Tem razão Bernardo Pires de Lima quando diz, hoje no DN, que o mundo está entregue a pândegos e aventureiros, a propósito do Brexit. Vou ser rápida nas razões que podem explicar esse fenómeno: talvez porque os que o não são sejam demasiado sinistros e também, ao seu modo, nacionalistas, egoistas e anti-europeus. Não será? A Alemanha é um bom exemplo. Sob o discurso “europeísta”, esconde-se a mais determinada defesa dos seus interesses de que há memória na construção europeia. Já não falo na crise do euro e na política do castigo. Veja-se a questão dos refugiados. É em defesa dos seus interesses que, numa primeira fase, anuncia que os acolherá a todos e, numa segunda fase, confrontada com a realidade interna e na sua vizinhança, que sejam distribuídos pelos restantes Estados-Membros. Se isto não é ser centralista e anti-europeu na postura, não sei o que é. Depois surgem palhaços a dizer que eles é que são os verdadeiros nacionalistas. Estes, ao menos, não têm discursos europeístas. Daí, a sua aparente sinceridade e clareza.
A palhaçada – Poucas horas depois de conhecido o resultado do referendo britânico, já muito eleitores procuravam informação no Google sobre o que tinham votado, sobre o que estava verdadeiramente em causa e sobre o que era afinal a UE. Distinguindo-se muito pouco destes votantes, também Boris Johnson, o ex-presidente da câmara de Londres, do partido conservador, e quem mais promoveu a campanha pela saída, coçava a cabeça e despenteava-se estudadamente, intrigado, sem saber muito bem o que dizer e sobretudo o que fazer. Não excluo a hipótese de também ter ido ao Google. Ocorreu-lhe declarar, à falta de melhor e já o sol ia alto, que não tem pressa. Um vagar que ninguém que o viu inflamado lhe atribuiria ainda há uns dias. Enquanto isso, o seu colega de pândega, Nigel Farage, declarava, com o à-vontade de um palhaço, que o que dissera em campanha sobre o dinheiro que atribuiria ao SNS não era a sério. Se mais o espremessem, mais mentiras revelaria.
Enfim, com tanta comédia junta a encobrir a tragédia, só espero que, no final, o Reino Unido não acabe por voltar a entrar permanecer na UE em posição ainda mais frágil e que a orientação alemã e seus satélites não saia ainda mais reforçada. Isso seria a maior desgraça. Não só nada do que está mal na UE não mudaria, como também os Schäuble desta Europa reforçariam a sua visão mesquinha das relações intra-europeias e apertariam mais o garrote aos países do sul, os bodes expiatórios.
Para nunca chegar a sair, basta ao RU que, nas próximas eleições, a realizar brevemente, de preferência antes do arranque das negociações de saída, ganhe um partido (que pode ser o trabalhista com outra liderança) favorável à permanência na UE que anule o resultado do referendo. Ora, se assim for, apetecerá bastante responder-lhes já que se aguentem com a decisão que tomaram, a qual não foi sem consequências. Apetecerá. Mas não vai acontecer, penso eu, mas posso enganar-e. Há muito comércio e muitos milhares de milhões de euros e de libras em jogo. O Reino Unido vai muito provavelmente voltar a entrar, enquanto os discursos oficiais serão de que respeitaremos a decisão soberana do povo britânico (embora quase exclusivamente inglês).
Tudo indica, pois, que a saída vai correr mal. Pela agitação na Escócia e na Irlanda do Norte, pelas inseguranças, hesitações e revelações dos principais líderes da campanha pelo Brexit, pela surpresa de muitos dos votantes com o resultado inesperado pelo qual foram corresponsáveis, pelas ameaças de saída de Londres de grandes empresas e instituições financeiras, pela pressão mais ou menos velada do “Continente”, etc., seria necessário haver líderes muito determinados e convictos que conduzissem este processo de saída sem deixar dúvidas de que é esse o único e o melhor caminho. Ora, se existem, não se viram ainda.
