Depois do episódio das bofetadas que lhe foram poupadas (e ainda bem), Augusto M. Seabra, além de dar espontânea e triunfalmente a sua opinião sobre o novo Ministro da Cultura, é também entrevistado nas rádios por jornalistas que de súbito o elegeram «sábio» em matéria de nomeações e que procuram obter o seu aval para o nome escolhido. Isto é um tanto ou quanto ridículo, mas é a comunicação social que temos. Como se fosse Seabra, um crítico que quase ninguém lia, a decidir e a ter a última palavra. Também por obra de João Soares, será que o homem passou a uma espécie de conselheiro tácito? Espero que seja passageiro. Mas uma coisa é certa, havendo pouco dinheiro, não tardará muito, escreverá um artigo crítico sobre o novo Ministro da Cultura, apesar de lhe ter concedido, magnânimo, um «período de graça» (hoje, no Público). E depois? Depois, estará convencido de que as suas linhas terão poder para demitir mais um ministro.
Pois bem, não vai acontecer. E isto é outra coisa que também é certa. João Soares não foi demitido (enfim, não se demitiu) por Seabra ter escrito o que escreveu sobre ele. Foi demitido por não saber conter-se. Convém não perder isto de vista. Castro Mendes é mais do que capaz de ter arte para responder, ou não responder, a excitados (que, por vezes, até podem ter razão, mas também não se contêm nos insultos fáceis) e a desbocados.
Não esquecer que João Soares não reagiu à crítica mas sim ao insulto, seguindo o conselho do Papa Francisco, dito alto e bom som, ao insulto responde-se a soco. Alguém pediu a demissão do Papa? Hipócritas!
Lá está! Porrada não se promete. Dá-se. É que, lá diz o ditado, cão que ladra não morde. E como dizia o meu falecido sogro, ovelha (João) que berra (ameaça) é bocado (bofetada) que perde (deixa de dar).
Mas também, quem é que ia dar 2 bofetadas naquele destroço, naquele saco de vinho?
eheheh… não é má ideia, seabra e vasco recuperam a extinta junta nacional do vinho para comissão reguladora do ministério da cultura.
Penélope, tudo o que dizes vem na mesma linha do que eu tenho defendido e assino por baixo.
Estes têm sido dias de glória para os interessados, alguns casos:
– Na SIC N, o pouco mais do que infantil Bernardo Ferrão comentou a nomeação do novo ministro da… Cultura (quem não viu poderá imaginar como terá sido hilariante ver o Bernardo a falar de um poeta entre poetas);
– No Eixo do Mal, por seu turno, Daniel Oliveira garantia nevrótico que o João Soares nunca tinha ganhado politicamente nada (eu estava a ouvir e, não sei porquê, imaginei as gargalhadas que ecoaram na casa do Francisco Louçã e da malta do BE que o conhecem suficientemente bem; por mim acabava de assistir à transposição de mais um patamar e o Daniel estava agora ao nível do pateta alegre);
– Bibliófilo me confesso tinha há anos uma edição da Cosmos, cena de um professor da FLUL que defendera um PhD sobre a Cruzada D. Nuno Álvares Pereira e que, pela fotografia na badana, teria para aí uns trinta/quarenta anos e usava óculos de massa… Há tempos, cruzei-me com ele num seminário algures e vi então que é um respeitável senhor, divertido, mas que anda na casa dos 60 anos. Isto vem a propósito do Augusto M. Seabra que mantém no P. uma fotografia do tempo do Vicente Jorge Silva enquanto Portugal inteiro teve oportunidade de descobrir que é um senhor todo torto a subir as escadinhas do Duque (antes havia ali um estranho bife de presunto presumo que da Galiza, lá em cima);
– Continua-se, ou eu continuo, sem saber o motivo do par de bofetadas prometidas pelo varão João Soares na versão de 1999…
Nota. O Júlio, ali ao lado, postou uma série de vulgaridades facebookianas e calou-se?
Crítica e violência – breve arqueologia das bofetadas – Público
http://www.publico.pt/n1728617
(para lá do diz-se, mais um artigo erudito de António Guerreiro)
Mal por mal teria feito melhor figura se se tivesse demitido depois de assentar as bofetadas. Ao menos tinha valido para alguma coisa.
Este é um assunto a carecer de outros comentários, e presumo que outra subtileza haverá, mas é sabido que o Morais Sarmento (ou ambas as personagens, vá lá) foram, são ou continuam a ser… boxeur/s.
«Talvez seja um problema provocado pelo stresse da vida política; talvez seja necessário encontrar formas de descompressão para evitar uma “bofetização” da política. Depois de João Soares, ex-ministro da Cultura, foi agora a vez de Nuno Morais Sarmento confessar vontades semelhantes quando foi ministro da Presidência do Conselho de Ministros, em declarações à Rádio Renascença, no programa “Falar Claro” . “A mim apeteceu-me dar dois murros no [Manuel Maria] Carrilho quando fui ministro”, confessa.»
Morais Sarmento: “Apeteceu-me dar dois murros no Carrilho quando fui ministro” – Expresso
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-04-12-Morais-Sarmento-Apeteceu-me-dar-dois-murros-no-Carrilho-quando-fui-ministro
o mogais sagmento é especialista em oferecer porrada a enfesados ou sacos de batatas, escolhe bem os alvos, mas nunca dá. deve ser uma descompensação qualquer da social democracia que inala.
http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/detalhe/ainda-lhe-parto-os-dentes.html
nota: façam print screen deste link que é raro, tudo o que havia sobre este assumpto foi removido da net