Já sabemos que Seguro, por sua vontade, não protesta, não se opõe e não entra em conflito com o Governo. Tinha uma estratégia matreira, sim, mas era em relação ao seu antecessor socialista. Aparentemente a meta era a liderança do PS e, de estratégia mais pensada, aquela era a única que tinha. Içado a líder por um processo coletivo de cegueira e um exercício do absurdo, cultiva a elegância, ou seja, o apagamento, e espera que o Governo caia de desgaste, sem que para isso contribua com o mais pequeno gesto e denotando uma capacidade extremamente limitada para avaliar as poderosas técnicas dos partidos seus adversários. Sabemos também que, se pressionado, lança frases formalmente determinadas e agressivas, que levam alguns otimistas a acreditar que “agora é que é”. Também vamos sabendo que não é.
Se a atual direção do PS pensa, e deve pensar porque o diz, que este Governo já foi e continua a ir muito para além do acordado no Memorando, agravando com isso ainda mais a situação do país e a espiral recessiva, num propósito que mais não é do que a implantação de um modelo ideológico de sociedade (para o que, diga-se, tem toda a legitimidade eleitoral) do qual o partido socialista discorda, devia agir em conformidade e demarcar-se a cada passo mais largo dado pelo Governo. E já são muitos, o que aumentou a distância em relação ao acordado em Abril de 2011 para um ponto escandaloso de não retorno. Não é isso que faz esta direção. Arranja um sarilho interno por causa da votação do orçamento, por causa disto e por causa daquilo, nomeadamente a disciplina de voto, outro sarilho por causa do Pacto/Tratado orçamental europeu, deixa que chamem socráticos aos que lhe exigem postura de oposição e acaba a dizer que o Governo deve ir sozinho pelo caminho escolhido. Mas agora, afinal, o memorando está a ser muito bem cumprido e o partido não vai rompê-lo. Pois é, medo e uns ziguezagues e incoerências que não dignificam nenhum dos protagonistas, nomeadamente Zorrinho, que, vá-se lá saber porquê, dá o peito às balas por tão fraco líder, e que confirmam, se dúvidas ainda houvesse, a total inépcia desta direção, que só envergonha.
O Governo tem maioria absoluta. Não precisa do apoio do PS para governar. Precisa dele, sim, mas para peão da sua estratégia. O discurso que se ouve por essas televisões, segundo o qual é muito importante que o PS apoie as medidas do Governo em nome da estabilidade e que Portugal é diferente deste e daquele país por ter os principais partidos do arco governativo vinculados a um programa externo é o discurso conveniente para domar e anular o principal partido da oposição que, convém lembrar, perdeu recentemente o melhor líder que alguma vez teve e do qual se devia orgulhar. Seguro engole sem minimamente se engasgar essa medicação oral que lhe enfiam todos os dias pela goela abaixo. E amolece. Mais: dá-a a beber a outros, que amolecem também.
Nem sempre concordei com Mário Soares. Entre outras coisas, as opiniões elogiosas de Passos que emitia há um ano foram incompreensíveis. Muitas vezes deixa-se levar por ódios pessoais a nível partidário. Não impede que tenha sido um grande homem e que mantenha uma capacidade de intervenção admirável. Tendo a dar-lhe razão nestas esporadas que decidiu dar recentemente ao PS. Perante a situação internacional, fazer coro com os idiotas que nos governam é um grande erro estratégico e político.
O PS atual caminha a passos largos para se transformar numa espécie de “oposição interna” do PSD a Passos Coelho.
Com a mesma linguagem, práticamente o mesmo programa político, o mesmíssimo tipo de liderança, a única diferença eleitoral entre Passos e Seguro será o nome dos figurantes do “poder” político. Não chega, óbviamente. Longe disso…
Para ser assim, o PS não faz falta nenhuma à Democracia! Nem à atual, nem à que gostaríamos de ter.
E se Tó-Zé Seguro conduzir o PS ao mesmo caminho eleitoral que o PASOK parece estar a seguir, depressa precisaremos de um novo Partido republicano, democrático, laico e genuínamente social-democrata em Portugal. E, eventualmente, de um qualquer “holandês” que o possa, queira e saiba efectivamente liderar.
Impecável.
Totalmente de acordo.
O problema é que ou o PS se demarca ou ainda acaba como a 2ª ou 3ª força política da esquerda.
O actual regime semi-parlamentar está a dar as últimas, a partidocracia está de
tal forma comprometida com o desvario que grassa e destrói a democracia, desde
o dito por não dito, a corrupção que não é combatida…razão próxima da nossa
entrada nos infernos, a destruição deliberada das condições de vida das classes
desprotegidas com especial relevo para os pensionistas!
Para evitar uma recaída em ditadura, só restará mudar o regime, para presidencialista
acabar com a exclusividade da partidocracia na A.R., efectuar a reformas tão reclama-
das por via referendária…despedir os P.Coelhos, Seguros e, toda essa fauna que se
alimenta no erário público e pouco ou nada dá ao País!!! ESTAMOS FARTOS!!!
Calma que o dito ainda chega a PM.
Passos provou que sem experiência como governante que Seguro tem, com QI mediano (o de Seguro é melhor), sem bagagem cultural (Seguro tem mais) se consegue chegar a presidir às reuniões de 5ª feira. Baseado nisto, Seguro tem a certeza que lá chegará. O PS é mero instrumento. Não lhe tira o sono. Se ganhar arranja logo mais uns milhares de apoiantes a apoiar o sua vácuo politico. Se perder que venha outro para colar os cacos.
“fazer coro com os idiotas que nos governam, é um grande erro estratégico e político. ”
Até o Cavaco já percebeu isso, não percebo eu de que está á espera o PS para o reiterar.
Não gosto de pessoas,com a forma de estar na politica da josé seguro.Durante seis anos só o ouvi falar dele,na votação do financiamento dos partidos(é o unico deputado serio…,pois foi só ele que votou contra e noutra votação que não me recordo).Ia a Braga de vez em quando (circulo por onde foi eleito). Defender posiçoes do partido como deputado no parlamento nunca…silêncio absoluto.Foi este homem que os socialistas escolheram para lider,quando ainda não estavamos refeitos da derrota eleitoral,por esta razão, foi um debate ainda a quente e pouco esclarecido.Ou mudamos de rumo, ou vamos pelos caminhos gregos de uma esquerda radical que nada resolve,ficar à frente de um partido socialista democratico:José Seguro só tem um caminho: arrepia,ou então vai à vida se tiver um minimo de vergonha.
Pois é parece que o socialismo de consumo faliu. Agora vai se experimentar o liberalismo a toque de troika.