para o centro, para o Estado de direito e para o interesse nacional.

Ora, na política como na guerra há sempre uma fortíssima probabilidade de acontecerem surpresas. Moedas poderá surgir com um discurso inovador e ambicioso que o coloque como candidato a Presidente do PSD e tal ser catalisador para um aggiornamento de toda a direita, com a eventual consequência de também se tornar competitivo para lutar taco a taco com o PS em Lisboa. Tal não é impossível mas igualmente não parece possível. Isto por causa da realidade, a qual tem a sua força. Primeiro, ninguém conhece de Moedas qualquer contributo para o renovo intelectual, ideológico ou que fosse meramente moral da direita portuguesa. A sua imagem é muito mais a de um tecnocrata, a de um animal de gabinete e corredores alcatifados, do que a de um comandante de cidadãos, pessoas e eleitores. Depois, o seu período de fama nasceu à pala dos idos de Março de 2011, ele foi uma figura importante de um Governo sustentado numa campanha eleitoral absolutamente mentirosa. E Governo que só existiu porque a direita preferiu afundar Portugal numa crise que teria sido evitada na sua gravidade colossal caso o PSD de Passos Coelho tivesse colocado o patriotismo acima da ganância cínica e cega. Finalmente, do outro lado está Medina, um nome que se fortaleceu politicamente a cada ano de gestão autárquica por estar associado à transformação da cidade numa das capitais mundiais do turismo de qualidade. Tal crescimento trouxe problemas e muito dinheiro para muita gente, incluindo para as juntas de freguesia. O balanço ainda não parece desfavorável a um igualmente candidato a secretário-geral do Partido Socialista, chegue essa ocasião quando chegar. Medina, já teve tempo para o deixar impresso na sua marca, é um político que mostra ter uma dimensão ética capaz de resistir à pulsão da chicana e do tribalismo – precisamente o tipo de líder que ajuda as comunidades a prosperar.

Para irmos ao âmago do seu valor como putativo presidente de Lisboa ou do PSD, basta que algum jornalista peça ao Carlos para nos explicar em 2021 o que disse a 24 de Março de 2011 como “dirigente do gabinete de estudos” do PSD – “Com as reformas que o PSD vai implementar, eu digo-lhe que ainda vão subir o ‘rating’, não sei se nos próximos 6 meses, se nos próximos 12 meses” – em ordem a que a honestidade intelectual de que faça alarde fique exposta nas suas vergonhas. Nem 30 Moedas chegariam para apagar o passado de um partido que traiu o seu mais valioso compromisso com a República: defender os mais pobres, contribuir para o bem comum, sacrificar os interesses sectários para salvar a saúde, a dignidade e a liberdade do maior número de nós. Et por cause

13 thoughts on “30 Moedas”

  1. Fantástico, muito bom, determinante, para elucidar as pessoas que estão ainda duvidosas em quem hão-de votar, em geral, seja para as autárquicas ou para quaisquer outras eleições.
    O ultimo parágrafo deste post do Valupi, tira quaisquer dúvidas que se apresentem às pessoas!
    Votem o melhor possível, evitando qualquer ideologia de direita ou nazi-fascista como a do Chega!!!

  2. «Assim que os mercados incorporem a informação de que o PSD vai respeitar as metas do défice, e fará tudo o que for necessário para que se cumpram essas metas até porque foi o PSD que sempre anda atrás do Governo para cortar, essas agências voltarão a dar credibilidade a Portugal» carlos moedas à lusa 24/03/2011

    assim que os supermercados portugueses incorporarem a informação da candidatura do moedas à câmara de lisboa vão chover bifes do lombo e correr cerveja à pressão nas torneiras dos lisboetas.

  3. A despropósito: André Silva, do PAN, defendeu ontem que, em vez do Montijo, o novo aeroporto de Lisboa deve ser o de Beja. Acho mal. Bastam dois neurónios e meio para entender que a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa seria Marrocos… ou talvez Sibéria. Nova Zelândia não, porque tem muitos pássaros. O deserto de Atacama não tem pássaros, mas tem muitos sobreiros. Arizona é uma boa alternativa, mas Vanuatu é ainda melhor.

