Estejam calados e, de preferência, quietos

Nalguma televisão perto de si é altamente provável que ouça comentadores (e jornalistas atordoados, como Helena Garrido) a desafiarem o PS a calar-se – a propósito das críticas feitas aos excessos do incompetente Gaspar – ou a apresentar alternativas 1) ao aumento brutal de impostos para 2013 (incluindo do IVA na restauração) e 2) à reforma do Estado social agendada para daqui a três meses e que tem de garantir um corte de pelo menos 4000 M€ na chamada “despesa” do Estado. Quando ouvir tal censura/desafio, lembre-se do seguinte: o PS, que conta com quadros altamente competentes e experientes, nunca se lembraria, nem com o Seguro na liderança, de enfiar pela garganta dos portugueses uma dose cavalar de um medicamento tão forte e repleto de efeitos secundários. Muito menos o faria com requintes de malvadez, ou seja, deliberadamente e com uma folha de cálculo na mão, como parece. Mas o PSD, sempre básico na burrice, não se lembrou de outra coisa!
Gaspar e os que, por vacuidade, nele apostaram as fichas todas fizeram asneira e da grossa ao quererem ir mais longe do que o programa da Troika – destruíram a economia muito para além do previsível em contexto de “assistência” externa (que haveria que evitar!), não obtiveram as receitas pretendidas, não reduziram a dívida, não reduziram o défice e aumentaram a despesa do Estado. Perante estes resultados, seria de esperar que avançassem de mansinho, disfarçassem mas negociassem alguma inversão ou mera suspensão de trajetória e não tivessem o desplante de criticar quem os critica por se terem estatelado desta maneira apesar dos avisos. Mas desplante é coisa que não lhes falta. Assim, vão ao depósito da São Caetano, onde o diligente Moreira da Silva os municia, e começam a disparar contra os outros, proclamando que quem ousa criticar deve apresentar alternativas. Ó alminhas! A alternativa, apesar de ser tarde, era saírem daí e não terem aberto o buraco que abriram, mas, dada a impossibilidade, pelo menos não mexam mais onde não sabem. Quietos fariam menos estragos. Se o encerramento de restaurantes devido à insustentabilidade da nova taxa de IVA vos traz menos receitas do que a manutenção da taxa nos 13%, o melhor será absterem-se de intervir nessa área. E, se a retirada de 4000 M€ a mais da economia em 2012 através dos cortes “além da Troika” produziu o descalabro que hoje se vive, sente ou observa, parem de retirar mais dinheiro da economia (mais 4000 em 2013 a somar ao que se subtrairá com os novos cortes previstos no OE) e poupem-nos ao discurso subsequente de que não podemos pagar o Estado social que temos. Nós sabemos porquê. E sobretudo mudem de ferramenta – vão buscar o cérebro. Não tarda muito não teremos sociedade que justifique sequer um Estado.

“O Citigroup prevê uma contracção de 4,6% do produto interno bruto português (PIB) em 2013 e de 2,4% em 2014 e a “fadiga causada pela austeridade está a crescer rapidamente”, salienta. A dívida pública deverá crescer para um valor equivalente a 140% do PIB até 2014, sem reestruturação, estima o banco.”

4 thoughts on “Estejam calados e, de preferência, quietos”

  1. a única alternativa credível que o partido socialista pode apresentar é o pedido de demissão desta cambada de incompetentes, mas como não ganha nada com isso endossem o problema para quem o criou, chama-se cavaco, oficialmente habita em belém e possoila no numero 11. desde o conselho de estado mistério para pedir contas ao gaspar que nunca mais rosnou, será que lhe mostraram algum descoberto na conta do bpn?

  2. deixa te de invencionices. “a única alternativa credível que o partido socialista pode apresentar é o pedido de demissão” do ToZé e da merda como o Assis – que ainda hoje os comunas vaiaram . Rolhas de esterco, que deixaram o Partido sem ideias, despersonalizado e sem chama.
    Ou se encontra o caminho de “volta a casa” ou com este xoninhas inseguro estamos quillhados…com EFE. E, sobretudo, lá se vai o estado social.