Aos líderes europeus continentais restam duas atitudes: ou acelerar o processo, erguendo assim uma barreira, considerando que o desamor foi ofensivamente declarado, para que não voltem nunca mais – e aí estarão a esquecer as maiorias claras que nas ilhas votaram pela permanência -, ou aproveitar estes primeiros tempos conturbados e de desnorte no Reino para, enquanto declaram que respeitam a decisão soberana do povo britânico, deixar que os próprios ingleses mostrem ao mundo que tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto e se arrependam do que fizeram, e deixar que os futuros novos líderes peçam desculpa pelo aventureirismo dos seus predecessores e recomecem tudo de novo. Tenho dúvidas do que será melhor. Quem liderou a campanha pela saída não deve e não pode agora soçobrar. O único caminho é mesmo em frente. Sem Escócia, sem Irlanda do Norte, sem União Europeia, mas com o Mundo. “Out and into de world”. England, porém.
Foi pena. Tanto que haveria a mudar nesta União Europeia.
Qual União Europeia, Penélope ?
continuam a laborar no mesmo erro, o mesmo padrão de raciocínio vicioso que levou o bremain à derrota. acham que a profetização da desgraça é um argumento. a UE está uma merda, mas sair da UE é o apocalipse, logo, o melhor, ainda que poucoxinho, é continuar no lamaçal e fazer uns remendos aqui e acolá. visão? nenhumas. deias? nenhumas. não chega? aguenta, aguenta! não é isto precisamente que fazem, que dizem, que papagueiam, que propagandeiam, aqueles instalados desesperados ao tentar perpetuar regimes em fase terminal? por muito menos se fizeram revoluções e as penélopes, os passos coelho, os costas, os portas, os louçãs, de outros tempos lá tiveram de mudar de vida. ver esta malta de mãos dadas com a mesma europa que espatifou portugal em 4 anos através do seu longa manu passos coelho, é revelador e suficiente para se saber de que lado se deve estar.
Enapa, conta aí: Partilhamos um espaço geográfico que, em paz, pode ser um exemplo de cooperação para o mundo, temos relações comerciais próximas e incontornáveis, interesses comuns de defesa, ambiente comum. O que achas melhor? Andarmos todos à batatada e fecharmos as fronteiras, porque a crise veio desenterrar velhos preconceitos e animosidades, ou acordarmos uma base de entendimento, por mínima que seja, se necessário recuando alguns passos? Lutar por uma Europa mais justa ou preferir que cada um trate do seu quintal, procurando cortar o que já não pode ser cortado, porque o mundo mudou?
Azia e arrogância.
penélope, como poderia discordar contigo? mas tudo o que referes tem sido o oposto do caminho trilhado pela UE nos últimos 15 anos. não consigo, pois, compaginar os teus argumentos com a opção bremain. a minha leitura é que a situação chegou a um ponto de autismo tal por parte desta ue, que não há qualquer hipótese de diálogo. se achas que o sr. cshauble dá sinais do contrário, já eu acho que o homem está mais próximo de se levantar da cadeira e em êxtase proclamar: mein fuhrer i can walk!
não há prazos para tratarem da saìda? tenho uma fezada, que não os vão cumprir! o pm ministro já se pôs ao fresco! filho da puta!
penélope,parabéns pelo post.
Penélope, se a União Europeia acabar, os países europeus não têm que andar à batatada, nem tem que deixar de existir um mercado comum, nem têm de deixar de funcionar programas válidos que transformaram a Europa, como o Erasmus, nem tem que existir total impedimento de circulação de cidadãos. Para nada disso é indispensável um burocracia sovietizante em Bruxelas e Frackfurt.
Lucas Galuxo: Mas esse é um recuo que eu admito. No entanto, alguma entidade supranacional tem que gerir o dinheiro para os vários programas, que são muitos e não são à borla.
A UE até não é o problema mais grave nem o mais difícil de reconfigurar. O mais grave é o euro.
