Mas o que se passa com a CGD?

Num espaço de quinze dias têm sido demasiados os episódios de irritação total com o funcionamento online da Caixa Geral de Depósitos para eu não aproveitar este espaço para dar nota pública. Passo a enumerá-los:

  1. Tentativa de compra de um bilhete da CP online com o cartão de crédito – operação inviabilizada porque tinha que aderir ao sistema 3D Secure (15 dias antes fizera uma compra semelhante, com o mesmo cartão, sem problemas). Fui à Caixa Directa online para activar o serviço. Impossível. A página que se abria não apresentava qualquer caminho para concretizar a operação. Telefonema para o meu gestor. Nada. Não atendia. Telefonema para o número fixo da agência. Nada. Ninguém por trás daquele número. Telefonema para o número de atendimento geral, o 707 24 24 24. Meia hora à espera e nada. Apenas numa segunda tentativa, meia hora depois, consegui que me atendessem. Perante o meu desagrado, o funcionário pediu desculpa e dispôs-se a analisar o problema. Quinze minutos de espera depois, confirmou que sim, que havia efectivamente um problema e que iam tentar resolvê-lo o mais rapidamente possível e depois me avisavam por e-mail. Assim foi. Passados uns dias, comunicaram-me que o problema estava resolvido e que já podia aderir ao 3D Secure. De facto, desta vez consegui. Se funciona agora ou não, ainda não sei, porque não fiz entretanto qualquer compra online. Espero não ser a próxima irritação.
  1. Num dos dias seguintes, quis entrar no Caixa Directa online para uma mera consulta e foi impossível – recebia como resposta que a minha sessão tinha expirado (eu que ainda nem entrara!). Telefonema para o 707. Desta vez atenderam depressa. Disseram que aquilo acontecia, o sistema talvez estivesse em manutenção, ou que era do Google Chrome, que eu tentasse pelo Edge que talvez conseguisse. Enfim, irritação maior. Nem tentei o Edge. No dia seguinte, lá consegui entrar. Mas as irritações não acabaram aqui.
  1. Hoje mesmo, tentativa de pagamento de uma compra numa loja com o cartão Multibanco. Nada. Operação anulada. Quatro tentativas e sempre a mesma mensagem. Passei para o cartão de crédito. Nadinha. Que o cartão estava inválido. Pensando que o problema talvez estivesse na rede SIBS, experimentei o cartão de outro banco. Milagre! Funcionou. A operação decorreu normalmente. Fui directa à minha agência para protestar e saber o que se passava com aqueles cartões. Resposta da funcionária: “Ah, isso acontece, é do sistema, não tem nada a ver com os cartões.” “Mas qual sistema? Usei o cartão de outro banco e funcionou”. “Ah, não, é o sistema da Caixa”, respondeu ela, como se isto fosse perfeitamente vulgar e aceitável. Quer-se dizer, se eu não tivesse ali outro cartão, não poderia fazer aquele pagamento, teria de me vir embora, voltar lá ou desistir da compra (que podia ser importante), e a senhora funcionária da agência não viu qualquer problema nisto. Limitou-se a experimentar os cartões na caixa automática, viu que estavam OK e ala para o próximo cliente. “Isto acontece”, disse-me, com grande ligeireza e indiferença.

Ora, sendo já demasiados os episódios de mau funcionamento do sistema informático deste banco público, pelo menos para mim, que sou uma cliente relativamente recente, começo a perguntar-me se não haverá algum ataque deliberado contra a Caixa para minar a sua relação com os clientes ou minar o seu funcionamento em geral. Pergunto-me. Isto porque me recuso a acreditar que entraram num esquema de autodestruição. Mas nunca se sabe. A vontade de abandonar definitivamente este banco é mais do que muita neste momento. Se é certo que podemos estar perante ataques informáticos com objectivos maliciosos, também é verdade que alguns funcionários (não o que primeiro me atendeu do 707, atencioso e diligente) não parecem minimamente preocupados com o mau funcionamento do sistema informático do banco nem com os incómodos que isso traz aos clientes. O que me leva à hipótese da incompetência e/ou da má formação do pessoal. Nenhuma das hipóteses é boa. Mas a do boicote exterior deveria também ser levada a sério. Aqui deixo o alerta.

8 thoughts on “Mas o que se passa com a CGD?”

  1. Não há ainda muito tempo, um amigo meu, funcionário da CGD comentava com algum desalento que uma parte significativa dos seus colegas continuam com a velha de que não são bancários, mas sim funcionários públicos da velha escola. Na realidade o sistema da CGD de que por força das circunstâncias sou cliente, acho-o de difícil utilização. Pode ser que o Dr. Macedo com umas missas e novenas consiga o milagre de transformar a CGD num banco….

  2. Há cerca de dois meses, quis efectuar um pagamento de algumas centenas de euros. O meu cartão da caixa não me permitiu fazer o pagamento por inteiro, só consegui pagar uma parte do valor e ainda assim com recurso a várias transacções sucessivas de valor não superior a 50 euros. Tudo o que fosse acima disso o sistema recusava. O restante valor teve de ser pago por transferência bancária. Pelo que me disse a funcionária do estabelecimento é um problemas recorrente com os cartões de débito da Caixa. Acho que vale a pena investigar o que se está passando.

