A propósito do recente caso da associação Raríssimas, ia eu escrever que a história pessoal da senhora Paula Brito da Costa (um filho com uma doença rara, que acabou por matá-lo), que está na origem da formação da associação, poderá ter levado quem tem o dever de controlar e fiscalizar a não querer ferir quem seguramente sofreu horrores através da execução da mera ideia da desconfiança. Por outro lado, uma pessoa com a história da Paula reúne as condições para se atribuir um vedetismo que de outro modo lhe estaria para sempre vedado.
Mas houve quem se adiantasse a mim.
Genealogia da imoralidade
Eremita
Adenda: Em casa, disseram-me que na reportagem original da TVI é referido que a Raríssimas foi criada pela sua ainda presidente, e que a grande motivação foi o seu filho, vítima mortal de uma doença rara. Por isso, encolhi a última frase do post – como quem enfia a viola no saco. Mas a tese continua válida e é muito simples: quando uma associação nasce nestas circunstâncias, aumenta a probabilidade de a sua fundadora e presidente se atribuir uma legitimidade indevida e de os mecanismos de fiscalização ficarem limitados por um cuidado em não pôr em causa quem tem a biografia ideal para fundar uma associação de apoio a crianças com doenças raras. É claro que a posteriori esta (alegada) falha de fiscalização é indesculpável, mas não surpreende que aconteça.
Eu sobre a Instituição não me pronuncio porque não sei nada. Eu e para aí 99,9% dos que já se pronunciaram. Em manada, como o adn das redes sociais. Já sobre a pseudo-jornalista que trouxe o caso à estampa – a Ana Leal – é da “escola” da Cabrita e basta. Um certo tipo de “jornalismo” que infelizmente passou a ser muito apreciado em Portugal. E para já não ouso dizer mais nada sobre um área social muito sensível.
sei da denúncia e porquê. a descoberta de suspeita, por factos, da desonestidade e roubo cá no Porto e o alerta, por confrontação do que não batia certo, teve o efeito de ou te calas ou vais para a rua. e a rua é, sem dúvida, o melhor lugar para denunciar bestas protegidas. espero que investiguem, pelo menos agora, até ao osso.
somos todos uns ingénuos e nunca reparámos que a grande maioria das associações de deficientes foram criadas e geridas por pais que aproveitaram para resolver o problema que têm com os filhos e melhorar o rendimento familiar. conheço pelo menos 2 casos de directora vitalícia e sem qualquer escrutínio, uma delas há mais de 40 anos, troca mercedes classe e no fim de cada leasing, marido trabalha ou trabalhou como motorista da associação e só emprega “fiéis”. se roubou ou rouba, não sei. sei que foi minha vizinha e vivia remediadamente até ter montado a associação. dois a três anos depois mudou para uma vivenda que construiu num boulevard emergente e entretanto deixei de a ver. há cerca de 10 anos para cá encontro-a regularmente a refeiçoar com a família nos restaurantes mais caros do burgo e não olham para a coluna da direita. toda a gente sabe como funcionam as ipss, bombeiros voluntários, misericórdias, escuteiros e outros amanhanços geridos pela beatice, mas ninguém tem coragem de enfrentar a indústria da caridade, a quinta coluna direitola & fachola comandada pela jonette e presidida pelo marcelo. desta vez foi precipitação, pensavam que iam apanhar bué de xuxas entalados e iam fazem mossa no governo. espero que o costa mande fazer uma sindicância geral à industria da caridade para acabar com o regabofe dos subsídios e peditórios.
Leia-se a crónica que o Camilo Lourenço publica no Jornal de Negócios para perceber melhor quem é o verdadeiro “alvo” desta estória.
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/camilo-lourenco/detalhe/vieira-da-silva-ainda-esta-no-cargo?ref=HP_Destaqueopini%C3%A3o
A Ana Leal é ” aluna” de Manuela Moura Guedes.
Aprendeu como se faz, mas pode-se lixar como se lixou a outra.
Quem se mete…leva!
nada como os clássicos para analizar isto . isto ou outra coisa qualquer.
Toda a instituição passa por três estágios – utilidade, privilégio ( aqui começam as cunhas e a contratação de familiares e amigos ), e abuso ( roubalheira à descarada)
François René de Chateaubriand
tanto na rarissímas como na democracia corruptiva o princípio aplica-se divinamente. :)
ui , analisar…
São certas instituições e certas fundações…temos que os aturar.
Aquilo já teve a bênção cavaquista, a fama já vem de longe.
A bomba rebentou com estes na altura em que são umas a traz das outras, mas o Costa aparece sempre no fim, para não dar nas vistas.
