Bagunça «crática» no ensino

Nota prévia:

Atendendo a que parece haver falta de credibilidade e de qualidade nalguns cursos que formam professores (e ao mesmo tempo necessidade de desviar do ensino um certo número de pessoas com estudos nessa área, seja ou não justificável), não me repugna por aí além a realização de uma prova que avalie diferentes competências, como a capacidade de raciocínio, o domínio da língua materna, a capacidade de interpretação, a cultura geral, etc., para além, claro está, dos conhecimentos específicos sobre a ou as disciplinas que se pretende lecionar. Claro que essa prova deve idealmente ser realizada no início da pretendida carreira, para evitar desastres como os que fui obrigada a constatar e a remediar quando a minha filha frequentava a primária e depois o então ciclo preparatório (há uns bons anos). Mas, se o mal está feito (a fraca exigência de alguns cursos), e independentemente disso, a qualidade profissional de quem já se encontra a lecionar deve ser avaliada permanentemente, e na prática letiva quotidiana, por quem esteja habilitado a fazê-lo e, evidentemente, numa perspetiva construtiva. Para quem já leciona há vários anos, não será certamente uma prova pontual de estrutura duvidosa o melhor método. Fui professora uns anos e tenho bem a noção de como é necessária a avaliação «no terreno», ou simplesmente a partilha aberta de experiências e métodos. Assim como conheço as (más) razões por que a esmagadora maioria dos professores não quer assistência às suas aulas (lembramo-nos dos expedientes vários invocados no tempo de Maria de Lurdes Rodrigues). Até agora, têm podido opor-se. Mas não devia ser assim. Hoje em dia, quem é que pode ainda recusar-se a ser avaliado no seu trabalho?

Mas passando ao que aqui me traz. Não é da avaliação «no terreno» que hoje se tratou. Essa parece jazer em sossego. A ideia da prova decidida por Crato é restringir o acesso à profissão, começando por abri-la apenas (e aparentemente para a constituição de uma lista de reserva) aos que provem ter mais destreza intelectual e competências várias, afastando os menos bem preparados. Via Twitter, tive oportunidade de ver o enunciado da prova hoje realizada e que foi, na maioria dos casos, boicotada. Não contesto o boicote. A meu ver, o tipo de prova é mais do que discutível. Podem aceder aqui, no site da RTP, à versão em PDF. Começando por notar a excessiva facilidade dos textos e das perguntas de interpretação, noto também que praticamente uma em cada três perguntas tem a ver com cálculos ou raciocínios matemáticos, nos quais se incluem, estranhamente, a elaboração de horários de turmas ou a garantia de equilíbrio das refeições das cantinas. Ora, isto é trabalho de gestão ou administrativo numa escola. E não é de todo por aí, de certeza, que se pode atacar a suposta má qualidade do ensino ou dos seus agentes. Não me parece, pois, admissível a inclusão deste tipo de perguntas. Deve haver, por esta altura, programas informáticos que distribuam inteligentemente os vários professores pelas várias disciplinas das turmas, não? Impossível que não haja. Por outro lado, por que razão, para provar que se tem qualidades para ser professor, ou seja, para lecionar, é preciso um indivíduo demonstrar conhecimentos administrativos, como a elaboração de horários e turmas ou estatísticas bibliotecárias? Ao mesmo tempo, muitas dessas perguntas pareceram-me mais típicas de testes psicotécnicos, só que aplicadas ao contexto escolar. No entanto, curiosamente, aplicadas a vertentes improcedentes do ponto de vista da profissão, e portanto abusiva e artificialmente transpostas, pois não têm nada a ver com competências pedagógicas ou científicas, como é o caso das cantinas ou do trabalho administrativo. Nesse caso, se a ideia é um modelo de perguntas tipo charadas, associações ou avaliação de conhecimentos gerais, porque não fazer, numa primeira parte, um teste psicotécnico puro e duro, daqueles que servem claramente para filtrar/eliminar candidatos e, numa segunda parte, perguntas mais especializadas, incidentes na área de conhecimentos do candidato (literatura, matemática, história, língua estrangeira, desporto, etc.)? É que assim é uma salsada, em que decerto se «safarão» muito melhor, mas injustamente, os candidatos das áreas de ciências.

