Os grandes democratas anti-capitalistas

Mélenchon e os seus apoiantes não ganharam na primeira volta das eleições presidenciais francesas e não passaram à segunda. Porém, impantes com uns inesperados 19% na primeira, fizeram-se caros no apoio a Macron na segunda volta, mantendo a ambiguidade quanto à indicação de voto, convencidos de que deles dependia, em exclusivo, o futuro da França. Muitos acabaram por votar Macron, outros não votaram, outros votaram em branco e houve até alguns que votaram em Marine Le Pen.

Pois esta gente, decerto grandes democratas, não achou melhor do que vir para a rua logo no dia seguinte à vitória de Macron protestar contra ele e contra o capitalismo (viam-se cartazes), dizem que para “avisar”.

Eu acho que o Macron, a quem parece não faltar coragem para ser directo no confronto com adversários e a quem não faltam condições para ser franco no debate de ideias, uma vez que não tem atrás de si um PS francês anquilosado ao qual teria de prestar contas de eventuais “desvios” ideológicos, fará bem se decidir reunir com pessoas como estas, em espaço público, e perguntar-lhes claramente que regime querem em alternativa ao capitalista e ao da livre iniciativa, por que acham que os trabalhadores  franceses não estão devidamente protegidos e como acham que devem ser reguladas as relações nas empresas com vista a uma maior justiça, produtividade e eficiência no mundo de hoje. Não no de ontem. Eu penso que será capaz de o fazer e de, se não calá-los ou paralisar-lhes a agressividade, como fez a Marine Le Pen, pelo menos deixar muitos a pensar.

É triste imaginar a França entregue à anarquia e ao protesto fácil. Será o terreno mais fértil de todos para a instauração de um regime autoritário ao gosto de Marine Le Pen e da sua Frente. O irónico, apesar disto, é ver as sondagens para as legislativas a darem a maioria dos votos dos franceses ao partido do Macron (26%), ao Partido Republicano (24%) e à Frente Nacional (19%), nenhum deles da extrema-esquerda do protesto, muito longe disso, e apenas 15% ao Mélenchon. Dá que pensar. Nem todo o barulho é representativo.

25 thoughts on “Os grandes democratas anti-capitalistas”

  1. Penelope teme a anarquia dos franceses .
    Quem diria que por estas bandas se desconhece o que foi a revolução francesa!

  2. Ola,

    Estas a cometer o mesmo erro que pretendes apontar ao Mélenchon. Falar pela rama, sem procurar saber do que falas. Não sou fã nem simpatizante do homem, longe disso, mas julgo que ninguém tem nada a ganhar com ignorar o que permitiu que ele alcançasse os tais 19 % : a esquerda reformista morreu, desapareceu do mapa.

    A primeira proposta de Macron é uma reforma do codigo do trabalho que tem como medida emblematica introduzir um limite na indemnização do despedimento SEM justa causa, mesmo quando haja prova de um dano pessoal, certo e directo. Diz-me la o que pode justificar, mesmo à luz dos principios mais liberais que consigas encontrar, a limitação da indemnização do despedimento ILICITO ?!? O trabalhador deve ser menos protegido do que qualquer outro contraente ? Onde é que encontras justificação para tal ? Nem no Hayek, nem no Friedman, nem em parte nenhuma…

    Mélenchon continuara a ter sucesso (infelizmente quanto a mim) enquanto permanecer o unico a denunciar esta situação.

    So isso…

    Boas

  3. Qualquer idiota percebe que o crescimento da Le Pen se deve à merda feita por Hollandes e Macrons, por muito que o agora presidente eleito se esgueire atleticamente entre os pingos da chuva, tentando fazer-nos esquecer que, enquanto ministro do zombie em fim de mandato, se destacou alegremente por malfeitorias legislativas contra os trabalhadores franceses. Caso não tenhas igualmente reparado, já a Le Pen amarinhava por aí acima e ainda ninguém falava em Mélenchon, que surgiu já a procissão passara há muito o adro. Assim, qualquer idiota percebe também que na ascensão da extrema-direita em França não tem o Mélenchon ponta de corno de responsabilidade. Mas é claro que, no velho dilema do ovo e da galinha, para a loura Penélope quem surgiu primeiro foi mesmo o arroz de cabidela.

