Uma coisa é certa, ou duas

Depois do episódio das bofetadas que lhe foram poupadas (e ainda bem), Augusto M. Seabra, além de dar espontânea e triunfalmente a sua opinião sobre o novo Ministro da Cultura, é também entrevistado nas rádios por jornalistas que de súbito o elegeram «sábio» em matéria de nomeações e que procuram obter o seu aval para o nome escolhido. Isto é um tanto ou quanto ridículo, mas é a comunicação social que temos. Como se fosse Seabra, um crítico que quase ninguém lia, a decidir e a ter a última palavra. Também por obra de João Soares, será que o homem passou a uma espécie de conselheiro tácito? Espero que seja passageiro. Mas uma coisa é certa, havendo pouco dinheiro, não tardará muito, escreverá um artigo crítico sobre o novo Ministro da Cultura, apesar de lhe ter concedido, magnânimo, um «período de graça» (hoje, no Público). E depois? Depois, estará convencido de que as suas linhas terão poder para demitir mais um ministro.

Pois bem, não vai acontecer.  E isto é outra coisa que também é certa. João Soares não foi demitido (enfim, não se demitiu) por Seabra ter escrito o que escreveu sobre ele. Foi demitido por não saber conter-se. Convém não perder isto de vista. Castro Mendes é mais do que capaz de ter arte para responder, ou não responder, a excitados (que, por vezes, até podem ter razão, mas também não se contêm nos insultos fáceis) e a desbocados.

8 thoughts on “Uma coisa é certa, ou duas”

  1. Não esquecer que João Soares não reagiu à crítica mas sim ao insulto, seguindo o conselho do Papa Francisco, dito alto e bom som, ao insulto responde-se a soco. Alguém pediu a demissão do Papa? Hipócritas!

  2. Lá está! Porrada não se promete. Dá-se. É que, lá diz o ditado, cão que ladra não morde. E como dizia o meu falecido sogro, ovelha (João) que berra (ameaça) é bocado (bofetada) que perde (deixa de dar).
    Mas também, quem é que ia dar 2 bofetadas naquele destroço, naquele saco de vinho?

  3. eheheh… não é má ideia, seabra e vasco recuperam a extinta junta nacional do vinho para comissão reguladora do ministério da cultura.

  4. Penélope, tudo o que dizes vem na mesma linha do que eu tenho defendido e assino por baixo.

    Estes têm sido dias de glória para os interessados, alguns casos:
    – Na SIC N, o pouco mais do que infantil Bernardo Ferrão comentou a nomeação do novo ministro da… Cultura (quem não viu poderá imaginar como terá sido hilariante ver o Bernardo a falar de um poeta entre poetas);
    – No Eixo do Mal, por seu turno, Daniel Oliveira garantia nevrótico que o João Soares nunca tinha ganhado politicamente nada (eu estava a ouvir e, não sei porquê, imaginei as gargalhadas que ecoaram na casa do Francisco Louçã e da malta do BE que o conhecem suficientemente bem; por mim acabava de assistir à transposição de mais um patamar e o Daniel estava agora ao nível do pateta alegre);
    – Bibliófilo me confesso tinha há anos uma edição da Cosmos, cena de um professor da FLUL que defendera um PhD sobre a Cruzada D. Nuno Álvares Pereira e que, pela fotografia na badana, teria para aí uns trinta/quarenta anos e usava óculos de massa… Há tempos, cruzei-me com ele num seminário algures e vi então que é um respeitável senhor, divertido, mas que anda na casa dos 60 anos. Isto vem a propósito do Augusto M. Seabra que mantém no P. uma fotografia do tempo do Vicente Jorge Silva enquanto Portugal inteiro teve oportunidade de descobrir que é um senhor todo torto a subir as escadinhas do Duque (antes havia ali um estranho bife de presunto presumo que da Galiza, lá em cima);
    – Continua-se, ou eu continuo, sem saber o motivo do par de bofetadas prometidas pelo varão João Soares na versão de 1999…

    Nota. O Júlio, ali ao lado, postou uma série de vulgaridades facebookianas e calou-se?

  5. Mal por mal teria feito melhor figura se se tivesse demitido depois de assentar as bofetadas. Ao menos tinha valido para alguma coisa.

  6. Este é um assunto a carecer de outros comentários, e presumo que outra subtileza haverá, mas é sabido que o Morais Sarmento (ou ambas as personagens, vá lá) foram, são ou continuam a ser… boxeur/s.

    «Talvez seja um problema provocado pelo stresse da vida política; talvez seja necessário encontrar formas de descompressão para evitar uma “bofetização” da política. Depois de João Soares, ex-ministro da Cultura, foi agora a vez de Nuno Morais Sarmento confessar vontades semelhantes quando foi ministro da Presidência do Conselho de Ministros, em declarações à Rádio Renascença, no programa “Falar Claro” . “A mim apeteceu-me dar dois murros no [Manuel Maria] Carrilho quando fui ministro”, confessa.»

    Morais Sarmento: “Apeteceu-me dar dois murros no Carrilho quando fui ministro” – Expresso
    http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-04-12-Morais-Sarmento-Apeteceu-me-dar-dois-murros-no-Carrilho-quando-fui-ministro

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