Luís Montenegro não governa e possivelmente nunca governará, mas exigir-se-ia alguma seriedade do líder da oposição, não importa que sorria muito, quando se trata de assegurar a continuidade de projectos de grande impacto e grande importância para uma boa parte do país e para a sua imagem internacional.
Um dia o PSD governará. No entretanto, o seu actual líder não quer discutir, muito menos acordar com o Governo nenhuma localização para o novo aeroporto. Não é difícil perceber porquê. Primeiro, porque não tem a mínima ideia nem quer arriscar uma (e para disfarçar diz que o Governo é que tem que decidir; é verdade e espero que seja o que fará se Montenegro assim o preferir) e, segundo, porque, deste modo, pode dizer mal de qualquer solução adoptada (para todos os efeitos, o homem candidatou-se a líder do PSD para dizer mal, mais mal do que Rio, recordemos). Embora seja visível que o fará (dizer mal da solução) com grande lata. E risco.
Posto isto, que já se sabia à partida, penso que não adianta perder mais tempo.
A oportunidade foi dada, como devia ser, mas claramente está a ser rejeitada. Depois destas palavras de Montenegro, parece-me inútil qualquer reunião para discutir, ainda que minimamente, o assunto. Ora vejam:
“Eu quero ser muito claro: O PSD é um partido responsável, é um partido que entende que estas obras estratégicas, estruturantes, devem merecer um consenso tão alargado quanto possível, mas não vamos inverter os papéis”, declarou, esclarecendo: “Quem tem de governar é o Governo, nós cá vamos fazer oposição responsável, como digo, mas oposição”.
“Não vamos decidir na vez do Governo. Quando nós estivermos na posição de decidir é porque somos Governo, não é porque somos oposição”, afirmou o líder social-democrata, à margem da visita às barracas que representam as 54 freguesias da Região Autónoma da Madeira.
Montenegro disse que o novo aeroporto de Lisboa é uma obra que, em sete anos, “o Partido Socialista não conseguiu colocar no terreno”, mas que “nos últimos tempos tem sido alvo de uma tentativa de encostar a responsabilidade de decidir para o PSD”.
Fonte: Público
Então “devem merecer um consenso alargado” ou não? Que troca-tintas são estas?
O aeroporto
Para tornar Lisboa uma cidade agradável para se respirar, trabalhar, viver, dormir e conversar, o aeroporto que a serve (e ao resto do país) não pode sujeitá-la à tortura sonora que diariamente sofre, por muito prático que seja para os lisboetas aterrarem a dois passos de casa. Quem já tenha estado na Biblioteca Nacional, por exemplo, esperando estudar com algum sossego, sabe do que falo. Mas não é apenas a zona do Campo Grande a afectada. Eu diria que 70% da cidade não sabe o que é viver sem ruído aéreo constante e muito próximo. A pandemia, embora por motivos dramáticos e com imagens de ir às lágrimas, deu-nos um cheirinho do quão agradável a vida na cidade poderia ser com mais silêncio e menos perigo.
Mas enfim, os aviões levantaram voo outra vez, felizmente para quem precisa e para quem gosta de mais mundo, e o esgotamento da capacidade do aeroporto Humberto Delgado tornou-se aflitivo. Agora, das duas uma: ou se contrói um aeroporto complementar de média dimensão (ideia do Montijo) para aliviar o congestionamento em Lisboa, e nesse caso nada muda a nível do ruído e dos riscos, já que a diminuição do movimento na capital será insignificante; ou se constrói um novo aeroporto de raiz, fora da capital, com o objectivo de libertar de vez a cidade dos malefícios de um aeroporto ultra movimentado localizado no seu centro.
Sou uma perfeita leiga em matérias de engenharia, mas basta-me espreitar pelo Google para perceber que o Montijo apenas poderá ser um aeroporto de recurso e até provisório. Porque a área disponível fica comprimida entre a terra do Montijo e o rio Tejo (nenhum deles jamais sairá dali) e porque a subida do nível das águas poderá a médio prazo inviabilizar a pista (já de si irremediavelmente limitada). Portanto, se se quer mesmo libertar a capital, aproveitando para dar uma utilidade ecológica aos terrenos do actual aeroporto, e construir um aeroporto grande, moderno e definitivo, não me parece que haja outra solução que não Alcochete.
