Antecipando-se à Itália e à Grécia na colocação de um tecnocrata (contabilista) à frente do executivo, Portugal, para efeitos práticos, é governado por Vítor Gaspar. Primeiro (pela boca de Passos e de Relvas), havia abertura para discutir um dos subsídios; uns dias mais tarde, nem pensar. Depois, havia abertura para excluir a restauração da subida do IVA para o escalão mais alto; Gaspar veio ontem dizer que não, por não ser um sector exportador (!). Outros et ceteras terão presumivelmente levado nega de Gaspar (isto, admitindo que, apesar de neoliberal, Passos tem mesmo assim veleidades a fazer alguma política).
Cavaco admite ter-se conformado com a renitência do governo em introduzir mais justiça no orçamento e Rui Rio e outros PSD da linha não neo-liberal também não têm grandes hipóteses de ter algum ganho de causa com as suas intervenções.
Portugal tem assim o seu destino totalmente entregue a um ex-funcionário do Banco de Portugal, segundo penso destacado no BCE, perito em deves e haveres, adepto de uma determinada teoria económica e intransigente (e contidamente radiante) na sua aplicação.
Com todos os indicadores a agravarem-se e ameaças de que estas medidas podem não ser suficientes para cumprir a meta do défice em 2013, não sei, sinceramente, o que vai ser deste governo (de governos destes, a bem dizer) e, pior ainda, deste país. A União Europeia, completamente indiferente ao empobrecimento das populações do sul, tudo fará para segurar por aqui Vítor Gaspar, cuja função é totalmente consonante com a de Papademos e, agora, de Mario Monti. Creio até que Merkel considerará as próximas eleições nesses países um enorme contratempo, que melhor seria se fosse evitado.
Ainda se com isso enriquecêssemos, nos educassem, nos civilizassem, tais personagens seriam bem-vindos. Para nos destruírem ou nos mandarem emigrar, evidentemente que não são!
Estamos, portanto, a assistir a uma ocupação, versão século XXI, por interpostas pessoas. Haverá os colaboracionistas, já estão até nos seus postos; mas haverá também, espero eu, o Maquis.
Em vez de perder tempo a discutir almofadas, mostrando-se igualmente subjugado aos ditames de Vítor Gaspar e de uma União Europeia incompetente e egoista, o PS faria melhor em discutir seriamente uma alternativa a este triste fado e ter coragem de a assumir. A verdade é que está tudo mal desde o princípio: o modo torpe como este governo chegou ao poder, a política da UE, as condições da “ajuda”, a estória do ir mais longe, as ocultações de Jardim e a protecção do governo e respectivas consequências no défice, este orçamento, enfim, tudo. Não há nada que se aproveite.
Antes um ex-funcionário do Banco de Portugal do que um ex engenheiro técnico da câmara da Covilhã.
“La conversion des pays communistes à l’économie de marché a précipité la disparition de l’horizon révolutionnaire qui avait nourri en Occident deux cents ans de vie politique. La vertueuse Terreur de Robespierre est remisée aujourd’hui, aux côtés de la dictature du prolétariat, au cimetière des paradigmes monstrueux d’une époque révolue. Faut-il toutefois se résoudre à ce que la démocratie ne soit qu’une collection d’individus, unis par les seules valeurs marchandes ? La capacité de prendre des décisions collectives pour infléchir le cours des choses a-t-elle été anéantie avec la foi dans la Vérité, qu’incarna un temps Robespierre l’Incorruptible ? Ce sont ces contradictions de la démocratie moderne, égarée entre rêve de pureté et volonté d’ordre, entre volonté d’efficacité et tentation d’exclusion, qu’explore Slavoj Zizek dans ce texte sur la violence divine de la Révolution. Et le paradoxe qu’il défend ici, avec ce sens de l’analogie qui l’a rendu célèbre, c’est qu’il appartient peut-être au solitaire Robespierre de réapprendre au citoyen désabusé d’aujourd’hui les vertus de la décision et de la responsabilité collectives.”
Slavoj Zizek
Robespierre: entre vertu et terreur
Depende do ex-engenheiro técnico da Câmara da Covilhã. O que tínhamos era excelente político, governante e líder partidário, coisa que o ex-funcionário do Banco de Portugal não é.
Pois é Penélope, já é tempo de deixar o faduncho das Folgas & Almofadas, e falar de coisas sérias.
Faço ideia das gargalhadas que Passos, Relvas e os de Belém devem dar perante a forma ingénua como o papa-açorda do Seguro acredita que lhe prestam alguma atenção, lhe prometem negociar, para no dia seguinte o mandarem literalmente à merda.
Ao que o PS chegou. Até o Assis se pôs a falar no “interesse nacional” para aquela gente que se está cagando para esse “romantismo” do interesse nacional. Onde é que 19 empresas do PSI 20 estão sediadas, para pagar menos imposto?
Na loja dos pastéis de Belém…
A política foi capturada pelos grupos económicos e o PS ainda não percebeu? Também pouco adiante ter percebido. Cada novos dirigentes do PS, ou terão de ser completamente amorfos como Seguro, ou podem contar com os “donos da justiça e dos jornais” para os queimar como perigosos pedófilos, paneleiros, corruptos da pior espécie e atentadores do Esatdo de Direito Democráitico.
A fogueira é outra, mas os métodos inquisitoriais são os mesmos e até mais refinados.
dédézinho o que é para ti falar de coisas sérias? que a culpa desta crise é do Sócrates (esse malandro, que sozinho deu cabo deste país e quem sabe de mais alguns pelo caminho), como o josezinho diz?
Cara Penélope, o maquis está moribundo e as esquerdas, caviar e a leninista, preferem não entabular conversa com o PS que resta, preferindo cada um seguir pelo seu próprio caminho.
A direita, mais acéfala, mas com uma grande consciência de rebanho, junta-se e elege o PS como lobo a abater servindo-se dos cães de fila esquerdalhos que se venderam por um prato de lentilhas que afinal não comeram para o impedir de os tresmalhar.
Assim sendo, os burocratas de serviço,. como Pilatos, quando tudo isto estiver a saque, lavarão as mãos e deitarão as culpas aos doutores do templo que por ora preferem perorar na televisão e jornais sobre cabalíísticos cenários que quando passaram pelo poder não viram, nem preveniram.
Hahahhahahhahha…………. esta frase está excelente….. “O que tínhamos era excelente político, governante e líder partidário, coisa que o ex-funcionário do Banco de Portugal não é.” Com a segunda parte da frase até posso concordar agora a primeira é pura piada. Mas será que, para vocês, o sr eng cometeu algum erro na sua governação? Para além da anedota que o próprio proferiu um dia, no qual dizia que o erro que se lembrava de ter cometido foi…. “tinha investido pouco na cultura”.
Caro josé: embora estando longe de pensar que o ex-primeiro não cometeu erros, as suas intervenções parecem corroborar totalmente a veracidade da tal “anedota”: o investimento na cultura foi dedididamente curto, como se pode comprovar…
Este *governo e outros por esta Europa fora está cheia de cientistas, doutorados, tecnocratas, nas mais diferentes áreas. Talvez seja por isso.
É claro ao senso comum que; um conhecimento científico das coisas, não é um conhecimento do ser. E é de pessoas que se trata.
*Tem um Gaspar, mas não é Rei Mago.