Fatalismo: a Rússia tem que ser ditatorial, imperialista e religiosa e os ucranianos que se lixem

Afinal o que tem o Ocidente de bom? “Nada”, diriam os Monty Python, a não ser democracia, ciclos eleitorais pacíficos, liberdade de expressão e de associação, liberdade religiosa, incluindo liberdade de não professar qualquer religião, separação de Igreja e Estado, liberdade de mercado, acesso universal à educação, a serviços de saúde maioritariamente gratuitos, respeito pelos direitos das minorias, independência da Justiça, direitos laborais, liberdade de imprensa, etc. “Nada”, portanto. Resta-nos, pobres de nós, gozar a sorte do nada de bom que temos, mas que levou tempo, dor e muito trabalho a conseguir. Por muito sob stress que estas características da nossa sociedade possam estar permanentemente (candidatos a ditadores e arruaceiros haverá sempre), duvido que a esmagadora maioria das pessoas as queiram deitar pelo cano e prefiram a mordaça das autocracias.

 

Pois bem, o Miguel Sousa Tavares (in Estátua de Sal) que também as prefere, ultimamente anda desorientado com o sucedido para lá do Dniestre. Declarando ter sempre topado perfeitamente o Putin, acha por bem troçar do facto de muitos dirigentes ocidentais terem expressado no passado o desejo e a esperança de que a Rússia se “ocidentalizasse”, mais concretamente, penso eu, que deixasse a violência e as práticas imperialistas e permitisse o jogo democrático a nível interno. E depois terem-se sentido enganados. Haverá algo de errado nisto? A Rússia já não fez (e de certo modo ainda faz) parte do universo cultural europeu? Escritores, compositores, artistas, filósofos, cientistas dos últimos séculos eram tão europeus como quaisquer outros. As respectivas cortes interligavam-se. Alturas houve em que a violência reinava em todos os lados e as monarquias imperavam. É certo que, após a revolução russa, os caminhos divergiram (por cá, no sentido das democracias) e que o domínio soviético, que levou ainda mais longe os requintes de malvadez dos czares, a par de um soturno e radical nivelamento social, deixou marcas profundas naquela sociedade. E hábitos de alheamento político que perduram. Mas a Rússia não deixou de ser uma parte da Europa! Isso, sim, é uma fatalidade.

 

Diz ele:

«Putin sabe que a democracia e as liberdades, tal como as conhecemos no Ocidente, são coisas alheias aos russos: não lhes fazem falta. Não obstante o heroísmo de resistentes como Navalny, o poder autocrático de Putin não é uma forma de governo estranha aos russos. »

«…desde tempos imemoriais, há três coisas em que assenta o poder na Rússia: a noção de pátria, a religião e o autocrata. Durante a monarquia, a noção de pátria estava na “Mãe Rússia”, o território sagrado pelo qual cada russo daria a vida contra as ameaças dos inimigos; a religião era a Santa Igreja Ortodoxa; e o autocrata era o Czar, investido de poder divino. A partir de 1917, com a Revolução e a paz de Brest-Litovsk, Lenine cedeu território em troca de ganhar os soldados massacrados do Czar para a Revolução, substituiu a religião da Igreja pela do comunismo e a autocracia do Imperador pela do Partido.»

 

Isto é mau? Não muito, para o Miguel.

Mas, curiosamente, o termo “ocidentalizar”, significa para ele deixar o Ocidente controlar as grandes empresas russas. E por isso dá vivas a Putin por ter revertido essa afronta.

«A diferença entre os seus oligarcas e os do seu antecessor é que os seus passaram a ser controlados a partir do Kremlin e não do Texas. Depois, daí em diante, foi uma cascata: ele passou a “enganá-los” a todos. Ao contrário do esperado, não se deixou “ocidentalizar”

Não é bem isso, Miguel, mas enfim. As democracias liberais também estão abertas a capitais estrangeiros. Além disso, é mais justo fazer comércio em igualdade de circunstâncias (pensar nas nossas relações com a China, um problema).

 

«A barbárie dos russos e dos eslavos, em geral, é lendária. Todavia, a história das décadas da Guerra Fria está carregada de episódios semelhantes do nosso lado, uns conhecidos, outros não, e dificilmente se poderá sustentar que, em matéria de métodos de actuação, de invasões, de golpes de Estado, de massacres, de Guantánamos, nós fomos predominantemente os bons e eles os maus. A História é uma lavandaria onde todos entram sujos e só sai limpo o último a fechar a porta.»