É o seu ADN asiático que sofre de a(z)ia
Eu cá gosto muito de ver aquelas imagens da Cavaca ao lado da flausina, ambas a lamber a rainha de copas.
Ainda ninguém se lembrou de entalar a Madrinha ? mas atão a madrinha não sabia quem andou a amadrinhar ? Ora isto é no que dá aquela política do ultra-radical dos direitolas, um tal de Passos Coelho, que liquidou os serviços públicos, e depois privatizou a caridade, a quem passou a dar o dinheiro público sem qualquer controle.
A gaja da Raríssimas tinha uma fama que fedia à légua … !Mas a sério que alguém ainda está espantado com esta pouca vergonha ? Porque é que acham que a TROIKA MANDOU CORTAR nas GORDURAS das Fundações e Institutos e Companhia (IPSSs e ONGs é um regabofe) e o governo “Além-Troika” NUNCA CORTOU a ponta de um corno … hum ?
Cortar era só no salário dos FP e nos pensionistas. Pois então. Ia-se lá cortar no JetSet e na malta do “empreendedorismo” pendurado nas tetas do Estado, hum ?
Jasmim,
Não tendo eu um módico empatado no negócio da banalissima madame em questão, estranho-te a prosa. Então tu, acérrima defensora da presunção de inocência no caso do Sócrates, já deste como provadas as acusações que estão a ser feitas ?! O Estado de Direito só se convoca quando estão em causa os “nossos” ?!
Fonte : Estatua de sal reproduzindo Carlos Matos Gomes in Facebook
Vulgaríssimo. O caso da associação Raríssima é vulgaríssimo. É uma receita vulgaríssima: A partir de um vulgar caso de irregularidades, neste caso uso de dinheiros públicos por parte de uma associação, em que a dirigente recebia um salário, despesas de representação, andava de BMW de luxo, comprava camarão e vestidos com o cartão de crédito, encena-se um vulgar espectáculo mediático de justiça popular.
Como se monta este espectáculo e esta trama? Como se faz desde a antiguidade, passando pela inquisição! Como se montaram os autos de fé. Um dado poder, neste caso, um dado grupo de comunicação (TVI/Media Capital), recebe uma denúncia de existência de pecados ou heresias. Esse grupo está em dificuldades económicas, ou pretende chantagear o governo. O chefe manda investigar a existência de ligações a quem quer que seja no governo – só isso interessa – tem de haver alguém, há sempre!
Logo que descoberto, neste caso um ministro que foi um vice-presidente de um órgão social (Assembleia Geral), uma deputada que foi a uma atividade da organização, previamente transformada para o efeito em inimigo público, há, como dizem os encenadores (directores de comunicação e informação), carne para colocar na fogueira – literalmente no caso da Inquisição, metaforicamente neste caso. A partir daqui é só atear a fogueira e manter as chamas. Este caso substitui na arena dos média o célebre capitulo 6 do relatório dos incêndios!
Sou contra os salários dos corpos directivos destas associações, os BMW de serviço, o camarão, os vestidos e até as gravatas de seda à custa do contribuinte, não conheço de lado nenhum a senhora, desconhecia e existência da Raríssimas, não conheço o ministro que foi vice presidente da Assembleia geral, nem a deputada que viajou, nem o deputado que estava para ser dirigente. Mas também me repugna ser metido numa bancada geral de um espectáculo com uma fogueira no meio, ou no peão de uma arena para onde vão ser atirados uns condenados às feras. Também recuso ser tratado como parte da matilha que vai meter o dente nos condenados.
Não acredito na bondade e, menos ainda, na prestação de serviço público, de uma estação de televisão que investe (é de investimento que se trata) horas de antena (horas e não minutos já de si caríssimos de emissão) para punir exemplarmente uma anónima senhora que recebia um salário de 6 mil euros tinha um BMW de serviço e comprava 250 euros de camarão! Admiro os justiceiros que acreditam nesta bondade comunicacional!
Eu não acredito. Acredito numa outra possibilidade menos pura, mais manhosa e ranhosa.
Acredito que por detrás das horas de antena da TVI sobre o tema estejam a fossar a porca da política e a porca dos negócios. Acredito numa outra tese: que o grupo de investimentos Altice, dedicado a negócios especulativos, ao sentir dificuldades no negócio da compra da TVI/Media Capital quis dar um sinal ao governo do que poderá esperar de agressividade se não abrir as pernas ao negócio. Eis aqui uma amostra como vos vamos tratar se não nos deixarem fazer o que queremos!
Acredito, pois, que o caso TVI/Raríssima é um vulgaríssimo caso de ameaça velada (do tipo chantagem preventiva) ao governo.
