Há três semanas, o PSD recusou na Assembleia uma comissão de inquérito ao BPN, proposta pelo Bloco e apoiada pelos restantes partidos da oposição (o CDS absteve-se). O PS reagiu à recusa e, usando de um direito potestativo, anunciou que apresentaria o seu próprio requerimento, pensando fazê-lo hoje mesmo, para que a dita comissão comece a trabalhar rapidamente, centrada principalmente na reprivatização recente do banco, mas não excluindo a sua nacionalização (apesar de já ter sido objeto de uma comissão de inquérito durante a legislatura anterior) e posterior gestão. O PSD, vendo aqui uma oportunidade para chicana política e um meio de distração dos lamentáveis episódios governativos, reviu subitamente a sua posição, recuou e resolveu apresentar o seu próprio requerimento, antecipando-se ao PS.
Não vou tecer considerações sobre a utilidade desta comissão e o foco que cada partido pretende que ela tenha. A história mais recente da venda do banco ao BIC é, porém, muito pouco transparente e precisa de ser esclarecida. Não posso é deixar de assinalar a extraordinária teoria de Luís Campos Ferreira, possante deputado do PSD, exposta, em nome pessoal, num debate ontem na RTP Informação. Segundo ele, a razão pela qual o PS pediu a comissão de inquérito ao BPN é interna, ou seja, a fação Seguro quer encostar à parede os “socráticos” confrontando-os com o processo de nacionalização do BPN (para acreditar, ouvindo a teoria e vendo o seu inventor a cores, ir aqui ao Grande Jornal de 4ª feira, parte 2, a partir do minuto 14 – estou com problemas técnicos em pôr aqui o vídeo).
Comprova-se: no PSD há uma concentração de cérebros por metro quadrado 50 vezes superior à de Silicon Valley.
O PSD a controlar inquéritos ao BPN é como confiar a droga apreendida pela PJ a uma comissão de curadores do Casal Ventoso.