Penélope
Essa Europa não é a que há neste momento (nem é a que a arrogância ingleses quer).
Mais, desta Europa que há eu também quero sair.
Se querem outra Europa ela nunca há-de ser construída com o protagonismo dos ingleses nem com o dos alemães. Sempre que se dá corda a esses papagaios eles f… tudo. Rédea curta, e olho no burro e no cigano.
E posto isso, viva o Brexit, e que não voltem atrás. Bye, bye. Maior abalo nos muros da Euro-Prisão não poderia haver. E quero fazer ruir os muros.
E enquanto os estupores da Comissão Europeia e do Eurogrupo (que ninguém elegeu) vão ter de andar a apagar as labaredas do Brexit não vão ter tempo, nem a lata, de virem outra vez com aquele paleio porco das “sanções contra Portugal”. Vão lá agora “sancionar” os ingleses, seus montes de esterco ! e não se esqueçam que o maluco do Podemos pode ganhar as eleições em Espanha e aí é que vai ser um arraial !
O estupor do Schauble até se levanta da cadeira para correr atrás deles …!
A forma como a UE esta a reagir demonstra a sua fraqueza, o pobre argumentario a falta de democracia e legitima todos os populismos extremistas que se preparam para tentar a sua sorte, 100 anos após as guerras mundiais. E obra.
A Alenanha não pode estar sozinha ao volante da Europa. E a eurofagia.
A realidade é que o analfabetismo – que outra coisa lhe chamar – ainda é muito elevado mesmo entre os britânicos. Acredito que uma grande percentagem dos votantes não tinha a verdadeira noção sobre o que estavam escolher.
Penélope: “Enapa, conta aí: Partilhamos um espaço geográfico que, em paz, pode ser um exemplo de cooperação para o mundo, temos relações comerciais próximas e incontornáveis, interesses comuns de defesa, ambiente comum.”
Com o III Reich também iríamos “partilhar” um espaço geográfico, e ninguém tenha dúvidas de que, submetidos os indígenas (os “Untermensch” desse espaço) pela superioridade ariana, viveríamos “em paz”, com “relações comerciais próximas e incontornáveis”, e seríamos “um exemplo de cooperação para o mundo”. Os subversivos e mal-intencionados chamar-lhe-iam paz dos cemitérios, mas enfim, desmancha-prazeres foi coisa que sempre houve, nada que uns “safanões a tempo”, umas balas na cabeça ou uma dose bem medida de Zyklon B não resolva.
Para não extravasarmos muito da Europa, já o Império Romano garantia o mesmo: espaço geográfico, relações comerciais próximas e incontornáveis, paz e tutti quanti. É certo que já nessa época havia desmancha-prazeres a perturbar a paz, não havia ainda balas e Zyklon B para lidar com o problema e os safanões a tempo revelavam-se insuficientes, mas, não sendo ainda a desflorestação o problema que é hoje, não faltava madeira para cruzes onde pendurar essa sacanagem ou umas arenas de circo para os desfazer e, simultaneamente, entreter cidadãos cumpridores e amantes da paz.
Trata-se, assim, de uma constante histórica, uma fatalidade, o que temos mesmo é de baixar a bolinha. Isto segundo a cartilha defendida pela Penélope, claro.
Exacto Joaquim Camacho. O paralelismo histórico é inevitável, e a verdade é que as fracturas continuam todas lá apesar de não sei quantos de propaganda europeísta. O conflito na Catalunha, o hinterland alemão, a cisão britânica, os gaulleiter na península ibérica, até a Venezuela é a nova Cuba. Nada de significativo mudou debaixo do verniz a não ser a significativa e massiva abundância de opinião publicada de artigos do dia de digestão rápida que a Penelope faz o favor de nos trazer.
a penélope admite o recuo, bastando uma entidade supranacional para gerir dinheitos de programas. bom, mas isto não é o mesmo que o fim do monstro buro-tecno-autocrático que os ingleses sancionaram? mas é lá preciso o mastodonte UE para unir países que têm interesses em comum e querem viver e aprofundar a cooperação entre si. parece até que a penélope só nao concorda com o nome brexit mas o caminho que preconiza é o mesmo. se querem uma união verdadeira há muito que este caminho é o errado.