  3. Saudações
    Pedra Filosofal
    Manuel Freire

    Eles não sabem que o sonho
    É uma constante da vida
    Tão concreta e definida
    Como outra coisa qualquer

    Como esta pedra cinzenta
    Em que me sento e descanso
    Como este ribeiro manso
    Em serenos sobressaltos

    Como estes pinheiros altos
    Que em verde e oiro se agitam
    Como estas aves que gritam
    Em bebedeiras de azul

    Eles não sabem que sonho
    É vinho, é espuma, é fermento
    Bichinho alacre e sedento
    De focinho pontiagudo
    Em perpétuo movimento

    Eles não sabem que o sonho
    É tela, é cor, é pincel
    Base, fuste ou capitel
    Arco em ogiva, vitral,
    Pináculo de catedral,
    Contraponto, sinfonia,
    Máscara grega, magia,
    Que é retorta de alquimista

    Mapa do mundo distante
    Rosa dos ventos, infante
    Caravela quinhentista
    Que é cabo da boa-esperança

    Ouro, canela, marfim
    Florete de espadachim
    Bastidor, passo de dança
    Columbina e arlequim

    Passarola voadora
    Pára-raios, locomotiva
    Barco de proa festiva
    Alto-forno, geradora

    Cisão do átomo, radar
    Ultra-som, televisão
    Desembarque em foguetão
    Na superfície lunar

    Eles não sabem nem sonham
    Que o sonho comanda a vida
    E que sempre que o homem sonha
    O mundo pula e avança
    Como bola colorida
    Entre as mãos duma criança

    ….é só o que me apraz redizer.

  4. A CGD desde sempre foi um coio de funcionários públicos encapotados ( mangedoura Pública, porém, sem o estatuto disciplinar dos funcionários públicos, e com muito mais regalias que estes ). Depois do 25/4, passou a recrutar com base em modelo monárquico – filhos e parentes de funcionários, com preferência no acesso ao emprego na CGD, – sob a batuta dos sindicalistas .
    Presentemente, funciona com total desprezo pelos antigos clientes/aforradores, a quem dá taxas de juro de bosta, das mais baixas do mercado. A par disso, as anuidades dos cartões, que no caso dos de débito sempre foram gratuitos, passaram a ser das mais altas do mercado, e por último, já no consulado do Maiscedo, passaram a cobrar comissões por tudo e por nada .
    Em suma, não lhes interessam as poupanças dos depositantes. Estão confortados com o dinheiro dos contribuintes lá injectado (ou seja, parte substancial dos milhões pedidos à Troika e pagos por todos nós ).
    É banco que não interessa . Vai pró maneta . Durante longos anos funcionou sempre na cauda do resto da concorrência bancária – falta de empenho do pessoal, falta de investimento em solucoes inovadoras e equipamentos informáticos, e correlacionados ) . Funcionava até à poucos anos, como uma espécie de repartição pública do tempo do Salazar. Não estou surpreendido com o relato .
    Encerre a conta .

  5. Olhe se estivesse a jantar e não tivesse outro cartão ????
    Sobre o ponto 3 é incompetência da CGD. Aqui há anos ( não muito) aconteceu -me por várias vezes em Vila R Santo António ( VRSA) , sempre que lá ia, e vou com alguma frequência, o cartão da CGD nunca trabalhava.. Até que houve um dia que me passei e fui à agencia e pedi para falar com o gerente, e eu sabia que ia ser filtrado. Madaram um fulano que se intitulou subgerente e expliquei o que se passava .
    Quis-me vender que era da SIBS. Sibs ? Mas o que é a SIBS ,. perguntei. Eu tenho é contrato com a CGD que diz quer me garante esta operação com o cartão…. Quero reclamar…. Passei uma hora , esperando que encontrasse o papel /formulário no site da CGD pra poder reclamar.. Eu estava passado mas cheio de paciência… Quando por fim admitiu que não encontrava o impresso ou lá o que era para eu poder fazer a reclamação, desisti. Quando cheguei a Lisboa enviei um carta para o Marketing , que enteu o problema ….Depois disso nunca mais tive problemas em VRSA.
    Com a CGD não é de perdoar. Mas os outros não são melhores. Terão mais cuidado ( medo) , mas os problemas são os mesmos

  6. Aqui para nós que ninguém nos ouve: a CGD foi, em tempos idos, um bom banco, mas desde o cavaquismo que foi destruída e agora aquilo é um regabofe total…metendo lá o Macedo (o tal que rebentou com a Saúde Pública) no galinheiro só afundou mais e mais. Mude de banco, mas não para o velho Novo Banco senão ainda fica pior.

  7. Pelos comentários lisonjeiros parece que há por aqui alguns masoquistas.
    Repito, a Caixa está uma autêntica bosta !
    Falo com conhecimento de causa, por lidar com mais quatro bancos .
    Ainda ontem lí que a Caixa foi o segundo banco que mais lucrou com comissões. O primeiro foi o BCP, do Amado, artista hábil em tirar dinheiro até da cabeça dum tinhoso . Cobrou 481 milhões.
    Não obstante o encaixe, o Paulo Maiscedo, referiu indignado, que a Caixa era dos bancos que cobrava comissões mais baixas . Foi aquando da introdução das modalidades S, M e L .
    Na modalidade mais baixa, paga 5 euros de comissões por mês. Diz que dá o cartão de débito livre de anuidade . É treta, 5 euros por mês paga a anuidade e ainda sobre dinheiro.
    Portanto, têm a opção S, M, ou L .
    Caso encerre a conta, paga a opção E ou extraordinária, que é o seu contributo na qualidade de contribuinte, paga como todos nós, por via do resgate do banco com a injecção de dinheiro do erário publico . Estilo call center da PT, estou a lembrar-me duma mocinha do call-center da PT, que me telefonou e propôs vários tarifários para chamadas telefónicas: um deles era, “ não faça nenhuma chamada e pague tanto por mês “ .

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