 

«Claro que, para quem teve a sorte de nascer e ser educado com os valores daquilo a que chamamos “democracias liberais”, só por masoquismo experimental ou obstinação ideológica trocaríamos o nosso modo de vida pelo do país de Vladimir Putin. E, se pudéssemos, decretaríamos o mesmo, a liberdade, para todos os povos e nações do mundo. A liberdade e também a prosperidade. E também a paz — também a paz. »

 

Os nós dessa cabeça, ó Miguel.

 

Os últimos parágrafos, sobretudo, são os que revelam o maior transtorno. O Putin é sanguinário, é ex-KGB, é isto e aquilo, mas devemos querer é a paz e deixá-los lá como são. Os russos.

Miguel, não há pachorra para as pazadas de História que atiras para cima dos ocidentais só para escamotear e desculpar o simples facto de ter havido uma invasão violenta de um país soberano, aqui tão perto de nós e tão semelhante a nós, com aspirações a ser um de nós, sem incubadoras de terroristas que gritam “morte ao ocidente” enquanto brandem o Corão, apenas com intuitos imperialistas, e isto no século XXI.

Os ucranianos nesta história do Miguel são completamente irrelevantes. Se calhar, acha que são nazis e merecem perder a sua terra e morrer.

 

38 thoughts on “Fatalismo: a Rússia tem que ser ditatorial, imperialista e religiosa e os ucranianos que se lixem”

  1. Medalha de Ouro em Maratona do Défice Cognitivo e Prémio Nobel da Desonestidade Intelectual. Os meus parabéns. Espero que ainda tenhas espaço nas prateleiras.

  2. só pra relembrar que o sketch dos monty python se refere a um povo, os judeus, que foi invadido e está a ser ocupado por outro, os romanos, e que a ser interpretado literalmente – como a escriba parece estar a fazer – implica que as colónias africanas não deveriam ter lutado pela independência porque nós lá fizemos barragens e estradas e assim.
    acho que alguém devia rever algumas das referências culturais que tem, não sei.

  3. mas os romanos têm alguma coisa a ver com impérios, por acaso?!
    os romanos eram imperialistas?!?!?!

  4. estive a ler sobre os romanos e, rais parta, a ligação deles ao imperialismo parece que vem de longe. mas entretanto encontrei um termo que não consigo interpretar: o que era a pax romana, alguém sabe?

  5. o antecedente da pax amaricana: mandavam legiões de soldados armados até aos dentes e mantinham a paz a paulada de modo a aceitarem a soberania dos augustos e pagarem os tributos. vem bem explicado no asterix.

  6. assobiar para o lado na invasão, na chacina, ser politicamente correcto com a História e com o poder da Rússia, sentir pena dos russos, e desejar que se faça a paz instantânea para que a dor dos outros não nos aflija nem nos tire qualidade de vida. é assim que dizem os putinistas como o MST que vêem o assalto feroz e violentíssimo à liberdade, aos direitos e às garantias da ucrânia como um mal menor e necessário. em redor, há muitos refugiados desintegrados e já mortos por dentro que ainda respiram sem sequer conseguirem dar aos filhos um olhar de esperança. sobrevivem agora no país de outros, estes outros que em vez de usarem a palavra para ajudar a salvar vidas, antes a usam para aliviar a culpa de não conseguirem ser simplesmente pessoas a quererem o melhor para outras pessoas. nojo.

  7. justiça seja feita ao valupi, apesar de tudo, ainda não chegou a este nível de inanidade

  8. Ai chegou, chegou! Pode até embelezar as inanidades com mais umas pinceladas de rímel ou uma camada de pó-de-arroz, umas lantejoulas tilintantes ou um piercing com o logótipo da NATO na ponta da pila, mas chegou, sim senhor, e nem o barulho das luzes consegue disfarçá-lo.

  9. E o Manu Morcon, pá? O Manu Morcon quer pôr os pais dos filhos a pagar multa porque ele lhes mata os filhos e os filhos não gostam de ser mortos morridos matados, pá! Outro que vai ter uma sorte do caraças, pá, ainda acaba a pedir asilo ao Burkina Faso, pá!