  4. No Telejornal de segunda-feira da RTP-1, Nuno Barroso, autoproclamado fadista e, como tal, agente cultural, no intervalo de umas modas que, acompanhado por outros músicos, trinou em frente do Parlamento, trinou esta pérola (21.23, com início da peça às 21.21):

    “A liberdade, neste momento, é algo escasso. O trabalho também, a cultura. (…) A liberdade não tem sido usada. Não podemos cantar, não podemos dançar, não podemos ser livres, não podemos usufruir da nossa própria identidade portuguesa. E isso é mau. Temos que começar ali por cima [e indica o Parlamento] e prender aquelas pessoas que estão ali.”

    Topas? Topais, gente de pouca fé no glorioso futuro tugalense, ou tugalês, ou tugaloso, ou tutti fruti? De acordo com este magnífico agente cultural, ou koltural, ou klanstural (consideremo-nos ainda em Carnaval, ninguém leva a mal), “a liberdade não tem sido usada”, pelo que, para a usarmos, temos de privar dela aqueles garinos, e garinas, e garines (politicamente correcto oblige) que estão ali em cima, no Parlamêntico! Pourquoi? Mas que raio de pergunta é essa? Parce que! Elementar, meu caro Watson!

  5. 24janeiro2021. ELEIÇÕES. LISBOA.

    1…. PSD+CDS+PS = 695.636 (Marcelo + AnaGomes).
    2.… 695.636 : 2 = 347.818 votos (metade para PS e PSD/CDS).
    3…. Esquerda: 347818 (PS) + 85339(PCP+BE) = 433157.
    4…. Direita: 347818 (PSD/CDS) + 39190 (IL) = 387008.
    5…. 433157 (Esquerda) – 387088 (Direita) = Esquerda + 46149.
    6…. CHEGA = 123.644 votos.

    7…. Logo, o CHEGA nas próximas eleições autárquicas desempata a Maioria entre Esquerda e Direita.

  6. Que o grande Moedas trace um plano para libertar esta cultura local !
    Quem estagiou num governo inteiro do Passos Coelho sem um vómito , sera menino para mergulhar nas necessidades deste cantante. .

  7. Cidadão íntegro honesto trabalhador banal básico pagante e votante em Marvila, nas Galinheiras, em Chandoreique, ou em Carnide, ou na Curraleira, ou até no Caixodré diz:

    karlos moedas, filho de comunas, quem é ?

    tlim, tlim , xabregas …

  8. “karlos moedas, filho de comunas, quem é ?”
    afilhado do avô pintelhos e da vaca leiteira do psd em particular e lambe-botas em geral, tanto faz pé direito, esquerdo ou ambos ao mesmo tempo. foi o negociador do plano económico e financeiro que arruinou e vendeu a desbarato portugal durante a incumbência do massamólas e quando pode pirou-se para a união europeia, onde teve como recompensa o tacho da investigação, ciência e inovação no valor 80 k milhões. uma espécie de durão barroso, mais portátil e menos seboso.

  9. “A despropósito: André Silva… renhónhó… mas Vanuatu é ainda melhor.”

    tás confundir o fervedor de aspirinas com o provedor da rtp

    “No Telejornal de segunda-feira da RTP-1… rebéubéubeú… Elementar, meu caro Watson!”

    idem aspas, com a agravante do cantante barroso defender a mesma merda que tu aqui espalhas, negacionismo e não ao confinamento.

  10. o moedas não faço ideia quem seja , o que é bom. pior é : o santana ???? mas o psd é só carcaças , mesmo ? não há lá gente nova ? um dia destes ainda vão chamar a múmia.ou um esqueleto.
    a falta de renovação de malta dos partidos nas tetas da vaca faz impressão, pior que na monarquia , que ai pelo menos era às claras.

  11. Muitos parabéns, o seu post revela um enorme sentido de humor e rir nestes tempos faz muito bem, confesso que do princípio ao fim não parei de rir. Espero que continue o produzir textos humoristicos da qualidade deste

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