Goodbye Brussels: what I learnt in eight years covering the EU
Outgoing FT bureau chief reflects on a turbulent time, from eurozone crisis to Brexit
O artigo não é muito pequeno, mas está tão bem escrito e diz coisas tão interessantes e informativas que é um prazer ler.
O comovente entusiasmo da Penélope levou-me a ler o artigo, o que me autoriza a confessar que a leitura da lista telefónica é bem mais interessante, excitante e informativa.
J Camacho: Mas, de ti, já sabia que só a Rússia te empolga.
Penélope, tás inganeted (ou inganêitide, em americano erudito). A Rússia não me empolga, respeito-a, o que é diferente, pela capacidade que tem de resistir, de sacrificar o que for preciso para não dobrar a espinha. Na Europa que preza a sua liberdade, não devia haver quem esquecesse os 24 ou 26 milhões de soviéticos (entre eles 14 milhões de russos, sete milhões de ucranianos, etc.) que, morrendo de espinha direita, foram os principais parteiros dessa liberdade europeia. Os americanos também contribuíram, toda a gente sabe disso, mas não há comparação possível entre os 420 mil mortos americanos, dos quais “apenas” dois terços no teatro de guerra europeu, e os 26 milhões de mortos soviéticos. Já agora, não me venhas com a conversa dos crimes do paizinho dos povos, o burocrata troglodita Estaline, porque não tenho nada a ver com esse gajo.
E como estamos numa de empolgações, só para ver se percebes que o mais provável é teres a cambota dos critérios analíticos gripada, dou-te o exemplo de uma das últimas que experimentei: a primeira eleição de Barack Obama, que me reconciliou durante algum tempo com a América. Fiquei empolgado ao ponto de me virem as lágrimas aos olhos, não porque acreditasse que um presidente preto fosse melhor do que um presidente branco, porque isso seria tão racista como acreditar no contrário, mas sim porque para ele ser eleito teve forçosamente de haver milhões de brancos a votar nele, milhões de americanos por quem eu perdera o respeito atiraram os preconceitos para o caixote do lixo e mostraram uma sabedoria, dignidade e respeito por si próprios que me surpreenderam e comoveram.
O dia da primeira eleição do Barack Obama preto foi o dia em que rebaptizei como Casa Branca a barraquita a que durante anos chamara acintosamente Casa Preta, apesar da alva cútis dos caramelos que até então lá tinham morado. Foi sol de pouca dura, porém, pois o novo inquilino não perdeu tempo a provar, mais uma vez, que o racismo é coisa de estúpidos, mostrando ao planeta inteiro que não há qualquer diferença entre um filho da puta preto e um filho da puta branco.
Vê lá tu como te enganaste, Penélope, afinal o maluco do Joaquim Camacho também se empolga com a América. É a prova provada de que maluco é mesmo. Quanto à Rússia, teria certamente ficado empolgado se fosse vivo durante a II Guerra Mundial, porque a resistência que opôs ao nazismo foi uma epopeia de loucos.
Isso do «Brexit» só seria um problema para a própria Inglaterra.
E o que interessa agora compreender já não é a génese, mas o epílogo.
E as consequências que o mesmo terá a prazo, não muito dilatado, para o Reino Desunido.