  10. Depois de ler este texto da D. Penélope, chego à conclusão que o pensamento da senhora só funciona em modo dicotómico. Se em vez do arrazoado que publicou, se limitasse a dizer que o mundo se divide em dois tipos de pessoas, os bons e os maus, e que ela fazia parte dos primeiros; para aplacar a sua angústia podia, até, acrescentar que no fim os bons venceriam os maus; podia ainda, sem grande perda de tempo, acrescentar que os maus pertenciam à Rússia, à China e, quiçá, ao Brasil (!). Desse modo, ficava tudo mais claro e poupava-nos ao trabalho de dissecar as sua maleitas conceptuais, no que tange ao Estado de Direito Democrático.
    De facto, a senhora elabora sobre “… democracia, ciclos eleitorais pacíficos, liberdade de expressão e de associação, liberdade religiosa, incluindo liberdade de não professar qualquer religião, separação de Igreja e Estado, liberdade de mercado, acesso universal à educação, a serviços de saúde maioritariamente gratuitos, respeito pelos direitos das minorias, independência da Justiça, direitos laborais, liberdade de imprensa, etc.”, mas isso é só o penacho que a dona usa a para dissimular a leveza das suas ideias. Senão vejamos:
    Há pouco tempo, neste mesmo blog, a D. Penélope publicou o seguinte comentário: “Quando Assange divulgar o que chamas “falcatruas” também da Rússia ou da China, ou até do Brasil, talvez ouça o que tem a dizer. Talvez. Até lá, considero-o um agente das autocracias antiocidentais.”.
    Desta pérola é possível retirar-se que:

    – a D. Penélope nunca “ouviu” o senhor Assange, mas
    – considera-o um agente antiocidental;
    – que o “antiocidental” (até o Brasil, esse “filho” transviado!) é uma categoria dogmática inabalável e dominado pelos maus;
    – concomitantemente, o “ocidental” é do reino do bem, sem vacilações, onde corre o pão e o mel!
    – a dita dona estará na disposição (“talvez”) de ouvir o jornalista, na condição de que este descubra, ou invente, uma qualquer falcatrua da Rússia, da China ou do Brasil e a publique;
    – a senhora não é deste mundo, pois ignora a prisão de Assange há longos anos, exigindo-lhe, mesmo assim, que investigue as falcatruas que a sua imaginação tece;
    – mas, como a dona reconhece, pelo menos implicitamente, como verdadeiras as “falcatruas” denunciadas por Assange (se assim não fosse, não se entenderia o advérbio “também” usado pela dita senhora no seu comentário), conclui-se que pouco lhe importa que haja uma pessoa presa por publicar a verdade!
    – Faltam argumentos, não se gosta da verdade? Fácil, mata-se o mensageiro!

    Isto é que é democracia e defesa do Estado de Direito Democrático, não é D. Penélope?!
    Bem mal estaria o Estado de Direito em Portugal se fosse avaliado pelas ideias que tem proclamado aqui pelo sítio.
    Que miséria intelectual, minha senhora!

  11. “Filhas de Prigozhin estiveram em Portugal pelo menos duas vezes (e ninguém deu conta)”

    https://zap.aeiou.pt/filhas-prigozhin-portugal-duas-vezes-544241

    Porra, pá! Comeké? Isto é alguma república das bananas ou quê? (*) Uma comissão parlamentar de inquérito, já! Quem é que as deixou entrar? Quem é que as deixou sair? Averigue-se prontamente e arranque-se as unhas ao/s prevaricador/es. Como patriota, atrevo-me a sugerir rápido enforcamento e esquartejamento, atirando-se em seguida os restos aos porcos! Aposto que há dedo do Sócrates na maroteira! E do António Costa! E do Galamba! Perguntem ao adjunto, aposto que ele sabe.
    __________________
    (*) A resposta é sim, mas não digam a ninguém, é segredo de Estado, só a organização defensiva é que sabe.

  12. Muito bem Penélope. A tua opinião acerca de Democracia será iniludível e humanamente sempre anos-luz mais avançada e civilizada, se posta em contraponto com as tiranias que houveram e ainda há na atualidade.
    E a tua crítica a MST está certíssima pois este monárquico fidalgote da alta burguesia não passa de ser isso mesmo; um oportunista amigo de todos os ddt deste mundo que se esconde por detrás de algum duvidoso palavreado contra o sistema instituído do qual goza nabadamente. Em suma, mais um fingido que, do alto do seu bem-estar, atira uns brioches escritos ao povão revoltado para lhes mostrar o seu falso pesar.
    E quando alguém aqui, apoiante de tiranias, vem exibir casos como o de Assange ou semelhantes, com ou sem razão, só evidencia a superior qualidade humana da Democracia, pois, nas tiranias qualquer acusado político é considerado traidor à pátria e imediatamente condenado a prisão ou liquidado.

