Eu até gostava de ser primeiro-ministro

Rui Rio considera que “não é possível termos um poder político forte e capaz quando na comunicação social as pessoas são denegridas permanentemente e são julgadas na praça pública de uma forma perfeitamente arbitrária”.

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Concordo. Mas o que leva Rui Rio a fazer estas afirmações agora? Se está a referir-se a casos como o de Duarte Lima (ou qualquer outro cidadão a braços com a justiça), evidentemente que o comportamento da comunicação social é infame, embora comercialmente compreensível, mas menos infame, por exemplo, do que o dos agentes da justiça que lhe fornecem as informações “preciosas” e que são as verdadeiras fontes da boataria e das meias verdades. O que Rui Rio não deixa de reconhecer. Mas Duarte Lima não é um político no activo. Há anos que não exerce qualquer cargo. Então?
Se está a referir-se a Sócrates, seja bem-vindo, mas já vem tarde. Na altura, como o próprio afirma, “até achava graça”, não era?

O facto de, ao ler a notícia, ter imediatamente imaginado na cabeça de Rui Rio estes dois casos deve-se claramente à proximidade do primeiro e ao exemplo flagrante e escandaloso de ataque insuportável que o segundo constituiu. Mas a amálgama é incompreensível. Confundir acusações de burlas de milhões e de homicídio com montagens de origem política, com um objectivo bem preciso de abater um adversário é não ajudar nada à desejável separação de águas.

Eu sei, dirá que não estava a referir-se a nenhum caso concreto, mas o problema é que, se houve político que foi denegrido e injuriado na comunicação social foi Sócrates, e com tal força que ainda hoje a mera menção do seu nome leva muita gente a afiar os punhais, pelo que, mesmo não aludindo a ele, é impossível não o incluirmos na nebulosa que emana das palavras de Rio. Rui Rio, embora pense que não, está assim também a contribuir para o “caldo” de que o seu próprio partido é corresponsável.
De fora da nebulosa estará, certamente, para Rui Rio, Cavaco Silva e o arranjinho com o Público pouco antes das eleições de 2009 com vista à propagação do boato de que a presidência andaria a ser ilegalmente escutada pelo anterior primeiro-ministro. Esse quadro, efectivamente, assusta e desmotiva.
As acusações genéricas, confundindo tudo, têm o efeito contrário ao pretendido por este, por vezes ingénuo, Rui Rio. E perpetuam a ineficácia da justiça ao cegar a opinião pública.

Obviamente que as discordâncias da ala não neo-liberal do PSD, na qual se inclui Rio, em relação à política impiedosa e experimentalista do actual governo levam o presidente da Câmara do Porto a pensar com os seus botões se não teria apoio suficiente para liderar o partido e correr com os estarolas. Homem, pense nisso. Mas olhe que uma coisa são insultos, insinuações e calúnias a políticos, luta política rasteira (não confundir com os casos de polícia – Duarte Lima e Oliveira Costa) e outra bem diferente são críticas. Estas terão toda a razão de existir numa sociedade democrática. Por vezes fica-se com a sensação de que Rio também não está preparado para críticas.

11 thoughts on “Eu até gostava de ser primeiro-ministro”

  1. Ó Val, que o santíssimo te livre de algum dia veres este “menino” subir ao poleiro de chefe do governo.
    Se fizer ao país o mesmo que fez à cidade onde anda há dez anos a prometer que vai tratar da baixa portuense, que entrega património municipal ao La Féria em opacos negócios que não beneficiam a cidade, que tem da cultura uma visão muito particular (no muito mau sentido), que fez desaparecer da cidade 10% da sua população (nomeadamente população jovem), que deixa degradar a parte histórica ao ponto de por em risco o estatuto do centro histórico do Porto como Património da Humanidade, que quer entregar o abastecimento da água a privados, que optou por abandonar a manutenção da rede pública de água para agora fazer o que pretende fazer, que estamos novamente a ver a cidade regredir aos tempos anteriores aos da presidência do seu antecessor, que prometeu mundos e fundos e que agora fecha escolas, piscinas, concorda com o encerramento de esquadras em zonas problemáticas, não saneou as contas da Câmara como prometido, está a deixar apodrecer o Bolhão e já entrgou o Bom Sucesso a privados, roubando à cida os dois mercados de frescos existentes, que deixa que o piso dos arruamentos se degrade, que pretende estrafegar o Palácio de Cristal com mamarrachos sem sentido, que tem uma SRU que dá vontade de rir e se limita a fazer habitações para ricos e meninos bem, que destruiu a emblemática Avenida dos Aliados, que fez o mesmo à da Boavista, que se borrifou no transporte público não poluente, que não conseguiu fazer a ligação da cidade ao rio nem se aproveitou das potencialidades do transporte fluvial por teimosia…
    Para além de poder estar para aqui a escrever sobre este personagem não teria tempo para tudo dizer, mas livre-nos alguém do mal, pois prefiro o que lá está que é como sabemos do que este que começa agora a fazer-se ao piso.

  2. O sr Rui Rio está em fim de mandato, e para o seu lugar perfíla-se o sr Menezes, que no seu desiderato, dá a enteender que; ou o sr Rio blinda a cidade, em particular a Ribeira ou tudo aquilo tudo é esburacado com túneis sob o rio, de Gaia ao Porto. Mais, cada rua a dar ao Douro, terá a sua continuidade de ligação à outra margem via ponte a construir.

    O sr Belmiro de Azedo, filho querido da região, tal como o sr Alexandre Santos, os homens mais ricos de Portugal, serão os financiadores das obras, que levarão os seus nomes.

    Assim como Sá Carneiro já tem uma! A tal que o sr Belmiro quer ficar com ela.

