
Já há uns tempos me vinha perguntando por que razão não via nada mudado na Segunda Circular. Isto porque imaginei que as obras anunciadas há uns meses estivessem a ser executadas à noite. Hoje, atravessando-a para apanhar a A5, estranhei, de novo, nada ver. Fui procurar informação sobre o assunto. Havia, e fresca. Hoje mesmo vem noticiado (aqui) que a autarquia decidiu suspender as obras, porque surgiu um conflito de interesses entre a empresa encarregada da pavimentação e a empresa fabricante da mistura betuminosa. Eh, pá. Então? Foi mesmo isso?
Fui das pessoas que receberam com satisfação a notícia de que a via mais longa e mais movimentada da cidade, e perto da qual habito, ia ser renovada, redesenhada na medida do possível e os seus acessos e pavimento melhorados. Trata-se de uma estrada que, apesar de ser de entrada e de saída da cidade, já há muito deixou de ser periférica e está totalmente integrada no tecido urbano. No entanto, na sua maior parte não tem qualquer graça (saúdo aqui a passagem elevada para peões, cor de laranja, que é bonita) e, em muitos pontos, é demasiado perigosa. Por exemplo, quem pretenda entrar nela no sentido Leste/Norte em direção à A1, na zona do Júlio de Matos, pode ter que esperar longos minutos até alguma alma caridosa que circule na faixa da direita lhe permitir o acesso, pois não existe sequer faixa de segurança, ocorrendo aí inúmeros acidentes ao longo do ano. Também a zona da Buraca, sobretudo para quem vem no sentido do Campo Grande (mas também no sentido contrário – confusão de placas e inscrições no piso), é um novelo onde há constantemente acidentes, e nem todos os condutores facilitam a passagem para a faixa que indica Segunda Circular. Entradas coincidindo com saídas são várias. É, portanto, difícil alguém dizer que o que está, está muito bem. Tem mesmo que se mexer na Segunda Circular: arborizá-la, sim, embelezá-la em geral também, mas sobretudo rever os acessos, prever faixas para bicicletas, repavimentá-la, forçar a redução da velocidade. Sei que há quem não concorde, mas eu penso, tal como o executivo camarário atual, que a força das circunstâncias, ou seja, o crescimento da cidade, obriga a repensar o conceito inicial desta circular, que deixou de poder ser uma via rápida e muito menos uma muito rápida. Noto que em Portugal muita gente ainda não percebeu, para grande desgaste do seu sistema nervoso, que nas cidades se circula devagar e que essa é a única maneira de lá encontrarmos pessoas.
Espero, pois, que esta suspensão das obras não dure anos. Se as verbas já lhes estavam atribuídas, não há razão para isso. Mas que este percalço sirva para nos dizerem qual é a ideia agora. Isso sim.
Já está o caldo entornado.
Quando os milhões começam a falar!
Só não percebo por que é que a CRIL, que foi construída também com esse propósito, parece não ter descongestionado a Segunda Circular.
Vá lá lá vai Lisboa, Penélope, que eu ainda sou do tempo em que se lia poesia
(solidariedade com os poetas urbanos chamem-se eles Valupi, Penélope ou Isabel Moreira, sempre!)
[E passam a três os comentários, vivaaaa!]
Livra, ó Penélope, tem calma por aqui (que também vi a descasca que levou o não sei quê da caixa de óculos e do box nos países da cee, ali ao lado).