  13. LÁGRIMAS DE CROCODILO
    .
    O ocidente mainstream em conluio com os ucranianos (e vice-versa): imbuídos de óptimas perspectivas de pilhagem, boicotaram (Merkel e Holland vangloriam-se disso: dizem-se mestres Sun Tsu) quatro propostas de paz:
    1- acordo Minsk 1.
    2- acordo Minsk 2 .
    3- proposta de conversações de paz/segurança em dezembro de 2021.
    4- conversações em Março de 2022.
    .
    .
    .
    P.S.
    Os ucranianos foram atrás da conversa ‘venda de banha da cobra’ dos boys e girls da esperteza Sun Tsu ocidental:
    -> «a Rússia é apenas uma potência regional, não é uma potência global».
    -> nove, em cada dez, dos mais variados analistas ocidentais garantiam:
    – «armas da NATO na Ucrânia… juntamente com sanções económicas à Russia,
    …e…
    a Russia seria conduzida ao caos: tal seria uma oportunidade de ouro: iria proporcionar um saque de riquezas da Russia muito muito muito superior ao saque de riquezas que ocorreu no ‘caos-Ieltsin’ na década de 1990».
    [pois sim sim: era expectável que a Russia fosse socorrer os russófonos das regiões russófonas do leste da Ucrânia: foram regiões cedidas à Ucrânia pela ditadura dos sovietes]

  14. Sr. José Neves,
    Apoiante de tiranias é vocemecê, seu lastimoso! Senão consegue alinhar um raciocínio lógico e coerente aprenda, pelo menos, a conjugar o verbo haver, não maltrate a língua portuguesa!
    Então, o Assange, não é um “acusado político”?! E, não está na prisão?! Você é vesgo, tonto, ou faz-se? Deixe-se de bajulices e use os neurónios que haverá na sua cabeça, calculo eu. Pobre Democracia seria a nossa se os seus adeptos se nivelassem por si!

  15. Explico mais explicitamente para quem não consegue perceber a diferença.
    E quando alguém aqui, apoiante de tiranias, vem exibir casos como o de Assange ou semelhantes, com ou sem razão, só evidencia a superior qualidade humana da Democracia, pois, nas tiranias qualquer acusado político por delito de opinião é considerado traidor à pátria e imediatamente caçado por um dos corpos policiais repressivos do regime, condenado por um tribunal político do regime, sem apelo, a vários anos de prisão ou liquidado pelos métodos incógnitos habituais.

  16. Caro senhor José Neves, seja sério e
    Responda a estas simples perguntas:
    1. Assange foi, ou não, preso por razões políticas, num claro atropelo á liberdade de informação?
    2. O dito jornalista foi e está preso nalguma autocracia?
    3. Se alguém expresa uma ideia política diferente da sua, isso dá -lhe, a si, o direito de apoda-lo de apoiante de autocracias?
    4. Esta sua atitude ainda se enquadra nos parâmetros de uma verdadeira Democracia?
    5. Para si a democracia basta-se com o facto de se poder vir para um blog mandar uns bilhetes sem ser logo perseguido pelos poderes instituídos? (Se assim pensa, garanto-lhe que na Rússia também há bitaiteiros que não são presos pela sua actividade; vá ao telegram e confira por si mesmo.)
    6. A aceitação do caso Assange não contraria a ideia básica que você pretende fazer passar? (Afinal o homem não teve esse direito que você apregoa.)

  17. Não é preciso concordar com tudo o que o Miguel de Sousa Tavares escreve para reconhecer que já há mais de vinte anos (ainda devia ser Clinton presidente) ele chamava a atenção dos leitores para o perigo que representaria uma expansão da Nato até às fronteiras da Rússia. O resto é palha, no essencial.