  3. pior que o jornalismo falar demasiado e às vezes antecipando-se à justiça, é não termos justiça que resolva.

    Isto é que os políticos deviam resolver.

    Mas estamos entregues à «bicharada», e agora?

    Foi bandalheira demais a abusar desta terrinha que não tinha culpa nenhuma.

  4. Rui Rio fala só agora (sempre se esteve cagando para os outros “julgados na praça pública”, e até achou graça) porque o amigo dele, Vítor Raposo, sócio do gang Lima nas manigâncias de Oeiras/IPO/BPN e principal interessado, também, na demolição das torres do Bairro do Aleixo no Porto, demolição que Rui Rio aprovou e apoiou, fez com que os simples leitores de jornais começassem a pensar que o autarca portuense tem ligações estranhas com estas mafias corruptas dos empreendimentos imobiliários. No caso Oeiras/IPO/BPN já se percebeu (ler hoje o Expresso) que um licenciamento atempado do amigo Isaltino antecedeu a intervenção dos amigos Lima-Raposo que trabalhavam com 50 milhões disponibilizados pelo amigo Oliveira e Costa. É óbvio que as pessoas que não são imbecis se põem a pensar e a tentar ligar pontas soltas!! Têm todo o direito!!

    No dia 18 de Novembro, o DN noticiou:

    «O Bloco de Esquerda afirmou hoje que o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, “deve explicações à cidade sobre os negócios que faz e com quem os faz”, voltando a criticar o “escandaloso negócio” do bairro do Aleixo.»

    O Bloco de Esquerda exigiu explicações na praça pública (é diferente do que “julgar” na praça pública) sobre o caso. Ainda bem que o fez, porque o maior partido da oposição, depois de ter visto o seu líder Sócrates sistematicamente difamado e vilipendiado, enquanto esteve no poder, pelos gangsters laranjas da comunicação social, da PJ e do ministério público, está agora perfeitamente apático e abúlico.

    Ter que aplaudir o Louçã é humilhante. O Seguro ou é um idiota chapado ou é um traidor que devia ser despedido imediatamente.

  5. De facto, Rio é capaz de não o melhor político português a lidar com críticas. Ele apresenta sempre um ar de soberba e fastio que não se percebe se é do cinismo ou da parolice.

  6. O PSD do Durão Barroso “governou” praticamente sem oposição, a partir de determinada altura, porque o PS foi encurralado e praticamente decapitado com as tretas da coisa da pia. O PSD do Lá-Lá-Lá de Massamá chegou finalmente ao poder graças à campanha mais vergonhosa que já vi, tendo como alvo o Sócrates, para, mais uma vez, encurralar e decapitar o PS e oferecer o pote, de bandeja, a uma direita incompetente e incapaz de lá chegar sem as ajudas mafiosas de uma parte do sistema judicial e do jornalismo mercenário. Como brinde, a operação teve ainda o inestimável mérito de pôr à frente dos socialistas outro cultor fervoroso da incompetência bacoca, remetendo as hipóteses de recuperação do partido para as calendas…
    A campanha que escolheu como alvo Duarte Lima tem como objectivo atirar-nos areia para os olhos, fazendo-nos crer que os agentes da fatia cada vez mais evidentemente podre do sistema judicial (conluiada com a direita política e coadjuvada pelos seus concubinos e concubinas no jornalismo mercenário) são, afinal, isentos e se atiram por igual tanto ao PS como ao PSD.
    Vão-se os anéis, fiquem os dedos, reza a sabedoria popular, e só um cego não vê que o Duarte Lima é descartável. Está politicamente inactivo, ou pelo menos adormecido, da última vez que esteve activo derrotou o Passos Coelho nas eleições para a Distrital de Lisboa, e, na vida profissional e de negócios (ou negociatas), provavelmente para minimizar riscos, parece apreciar mais as jogadas individuais ou com os mais próximos, em vez de cultivar uma base alargada de teias e cumplicidades. O sistema parece ter-lhe feito sair o tiro pela culatra, azar o dele! Além disso, e apesar dos seus por certo inúmeros defeitos e esquemas, o homem é, indubitavelmente, mais inteligente e muito mais culto que a maioria dos seus correligionários, e isso é coisa que eles não suportam, adeptos que são do lema de um célebre demokrata: “Quando ouço falar de cultura, puxo logo pela pistola!”
    Assim, no que toca ao “sacrifício” do Lima, a vantagem é óbvia: se cair, leva poucos atrás! E sem dúvida que a jogada foi facilitada pela acusação brasileira, que, a ser verdadeira, faria dele o campeão de todos os estúpidos e em que algumas almas crédulas parecem acreditar com a mesma fé que leva muitos a crer que Nossa Senhora da Santíssima Levitação praticou parapente em Fátima!
    Que Alá os cubra e os afogue a todos na formidável torrente da sua magnífica ejaculação!

  7. Rui Rio no seu pior, capaz até de ultrapassar o próprio Rui Rio no seu melhor!

    O que, Seguramente, não augura nada de bom para o seu futuro político…

    Eis-nos chegados, enfim, ao verdadeiro PÂNTANO, o tal que Guterres quis evitar, sem sucesso, o tal de cuja magnitude Barroso já suspeitava quando dele fugiu e o qual um esforçado, mas totalmente desamparado, Sócrates não logrou combater com êxito. E num pântano até os Rios se atolam!

    No pântano, evidentemente, reina a podridão e fenece toda e qualquer esperança. O pântano nada mexe por iniciativa própria. Já só uma drástica “drenagem”, feita a partir do “exterior”, pode regenerá-lo…

  8. Se o Governo português fosse presidido por Rui Rio, o jantar seria na copa e o Passos Coelho seria convidado para comer, na cozinha, de uma malga de plástico e só com as mãos, para não partir nem danificar nada de valor.

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