    Longe vai o tempo em que aqui protestavas contra a Europa do IV Reich e Vichy reeditado, da Merkel acolitada por sipaios da estirpe de Hollande e Macron, ela e eles, sim, responsáveis pelo crescimento da Le Pen, pelo brexit e por muito mais merda que acabará por nos cair em cima da moleirinha. Mas não, afinal o que importa é marrar nos raquíticos 19% do Mélenchon. Raio de cambalhota, que merda andarás tu a fumar?

  4. O comentario do Joaquim Camacho mostra bem onde esta o problema. Os Franceses foram confrontados com a alternativa : esta Europa vs/ outra Europa, o que é uma forma errada, sofistica e perigosa de ocultar a verdadeira alternativa : uma Europa nivelada pelas regras da concorrência vs/ uma Europa com regras fiscais e sociais harmonizadas que não abdica da redistribuição operada pelos serviços publicos.

    Houvesse alguém a defender o segundo termo da alternativa de forma audivel e o Mélenchon não teria passado dos 10 %.

    Boas

  5. Addenda : a falacia esta obviamente na simplificação “esta/outra” que oculta a verdadeira dificuldade. Ninguém defende “esta” Europa. A Europa esta em construção e ninguém imagina que ela permaneça eternamente no patamar em que esta hoje. Portanto ou ha aproximação, e necessariamente harmonização, ou então teremos apenas um tratado de livre cambio, mas então as transferências de soberania deixam de ter qualquer justificação.

    Boas

  6. pois: são os selvagens a temerem pelo capitalismo ao invés de quererem meter rédea ao capitalismo selvagem. andam confusos.

  7. Os seus comentários são deprimentes e facciosos Combater a extrema direita é um designio. Estar sempre a espezinhar e a criticar melanchom é paranóia. Como se o sr Macron fosse alguem que aplicasse uma politica de esquerda! è de rir O Sr Macron è um servo do grande capital financeiro e portanto as politicas dele farão com que a Srª Le Pen seja a próxima presidente de França. Oxalá me engane

  8. E sobre as razões da morte anunciada do PS francês, não tens nada a dizer, ó Penélope? Não encontras neste facto muita matéria que dá que pensar? A grande ironia não está na esquerda que protesta contra a situação social e económica actual só ter 15%; a grande ironia está na “esquerda” que não protesta, que foi cúmplice da direita e que defende as ditas reformas estruturais ou neoliberais estar em vias de desaparecer, não só na França mas em toda a Europa.
    Se o admirável mundo novo-liberal foi construído com a ajuda de “socialistas modernos e reformistas” como o Blair, o Schroder, o Sócrates, o Valls e o Hollande, por que é que o eleitorado da “esquerda democrática” e (ou?) capitalista não reconhece isso e prefere votar no “radical” Melenchon e no liberal Macron? Como é óbvio a resposta já está na própria pergunta: entre a cópia e o original o eleitorado prefere o que é original. A mentira da esquerda reformista (ou neoliberal) chegou ao fim.

  9. A todos os que me criticaram no mesmo sentido: Constata-se que a chamada «direita» democrática não desapareceu do mapa em França, nem na Alemanha, nem em Inglaterra (onde se encontra reforçada), nem na Grécia (onde ressurgirá nas próximas eleições), nem em Itália, apesar das políticas a que chamam «liberais» e que são por ela perseguidas. Logo, talvez o problema não esteja aí. Por outro lado, partidos como o do Mélenchon, que protestam contra as políticas neoliberais e contra o capitalismo, não conseguem uma adesão significativa do eleitorado, que, pelos vistos, não deseja a revolução proposta. Os populistas da extrema direita, por falarem de forma desbocada, serem novidade, aproveitarem o mal-estar com o terrorismo e a imigração e apelarem à soberania e ao nacionalismo, passam melhor a sua mensagem. Mas, uma vez chegados ao poder, se chegarem, não iriam ser nem anti-capitalistas nem protectores dos desfavorecidos. Iriam semear o caos, pois nem eles sabem o que querem nem o que podem fazer. Assim, o mundo europeu não está fácil e os conceitos tradicionais de esquerda e direita exigem reflexão. O Macron desafia-os, querendo manter o que os dois terão de melhor, enquanto contraste com os extremismos. A ver vamos.