  18. Numa verdadeira Democracia o imperador é a Lei.
    O cidadão Assange é acusado por alguns países de desobedecer, ou infringir, a Lei desses países.
    Esses países ou governantes desses países, também têm de respeitar e obedecem às mesmas Leis que o Snr. Assange tem de obedecer, e daí resulta que tais países tenham de pedir uns aos outros, mandados de captura e extradição. E é preciso que entres esses países exista acordo mútuo de extradição.
    O Snr. Assange já esteve retido em embaixadas de países sem e com acordo (penso) de extradição mas mesmo assim, dadas as Leis diferentes de país para país em matéria de jurisdição e, também, por motivo de dúvidas perante o caso faz que o Snr. Assange ainda não tenha sido extraditado nem julgado e sela brandamente incomodado porque, precisamente, tem andado entre regimes democráticos e tenta defender-se democraticamente com argumentos e advogados.
    E, por tal, e sobretudo, assim não tenha sido ainda sequestrado ou eliminado deste mundo segundo o método Putin ou XI Ping e muito menos tenha sido, tal como o jornalista americano crítico do regime saudita, que foi serrado, literalmente, aos bocados pelo príncipe saudita num país estrangeiro.

    Esta uma questão processual fundamental entre democracias e tiranias que faz a diferença abissal entre uma e outra e há muitas mais e tão importantes como esta.
    Fazer jogos de palavras e inventar falsos silogismos para tirar conclusões pre’-determinadas, preconceitos, ou fazer inversão de valores ou, mesmo, agarrar um caso e fazer disso uma generalização são coisas já muito batidas e vistas e só passam perante ignorantes.
    Porque, quando se faz a apologia da esperteza ou astúcia dos regimes tiranos, e o jornalismo macacóide de imitação faz isso normalmente, porque conseguem fazer passar a sua falsa mensagem esquece-se que tal não é devida a qualquer esperteza ou astúcia das tiranias mas sim devido à ignorância e inadvertência para que parte do povo se deixa arrastar quando julga que obtida a Democracia, esta, é caso definitivo e arrumado e não tem mais adversários.
    Como se vê entre nós atualmente e, como foi na Grécia antiga, a Democracia é sempre uma planta frágil que precisa cuidar e guardar para que um qualquer príncipe não a venha serrar pelo pé.

  19. Que texto mais básico, sr. José Neves! É com fundamentos desta natureza que justifica o seu apoio à continuação da guerra na Ucrânia?!
    Então a prisão de Assange resume-se a uma mera questão processual, que nas democracias existe e as autocracias omitem?!
    Na ditadura fascista não havia um processo judicial que se encarregava de encarcerar os opositores?
    E Guantánamo, segue algum processo judicial para manter encarcerados os presos que abriga?!
    E José Sócrates, foi bem ou mal preso?! A sua prisão teve em conta, ou não, os princípios básicos do Estado de Direito Democrático?!
    Diz o sr. que o jornalista Assange tem sido “brandamente incomodado”! É caso para dizer que “pela boca morre o peixe”, pois com esta sua declaração mostra bem em que águas navega, no que tange à defesa das liberdades individuais. Não admira que se exprima assim, pois quem entende, como parece ser o seu caso, que as relações internacionais, entre países e povos diversos, devem reger-se pelos seus valores que são os seus, e só pelos seus, nunca vai entender nada do que se passa no mundo! Ao menos, faça um esforço para perceber que se você se arroga o direito de impor os seus valores a outros, esses mesmos hão-de atribuir-se idêntica vontade, oposta à sua! Com este tipo de ideias só revela que é tão, ou mais, totalitário do que aqueles que critica. Afinal, explique lá aonde acha que vai chegar com a defesa dessas posições! Sem grande receio de errar, ao Estado de Direito Democrático não é!

  20. Ó Neves, eu pensava que não passavas de um pobre totó analfabeto e pretensioso, em bicos dos pés, constantemente a armar ao pingarelho, mas parece que me enganei, pequei por defeito. Além de tudo o que disse atrás, és também um vigarista, um aldrabão e um nojento, porque, apesar de burro e ignorante, é impossível que não saibas o que verdadeiramente se passou e passa com Julian Assange, cujo único crime foi o de pôr a nu os crimes de guerra daqueles a quem ofereces a peida, com provas inquestionáveis paridas pelos próprios criminosos, graças a um dos poucos, com alguma consciência, que entre eles ainda se envergonham desses crimes. Vivesses tu no tempo dos sumérios e, meio minuto depois de mostrares a tua verdadeira face estavas, cortadinho aos bocados, a ser atirado aos porcos. É de idiotas com alma de criados como tu que é feita a massa descabeçada que leva ao poder os Adolfos, os Benitos e os Ventrulhas. Metes nojo, pá!