Em suma, compreende-se que haja provas de ingresso eliminatórias, sobretudo quando os interessados são em número excessivo em relação às vagas existentes numa determinada profissão (eu própria tive que me submeter a uma). Mas têm que ser, pelo menos, feitas com pés e cabeça e, de preferência, e neste caso, na altura certa. E sobretudo que não dispensem ou substituam a avaliação regular, rigorosa e séria (ou seja, com consequências em caso de comprovada incompetência) no quotidiano.

Mas, com base no desempenho geral e não apenas nesta medida, parece que quem está a necessitar de uma avaliação de competência para o cargo é mesmo Nuno Crato.

21 thoughts on “Bagunça «crática» no ensino”

  1. Li a “prova” do Crato e pergunto-me como é possível que candidatos a educadores admitam submeter-se a uma prova em que são praticamente tratados como atrasados mentais?

  2. “… candidatos a educadores admitam submeter-se a uma prova em que são praticamente tratados como atrasados mentais?”

    exactamente por isso, porque são atrasados mentais e continuam a bater o pé para não serem avaliados, quando o objectivo do crato é correr com eles.

  3. concordo com quase tudo o que dizes no texto – quase. então, nessas coisas da cantina e dos horários foram apenas utilizados contextos da comunidade escolar, tratando-se de mera falta de criatividade, não me parece nada que tenha conotações maldosas nem de polivalência.:-)

    de resto é uma prova tão tão básica que, lamentavelmente, só podia ser mesmo assim. que me desculpem as excepções mas os professores do ensino básico e secundário são, na sua maioria, como calhaus porque habituados a não terem de escalar intelectualmente. e oxalá não se comprove o que estou a dizer nos resultados.

  4. Pelo que foi notíciado pela RTP1 e, a entrevista feita ao
    ministro cratino, parece estarmos perante mais um ca-
    so similar, inverso dos “swaps” na comissão da A.R.!
    As provas foram perfeitamente acessíveis a alunas do
    12º ano, mais de metade dos profes não fez a prova e,
    como cereja em cima do bolo, ficámos a saber que o
    grande reformador da Educação foi o ministro justino
    em 2001 e 2010 momentos, em que intoduziu exames!?!
    Isto, a propósito dos resultados PISA recentemente divulgados … tudo foi destruído nos seis anos “negros”
    do Governo de Sócrates, se dúvidas houvessem eis,
    o verdadeiro calibre destes “inteligentes” sem ver-
    gonha nas fúcias!!!

  5. talento & criatividade béculianas ao serviço do ministério da kultura, já!
    esta gaja deveria ser aproveitada para encher xóriços nas provas de avaliação e ninguém repara nisto? phónix, país de merda e depois queixam-se que os talentos bazam para o interior inóspito e dedicam-se ao fabrico de compotas caseiras e produção de mel com abelhas… ou de abelhas, já não sei… fiquei nervoso com o desperdício deste ganda prémio literário da alfarroba.

  6. estive a ler o pdf do teste e aquilo começa por gozar os professores com a pergunta sobre emigração e acaba a gozar os reitores com uma redacção sobre o “mas não chega” do nóvoa, agora repescado pelo crato para justificar o sucesso das asneiras que anda a fazer. tou admirado como é que o nogueira ainda não veio dizer que a pergunta 33 é pidesca e serve para avaliar o alinhamento dos professores às políticas do ministro.
    http://downloads.expresso.pt/expressoonline/PDF/ProvaProfessores181213.pdf

  7. Todos tivemos professores, todos aprendemos com professores, desde o a-e-i-o-u a muitas outras matérias. Quem não aprendeu com professores aprendeu o quê? com quem?
    Todos tivemos professores muito bons, menos bons e até maus. No ensino, como em qualquer outra profissão, há gente competente e gente de fraca competência, há gente com e sem talento, gente que gosta do que faz e gente que não gosta de fazer coisa alguma.
    O que não se compreende é a aversão (ou ódio) que tanta gente manifesta por uma classe profissional inteira. Generalização e desconsideração andam juntas.

  8. cada um tem o que merece! há professores que se escrevessem neste ou noutro blogue, seria motivo de espanto! no meu tempo de escola tecnica,havia professores que alem da incompetencia,não disfarçavam com o seu mau humor,os problemas familiares.um sobrinho meu, contou que tinha uma professora de matematicano secundario, que era constantemente questionada na resoluçao de problemas, por um aluno brilhante.por tudo isto, não nos espanta, que esta gente não queira ser avaliada,tambem no proprio local de trabalho.se tivesse havido avaliaçoes,como maria de lurdes rodrigues tinha proposto,hoje não viamos pessoas com 5 anos de ensino a ser serem sujeitos a esta prova. crato,alem de outras pulhices ,quer com estas provas ,criar uma bolsa de professores para o “seu querido ensino privado” ao preço da “uva mijona” os colegios tem muita gente reformada a dar aulas e a receber salario sem fazer descontos,tal como a entidade patronal.