Joaquim Camacho: Conta aí o que é que preconizas e diz-me se, por acaso, compreendeste o que levou à criação da UE. Diz-me também se o império romano só fez burrices e se os Estados Unidos fizeram mal em unir-se (e não, não estou a defender a constituição de uma federação na Europa). Agradecida.
xenófobos, extrema direita e comunistas tugas em transe cataléptico com a saída dos bifes.
“agora é a nossa vez” – geert wilders / partido para a liberdade holandês
“vitória da Liberdade” – marine le pen / frente nacional francesa
“é o dia da independência do reino unido…” – beatrix von storch / alternative für deutschland
“obrigado reino unido, agora é a nossa vez” – matteo salvini / liga do norte (itália)
“nos próximos dias os líderes irão perceber o significado da decisão” – norbert hofer / partido da liberdade (áustria)
“o referendo britânico expressa a oposição ao processo capitalista imposto pela união europeia” – ângelo alves / partido comunista português
o esquentador já mandou os ukipes embora, se é para minar, que vão para a escócia.
Penélope, sei perfeitamente o que, na cabeça de alguns bem-intencionados, levou à criação da UE. E acredita que, se acaso soubesse (e quisesse) rezar, fá-lo-ia até ter os joelhos em sangue para que essas boas intenções tivessem sucesso. Mas as coisas são o que são e a União Europeia, como projecto de união entre iguais, de união não tem nada. Não passa de um IV Reich que se instalou com pezinhos de lã, dirigido por um(a) fuhrerina de opereta com genes de placa de esferovite, boiando ao sabor das suas curtíssimas vistas, provavelmente cheia de boas intenções e sem se aperceber da catástrofe para que nos conduz a todos. Lá terá de vez em quando uns lampejos de lucidez que lhe façam dançar à frente dos cornos o Armagedão (o terceiro em pouco mais de um século) a que a “liderança” do seu país conduz a Europa, e provavelmente o mundo, mas a vontade de se manter à tona, o pior do “espírito alemão” em que está formatada e o permanente aplauso das matilhas de sipaios que a rodeiam ou que, mesmo de longe, se batem pelo seu amor e pelo seu favor não lhe dão folga para mais.
Está bem que guerras como as de 14-18 e 39-45 não tem havido, mas essas guerras foram desencadeadas para conseguir exactamente aquilo a que hoje estamos sujeitos por meios pacíficos, pelo que o consolo é pouco. Se guerras houve então, foi porque, para conquistar o que tem hoje sem disparar um tiro, a Alemanha agrediu e invadiu. Desta vez poupou no dinheirinho das balas, mas a canga que nos pôs em cima é a mesma.
E para reforçar a velha ideia de que a História se repete como farsa, lá temos o François Pétain Hollande e a nova república de Vichy a contentar-se com as migalhas que sobram da mesa germânica.
Perguntas-me se o Império Romano só fez burrices e eu respondo-te redondamente que não. O Império Romano foi, aliás, sem sombra de dúvida um factor de avanço civilizacional, e sobre isso só um burro terá dúvidas. Mas estaria errado o lusitano Viriato quando fazia a vida negra aos romanos? Esteve errado o trácio Spartacus que se revoltou contra Roma e o direito de posse que os cidadãos romanos tinham sobre os Spartacus do resto do mundo conhecido?
Fizeram os Estados Unidos fizeram mal em unir-se?, perguntas também. Não fizeram mal nem bem, o processo histórico a isso conduziu e hoje, lá para esse lado, temos o que temos. Mas responde-me tu agora:
Fizeram os Estados Unidos bem em “unir” a si próprios o território que sacaram ao México?
Saltando de longitude, fizeram os czares bem em “unir” sob o seu domínio os territórios que constituíram o Império Russo?