Por mim, recuso-me a participar neste espectáculo degradante de atirar carne à matilha. Recuso- me a fazer parte da matilha e a ladrar quando me acenam com restos! Repugnam-me linchamentos, multidões e jogadas de falso moralismo que me utilizam como carne para canhão, ou membro de uma claque.
Stars fell on Alabama last night
https://www.youtube.com/watch?v=6ibV3tCDvd8
https://www.youtube.com/watch?v=R-TGmc4CZUU
E por causa da A(z)ia, Costa só aparece quando os seus vão à frente amortecer o embate.
MRocha
Digamos que por “ossos do ofício” o acontecido na Vulgaríssimas não me apanhou de surpresa.
Aquilo que nos devia intrigar a todos é porque é que a TVI escolheu a flausina da Vulgaríssimas para atirar para a fogueira, e porquê agora. Essa é que é a verdadeira putrefacção deste caso.
A ética e a moralidade, ponderadas e mitigadas, sob o manto das atenuantes, é o que ressalta do texto . Ora, aquelas, têm vida própria, desligada dos circunstancialismos .
Jasmim,
Mas sobre a agenda dos média já estamos esclarecidos há muito. Nesse campo só não vê o que se passa desde que este Governo se esboçou quem não quiser. O meu ponto é outro, e sei que tu percebeste bem qual era. Esta coisa de julgar pessoas e instituições na praça pública com base em meia dúzia de alegados factos escolhidos a dedo para fazer passar a ideia de que a mulher de César pode não ser o que parece, faz pior dano à República do que a soma de todos os abusos que existem por aí.
Esta é mais uma que este governo (Costa)tentou varrer para de baixo do tapete.
São tantas deste Costinha manhoso, que até parece que é mesmo o «DIABO» à solta, que Passos sempre viu.
JRodrigues
Estou inteiramente de acordo.
Atirar pessoas para a fogueira é medieval e é execrável no século XXI.
Mas foi o que o país inaugurou, permitiu, e gozou, com o caso de um ex-PM chamado José Sócrates.
Se valeu para ele, agora vai ser assim para qualquer um, ou qualquer uma, neste caso saiu a fava á flausina das Raríssimas. Afinal, o que é que essa gaja é mais que um ex-PM ? é menos ! leva com uma fotografia de mão dada com o amante numa praia do Brasil, e depois ? o país (e o governo, e a maioria de esquerda na AR) não assistiram calados a todas as patifarias perpetradas sobre um ex-PM ? (até as botas e o cachecol do Benfica, lembram-se ?)
Não me espanta nada que a dita personagem (cuja fama de nariz empertigado e mau feitio já me era conhecida de muito antes desta exposição pública) possa ter cometido alguns abusos, que até podem configurar crimes. Mas obviamente há que fazer prova em sede própria (e ouvir o que a criatura tem a dizer em sua defesa). E … não fora o salário de 3000 euros (acima do permitido por lei … mas a tipa é finória e já se tinha escudado num cargo de Directora-Geral, no âmbito do qual provavelmente pode receber esse salário), se tudo não passar de meia dúzia de vestidos, uma viagem ao Brasil (em “serviço”) e 200 euros de gambas (para o almoço com a Cavaca e a rainha de Espanha) estamos conversados enquanto matéria de prova … Mau feitio, nariz emproado, e poder que sobe à cabeça é nojento, mas não é crime, é só nojento.
Esta merda, e outras que tais, estava (e estão) numa gaveta à espera de serem usadas.
Isto é assim:
– Ai o Mário Centeno foi eleito para presidente do Eurogrupo ? F…da-se fomos humilhados !
Pois então tomem lá um “escândalo” numa IPSS que possamos colar com cuspe a um dos ministros “pesos-pesados” do governo ! e assim pára-se já de falar no Ronaldo do EcoFin !
Eles querem lá saber da flausina ! o que eles querem é o Vieira da Silva, como antes quiseram o Centeno no caso dos e-mails.
Ensaiaram com a Casa Pia, depois avançaram para o Sócrates, e agora é uma via verde.
… mas neste estranho caso das Raríssimas ainda se abrem outras possibilidades …
O facto de provir da TVI … levanta a suspeita de que o poder oculto que quer vergar o governo seja o que está por detrás de uma certa compra da TVI pela Altice que o governo pretende CHUMBAR.
… neste estranho caso, é a TVI que abre a casa dos horrores e depois tudo o que fede vai atrás.
É Correio Manholas (e restante jornalixo), é partidos direitolas, etc, etc …
E a gaja, manhosa, demite-se de Presidente mas agarra-se ao cargo de Directora-Geral e fica a trabalhar a partir de casa. Finória. Para a tirarem de lá vai dar trabalho. E entretanto a coisa esquece … Sabe-a toda !