Ursula von der Leyen explica-se sobre “o nosso modo de vida europeu”. E não se explica mal

«L’Union est fondée sur les valeurs de respect de la dignité humaine, de liberté, de démocratie, d’égalité, de l’État de droit, ainsi que de respect des droits de l’homme, y compris des droits des personnes appartenant à des minorités. Ces valeurs sont communes aux États membres dans une société caractérisée par le pluralisme, la non-discrimination, la tolérance, la justice, la solidarité et l’égalité entre les femmes et les hommes ».

Article 2 du traité sur l’Union européenne

Il y a trente ans, en août 1989, deux millions de personnes se sont tenues par la main pour former une « chaîne de la liberté » longue de plus de 600 kilomètres à travers les pays baltes. Les images de cet événement nous rappellent avec force et émotion le chemin parcouru par l’Europe en l’espace d’une génération. Elles démontrent aussi la puissance unificatrice de nos valeurs communes : la liberté, l’égalité, la démocratie et le respect de la dignité humaine. […]

(continuar a ler)

 

Eu penso que qualquer europeu minimamente informado sabe dizer em poucas palavras o que é o fundamental do “modo de vida europeu”.  Não vale, por isso, a pena rir e escarnecer da nova presidente da Comissão quando, à frente da principal instituição europeia, se propõe defender os fundamentos da nossa organização política e social. Mesmo que todos conheçamos exemplos de situações que contradizem o nosso imaginário colectivo, é um facto que há um estilo de vida, instituições, valores, etc., que diferem dos de outras partes do mundo e, mais importante ainda, diferem agora, ao fim de inúmeros conflitos e milhões de mortos, dos da nossa própria Europa de tempos passados de má memória. Não haverá que protegê-los? Claro que sim. Mil vezes sim.

Não me choca, portanto, que Frau Ursula trace esse objectivo, se identificadas devidamente as ameaças actuais que estão implícitas na sua decisão de nomear uma pasta com tal designação. O que já estaria mal era apontar baterias exclusivamente às migrações como principal ameaça. O que não significa admitir que os migrantes tenham carta branca para estabelecerem na Europa mini-estados contrários às leis europeias apenas pelo facto de aqui se instalarem.

Mas a associação exclusiva da dita pasta às migrações foi o que ela fez ao princípio, foi errada, mas, pelos vistos, está agora a ser corrigida. E não corrige mal.

19 thoughts on “Ursula von der Leyen explica-se sobre “o nosso modo de vida europeu”. E não se explica mal”

  1. É bonito enunciar os valores comuns a todos os países da União. Infelizmente sabemos dos valores que cabem exclusivamente a alguns: atacar países com petróleo e gás, matar gente, alterar regimes.

  2. Que fofa! Quando é que ganham coragem para abrir as fronteiras de Ceuta, ou parar de financiar a Turquia para reter refugiados? Quando é que alugam charters para ir a África buscar toda a gente que queira vir para a Europa para que não sofram às mãos dos traficantes?

  3. Rato Sem Tino: Não se enerve. Penso que os países europeus podem e devem receber migrantes e pôr em prática políticas de integração eficazes. Não podem é receber os 50 milhões que desejariam vir. Como é que você gere essa realidade?

  4. as políticas de integração devem ser as mesmas que tiveram o europeus em África… trabalho pra cima. depois, quando os africanos tiverem assim umas coisas fixola na europa, empresas ,explorações agricolas, etsc etc, sempre os podemos expulsar e arruinar tudo. ah espera, eles vêm à procura de dono, não dá.

  5. Eu não tenho de gerir nada, não sou hipócrita. Mas podemos continuar a fingir que somos todos muito humanistas e fofinhos.