Fez bem o czar que vendeu o Alasca aos EUA por dez réis de mel coado?
Fez bem o bêbado do Kruschev em “distribuir” administrativamente à República Socialista Soviética da Ucrânia (em 1954) a península da Crimeia, até então integrada na República Socialista Soviética da Rússia, Rússia essa de que a Crimeia sempre fizera parte?
Fez mal o Boris Ieltsin quando pôs a Rússia a ser a primeira república soviética a declarar a independência em relação à antiga URSS?
Perguntas o que preconizo eu? Sei lá! Mas sei o que não preconizo nem aceito:
— Que a Merkel, o Schauble e os sipaios Juncker, Dijsselbloem, Lagarde, Moedinhas e quejandos continuem a pôr e dispor do destino de milhões que não os mandataram para tal.
— Que a Europa à qual pertenço continue num caminho que todos sabemos nos conduzirá ao desastre e à inviabilização da Europa preconizada pelas boas intenções que levaram à criação da UE.
Podia passar o resto da noite a completar a lista, mas seria um exercício ocioso e sei que, no essencial, até estamos de acordo sobre muito do que está mal. A diferença é que, não vislumbrando alternativa fazível, tu pensas que o melhor é ficarmos quietos e aguentar, tirando um ou outro pequeno remendo, aqui ou ali, que no essencial manteria o castelo de merda que é suposto proteger-nos e abrigar-nos. Merda por merda, penso que é preferível metermo-nos à chuva e começar a reunir materiais para construir uma casa nova.
A OPINIÃO de JOSÉ SÓCRATES sobre o BREXIT
http://www.tsf.pt/opiniao/interior/atencao-embargo-ate-as-00h-de-domingo-o-desencantamento-5248763.html
Tal como nas 2 guerras do século XX os ingleses são os primeiros a bater o pé ao avanço alemão, enquanto os franceses vergonhosamente reeditam a República de Vichy porque “não há alternativa”.
O que fará a Espanha ? e a Itália ? desta vez a História será diferente ?
Quanto aos portugueses infelizmente prevejo que continuem do lado errado da História até ao último momento, a lamber as botas alemãs, porque “somos pequeninos e pobres e não podemos fazer nada”. A menos que a “Geringonça” desta vez nos surpreenda.
ò capacho, deixa-te de parvoeiras. se não tivessemos aderido à cee ainda estávamos ao nível da albânia. o santuário do louçã já deixou de adorar a hoxhização e tu ainda teimas andar de burro. os níveis de vida e bem estar dos portugueses melhoraram bastante com a adesão, houve uma crise económica e é certo que os rendimentos baixaram, mas os benefícios mantêm-se e ninguém deseja voltar à inflação de 1983 (32%). informa-te, consulta estatísticas, deixa de cavalgar asneiras e cavar buracos onde queres cair mas não tens qualquer ideia como sair.
que grande irresponsabilidade referendar o estado anímico do povo.
É isso, Jasmin. Não faltam por aí uns montículos de neurónios gripados que esquecem ter sido a Grã-Bretanha, por mais de uma vez, a fortaleza que travou os apetites dos bárbaros do século XX. E que é a sensibilidade apurada, o faro, dessa mesma Grã-Bretanha que pressente o fedor dos mesmos e incorrigíveis bárbaros (e sua prestimosa criadagem) por detrás dos salamaleques bem-educados, das pancadinhas nas costas e dos beijinhos atrás dos quais se escondem.
Batendo, ufanos, nas suas raquíticas peitaças europeias, continuam esses montículos de neurónios gripados a não ver que não vamos a lado nenhum com o capitalismo cobarde mas ridiculamente presunçoso que temos, guloso de lucros mas avaro em investimentos e riscos, incapaz de aproveitar o muito que neste país se cria, nomeadamente no campo científico, que depois acaba propiciando empregos, produtos, fábricas e exportações que beneficiam países outros que não o nosso. Repara, por exemplo, no caso da cientista portuguesa Elvira Fortunato, cujas descobertas na área dos ecrãs transparentes e dos transístores de papel levaram (e levarão) à criação de empregos no Brasil e na Coreia do Sul, pelo menos, porque os capitalistas ordinários que temos por cá não quiseram arriscar uns milhõezitos que permitiriam criar produtos, e fábricas para os produzir, no desgraçado rectângulo que os pariu.