    João Viegas: A proposta que referes da alteração do código do trabalho é a única que parece excessivamente deslocada. Mas não é motivo para uma revolução proletária e uma rejeição em bloco do sistema. É talvez razão para uma cedência do Macron.

  10. “Macron desafia-os, querendo manter o que os dois terão de melhor”

    Como disse um dos fundadores do “extremismo” e “radicalismo”: a História repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa.
    Depois da tragédia que foram o aparecimento da terceira via ou da “esquerda” moderna que assumiu como suas as políticas económicas da direita (no que elas tinham de “melhor”, como diziam alguns), eis que voltamos ao mesmo, mas agora com um messias “moderado”, “centrista” que só quer fazer uma síntese entre o que a direita e a esquerda têm de melhor. É o que se pode classificar como farsa, ou se calhar como comédia.
    E claro que o problema não está na direita, que determina as políticas europeias e que por isso mesmo tem o seu eleitorado seguro e satisfeito. O problema está na dita “esquerda” que as Penélopes defendem que em pouco ou nada se distingue da direita (e que para as Penélopes não é direita mas sim “direita”). Pois bem, como afirmou o “socialista” Valls, essa “esquerda” está morta, e portanto o que resta às Penélopes é a adesão à direita com aspas, e que em Portugal se chama PSD.

  11. Conhecem-se duas propostas de modificação do codigo do trabalho : a que menciono, de facto completamente injustificavel, e a que visa introduzir a possibilidade de afastar a lei (nomeadamente sobre o tempo de trabalho) por convenção colectiva de empresa, ou seja a que permite às entidades patronais nas pequenas empresas tornear a lei das 35 horas, que foi precisamente o resultado mais emblematico das passadas politicas de concertação com a direita liberal (a qual havia ja antecipado a passagem a 35 horas semanais).

    O codigo do trabalho foi reformado uma carrada de vezes nos ultimos anos, sempre no sentido de diminuir a protecção do trabalhador (diminuição drastica da prescrição por exemplo). Sem resultado que se notasse a nivel do desemprego. A ultima reforma foi ha menos de um ano. O que justifica uma nova reforma, com propostas destas, a não ser puro dogmatismo ?

    O proprio Macron afirma que ele “não é de esquerda”. Vai governar com a direita. O programa fiscal dele é de direita (vamos continuar a ter mais IVA e menos IR, quando a França ja é o pais da UE onde o IR é menor, basta comparar com Portugal para ter uma ideia). Vai suprimir 120.000 postos na função publica, etc. Onde é que ha uma unica medida de esquerda naquilo que ele propõe (tirando talvez a vaga promessa de investir na escola primaria, que deve ser combinada com as restrições anunciadas que acabei de mencionar) ?

    Se calhar foi bom ele ter sido eleito, isso deixo à apreciação de cada um. Agora uma coisa é certa, o que ele vai fazer não é de esquerda nem tem nada a ver com os valores da esquerda, seja a esquerda dura, que esta hoje reforçada nas suas componentes mais radicais e mais inquietantes por causa dele, seja a esquerda reformista que deixou pura e simplesmente de existir, ou pelo menos de ter voz audivel.

    Acorda, Penélope.

    Boas

  12. Macron: filho herdeiro, etc.:
    Pois, o problema é esse. Ou se é uma coisa ou se é outra, de acordo com os seus modelos. Mas repare que você é bem capaz de chamar esquerda a partidos como o PCP, o Bloco e o PS, defendendo os dois primeiros ideias bem diferentes dos segundos. Dentro do PS também coexistem ideias diferentes sobre o que fazer em questões financeiras, económicas, sociais, educativas, de política internacional, etc. O mesmo vale para o PSF, este altamente desacreditado pelos seus mais recentes protagonistas e, por isso, à beira do colapso. Por isso, não seria mau deixar de dividir o universo político em dois campos, o dos bons e o dos maus, sendo os bons os da esquerda pura (estes serão mesmo os muito bons) que, por mais que berrem contra o grande capital, não ganham eleições. A divisão é simplista e, hoje em dia, enganadora, quando assistimos ao voto das chamados “vítimas da globalização” e “mais desfavorecidos” – na extrema-direita.
    Você é bem capaz de me dizer que a direita é a representante da alta finança e do grande capital, mas seguramente concorda que a vitória esmagadora da Theresa May (quando tem um Corbyn tão na linha do que você defende como adversário nas eleições) não se vai dever apenas aos grandes financeiros e capitalistas, não é?