  6. 《Il y a trente ans, en août 1989, deux millions de personnes se sont tenues par la main pour former une « chaîne de la liberté » longue de plus de 600 kilomètres à travers les pays baltes. Les images de cet événement nous rappellent avec force et émotion le chemin parcouru par l’Europe en l’espace d’une génération.》

    Há 2,5 vezes trinta anos (= 75), em 1944, muito mais do que dois milhões de soldados soviéticos (entre russos, ucranianos, bielorrussos, georgianos e muitos outros, incluindo certamente bálticos) davam as mãos, davam aos pés, davam o litro e davam a vida numa cadeia de liberdade que chutou os paizinhos, tiozinhos e avozinhos de Ursula von der Leyen de volta à puta da terrinha da puta que os pariu.

    Que à alemã Ursula von der Leyen não ocorra melhor, como exemplo de luta pela liberdade, do que aproveitar a promoção a sipaio-mor do IV Reich para ganir umas ferroadas ressabiadas a quem lhe desancou o III, o tal dos mil anos, sonho dos seus paizinhos, tiozinhos e avozinhos, é pateticmente revelador e pouco surpreendente.

  7. e somos humanistas.quando estive na guerra colonial eu e muitos colegas davamos a nossa refeição as negras que nos lavavam a farda e nos traziam sempre à hora de almoço. fazia-o com agrado! e pagamos o trabalho.

  8. Nao entendo, Penelope. Onde e que a Ursula associou as ameacas ao modo de vida europeu as migracoes? E onde e que ela comecou a corrigir essa associacao? Nao vejo linques que justifiquem essas suas afirmacoes.

  9. Assim de repente, evoco alguns princípios que deveriam ser obrigatórios em todos os países europeus:
    – separação do Estado e igreja
    – liberdade coletiva e individual
    – circulação em todo o território, mas com o rosto destapado
    – proibição de excisão genital e de casamento forçado de crianças
    – obrigação de frequência escolar das crianças
    – escola pública não confessional
    – piscinas, praias, jardins abertos a mulheres e homens em pé de igualdade
    – templos de todas as igrejas funcionando segundo normas comuns
    – etc, etc, etc
    Se se tivesse evitado a criação de guetos e imposto normas simples de boa convivência democrática, não haveria situações difíceis que se tornaram o caldo de cultura da extrema-direita tão assustadora.
    E deixem-se lá de racismos. Nos dias de hoje, há milhões de alemães democráticos. Não lhe colem na testa o símbolo das SS. Também não suportaremos que nos considerem fiéis discípulos do Botas de Santa Comba, pois não?

  10. Realmente a verdade não é para todos. Cada um com a sua narrativa fofa, como nos manicomios. Boa sorte malta! Agarrem-se forte porque os próximos anos vão ser divertidos para vocês.

  11. FG: 《E deixem-se lá de racismos. Nos dias de hoje, há milhões de alemães democráticos. Não lhe colem na testa o símbolo das SS. Também não suportaremos que nos considerem fiéis discípulos do Botas de Santa Comba, pois não?》

    FG, concordo com quase tudo o que escreveste, excepto o parágrafo acima copy pastado, que parece indicar teres entendido mal o que despejei às 21.50 do dia 16. O que aí escrevi foi um protesto contra a xenofobia camuflada, sonsa, hipócrita, de Frau Ursula von der Leyen, recém-promovida a sipaio-mor do IV Reich e República Semiautónoma de Vichy, que os ingénuos do bantustão portuga e outros indígenas conhecem como União Europeia.

    E também não me passa pela cabeça colar-lhe à testa um símbolo das SS, pelo simples motivo de que D. Ursula seria muito mais racionalmente aproveitada numa bem aclimatada secretaria do Reich, contabilizando com eficácia e profissionalismo inexcedíveis o número de judeus, ciganos e eslavos sub-humanos democraticamente despachados em comboios de gado ou sanitizados em câmaras de gás. Nada que lhe sujasse muito as mãos, estragasse o penteado ou riscasse o impecável verniz das unhas.

    A referência de Frau Ursula à 《« chaîne de la liberté » longue de plus de 600 kilomètres à travers les pays baltes》 é que é o “racismo” com que te deves preocupar, a xenofobia que te passou despercebida, que divide e enfraquece a Europa a que devíamos ter direito. É o racismo anti-russo primário, primo direito do anticomunismo não menos primário e filho dilecto, ainda que bastardo, do antieslavismo ariano puro (seja lá isso que porra for) do saudoso humanista Adolfo.

