Se Manuel Alegre não tivesse colocado o PS sem escolha, poderíamos não estar hoje a aturar Cavaco Silva, que teria tido a inédita derrota que merecia. Ainda faltam 4 anos, uma eternidade.
Se Manuel Alegre não tivesse colocado o PS sem escolha, poderíamos não estar hoje a aturar Cavaco Silva, que teria tido a inédita derrota que merecia. Ainda faltam 4 anos, uma eternidade.
Wishful thinking. O povo gosta mesmo do homem, não há nada a fazer.
Vicente de Lisboa: A avaliar pela votação de Cavaco (pouco mais de 50% dos votantes e uma enorme abstenção), o povo não gosta assim tanto. A única coisa que faltou foi um bom adversário.
Anda aí uma petição para a demissão deste asco de PR. Vai quase nos 4.000 e ainda agora começou.
http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N19482
Essa de Cavaco falar politacamente «incorreto» ainda está para durar.
Porque o facto de os portugueses poderem contar o dinheiro da carteira, do presidente, contar os trocos do portamoedas e ainda sacudir o cotão das algibeiras do homem, tudo isso tem porras.
Alem de inédito, pode vir a complicar a vida a muitos politicamente «corretíssimos».
Demasiado correts para o gosto de muito povo censurado.
2.209.227 votos em 2011.
2.746.689 votos em 2006.
2.595.131 votos em 1995.
2.902.351 votos em 1991.
2.850.784 votos em 1987.
1.732.288 votos em 1985.
“o povo não gosta assim tanto”
“petição para a demissão (…) vai quase nos 4.000”
Manuel Alegre, Mário Soares, Jorge Sampaio, Vítor Constâncio, Almeida Santos… talvez me esteja a esquecer de algum outro herói.
De facto o povo não percebe nada disto.
Pense nisso, mas pró Seguro. Ou melhor pra nosso seguro.
Buiça,
não são 4.000, são 10.000, mais que duplicou em cerca de 12 horas . Isto não é uma eleição. è uma manifestação. Já ouviste falar no direito à manifestação? Pode-se exercer os direitos democráticos entre cada 4 anos? Ou só nas eleições?
Manuel Alegre não deixou o PS sem escolhas. Carlos César não é o único que deve “pensar nisso”. Em 2006 já se previa tudo o que está agora a acontecer. O PS teve uma clamorosa falta de comparência nas duas últimas presidenciais e isso foi-lhe fatal. Não se pode ter um projeto político de fundo para um País e não conseguir arranjar um candidato credível para Presidente em duas eleições consecutivas. O PS está exaurido de gente corajosa e prestigiada, não há que iludi-lo. O Futuro não passa por um PS assim, isso é mais do que Seguro…
Marco Alberto Alves: Então não deixou? Essa “clamorosa falta de comparência” não se deveu a Alegre nas últimas eleições? Então a quem se deveu? Não me digas que não era previsível a derrota Alegre … Alegre avançou por uma questão de vaidade pessoal e confiante no milhão de votos anteriores, antes de saber sequer o que pensava o partido, antes de se preocupar sequer com o interesse do partido, que, para não criar cisões complicadas numa altura política difícil, teve que acatar a decisão, engolir em seco e … preparar-se para o Cavaco.
Olha, deveu-se ao PS em geral e a José Sócrates em particular. Alegre, como qualquer Cidadão, é livre de fazer o que entender em eleições presidenciais, o PS é que se deixou enredar. Claro que era previsível a derrota de Alegre. Mais do que previsível, era óbvia! Se Sócrates e o PS não entenderam isso a tempo é porque, politicamente, foram incompetentes. Mas já em 2006 a derrota de Soares era mais do que previsível e a vitória de Cavaco mais do que ameaçadora. E não esqueças que as melhores decisões tomam-se e as maiores vitórias obtêm-se precisamente nas alturas políticas difíceis, é dos livros. Sócrates não teve unhas para a coisa, nem generais à altura (diga-se também, em abono da verdade e da justiça…). Não se podem é vir agora queixar do Carlos César e do Alegre. Esses já têm o seu futuro político traçado. Que não tenham quaisquer ilusões, que isso é mais do que Seguro…
Penélope:
“Pouco mais de 50%” nas ultimas Presidenciais, outros tantos nas anteriores, mais as legislativas que ganhou… São mais os que gostam do que os que não gostam. E são mais os que concordam em gostar dele do que gostam de qualquer outro politico em Portugal. Claro que é teoricamente possível encontrar em politico ainda mais adorado em Portugal, mas na realidade, não há ninguém. Ok talvez o Sampaio, mas não era opção.
Cenas da Democracia – só diz quem tem legitimidade, não quem tem razão. E portanto o gajo com mais culpas do país e menos princípios pode ser adorado.
Marco Alberto Alves: Então explica aí o que poderia ter feito Sócrates depois de Alegre, cedo, bem cedo, ter avançado com a intenção de se candidatar? Se lhe negasse o apoio, tinha o partido dividido (sim, porque existia uma ala de dimensão razoável que alinhava com Alegre, sabe-se lá porquê), e restava-lhe escolher um candidato para perder (razão pela qual ninguém se mostrou interessado). Apoiando-o, como fez, perderia também e perdeu. “Não teve unhas”? Mas não havia escolha possível! Qualquer figura que avançasse era não só para dividir o partido, mas também fatalmente para acompanhar Alegre na derrota. Alegre pôs Cavaco em Belém.