  9. cada um tem o que merece! há professores que se escrevessem neste ou noutro blogue, seria motivo de espanto! no meu tempo de escola tecnica,havia professores que alem da incompetencia,não disfarçavam com o seu mau humor,os problemas familiares.um sobrinho meu, contou que tinha uma professora de matematicano secundario, que era constantemente questionada na resoluçao de problemas, por um aluno brilhante.por tudo isto, não nos espanta, que esta gente não queira ser avaliada,tambem no proprio local de trabalho.se tivesse havido avaliaçoes,como maria de lurdes rodrigues tinha proposto,hoje não viamos pessoas com 5 anos de ensino a ser serem sujeitos a esta prova. crato,alem de outras pulhices ,quer com estas provas ,criar uma bolsa de professores para o “seu querido ensino privado” ao preço da “uva mijona”. os colegios tem muita gente reformada a dar aulas, e a receber salario sem fazer descontos,tal como a entidade patronal.

  10. ignatz,não odeio os professores e acho que só o ministro os deve odiar.o que não perdou-o,é a canalhice a que eles se sujeitaram a mando do mario nogueira, para arrumar com maria de lurdes rodrigues.analisem o que eles ganharam e o que os alunos perderam com a troca pelo crato.

  11. Roteia: Da minha parte, não há qualquer ódio. Sei bem que há excelentes professores e admiro sobretudo os que têm estofo para trabalhar em certos locais e em certas condições. Mas também os há incompetentes, desinteressados ou sem qualquer talento para a profissão. Devemos aceitá-los tal como são só porque sempre foi assim (ou seja, sempre houve bons e maus professores, pelo que a modos que uns compensam os outros)? Não me parece. O que há de errado em exercer pressão para que melhorem e, se não melhorarem, em dar lugar a outros, já que a oferta é grande?

    Dito isto, há aqui duas questões distintas: 1) o acesso à profissão, que pode estar condicionado à realização de um exame (o qual não poderá, no entanto, ser como o que vimos nesta prova indigente), e 2) a avaliação permanente do trabalho dos já admitidos, que deve existir, ser rigorosa e séria, como aliás acontece em muitas outras profissões, eu arriscaria mesmo dizer em quase todas. E isto parece não ser bem aceite, o que permite interpretações menos abonatórias.

  12. È verdade, sim senhor! Cada um tem o que merece, e os professores merecem ser humilhados porque fizeram manifestações contra a Lurdinhas e contra o querido líder. Pensavam que as coisas iam mudar com outro governo, mas entre o Socretino e o Cretino não há grandes diferenças. Só mesmo os adoradores do querido líder inventam diferenças, que não passam de asneiras próprias de quem é facilmente manipulável.
    Por exemplo, há um palerma que diz que com a Lurdinhas os profs nunca seriam sujeitos a esta prova, quando a tipa sempre defendeu a existência de uma prova deste género e tinha planeado implementá-la, mas a coisa só não foi para a frente porque depois das várias manifestações dos profs a Lurdinhas deixou de ter força política. E assim coube ao Cretino o privilégio de executar essa medida socretina.
    O objectivo desta prova, assim como das “avaliações” defendidas pela Lurdinhas, não é qualquer melhoria do ensino, até porque a prova foi feita por (potenciais) contratados, ou seja, por tipos que estão desempregados. A realização da prova não é condição para entrar na carreira, nem sequer para exercer a profissão como contratado, pois desde o tempo do querido líder que o número total de professores tem vindo a ser reduzido. O que está em causa é só uma coisa e isso é a desvalorização salarial na profissão, o que passa por colocar entraves ao avanço na carreira, e, antes disso, por dificultar ou impedir a entrada na própria carreira e por precarizar a profissão. Este projecto foi iniciado pela Lurdinhas e pelo querido líder que fechou escolas, aumentou o número de alunos por turma, acabou com o estágio profissionalizante tal como ele era (com turmas atribuídas aos estagiários e remunerado). Daí que não seja estranho que desde 2006 até hoje o sistema de ensino já tenha perdido cerca de 50000 professores, e que todos os anos o número de contratados não colocados (isto é, de desempregados) aumente. A ordem desde o tempo do querido líder é só uma: reduzir ao mínimo o nº de professores e precarizar a profissão.
    A degradação da escola pública não é por isso uma pulhice da responsabilidade exclusiva do Cretino, já que este projecto foi iniciado por aqueles que socretinos adoram e dos quais têm saudades. Por isso deliram e inventam e garantem que com a Lurdinhas as coisas seriam diferentes. É caso para dizer que os profs só merecem ser humilhados pelo Cretino, porque há tipos que mereceram ser manipulados pelo Socretino.