    É o racismo de quem quer impor-me(nos) uma divisão, uma fronteira sem sentido que teria nos Países Bálticos os postos avançados que impediriam, ou impedirão, os bárbaros da Moscóvia de sonhar sequer a ousadia de se misturar com os eleitos, ou mesmo com os humildes vassalos que ‘semos nóis’. Nada mal, para estes campeões e campeãs da Europa inclusiva, de portas abertas, que todos os dias nos enfiam pela goela abaixo.

    Tive (há algumas centenas de anos) duas namoradas alemãs, ambas genética e ferozmente democráticas, e tenho por certo que uma delas, pelo menos, se estivesse perto de D. Ursula quando esta bolçou o patuá ‘báltico’, lhe diria, sem hesitações, que deveria deixar de comer Scheisse mit Kartoffel, única explicação racional para a merda que lhe saía pela boca. Espero que fique assim claro que não confundo os “milhões de alemães democráticos” com as Ursula que nos cabem em sorte. Gostaria que não existissem, claro, pero que las hay, si, las hay, e, no que me diz respeito, não irei bem-comportadamente consentir que me comam as papas na cabeça.

    Passar bem.

  12. Luis Lavoura: Dia 10 de Setembro, no DN (por exemplo): “A pasta para a Proteção do Nosso Modo de Vida Europeu

    O grego Margaritis Schinas, até agora porta-voz principal da Comissão de Juncker, será um dos oito vice-presidentes da nova Comissão von der Leyen e terá entre mãos uma pasta que junta os dossiês das migrações, da educação e qualificação, do mercado do trabalho e da segurança. A pasta de Schinas, membro do partido grego Nova Democracia, chama-se Proteção do Nosso Modo de Vida Europeu. E, por isso, começou logo a gerar polémica.

    “Chamar à pasta das migrações na Comissão ‘Proteção do Nosso Modo de Vida Europeu’ é um insulto profundo. E se isto é que trata das migrações o que irá fazer a comissária para os Assuntos Internos? Cheira-me a confusão, com estes títulos estranhos e bizarros”, escreveu no Twitter Claude Moraes, eurodeputado britânico do Labour e vice-presidente do grupo político europeu dos Socialistas e Democratas.

    “Alerta extremista: A Comissão Europeia rebatiza a pasta das migrações de ‘Proteção do Nosso Modo de Vida Europeu’ – adotando a abordagem da extrema-direita. Onde é que a equipa de Ursula von der Leyen tinha a cabeça?”, escreveu na mesma rede social Andrew Stroehlein, da Human Rights Watch Europe.“

  13. quando o estado é confessional da caridadezinha obrigatória de esquedar dá nisto: enchem os países de pessoas que procuram o modo de CONSUMO europeu à conta dos europeus, e que se estão “cagando” para os valores europeus ou para a paz europeia( se não não andavam a esfaquear pessoas como quem come tremoços).
    Ora , o modo de consumo europeu está ameaçado pelo aquecimento global e essas coisas da ciência ter dado cabo do planeta a tentar “melhorá-la” ( que Ícaro mais idiota, a tentar competir com Gaia ), por isso é aproveitar os últimos consumos antes do mad max.

  14. Atenção. A separação do Estado e da Igreja, que pessoalmente considero uma boa ideia (talvez poque vivo entre dois paises laicos), esta muito lonnge de ser um principio adoptado em todos os paises europeus : não existe no RU, não existe na Alemanha, não existe na Grécia, não existe na Dinamarca, etc.

    Em vez de “separação do Estado e da Igreja”, escrevam antes “tolerância religiosa”, que é o valor fundamental que a separação procura garantir nos paises que a adoptaram, mas que é garantida de outras formas, igualmente respeitaveis et igualmente parte do “modo de vida europeu”, noutros paises.

    De resto, e pondo de lado os infelizes insultos racistas da praxe, OK.

    Boas

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