A questão de utilizar ainda o Montijo durante algum tempo parece-me não fazer muito sentido quando o objectivo maior já está definido, a menos que haja compromissos com a Vinci, assumidos no tempo do Passos, que a isso obriguem. Seria lamentável e outra perda de tempo. A juntar à do Montenegro.
Mas é tão romântico e enternecedor ver o entusiasmo deste governo/Costa a governar!
Se não fosse Ventura ficava toda a gente a ressonar na sua cadeira do parlamento.
Como é que se vai buscar o Montenegro para animar esta pasmaceira?
não sei se um dia o psd governará. oxalá não , enjoei-os mesmo , é só parolos.
Do Montecoiso, não se pode esperar o quer que seja pois, estava na terceira fila
quando a inteligência foi distribuída … ele é muito bom nos dichotes e apartes de
resto, dizem que a sua aprendizagem na tal loja, ficou no nível de lavar pratos e
copos! Foi muito interessante a dança do “swing” no Chão da Ilha!!!
O texto é muito interessante ! Reflete bem o estado de alienação civilizacional a que chegamos. Discute-se aeroportos sem discutir o modelo social e económico que se pretende para o futuro. Entende-se que este ( o futuro ) será mera projeção do presente. Logo, continuaremos a ser uma plataforma de prestação de serviços ( leia-se: de turismo …) e a produzir vinte por centos dos cereais que consumimos ( rações para animais incluídas, atenção ! ) , com reservas para um mês ( ministra da agricultura ( ?! ) dixit…) Portanto, que se fodam os terrenos agrícolas de Alcochete ( ou qualquer outro sitio onde ainda seja possível produzir qualquer coisa que equilibre o enorme déficit da nossa balança alimentar…) que isso dos searedos é cena para russos e ucranianos. Se nos faltar o pão, a culpa será do celerado do Putim de turno, obviamente, conforme poderemos ler sossegadamente nas paginas dos media disponíveis nas salas Biblioteca Nacional no dia em que o turismo de massas que nos vai sustentando resolver mudar de destino ou , simplesmente, der o estoiro. Resumindo: ordenamento do território é resolver onde fica o novo aeroporto e onde passa o tgv e a auto estrada que o vão servir. Gostei !
muito bem dito. aliás , o dinheiro que vão gastar na construção dessas “salas de estar” deveria ser gasto antes na construção de “cozinhas e casa de banho” ..ou seja , em habitação social ,para fazer frente ao grave problema habitacional e tentar descer os preços fazendo concorrência aos privados e desta forma cumprir a constituição ( todo mundo tem direito a habitação condigna , não é? )
“a menos que haja compromissos com a Vinci, assumidos no tempo do Passos, que a isso obriguem”
Um Ministro que faz tremer as pernas aos banqueiros alemães facilmente põe a Vinci no seu lugar!
A decisão ainda não vai ser tomada por este governo – nem pelos próximos que vierem… Como já disse anteriormente, ainda está para nascer o decisor do novo aeroporto e quando tomar a decisão o aeroporto já não será necessário….A sério.
Se a necessidade foi identificada há mais de 50 anos, a seleção entre duas localizações foi tomada no governo do Guterres e agora nem sequer essas localizações estão a ser consideradas, como pode alguém acreditar que se vai fazer um novo aeroporto seja ele provisório ou definitivo ? Isto é como no futebol onde há muitos treinadores de bancada, No caso dos aeroportos é pior pois cada português é um especialista em aeroportos..
Quanto ao barulho dos aviões é aborrecido , mas o aeroporto já lá estava quando as habitações foram construídas…
Já agora a própria Biblioteca Nacional não poderia ter sido construída se o Aeroporto da Portela tivesse sido construído no Campo Grande … que era a solução alternativa à Portela na ocasião !
MRocha: Com aviões mais ecológicos, menos poluentes, ou ainda, durante uns aninhos, com os que há, não vejo maneira de prender as pessoas nas suas terras, impedindo-as de viajar (com os mais variados objectivos). Basta ver a fúria viajadeira que se seguiu à pandemia. Até se descobrir o teletransporte, a humanidade não dispensa os aeroportos. Por isso, o realismo obriga a que se encontre uma solução para a falta de espaço e de pistas da Portela.
