“Oh, era só uma!”: integração dos imigrantes e outro assunto

Ontem aconteceu-me estar num parque infantil, na Quinta das Conchas, em Lisboa, onde me deparei com uma família, de aparência muçulmana, com duas crianças pequenas, cujo elemento feminino adulto se apresentava completamente tapado da cabeça aos pés, apenas deixando à vista os olhos. Uma espécie de burka cobria aquele vulto de mulher. Fazia um calor abafado e, como já adivinharam, as duas miúdas, ao contrário da mãe, envergavam vestidos frescos: pernas, braços e cabelos à solta. O homem igualmente à fresca.

Não gostei do que vi. Não estando nós em época de carnaval, aquela mulher anda a ser escondida de quem e porquê? Se a razão é ser adulta, porque não anda igualmente o homem com o corpo escondido?

-“Incomodam-te? Que tens tu a ver com o que cada um veste? As freiras católicas também não usam um hábito? O Ventura não diz que é o quarto pastorinho de Fátima? E não anda à solta?”

Estou a ouvir. O Ventura é chanfrado e vende banha da cobra (agora no Parlamento) e as freiras, para começar, não se reproduzem. Por alguma maluqueira qualquer, resolveram sublimar as suas características e os seus instintos sexuais (e nem quero saber se é mesmo assim. Portanto, adiante, porque nos seus colégios a maioria dos professores e professoras até são da sociedade civil, muitos deles até sem religião). Mas estas são perguntas que constituem um “peditório” para o qual já dei há muito tempo, pelo menos desde a polémica do “burkini”. Há uma razão, para mim inaceitável no mundo livre e igualitário em que felizmente vivemos, para o porte deste traje: nas sociedades de onde vêm, as mulheres não são consideradas seres pensantes, com personalidade própria, mas reduzem-se a objectos sexuais e máquinas reprodutoras, além de serem propriedade dos machos – pais, irmãos, maridos. Só estes as podem ver como são, sem máscaras e sem terem de sufocar de calor para saírem com os filhos. Permitir que tais valores arcaicos e aviltantes sejam não só exibidos neste lado do mundo como, mais grave ainda, sejam transmitidos aos filhos é aceitar uma barreira de tamanho monumental à integração daquelas crianças na sociedade portuguesa.

Assim, tenho outras perguntas algo diferentes para fazer:

  1. Esta indumentária é legal em Portugal? Em muitos países é proibida.
  2. A senhora passou assim no controlo aeroportuário? Não teve que mostrar a cara?
  3. O SEF ou o seu equivalente actual deu a este casal alguma informação sobre o país para onde se mudaram e os direitos das mulheres?
  4. Que educação e que conflitos vão ter aquelas crianças quando frequentarem uma escola “ocidental” e já tiverem atingido a puberdade, altura em que as mulheres muçulmanas de meios fundamentalistas passam a não poder mostrar o corpo em público, não vá algum macho animalesco menos controlado perder-se por ver braços, pernas e cabelos de uma fêmea?
  5. Vamos permitir guetos onde as crianças, não tarda muito, e para evitar choques, passam a frequentar escolas corânicas por vontade dos pais? E isso leva-nos aonde? Não estamos fartos de ver filmes, a bem dizer reportagens, sobre essa problemática em países europeus, como a França ou o Reino Unido, e os malefícios desse fechar de olhos? Não se pergunta a essas pessoas o que querem fazer (e se querem) quanto à integração dos filhos na nova sociedade?

 

“Olha agora! Ela pode gostar de andar assim!” Ah, pois claro, ela quer mesmo andar assim. Só as pobres das iranianas é que andam a morrer por coisa nenhuma. Que idiotas.

 

Outro assunto

 

Ouvi o Ventura hoje a dizer que foi por pressões insuportáveis que a Justiça veio agora ilibar todos os suspeitos, arguidos, etc., do caso Influencer, incluindo António Costa. Para ele, sem qualquer dúvida, são todos corruptos.

Este indivíduo não anda a ultrapassar as marcas? Não merecia, pelo menos, que lhe instaurassem um processo a sério? Ou terá ele as costas quentes no próprio Ministério Público e por isso insulta, insinua, acusa e condena como se fosse um direito seu? Divino, quem sabe.

Não adianta chamar ao Ventura um cancro, mas é o que ele é. Dali não vem nada de bom. Nem bom, nem bondoso, nem solidário, nem conciliador, nem razoável, nem racional, nem nada. Só posições nojentas, oportunismo e ódio.