  3. no dia em que cair o governo o tozé vai atrás e ele sabe disso, por isso resigna-se a ser secretário-geral enquanto der e faz o mínimo de ondas para dar o mais possível. quando os comunas vaiam é porque os gajos fizeram alguma coisa certa.

  4. SEM COMENTÁRIOS…..

    JÁ LERAM O MEMORANDO DA TROIKA?!
    Sim, é a minha pergunta de hoje: já leram o memorando de entendimento com a troika, assinado por Portugal em Maio de 2011? Eu li, e em pé de página deixo o link para quem o quiser consultar, na sua tradução oficial. São 35 páginas, escritas num português desagradável e tecnocrático, que têm servido a este governo para justificar tudo.
    Ainda ontem, com descaramento, um dirigente do PSD dizia que “este não era o Orçamento do PSD, mas sim da troika”! Ai sim? Então eu proponho a todos um breve exercício de leitura. Tentem descobrir, lendo o memorando, onde é que lá estão escritas as 4 medidas fundamentais pelas quais este governo vai entrar para história de Portugal!
    Sim, tentem descobrir onde é que lá está escrito que se deve lançar uma sobretaxa no subsídio de Natal de todos os portugueses (decidida e executada em 2011); cortar os subsídios aos funcionários públicos e pensionistas (decidido e executado em 2012); alterar as contribuições para a TSU (anunciada e depois retirada em Setembro); ou mexer nas taxas e nos escalões do IRS, incluindo nova sobretaxa (anunciados no Orçamento para 2013), e definidos pelo próprio ministro das Finanças como “um aumento enorme de impostos”?
    Sim, tentem descobrir onde estão escritas estas 4 nefastas medidas e verão que não estão lá, em lado nenhum. Ao contrário do que este Governo proclama, estas 4 medidas, as mais graves que o Governo tomou, não estão escritas no “memorando com a troika”! Portugal nunca se comprometeu com os seus credores a tomar estas 4 medidas! Elas foram, única e exclusivamente, “iniciativas” do Governo de Passos Coelho, que julgava atingir com elas certos objectivos, esses sim acordados com a “troika”.
    Porém, com as suas disparatadas soluções em 2011 e 2012, o Governo em vez de melhorar a situação piorou-a. Além de subir o IVA para vários sectores chave, ao lançar a sobretaxa e ao retirar os subsídios, o Governo expandiu a crise económica, e acabou com menos receita fiscal e um deficit maior do que tinha. Isto foi pura incompetência, e não o corolário de um “memorando de entendimento” onde não havia uma única linha que impusesse estes caminhos específicos!
    Mais grave ainda, o Governo de Passos e Gaspar, sem querer admitir a sua incúria, quer agora obrigar o país a engolir goela abaixo “um enorme aumento de impostos”, dizendo que ele foi imposto pela “troika”.
    Importa-se de repetir, senhor Gaspar? É capaz de me dizer onde é que está escrito no “memorando de entendimento” que em 2013 o IRS tem de subir 30 por cento, em média, para pagar a sua inépcia e a sua incompetência?
    Era bom que os portugueses aprendessem a não se deixar manipular desta forma primária. Foram as decisões erradas deste Governo que, por mais bem intencionadas que fossem, cavaram ainda mais o buraco onde já estávamos metidos. E estes senhores agora, para 2013, ainda querem cavar mais fundo o buraco, tentando de caminho deitar as culpas para a “troika”?
    Só me lembro da célebre frase de Luís Filipe Scolari: “e o burro sou eu?”
    Para ler o memorando vá a:
    (http://www.portugal.gov.pt/media/371372/mou_pt_20110517.pdf).
    DOMINGOS FREITAS DO AMARAL (jornalista e escritor) 2012.10.17

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