Supermerceeiros com supergargantas, como o Xaninha Von Alzheimer do Pingo Doce, contribuindo ardorosamente para o desequilíbrio da balança de pagamentos à custa de encherem metade das prateleiras das supermercearias com produtos importados, lá isso temos, sim senhora, mas capitalistas com visão, com rasgo, dispostos ao risco, isso é outra coisa. Vender chouriços é mais fácil, é mais barato e dá mais garantidos milhões.
Ocupadíssimos que andam sempre a lubrificar as gargantas, para poderem arrotar a torto e a direito as postas de pescada que produzem com fartura, têm lá tempo, os nossos capitalistas da treta, para ser capitalistas a sério. Pena é que tais arrotos não sejam exportáveis, teríamos uma balança de pagamentos melhor que a da Alemanha!
Mas depois aparece-nos o parvalhatz a arrotar postas de pescada paralelas, na sua entusiástica parvidez europeiosa, preocupado com buracos alternativos mas felicíssimo da vida no buraco em que se encontra, acreditando piamente que basta pintá-lo de cor-de-rosa para o tornar habitável e acolhedor. O que interessa ao parvalhatz que os chamados “fundamentals” (se me é permitido divagar um pouco em economês) continuem a ser a merda que são? Nada, ponta de corno! O que interessa que o buraco esteja cada vez mais fundo e arrisque a descoberta do caminho subterrâneo para os antípodas, passando pelo centro da Terra? Nada, nadinha, desde que continuemos a chamar “União” ao IV Reich, enquanto rezamos para que o Altíssimo ilumine um dia o coração da fuhrerina de esferovite ou de quem lhe suceder no trono.
Não me surpreenderia que o Reino (por enquanto) Unido acabasse por revitalizar a EFTA. Poderá não ser solução viável, mas inviável já provou ser este sufocante IV Reich em que nos arrastamos, e rastejamos, e (garantidamente) apodrecemos, sujeitos à arrogância burra da fuhrerina, à estupidês rasteira do meia-dose de Vichy e ao rosnar permanente das matilhas de sipaios ranhosos inscritos nas suas folhas de pagamentos. Pata que os pôs!
camacho, não temos capitalistas que invistam em ciência, mas temos homem pá, o moedas pois então não é este visionário que gere um orçamento de 80 mil milhões para a inovação científica, como comissário da ue depois de ter feito parte da comissão de tratantes que espatifou este país e cujo sucesso o levou a voos mais altos. foda-se pá, não tens consideração nenhuma por este grande português. realmente com exemplos maravilhosos destes é inacreditável que haja quem vote no brexit, não se compreende, mesmo.
Penélope, peço-te que elimines o meu comentário de 27 DE JUNHO DE 2016 ÀS 0:42, tinha um erro que corrigi no comentário seguinte, às 0:49. Obrigado.
Joaquim Camacho: Está feito.
Penélope, amiga, o povo está contiga! Obrigado.
Enapa na ue, tens toda a razão em relação ao Moedinhas, esse “grande português”. Mais precisamente, esse filho de uma grande p… ortuguesa, ou, melhor ainda, esse grandíssimo, enormíssimo filho de um comboio de p… ortuguesas. E agora uma confissão: a irresistível virilidade da voz do Moedinhas excita-me ao ponto de correr para a casa de banho a esgalhar uma segóvia de cada vez que o ouço! Se esse filho de uma grande p… ortuguesa continuar a aparecer muito por aí, ainda acabo em processo acelerado de desidratação. Mas não digas a ninguém, que é segredo.