 

15 thoughts on ““Oh, era só uma!”: integração dos imigrantes e outro assunto”

  1. Então e a famosa multiculturalidade ? Está de parte ? Ou vamos ter que criar leis para as outras culturas ?

  2. Quanto ao uso da Burca digo o seguinte em Portugal mandam os Portugueses querem usar burka voltem para o país de origem, sei de quem
    vai país muçulmanos e ai respeitam a tradição e cobrem a cabeça . Quanto ao Ventrulha não passa de um trafulha a fazer o trabalho de sapa que tem na assembleia da República e não vai demorar muito tempo até estar a segurar o governo da AD .

  3. as freiras todas tapadas, em clausura, de pés desclaços, ou a cumprir voto de silêncio, pode ser “porque não se reproduzem” (???!!!)

    e quanto às escolas “corânicas”, é ilegal existirem escolas de inspiração católica com aulas de moral religiosa? que eu saiba não e como temos visto nas questões do aborto ou da eutanásia até têm bastante influência nos jovens que as frequentam.

    portanto, mais um texto ignorante e asqueroso aqui na chafarica que, tal como a famosa IDW de sam harris e richard dawkins, se resume a uma fina capa de liberalismo ateu para fundamentalmente propagar retórica islamofóbica e racista.

    entretanto, está a acontecer alguma coisa na politica internacional ou “tudo calmo na frente ocidental”?

    hahahahhahahahhahahahhahahahahah

  4. Há muito que deveria estar proibida a cara tapada a quaisquer pessoas, de ambos os sexos, em sítios públicos (exceto por razões sanitárias), por elementar medida de segurança contra possíveis ladrões, vândalos, hooligans e toda a casta de bandidos. Não tem nada a ver com religião ou com a liberdade das mulheres. Não se pode obrigar ninguém a ser livre. Hoje em dia as câmaras de segurança já são um dos meios mais eficazes da prevenção e combate ao crime, mas as caras tapadas reduzem muito a sua eficácia.

  5. PORQUÊ?

    Porque insistimos em querer colonizar e converter os Outros?

    Que mal há Nós, que nos afecta assim tanto quando o Outro é diferente e faz escolhas diferentes da ‘nossa’?

    Porque havemos de ter mais Direito, Moral e Ética do que a dos Outros?

    ‘Fascista’ não é quem chama fascista aos que têem ideias e vidas diferentes das que nós professamos e gostamos? Não era a esses ‘infiéis das nossas escolhas e opiniões’ que queimámos na Inquisição?

    Este território é de quem? Quem são os donos deste território? Quem dá autorização aqui a fazer da vida dos Outros o que alguns querem?

    E se cada qual se metesse na sua vida, e deixasse os outros em Paz?

  6. essas pessoas estão cá há meia dúzia de dias , preocupam menos do que aqueles que estando cá , dizem , há 500 anos , continuam sem se integrar e nós a pagar por eles. quantas gerações mais vão receber do contribuinte pela tal integração tão desejada , dizem , pelos nómadas sedentarizados ? quê ? daqui por 500 anos ainda haverá bem bom?

  7. “E se cada qual se metesse na sua vida, e deixasse os outros em Paz?”

    era uma boa ideia se os russos saíssem da ucrânia, deixassem de apoiar terroristas e fomentar guerras por procuração.

  8. A substituição da religião tradicional católica e protestante, de raiz tolerante e secularista, por vivências religiosas integristas, islâmicas, hindus ou mesmo derivações cristãs do Novo Mundo, intolerantes, misóginas, homofóbicas e com aspirações políticas organizadas, sob a anestesia do laicismo ateísta, constitui uma das maiores ameaças ao modo de vida europeu. Ou o Centro Esquerda e o Centro Direita pegam no tema a sério e secam a Extrema Direita ou os Venturas podem dizer os maiores disparates e continuar a ganhar votos

  9. Vai no seu século XIV o Islamismo, ele é burkas, lapidações, o diabo. Nesse tempo o Cristianismo era mais fogueiras em espaços públicos, com o incréu a arder vivo sob o olhar satisfeito dos espetadores.

  10. Vemos uma mulher toda coberta de roupa, só se veem os olhos, achamos um horror.
    Eles veem uma mulher quase sem roupa ao lado de um novo modelo de automóvel, acham um horror.

  11. bom , e não protestamos por não poder andar nus na rua ? podemos mostrar a cara e não podemos o cu?
    esta obrigação de andar vestido não tens pés nem cabeça.

  12. Esta Penélope humanista, universalista, laica e republicana, exibe, afinal , o paradoxo da sua intolerante tolerância “voltairiana”.
    Uma Penélope involuntariamente eloquente na confissão de que não compreende o que não tolera.

  13. foi exactamente isso que pensaram em áfrica e américa quando viram o branco chegar cheio de roupinha e esquisitices.

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