  13. Esta Penélope deve ter ensandecido. Pois não se recorda já da famigerada Lei Macron, aprovada ao abrigo do actual estado de emergência em França, depois de recusada liminarmente no Parlamento por todos os deputados socialistas e após manifestações que puseram nas ruas de França milhões de trabalhadores?
    É exactamente de outras leis como esta que a le Pen está à espera para galgar mais uns milhões de votos.
    Nã, isto é como diz o outro deves ter mudado de marca de charro.

  14. Renzo: Mas então porque galgará a Le Pen e não a esquerda, a que protesta contra as injustiças e põe milhões de trabalhadores na rua? Explique-me, porque me parece um contra-senso. Afinal têm a razão do seu lado ou não? E por que se apagou o partido socialista – já sem Macron -, que toda a gente viu ter votado contra essa enormidade?

  15. A esquerda democrática tem-se vindo a apagar em todo o lado porque abandonou os seus valores tradicionais e os seus eleitores habituais deixaram de se sentir representados. O golpe de mestre é sempre dado pelos seus dirigentes que para além de incompetentes, têm sido coniventes com os valores e interesses da direita. Em Portugal, teria acontecido o mesmo, não tenho a menor dúvida, se o PS tivesse mantido a anterior direcção, com o “tozé” à frente, que, como se sabe, estava perfeitamente disponível para se aliar à direita.
    Quanto à “chamada” “extrema esquerda” é minha convicção que com o tempo irá amaciando o seu discurso no sentido de captar os votos perdidos pelos socialistas democráticos. Veja-se o BE e como, cada vez mais, vai apresentando um discurso social-democrata.

  16. As le Pens deste mundo, entretanto, vão capitalizando todos os descontentamentos gerados pela desregulação desenfreada do neoliberalismo , falando aos eleitores mais atingidos por essa desregulação a linguagem que mais os alivia dos seus sofrimentos e de que estes estão à espera.

  17. Meus e minhas, queridos e queridas, caros e caras, baratos e baratas,

    Em verdade vos digo que quando o trampas ceguinho e o analfa das vogais desopilam da botica até conseguimos assistir por aqui ao desenrolar de salutares convergências, divergências e argumências, em vez das costumeiras e quilométricas jactâncias, insultâncias e outras pestilências. Um verdadeiro alívio, a permitir o regresso de homens e mulheres de boa vontade, digo eu, que sou mui cristãmente ateu. Espero que dure.

  18. Isto prova cabalmente que quem manda em França são circuitos informais de poder, que há mais de duas décadas mandam mais que os circuitos formais (os saídos dos votos)…
    Ir a votos passou a ser una formalidade. Lá e cá.
    Só falta deixar de haver partidos e passar a haver só “movimentos”.

  19. Manolo Heredia: É outra designação apenas. A diferença é que um “movimento” é novo e, nesta primeira fase, visa distinguir-se dos “vícios” de algum partido estabelecido. O seu líder também quer ter a liberdade para estabelecer um novo programa, adaptado às circunstâncias, sem as amarras da ideologia tradicional e, à partida, imutável, do partido. É só isso. De resto, pode ser um embrião de um partido. Ou pode passar a haver só “movimentos”, sim, que surgem e desaparecem consoante os interesses e as necessidades. Talvez sejam a nova realidade. Até deixarem de ser.

  20. Ola,

    Eu concordo com o Manolo Heredia e julgo que o que a Penélope esta a dizer, é apenas teoria e esta infelizmente em contradição total com os factos.

    O Macron não esta em sintonia com os eleitores que acham que se deve transformar o sistema (seja la o que isso significa). Antes pelo contrario, o que ele se propõe fazer, é implementar as soluções que foram basicamente tentadas até hoje, incluindo as que ele proprio procurou impor quando era ministro. Não existe rotura nenhuma : a reforma do codigo de trabalho contém as partes do projecto dele que foram abandonadas apos os protestos e as reservas do conselho constitucional, a transférência das cotisações sociais para a CSG é uma ideia tão antiga como a propria CSG criada nos anos 90 por M. Roccard, a “reforma” do imposto sobre a fortuna é uma proposta que ja foi feita n vezes, etc.