Depois, eu não me queixo do Carlos César. Penso que era apoiante do Alegre, mas as razões podem ter sido múltiplas. Não vejo nele as patetices MFA/Abril Sempre do Alegre.
Vicente de Lisboa: Tenho grandes dúvidas de que o Cavaco seja adorado. Não teve foi de confrontar-se com ninguém credível e de peso. Há quem queira olhar para a Instituição e respeitá-la, indepedentemente do macaco que lá se acoite.
Penélope, o que poderia ter feito Sócrates depois de Alegre cedo, bem cedo, ter avançado com a intenção de se candidatar seria apenas isto: declarar que não o apoiaria pessoalmente, incentivar corajosamente o Partido a encontrar uma figura pública respeitável e idónea, mesmo que independente, para representar a Democracia e o 25 de Abril contra o perigo cavaquista e mostrar, por exemplo, que se demitiria imediatamente caso Cavaco fosse reeleito! Isto sim, é CORAGEM E TRANSPARÊNCIA!
Como fez por exemplo Soares em 1980 com Eanes, assim também “dividindo” e bastante (de alto a baixo!) o PS – numa altura, diga-se, muitíssimo mais grave ainda do que a atual! E a verdade é que, mesmo não tendo conseguido impedir a reeleição de Eanes (e ainda bem, na minha opinião, que nessa altura fiquei do lado do então chamado Secretariado Nacional), em termos políticos marcou uma posição inequívoca, ainda que polémica e até criticável, cimentando contudo a sua individualidade de político com ideias próprias e convicções firmes, que lhe foi depois essencial para conseguir derrotar a santa aliança da Direita conservadora e reacionária, representada em 86 por Freitas do Amaral, partindo de uns míseros 8% de intenções de voto nas sondagens e ainda por cima também CONTRA A MÁQUINA FEROZ DO PCP, que nessa altura optou por apoiar na 1ª volta Salgado Zenha (outro socialista, vê lá tu!), mas que na segunda teve de “engolir o sapo” (é daí que vem esta expressão, proferida ainda por Álvaro Cunhal) e ajudar Soares a derrotar a Direita!
Coisas de um tempo que já não volta mais, dirás, coisas intemporais que esquecem muito, sobretudo a quem não sabe, digo-te eu. Ama lá o Sócrates a tua vontade, mas usa a cabeça e não o coração quando for para pensar…
Marco Alberto Alves – Estás a esquecer-te de alguns elementos importantes: Alegre passou a maior parte do mandato de Sócrates a mandar farpas e a jogar com o BE como ameaça, naquilo que eu interpreto como uma vingança peplo apoio dado por Sócrates a Mário Soares nas eleições PR anteriores. Admito outras razões, mas a atitude de Alegre foi essa quase constantemente. Essa atitude seria reforçada caso Sócrates não o apoiasse em 2010. Numa altura em que Cavaco, a imprensa e toda a oposição eram totalmente hostis a Sócrates, como decerto te lembrarás, abrir mais uma frente de ataque dentro do próprio partido seria insustentável.
Depois, não havia, de facto, nenhuma figura presidenciável na área política do PS, nem independentes. Não havia. Jaime Gama e Carlos César nunca concorreriam contra Alegre. Assim de repente não estou a ver mais ninguém com algum peso. Além disso, ninguém estava interessado, como se compreende. Nao só não quereriam contribuir para dividir o partido, como também a regra em Portugal tem sido a da reeleição do presidente em funções.
Alegre encostou o partido à parede.
Sócrates mostrar que se demitiria caso Cavaco fosse eleito? Como assim? Isso era chantagem sobre o eleitorado, da qual seria imediatamente acusado! Além de ser um apoio tão desmesurado a Alegre, que não faria qualquer sentido. Todos sabemos que, para usar a tua linguagem, o apoio de Sócrates a Alegre não era “do coração”, nem podia ser. Alegre teve um comportamento miserável.
No meu caso, o coração não é para aqui chamado, só me costumo apaixonar por quem conheço (e não da televisão). Admiro Sócrates pelas suas qualidades de líder, pela sua visão para o país, que fazia todo o sentido, pelo seu empenho, capacidade de trabalho, dinamismo, resistência, pelo teor nulo de mofo e pela sua decência. “C’est tout”.
Penso, pelo contrário, que és tu quem aqui não está a utilizar a razão, pelos motivos atrás expostos.
Que Sócrates estava encurralado, todos o sabemos. Que ele não soube virar essa situação difícil a seu favor, também é hoje inquestionável. Por isso eu digo, usando como sempre apenas a Razão, que lhe faltou “golpe-de-asa” político para enfrentar uma situação que era, de facto, muito crítica. Ou seja, por maiores que sejam as suas reconhecidas qualidades políticas, demonstrou que não tem capacidade para ser um verdadeiro estadista, mas apenas um bom governante. Aliás, infelizmente para Portugal, um dos melhores senão mesmo o melhor Primeiro-Ministro português dos últimos 30 anos, pelo menos…
E o mais dramático de tudo é ver que, sem ele, o PS entrou numa deriva e num desnorte tais que, em minha opinião, a continuar assim nada dele se poderá esperar para inverter o caminho para o abismo que a coligação de poderes atual se obstina em conduzir-nos!