  13. se derem mais tempo ao crato, é desta que vão todos para o olho da rua e depois serão admitidos só os que aderirem ao partido com provas dadas, perícias ideológicas e trabalhos publicados, tal como nas saudosas uniões, soviética e nacional. a comunada trata dos detalhes e o nojeira ainda vai a a sub das limpezas na 5 de outubro.

  14. Penélope:
    Observemos esta caixa de comentários, ou qualquer outra que refira “os professores”, assim generalizadamente descritos como incompetentes, desleixados e outras coisas mais.
    Diga-me: que outra classe profissional é assim tratada? Imagine os médicos, tantas vezes alvo de indignação ou ressentimento de doentes e familiares… no entanto, ninguém se atreve a generalizações sobre a classe médica, mesmo quem tenha sido directamente atingido por actos de negligência grosseira sobre a “vida humana”.
    Uma das acusações recorrentes sobre professores diz respeito à avaliação de docentes, a qual seria “mal aceite” ou rejeitada em bloco. Eu não conheço nenhum professor que se oponha a ser avaliado. E aulas assistidas, sempre foram realizadas nos antigos estágios pedagógicos, sem qualquer resistência ou polémica. Mas se discutirmos o modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues, aí sim, veremos uma rejeição generalizada. Seria bom entender porquê, em vez de embarcarmos em leituras políticas partidarizadas ou convenientes, à esquerda ou à direita.

    Quanto a Crato, estamos entendidos. Sem correr risco algum de generalização, podemos dizer que é um ministro incompetente e ideologicamente nefasto.

  15. Roteia: Se alguém generaliza, não sou eu de certeza. Sabemos todos, incluindo você, que a FENPROF conduziu toda aquela campanha vergonhosa no tempo de MLR por sentir que a avaliação era um «ponto sensível» da classe, capaz de a unir em torno da sua liderança. E continua a ser. Como é que traz para aqui os antigos estágios pedagógicos, se eles acabaram há décadas? Durante anos e anos após o 25 de abril, não houve qualquer acompanhamento de aulas, nem na fase de formação, nem para efeitos de progressão na carreira.

    Por outro lado, também não há como negar a preocupação de contenção de despesa que as propostas de MLR visavam. Atendendo ao que vemos hoje, até eram extremamente “soft”. Mas tinham uma base incontestável – era um facto que os professores não eram todos excelentes nem muito bons.

    Os médicos não são bem chamados para aqui. Para além de lidarem com questões que giram em torno da vida e da morte e de ser fatal como o destino termos de recorrer aos seus serviços alguns dias das nossas vidas, nada nos impede de escolher os que mais nos agradam e de rejeitar os que consideramos incompetentes. Não é o caso dos professores, que era, não sei se ainda é, praticamente impossível fazer substituir ou sequer selecionar à entrada.