  21. Concluo que verdadeiramente básico armado em xico-esperto é aquele que faz de conta que não entende a diferença abissal de práticas e processos entre Democracia e um regime ditatorial de uso tirânico como meio de erigir-se “presidente” vitalício. Que se seguirá; terão estes “presidentes vitalícios” ainda oportunidade de se proclamarem divinos?
    Claro que que Putin também tem o seu modelo processual, tal como Salazar também tinha um, mas tal modelo processasse segundo leis impostas pelo ditador e, tal como especificava Confúcio e séculos depois Maquiavel, tais leis têm como principal objectivo a manutenção do poder do príncipe. E é por uso e abuso de tal poder discricionário que Putin, para além, do modelo processual tem outros processos mais expeditos como liquidar jornalistas, opositores políticos ou oligarcas que tentam escapulir-se da longa mão do “presidente”, oligarca-mor.
    E, bolas, volta a pegar em um caso ou outro falhado em Democracia , como o caso Sócrates (o nosso e o outro) pelo abuso de poder de homens, de índole anti-democrático como muitos que aqui vêm debitar insanidades. Contudo, pelas possibilidades de defesa que dá o regime democrático, nem Sócrates, nem Assange ainda conseguiram julgar e condenar, finalmente. Nem Lula, no Brasil, que se bateu brava e democraticamente contra tais oportunistas justiceiros e até conseguiu voltar a ser Presidente novamente.
    Nota: outra manipulação mental muito usada por putinistas para proceder a uma inversão de valores é atribuir aos democratas a ideia de que somos os defensores da guerra. Caros putinistas, não pratiquem tal desonestidade intelectual, pois, é manifesto que quem defende a guerra são os que apoiaram e apoiam a invasão.
    Terminado.

  22. Ó Neves analfabeto, cá para mim, na Rússia putinista, “tal modelo processa-se segundo leis impostas pelo ditador”. Talvez porque apenas por lá sobram chicos-espertos, já que os “xicos-espertos” foram todos atirados aos cães. É que nem na Suméria, nos primórdios da escrita cuneiforme, escreveriam bojarda equivalente à insanidade analfaburra “tal modelo processasse segundo leis impostas pelo ditador”. Se te apanhassem, ficas de novo a saber, enchiam-te o coirão de avisos cuneiformes, cortavam-te aos bocados e atiravam-te aos cães pelo crime de anafabetismo. Fatias de presunto de Neves cuneiformizado, DOP da Curraleira, chamavam-te um figo. E faço-te outro aviso: recebi há bocado um email do Confúcio e outro do Maquiavel a dizer que estás proibido de invocar os santos nomes deles em vão. Or else! Capisce?

    E, já agora, vê lá também se aprendes que as vírgulas não são assim a modos que um saco de alcagoitas que levas no bolso e atiras depois para cima das bojardas malparidas que acabaste de bolçar, fixando-se onde o acaso as faz cair. Põe-te a pau com os sumérios, pá, os gajos trazem-te debaixo de olho!

  23. Cagacho, se o imodium rapid não tem dado resultado, agora podes experimentar o aero om antidiarreico. Poder ser que passe!

  24. Neves analfaburro, tás safo! Parece que foi recentemente criada uma Sociedade Protectora dos Burros Velhos da Suméria, franchise do PAN, que parece ansiosa por proteger o teu pobre coirão de burro velho e relho dos excêntricos que não consegues enganar.

  25. Agradeço muito à pessoa que assina penélope ter-me chamado a atenção para mais um excelente artigo de Miguel Sousa Tavares, Relamente, uma das poucas pessoas lúcidas nos mérdia portugueses. Quanto ao ressto que escreveu penélope, apenas tenho uma palavra: lixo.

  26. Foda-se, mesmo bom:

    “Carlos Pimentel
    4 de Julho de 2023 às 8:22
    Agradeço muito à pessoa que assina penélope ter-me chamado a atenção para mais um excelente artigo de Miguel Sousa Tavares, Relamente, uma das poucas pessoas lúcidas nos mérdia portugueses. Quanto ao ressto que escreveu penélope, apenas tenho uma palavra: lixo.”

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