    O que afirma o Macron, não é que vai propor soluções novas, mas que vai fazer com que as soluções ja propostas ou mesmo experimentadas vão finalmente ir para a frente até ao fim, porque, ao que diz, ele vai conseguir vencer a oposição dos partidos tradicionais e as forças de bloqueio.

    Apresentar este programa como um abandono do “sistema” vigente é uma aldrabice pegada e uma aldrabice perigosa, porque vai criar expectativas nas pessoas que querem mesmo outra politica (e não outro “sistema”) e que vão, mais uma vez, ver adoptadas medidas que elas não querem. Isto vai obviamente alimentar o populismo da pior maneira.

    Bom, oxala eu me engane e o Macron, santificado pela sua eleição e com as virtudes inerentes à sua pessoa e ao seu carisma, consiga fazer milagrosamente baixar o desemprego. Afinal de contas, não sejamos pessimistas. Os Reis franceses conseguiam curar a escrofula com uma simples aplicação das mãos. Portanto pode muito bem acontecer que ele consiga obter resultados…

    Boas

  21. João Viegas: Mas o Macron nunca disse que queria mudar o sistema. Formar um movimento, que até pode vir a dar num partido, sendo apenas mais rápido e fácil do que construir uma máquina partidária, não me parece ser querer mudar o sistema. Nem tampouco enganou ninguém com o seu programa. Está lá o que quer fazer. Se não conseguir, não consegue. Tem, porém, esperança de o conseguir, se não com o apoio de uns, com o apoio de outros. É legítimo. E, o que é importante, ele pensa que vai melhorar a França sem pôr a Europa num perigoso caos.
    Pergunto-te o que tu farias se acreditasses na tua ideia para o país, visses uma oportunidade de a aplicar na fraqueza dos teus opositores, já tivesses procurado implementar algum dos seus aspectos, tivesses sido boicotado pelo partido de cujo governo fazes parte? Ias tratar das oliveiras, porque a vida política é muito difícil?

  22. “Mas o Macron nunca disse que queria mudar o sistema”

    Estas a brincar, não estas ? O homem fez a campanha toda apresentando-se como o candidato que vai “acabar com o sistema” :

    http://www.lexpress.fr/actualite/politique/elections/emmanuel-macron-dans-quotidien-la-france-n-est-pas-le-canada_1888725.html

    http://www.huffingtonpost.fr/2016/07/13/meeting-macron-presente-antisysteme-critiques-rivaux-hidalgo-cosse_n_10958160.html

    https://www.marianne.net/politique/macron-l-anti-systeme-veut-supprimer-l-isf-pour-les-actionnaires

    http://www.liberation.fr/video/2016/07/13/emmanuel-macron-tout-sauf-anti-systeme-pour-la-sphere-politique_1465920

    Não estou a dizer que o homem não é sincero, mas a realidade é que ele se apresentou como uma força profundamente renovadora (o Hollande não se representou, o que diz tudo acerca do que os Franceses pensam), quando o programa dele é exactamente o do Hollande, recaindo talvez ainda um bocado mais ao centro.

    Mais uma vez, não estou à procura de um mau da fita ou de um grande culpado. E’ possivel que as circunstâncias, e também que a inconsequência dos Franceses (que declaram abominar o Hollande mas que ao mesmo tempo não se querem aventurar em soluções verdadeiramente diferentes), sejam as verdadeiras causas.

    Agora uma coisa é certa : a situação esta completamente podre. Temos eleitores que vão de certeza estar aos berros daqui a 6 meses e nem sequer temos um candidato eleito que assume claramente o que vai fazer, ou seja continuar a politica feita até hoje. Tirando a cura milagrosa da escrofula, existe alguma diferença entre a situação actual e a que levou ao decrédito de F. Hollande ? Qual ?

    Em suma, dou inteiramente razão ao Manolo Heredia. Os eleitores não foram confrontados com uma verdadeira alternativa de esquerda e estas eleições foram uma farsa preocupante. Escolheram o menor de dois males, entre a fascista Le Pen e um OVNI que apresenta sob vestes novas as soluções de que eles se queixam. Qualquer semelhança entre este filme e uma verdadeira democracia é pura coincidência. Isto, em grande parte por “culpa” dos eleitores, que põem o cérebro em repouso no minuto em que entram no local de voto, mas ainda assim é arrepiante.

    Boas

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