  16. A defesa obcecada e cega que os adoradores do querido líder fazem à governação deste e da Lurdinhas leva-os, inevitavelmente, a dizer asneiras e falsidades, próprias de alguém manipulado, como eu afirmei anteriormente.
    A fenprof conduziu uma campanha vergonhosa contra a Lurdinhas? A fenprof só deu expressão à revolta dos profs, que surgiu espontaneamente nas escolas e daí foi para a rua. O que até se pode dizer é que o acordo conseguido pela fenprof (e outros sindicatos) ficou aquém daquilo que os profs queriam. E daí que muitos deles já não acreditem que as manifestações ou protestos alterem alguma coisa.
    Os estágios pedagógicos acabaram há décadas? Não, rapariga! Os estágios pedagógicos continuam a existir, mas desde 2006 são uma caricatura daquilo que eram. Antes dos anos 90, o estágio pedagógico era realizado depois de se concluir o curso respectivo, o que quer dizer que se podia dar aulas sem fazer qualquer estágio. O que esse estágio permitia era entrada na carreira, ou seja, permitia que um professor se tornasse efectivo. A partir do fim dos anos 80 o estágio passou a estar integrado no próprio curso, e portanto passou a obter-se profissionalização (mas não a entrada na carreira) com a conclusão do próprio curso. Portanto, estágios sempre houve, nunca acabaram, só que em 2006 o querído líder teve uma ideia brilhante para “melhorar” o ensino e a “formação” dos professores. O estágio integrado deixou de ser remunerado e os estagiários deixaram de ter turmas para dar aulas. O estágio passou a consistir em apenas trabalho bur(r)ocrático, e por isso pode-se dizer que os estágios propriamente ditos acabaram com a Lurdinhas.
    O que esta “brilhante” medida revela é apenas uma coisa: afinal, para o querido líder e para a Lurdinhas, os professores para serem “excelentes” não precisam de dar aulas durante o ano de estágio, nem, consequentemente, precisam de ser avaliados na sala de aula. Quem conseguir perceber isto, perceberá facilmente por que é que a “avaliação” de professores foi tão contestada e por que é que não avaliava nada, mas apenas pretendia pôr um travão à progressão na carreira e cortar na despesa. Só os eternamente manipulados acreditam que o querido líder queria melhorar o ensino e distinguir os bons dos maus professores. Portanto, diferenças neste domínio entre o Cretino e o Socretino há poucas ou nenhumas: inventam umas medidas cujo objectivo primeiro e único é precarizar uma profissão e cortar na despesa, mas conseguem convencer os fieis e ceguinhos que são medidas destinadas a melhorar a educação e a promover a excelência. È a festa da educação.

  17. cretinos e socretinos: Como eu já disse lá atrás, há duas questões distintas: a formação para a profissão (que não tem obrigatoriamente de dar acesso à mesma) e a avaliação de quem já está no sistema, que considero fundamental. Dizes que o sistema da “Lurdinhas” não “avaliava nada”. Para ti, o que é que “avaliaria mesmo”? Elucida-nos. Com certeza que não era o sistema que vigorava (fui professora na década de 80 e princípios de 90 e, seguramente por distração, nunca dei por ser avaliada; apenas no estágio exclusivamente teórico que fiz, em provas escritas finais). No meio da algazarra, nunca cheguei a perceber o que seria para vocês uma boa avaliação. E, já agora, como é que se arranca com um sistema novo, se não for fatalmente com o “handicap” de ninguém antes do dito arranque ter jamais exercido funções de avaliador?
    Uma terceira pergunta: o que tens contra a redução da despesa do Estado, aliada ao estímulo para fazer melhor?

  18. Em primeiro lugar, eu não sou professor. E em segundo lugar, custa-me a acreditar que tu tenhas sido professora, porque essa treta de “estágios teóricos” é coisa que nunca existiu. Como eu disse, antes dos anos 90 fazia-se o estágio para ingressar na carreira, o que quer dizer que esse “estágio teórico” que te venderam não te permitiu aceder a qualquer carreira (como é evidente). E nem foi estágio nenhum, pois, tanto antes como depois dos anos 80, os estágios pedagógicos consistiram sempre em dar aulas. O que acabou com a Lurdinhas.
    Portanto, vamos lá ver: o facto de tu nunca te teres apercebido de qualquer avaliação no sistema que existia, se calhar só tem mesmo que ver com casos “estranhos” como o teu, casos de pessoas que chamam estágio a uma aldrabice qualquer validada numa manhã de um Domingo qualquer. No meu entender, ao contrário da grande maioria dos professores, tu (e outros como tu) é que, pelos vistos, andaste a dar aulas sem nunca teres sido avaliada para tal.
    Quanto à “avaliação” da Lurdinhas já disse o que tinha a dizer: quem acabou com os estágios como eles eram (em que o essencial era preparar e dar aulas) é evidente que nunca esteve preocupada com a formação dos professores, nem com o que deve ser uma avaliação dos professores digna desse nome. Portanto, quem continuar a dizer que essa tipa queria melhorar o ensino com a dita “avaliação” está a fazer figura de idiota.
    Quanto à redução da despesa do Estado, tenho duas coisas contra a dita. Em primeiro lugar, e como já disse, sou contra os queridos líderes manipuladores e aldrabões que fazem cortes nas áreas sociais dizendo aos ceguinhos que o que pretendem é “reformar” e “melhorar” o sistema. E, em segundo lugar, sou contra os cortes em si mesmos, mas admito que haja quem seja a favor, como parece ser o teu caso e o de todos aqueles que apoiam o Coelho e o Cretino.

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