Chama-se a isto discernimento

Passos Coelho fez três coisas extraordinárias como primeiro-ministro, que basicamente consistiram em não fazer coisa alguma. Foram três simples, mas magníficos, “nãos”. 1) Passos Coelho não se intrometeu na comunicação social. 2) Passos Coelho não se intrometeu na justiça. 3) Passos Coelho não ajudou Ricardo Salgado. Pode parecer pouca coisa a Fernanda Câncio, mas é muitíssimo. Reparem: não há aqui troika, nem liberalismo. Apenas respeito pela decência num regime democrático. Nesse campo tão importante, Passos merece os mais rasgados elogios, numa ruptura abençoada com o tenebroso arco 2005-2011.

Caluniador do Público

 

1)Passos não se intrometeu na comunicação social – E para quê, se é e era toda de direita? É só passar a vista pelas direcções respectivas: o Ricardo Costa e companhia, entre os quais o convertido Pedro Santos Guerreiro, no Expresso e SIC. O  carro de combate Gomes Ferreira. O David Dinis no Público. Os do Observador. O Baldaia no DN. O António Costa no Eco e RTP. Os inomináveis no Correio da Manhã. Os da Sábado. Os do Sol e do i. O que resta? O JN? Incompreensível para mim é como alguém de esquerda consegue ganhar eleições nestas circunstâncias.

E a televisão pública? Que história é essa do Poiares Maduro “ter afastado o Governo”? Qual governo? Olha o lindo estado em que se encontra a RTP noticiosa e comentadora, a começar pelo Rodrigues dos Santos. É este o exemplo de isenção que tem para mostrar o Tavares?

2)Passos Coelho não se intrometeu na justiça – E para quê, se está completamente tomada pelos seus correlegionários e tem como jornal oficial o Correio da Manhã e porta-voz a Felícia Cabrita? Mais confortável com a justiça do que o Pedro estava era impossível. Criminalizou-se o governo anterior, tudo era investigável judicialmente, desde o primeiro-ministro até aos cartões de crédito dos ministros, a Teixeira da Cruz queria inclusivamente vê-los todos na choldra. Que conforto e que prático assim, não é? Mas por falar em intromissão, quem é que se intrometeu na Justiça?

O Macedo que a criatura refere noutra passagem mais do que provavelmente não tinha escapatória e serviu de excepção para o Tavares poder falar nele.

3) Passos não ajudou Ricardo Salgado – Ao contrário de quem, pode saber-se? E ajudou quem, em vez do Salgado?

5 thoughts on “Chama-se a isto discernimento”

  1. Atribuir mérito à atitude de Passos de bater com a porta na cara de Ricardo Salgado é uma ideia pateta.

    São muito os exemplos de sucesso dos governos que, na aflição, decidiram socorrer os seus bancos.
    http://www.slate.com/articles/news_and_politics/the_pivot/2012/10/sweden_when_its_banks_failed_the_scandinavian_country_made_a_miraculous.html

    http://www.telegraph.co.uk/finance/financialcrisis/10544390/Success-story-Spain-exits-eurozone-support.html

    https://www.cnbc.com/2017/04/21/reuters-america-britain-draws-line-under-lloyds-rescue-with-26-bln-recovery.html

    Em vez de estabilizar o sistema ou até lucrar com a intervenção, como aconteceu em alguns países, o encolher de ombros de Passos Coelho que tontos aplaudem abriu um buraco que ainda ninguém sabe quanto vai custar aos contribuintes portugueses.

  2. Não refere qual o caluniador do “público” mas também quem de lá não é caluniador de serviço sempre pronto.
    E vai daí o caluniador não considera o Tribunal Constitucional como sendo da justiça nem tribunal sequer pelo que, conclusão, o santinho tão santinho passos não se meteu com a justiça.
    Claro para o caluniador, nesse caso, a justiça é que se meteu com passos, topas!

  3. José Neves eles ainda não perceberam que o pessoal gasta desnecessariamente cuiques no Público e depois não pode ler de graça o que lhe interessa. Ela refere-se ao João Miguel Tavares.

    Claro que é também mentira que Passos não se tenha metido na comunicação social. Quantos milhões é que Passos perdoou à Cofina do Correio da Manhã em dívidas fiscais?

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