MRocha: Digo-lhe mais: com alguma boa vontade até se poderá cultivar no terreno futuramente libertado na Portela o que se cultiva actualmente no campo de tiro de Alcochete. Agora sem piadas, há uma vinha famosa e fértil logo ali na esquina.
com a crise económica que se avezinha no oxidente , planos desses são claramente um por a carroça à frente dos bois. ninguém vai ter dinheiro nos próximos anos para viajar.
ademais , as novas gerações nascidas com ecrãs colados à cabeça nem de casa saem , esperar que façam a mesma coisa estúpida que os pais- viajar para ir à praia e mostrar as fotos aos amigos -é claramente por a carroça à frente dos bois.
eu comecei a viajar com meses , hoje , só se for obrigada , é um frete. é o que vai acontecer aos miúdos que andam atrelados aos pais viajantes.
e achar que o produzir local e consumir local não tem pés para andar é dar muita importância à unilever…
Cara Penélope,
Essa de ” a humanidade não dispensa os aeroportos” é extraordinária! Sabe dizer-me qual a percentagem da “humanidade” que já pisou aeronave uma vez na vida, fosse o propósito turístico ou não ? Não estará a tomar a nuvem por juno e a confundir a humanidade com a burguesia ocidental ?
Não leve a mal que o propósito não é ofensivo, mas terei de lhe dizer o seguinte: a Penélope padece do síndroma de provincianismo invertido que tomou conta do senso comum ocidental nestes tempos de progressismo tecnológico : não vêm mais longe que o próprio umbigo, enxergam-no a preto e branco, confundem complexidade com complicação, e têm a ilusão de habitar no “fim da história”. Viveram a pandemia e acompanham a garreia ucraniana entretidos pela espuma mediática, em estado de negação perante a evidência, a saber: a soberana vulnerabilidade em que nos deixou como povo estas ultimas décadas de “progresso” sob a égide da integração europeia / globalização. Poderia desenvolver esta asserção, mas suspeito que se a Penélope fizer parte da “geração mais qualificada de sempre” não me iria entender. O defeito não seria seu, mas meu. É o que dá termos bons alunos de maus mestres, como dizia Medeiros Ferreira.
Saudações.
MRocha
Foi pena esta urgência de Aeroportos não ser prioridade na 2ª maioria de Cavaco, que era num esfregar de olhos que apareciam galripados, 1 ou 2 ou mais aeroportos.
Veja-se a A1, A2, CCB, Ponte Vasco da GAMA, Expo 98, etc. etc,, aparecia tudo feito e acabado ou passado a Guterres com a maior das tranquilidades.
Os xuxas podem morder nas canelas do Homem, mas está para nascer outro…!
O tempo via apagando aos poucos o que tenha feito de errado.
O pantano apareceu com outros, sem culpa do Homem.
MRocha, parece que num dos últimos anos, 25% da população portuguesa, com mais de 15 anos, viajou de avião; entre eles, obviamente, muitos setores da nossa burguesia da área da emigração, nomeadamente, um tio meu, pedreiro, e a sua mulher, serviços de limpeza – maisus filhos (4). Estima-se que, a nível mundial, mais de 4 bilhões (acho que corresponde a 4 mil milhões) de pessoas já usaram o transporte aéreo. Detesto andar de avião, mas já fiz alguns voos. Logo, eu mais os meus tios e os meus primos somos brugueses ocidentários.
Caro Fernando,
Não desconverse sff. Sabe perfeitamente que não seria por falta de aviões que ” a humanidade” iria deixar de se movimentar. Caso tenha dúvidas desça até Marrocos e pergunte aos milhares que espreitam por uma brecha nas vedações de Melilla como é que chegaram ali. Necessidade e comodidade são conceitos diferentes, é esse o ponto. O indispensável, incluindo para o senhor seu tio e excelentíssima família, é não nos faltar o pão nosso de todos os dias. O resto, seja o avião ou a bicicleta, fazem parte do acessório. Quem pensa que isso faz parte da pré-história é porque não tem mundo, ainda que já tenha dado muitas voltas a este – de avião.
4 biliões de humanos , montes deles mortos há bastante…o Fernando se calhar pensava que esse número era de um ano ou dois , não lhe passou pela cabeça que deve de ser desde que as viagens de avião se tornaram vulgares. só nos usa os tipos andam de estado em estado como quem vai à loja da esquina.
bem , informo que hoje o zelérias demitiu mais um , o número 2 da segurança. só nos resta esperar que demita todos e fique sozinho. mão deve faltar muito.
esse numero 2 era um putinista retinto.
andava disfarçado, de óculos escuros.
como os elefantes no rossio.
