Ferro fundido com alcatrão: alquimia

Ainda que mal pergunte: esta fusão da REFER, empresa que gere a infraestrutura ferroviária nacional, com a Estradas de Portugal, decidida assim “de repentemente” pelo Governo, para entrar “em modo de execução já no segundo semestre e com impactos claros em 2015” (Pires de Lima dixit) (parece que tinham falado nisso há um ano, mas, desde então, nada mais soubémos), é uma experiência gira, fresca e inédita, ou é algo que já existe em algum lado? Neste caso concreto, há estudos sérios que fundamentem a decisão?

É estranho. Do pouco que investiguei – França, Itália, Espanha, Inglaterra – não descobri nenhum caso de empresa única (há países em que as estradas são geridas a nível regional ou local). Além disso, como quase perfeita leiga nesta matéria, diria que a concorrência, e não a fusão, entre as duas infraestruturas é de toda a conveniência. O caminho de ferro só ganha mais movimento, e portanto mais receitas, à custa da redução do tráfego rodoviário (concorre também com o transporte aéreo nas distâncias médias a longas – imaginaríamos uma fusão com a ANA, quando ainda era pública?).

Tendo dito e questionado, aceito esclarecimentos.

Mas, enfim, para entrar no jogo das sinergias, não seria boa ideia também integrar a RTP na nova empresa? Pensem nisso. Afinal a sua rede de retransmissores também transporta alguma coisa.

A decisão foi anunciada ontem pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, na conferência de apresentação do Plano Estratégico dos Transportes e Infra-estruturas (PETI), depois de o Governo ter admitido que esta fusão estava em estudo, permitindo poupanças que o executivo estima em 50 milhões de euros. Este valor será atingido por via de melhorias de efi ciência na operação.”

(in Público)

9 thoughts on “Ferro fundido com alcatrão: alquimia”

  1. a comissão diz que não dá dinheiro para mais estradas, mas como há dinheiro para comboios, funde-se o alcatrão com o ferro e martelam-se as contas

  2. Bom dia, desculpem a ignorância, mas só agora percebi o que era o PETI. J

    julgava eu, aqui no fim do mundo, onde nunca chegou um carril de comboio e as estadas, construídas nos sec, 19, princípios do sec. 20, nunca mais viram uma camadinha de alcatrão, que o PETI era o “programa de erradicação do trabalho infantil”!!

    Afinal, havia outra…

    Saludos.

  3. “Tudo isto é imprescindível para acabar o túnel do Marão e a ligação Viseu-Coimbra?”

    se é imprescindível não sei, mas têm de ser acabados. o que tenho a certeza e é público, é que vêm aí 6.000 milhões para 59 projectos, que pelos vistos já foram atribuídos antes de serem aprovados. um deles é da autoeuropa que leva 600 milhões pagos pela comunidade e pelo estado português, fora as borlas fiscais, para criar 500 postos de trabalho. se 500 novos postos de trabalho de 10 em 10 anos custam 600 milhões, fora os encargos das reformas do período, temos um subsídio mensal € 10.000,00/posto de trabalho. nem percebo para que é produzem carros, pagavam os ordenados ao pessoal para irem para a praia e ainda sobrava dinheiro.

  4. o túnel do maraõ será construido na altura mais conveniente. o lider parlamentar do psd,disse hoje com regozijo no parlamento, que os niveis de confiança do governo,estão como no ano de 2008.foge-lhes a boca para a verdade!o povo naquela altura era muito mais estúpido do que hoje!

  5. Eles só estão a começar pelo fim e, no caso são estimados
    os tais 50 milhões de poupança!
    A verdadeira Reforma passa por aglutinar a P.R. com a P.C.M.,
    passando a existir um Presidente da República executivo, ma-
    is o ministro da Presidência, 22 secretários de Estado e, os
    respectivos diretores-gerais de carreira na administração pú-
    blica qual será a poupança?
    Em vez de 230 deputados não seria mais racional ter só 150
    em “full-time” com exclusividade absoluta! Qual a poupança?
    Para quê mais de 300 Câmaras, bem vistas as coisas servia-se
    melhor os municípes com 200, aproveitando as facilidades das
    novas tecnologias! Não seria uma grande poupança de custos?
    Já repararam que o País tem pouco mais de 90 mil Km2 e, cada
    vez menos habitantes? Não estará esclerosada toda a estrutura
    Estatal com uma enorme absorção de recursos (improdutivos)!!!

  6. A rede de emissores (e retransmissores) do sinal terrestre de televisão, não pertence á RTP mas sim á PT, que tambem emite o sinal da SIC e TVI através da plataforma TDT.

  7. Isto cheira a esturro, pois não se entende muito bem onde estarão os ganhos de produtividade, pois estradas e via férrea a única coisa que terão em comum é serem vias de transporte, em tudo o resto nada justifica a sua fusão a não ser que estejam a pensar poupar quando tiverem de comprar brita.

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