Não dei por ninguém se ter «posto ao fresco»

«Pôr-se ao fresco» é uma expressão que significa fugir, não querer saber, livrar-se de responsabilidades. Segundo Passos Coelho, o PS fugiu, não quis saber das suas responsabilidades, em 2011. Se estão incrédulos, eis as suas declarações, ainda ontem:

Haverá um dia em que o Governo vai ter de corrigir [as políticas que está a empreender] e espero que não se ponha ao fresco, como em 2011. Deve ser este Governo e a sua maioria a corrigir os erros que estão a cometer porque tem essa responsabilidade. Espero que a maioria aprove os Orçamentos do Estado de 2017 e 2018. Não contem para isso connosco e não vale a pena virem depois com crises políticas“, afirmou Pedro Passos Coelho.

Ora, pode ter-me escapado alguma coisa do certamente magnífico discurso, todo ele lógica, ontem proferido, mas gostaria muito de saber em que medida o governo caído em 2011 se pôs ao fresco. Do que me lembro, assumindo o poder depois de eleições ganhas por recurso à mentira e às falsas promessas (deliberadas) de cortes exclusivos nas gorduras do Estado, o PSD, liderado por Passos, apareceu, ele sim, descaradamente fresco que nem uma alface, depois de ter deitado para o lixo um acordo arduamente negociado com o BCE e a Comissão Europeia, que teria poupado Portugal a um penoso resgate nos moldes da Grécia (estávamos em plena crise financeira internacional, com a Europa central transformada em cobradora súbita dos até então estimados clientes). Para quem se tinha «posto ao fresco», o governo anterior à coligação tinha tido o enorme sentido de responsabilidade de, face à iminência de um terceiro resgate europeu que a ninguém já interessava, ter defendido o interesse nacional. Pôs-se ao fresco, como?

Foi esta frescura de líder que, uma vez no poder, se propôs acabar com os preguiçosos e os piegas que tinham vivido acima das suas possibilidades, para ser não mais do que o agente dos credores aqui na província do sudoeste, semear a razia e a pobreza e provocar a debandada geral. Para isso, entregou as decisões mais importantes ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e aconselhou-se com António Borges, um liberal radical vindo da Goldman Sachs (onde fora Managing Director and International Adviser). Antes se tivesse, ele, posto ao fresco!

Vir dizer agora, a propósito de ele próprio «andar ao papéis» (para manter um registo que lhe agrada) com a sintonia de toda a esquerda e o comportamento tranquilo dos mercados, que o governo anterior ao seu «se pôs ao fresco» é, como dizer, armar uma construção sem alicerces em volta de uma expressão que considerou engraçada. É uma parvoeirada política, embora na linha do corte nas gorduras em 2011. Se a direita ainda ouve esta criatura, não devia. Está a ser tão imbecil como ela.

«E não vale a pena virem depois com crises políticas», diz ainda Passos, como se não bastasse de asneiras. Mas a que estará este crânio a referir-se? Quem provocou uma crise política em 2011 só porque Marco António o ameaçou de que ou provocava eleições no país ou perdia a liderança do partido?

Como eu disse, se ainda restam algumas cabeças inteligentes na direita, façam-vos o favor de correr com esta anedota. Já não sabe o que diz. Reformem-se.

8 thoughts on “Não dei por ninguém se ter «posto ao fresco»”

  1. ainda há muito vigarista na politica.passos coelho segundo consta, fez varias desintoxicaçoes? está a precisar de mais uma!

  2. “… façam-vos o favor de correr com esta anedota.”

    errado… errado, quanto ouvires um adversário político dizer asneiras não o interrompas e ainda beneficias do bónus manelas envergonhadas a validarem as políticas do costa.

  3. É muito versátil o Passarolo, tanto faz de Calimero como se apresenta como Pitonisa
    na interpretação do futuro, como amuou julga-se o dono da bola e vai dizendo que não
    quer nada com o António Costa e este PS que lhe roubou o lugar tão laboriosamente
    alcançado, empurrando os problemas com a barriga para a saída “limpa”!
    Creio que, o melhor é deixá-lo a falar para os seus fiéis “muchachos” pois, os verdadei-
    ros sociais democratas existentes no PSD em breve lhe darão guia de marcha para ir
    contar mentiras para outra freguesia!!!

  4. Ele usa a linguagem chula de quem se habituou à vadiagem da noite. E julga-se muito fino, muito espirituoso, o grande bandalho. Que, infelizmente, não está sózinho na bancada parlamentar PSD e CDS. Portas, outro bandalho. Cristas, uma peixeira.

  5. trés bien!
    mas como diz o ignatz e também um baixote corso:
    “nunca interrompas um adversário quando ele está a cometer um erro”

  6. Não, por favor, não livrem dele. Cada vez que aparece promove a unidade à volta do actual governo. Assim sendo,b este, nas suas inumeráveis insuficiências, tem a enorme vantagem de ser sobejamente conhecido. Outro que venha e lá voltamos outra vez ás papas e bolos.

  7. De Fevereiro a Março 2016 as contas derraparam em 1,7 milhões… É só seguir a próxima novela

  8. Janota, a tua conversa não bate a bota com a perdigota.

    E QUANDO É QUE ESSE LARÁPIO DO PASSOS COELHO VAI PRESO, COM O RESTO DA QUADRILHA TODA DE FILHOS-DA-PUTA?

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