MRocha,
impecável!
entretanto, dizer também que não sei se gosto mais do fernando, que acha que 4 mil milhões de bilhetes corresponde a 4 mil milhões de pessoas diferentes ou que alguém viajar uma vez de avião em 20 anos torna a possibilidade numa absoluta necessidade, ou da penélope que está à espera dos aviões eléctricos em tempo útil.
deus vos abençoe aos dois!
Yo, tem razão, não tinha a certeza se correspondia a um ano ou a uma data deles. Mas li algures que, segundo a IATA (Ass. Int’l Transp. Aéreo), em 2014 viajaram de avião 3,3 mil milhões de pessoas.
Já agora, yo, a Ucrânia, não era (é) um país independente?
é um país que tem várias regiões dadas por lenine à ucrânia que não gostam do que lenine fez e querem ser independentes. o putin está a tentar salvá-los das garras do maluquinho zelérias , que os atacava desde 2014.
gostou do resumo? -:)
em 2014 ou até 2014? deve ser até.
é que 3 mil milhões, 300 dias, pra simplificar, e dá 10 milhões de pessoas por dia a viajar de avião em 2014.
já a ucrânia era e é um país independente. mas agora vai passar a ser três.
https://www.rtp.pt/noticias/economia/33-mil-milhoes-de-passageiros-viajaram-de-aviao-em-2014_n802641
Site RTP
ECONOMIA
5 Fevereiro 2015, 18:19
3,3 mil milhões de passageiros viajaram de avião em 2014
por Lusa
Genebra, 05 fev (Lusa) – Em 2014, 3,3 mil milhões de pessoas viajaram de avião, um aumento de 170 milhões em relação a 2013, anunciou hoje a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA).
O crescimento deve-se sobretudo ao aumento do número de passageiros registado nas regiões Ásia-Pacífico e Médio Oriente, com um crescimento do mercado interno chinês de 11%.
O mercado interno russo aumentou 9,8% em 2014, mas com a economia em recessão espera-se um declínio este ano, sublinha a IATA.
Nos voos internacionais, o número de passageiros aumentou 6,1% em todo o mundo, a oferta aumentou em 6,4% e a taxa de ocupação diminuiu 0,1% para 79,2%.
Nas companhias europeias, o número de passageiros aumentou 5,7% e a taxa de ocupação foi de 81,6%.
Nas transportadoras da América do Norte, o aumento de passageiros internacionais foi de 3,1% e a taxa de ocupação de 81,7%.
Na região Ásia-Pacífico, o crescimento foi de 5,8% e a taxa de ocupação de 76,9%, enquanto as transportadoras do Médio Oriente tiveram o maior aumento, 13%.
Em África, o crescimento foi o mais fraco, apenas 0,9%, o que a IATA atribuiu à situação económica e não à epidemia de Ébola.
i stand corrected.
e bastante surpreendido, admito
que as outras objeções mantêm-se (3 mil milhões de bilhetes não são 3 mil milhões de pessoas diferentes e a grande maioria fará pouco mais que uma de ida e volta por ano nas férias)
fiquei surpreendido foi com a dimensão do problema
exacto , venderam 3.3 biliões de bilhetes. , não foram 3.3 biliões de pessoas diferentes. como é que alguém acredita que vivendo 2/3 da humanidade em continentes como áfrica e américa do sul ou na ásia e não tendo dinheiro para mandar cantar um cego , andam por aí 3,3 b. a voar ?
e deve haver gente , nos usa ou china , que façam viagens de avião todas as semanas , em trabalho.
yo, a sra. deixa-me perplexo. Não esperava isso de si.
Nos dados que cito a seguir, informo-a que naquela época futebolística assisti a quase todos os jogos do Glorioso na Catedral. Mas como o meu Benfica é muito organizadinho, soube muito bem disso e para as estatísticas só considerou uma ida minha. O sport é que fez batota…
“[2010/2011)O Benfica lidera o número de assistências em casa, apresentando um aumento de quase 65 mil espetadores (num total de 636.954) na Luz, mas a subida mais significativa pertence ao Sporting, uma vez que os “leões” acolheram 517.408 espectadores em Alvalade, ou seja, mais 144.544 que na temporada passada.
Neste outro caso (espero que o link funcione, atrapalho-me bastante com estas ferramentas), procuro evidenciar a importância extraordinária do transporte aéreo nos nossos dias e no futuro.
https://qa05.pordata.pt/Europa/Mercadorias+transportadas+por+via+a%c3%a9rea+internacional+total++UE+27+e+extra+UE+27-3031