As queridas operadoras andam demasiado à solta

A propósito da polémica que aí anda por causa da dificuldade de cancelamento dos nossos contratos com as operadoras de telecomunicações, com uma em particular, venho dar parte da minha experiência, pois talvez contribua para minorar a irritação mais do que justificada de muita gente e sublimar a minha própria.

No final do ano passado, dei-me conta de que a minha assinatura mensal dos serviços MEO aumentara. Como o meu período de fidelidade terminaria em meados de Fevereiro, enviei, em Janeiro, uma carta registada, com aviso de recepção, à operadora a avisá-la de que que a partir da data tal, podiam dar o contrato por rescindido. Não fui a nenhuma loja, não telefonei. Pouco tempo depois, um telefonema. Porquê, perguntavam eles. Ora, porque aumentaram a mensalidade sem dizer nada enquanto os novos contratos são mais baratos. Que não, tentaram eles, que o aumento não é mais do que uma actualização anual, uma prática comum a todas as operadoras, mas que, já que falo nisso, me fazem o preço que a nova operadora me irá fazer, etc. Uma mentira, como hoje se vê. Não há actualizações nenhumas. Eu, que cedera da última vez pude optar, mantive a minha decisão e mandei-os dar uma grande volta. Ainda pingaram mais uns telefonemas (muito menos do que da outra vez, diga-se), mas rapidamente desistiram. Limitei-me, no que toca a deslocações, a devolver-lhes o equipamento. Não são práticas aceitáveis. É explorar a boa-fé da maior parte das pessoas. É a técnica do “se não disseres nada, tanto melhor para nós”, ou seja, “quem não chora não mama”.  A chico-espertice autorizada.

Não tenho a certeza de que a nova operadora não persiga também essa prática. Para já, no que respeita ao pacote geral, nada o indica, mas ainda é cedo para avaliar. Soube de uma terceira operadora que contactou dois meses antes um amigo meu para discutirem a renovação do contrato. Parece-me bem mais correcto.

Porém, contudo, com esta minha operadora actual, passou-se há dias o seguinte: sou assinante da SporTV, um serviço caro, a rondar os 30 euros mensais, e, assim sendo, em meados de Julho, como iria estar fora durante um certo tempo, suspendi a assinatura – tudo muito fácil, desliga-se o serviço na própria televisão. Passado um mês, um telefonemazinho da operadora, não da SporTV, que não lida connosco directamente, a querer saber por que razão desligara o serviço e se pensava reactivá-lo e quando. Sim, por acaso pensava reactivar e já no próximo mês. Seguiu-se então, estranhamente, ou não, uma proposta sem dúvida atraente: o serviço seria reactivado daí a uns dias, eu pagaria apenas 19,99 euros por mês e teria direito aos cinco canais SporTV. Contrapartidas? – perguntei. Os canais não seriam em HD e, durante um ano, não poderia desactivar o serviço. Mas não era só. Findo o ano contratual, a mensalidade passaria a ser 23,99 euros e já não os 27,99 anteriores. Por bem ou por mal, tudo claro, ressalvo eu e atrevo-me a aplaudir.

No entanto, estes esquemas são difíceis de enxergar pela maior parte dos clientes. Imagino que exista um departamento nas operadoras designado “Manigâncias”. Depois de registar o nome do funcionário que me contactou, assim como o dia e a hora do contacto, aceitei a proposta, até porque não vejo uma diferença abismal entre a imagem em HD e a outra e sobretudo não pensava, aliás, não costumo, desligar o serviço ao longo do ano (se calhar faço mal). Mas pergunto-me o que teria acontecido se eu não tivesse decidido desligar o serviço em Julho. Pergunto e respondo: continuaria a pagar estupidamente 27,99 euros por mês à operadora, que estaria superconfortável com isso.

2 thoughts on “As queridas operadoras andam demasiado à solta”

  1. o meu caso é um pouco diferente, mas o cheiro a podre é o mesmo:
    Sendo cliente Meo (M50) e morando em zona de fronteira, com muita frequência utilizava sem saber, para fazer ou receber chamadas, as operadoras espanhola, que têm sinal mais forte. Esta situação terminou em meados de junho. A partir dai, sem saber, fui barrado a chamadas internacionais. Porquê?! Pois bem, até meados de junho a operadora cobrava-se das chamadas internacionais, que realizava em território português. Com a extinção do pagamento do roaming, em 15/6, a Meo tomou uma decisão radical: em vez de aumentar o sinal na minha zona, barrou o telemóvel a chamadas internacionais. Até ontem estive barrado a ligações internacionais, mesmo no estrangeiro, onde me apercebi de que algo estaria errado com o telemóvel. Contactada a Meo, depois de meia hora à espera (na área de cliente é desperdício de tempo), fui informado do barramento (e ainda fui culpado por ele), desde 15 de junho! Que oportuno. Até 15 de junho fazia chamadas normalmente e pagava-as, como internacional; a partir desta data, que não tinha custos acrescidos, pedia o barramento! Sacanas.
    A muito custo, cancelaram ontem o barramento, depois de 34 minutos à espera, pagando.

  2. Para JS – embora com outra operadora , precisamente em zona de fronteira. aconteceu-me rigorosamente o mesmo. Desconhecia que o barramento a chamadas internacionais também era feito na operadora. Pensei que fosse só no TLMOVEL.
    Quanto a assuntos com a MEO, tive um, por não saberem ( ou quererem ) explicar um aumento de fatura, que duros cerca de oito meses a resolver, com telefonemas, advogados ameaçadores, etc.. Só terminou quando “apanhei” o nº de telefone do contencioso. Passado dois dias tinha a carta com a resolução em casa. Entretanto já tinha mudado de operador! Mas aprendi que me fartei, a lidar com as empresas de telecomunicações ( não há grande diferença entre elas!)

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