Ao Ministério Público: há limites para a não admissão de um erro grave. A Procuradora-Geral continua alheada

Para além da ignorância que demonstra sobre o exercício da actividade política, a qual inclui a atracção de investimento para o país, nomeadamente investimento estrategicamente importante que requeira eventualmente a eliminação de obstáculos burocráticos, ignorância essa que está na base deste escândalo judiciário (pior ainda se for pura má-fé/perseguição política), e sem prova alguma da existência de corrupção no caso Influencer, o Ministério Público repete, no seu recurso da decisão arrasadora do juiz, a tese do grave “conluio” entre membros do Governo e a empresa Start Campus, agora porém mudando a agulha de Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária como principais alvos, para João Galamba, classificando-o de autor e mentor de todo o esquema, nas suas palavras “de todos os factos em apreço”. Mas, pelo caminho, pratica o absurdo ao deixar cair o pedido de prisão preventiva, nem sequer o pedindo para o grande criminoso Galamba, ao mesmo tempo que entende que os arguidos Lacerda e Escária podem continuar a actividade criminosa e por isso não devem poder comunicar entre si (mas que actividade criminosa? Intermediar um negócio com o Governo?). O João Galamba, que nem ouvido foi, é, pois, agora o grande satã e isto porque não pagou do seu bolso dois jantares. Claramente os senhores procuradores perderam de vez a noção do que lhes compete e o sentido do ridículo.

Diz o Público que: “No recurso às medidas de coacção, o MP diz que Galamba foi autor e mentor dos factos.
Neste recurso, o MP acaba por deixar cair os pedidos de prisão preventiva, apesar de considerarem que os “elementos probatórios existentes” o podiam permitir. Porém, os procuradores reconhecem que “exoneração de funções de Vítor Escária”, o “pedido de demissão do primeiro-ministro” e a “dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições a 10 de Março de 2024” são “circunstâncias com manifesto relevo para a tomada de decisão”.

https://www.publico.pt/2024/01/04/sociedade/noticia/recurso-medidas-coaccao-mp-galamba-autor-mentor-factos-2075683

Demasiado cristalino. Os procuradores golpistas, que não têm pejo em dizê-lo, entendem que, agora que Costa já caiu, os seus colaboradores mais próximos, Lacerda Machado e Escária, já não têm tanta importância, por isso aceitam que não fiquem detidos, mas atenção que a actividade criminosa poderá continuar…; e o Galamba, alegadamente próximo de Pedro Nuno Santos, sobe ao patamar de “autor e mentor” de factos gravíssimos, mas também sem pedido de prisão preventiva, suponho que por já se ter demitido, um objectivo pelos vistos traçado e alcançado pelo MP. Então para que servirá esta centragem no João Galamba? Continuando a descarada intervenção da Justiça na Política, só pode ser para ver se o Pedro Nuno também cai ou pelo menos chega coxo ao lugar onde pretende subir. Não têm vergonha nenhuma.

E a empresa? A empresa só pode ser para liquidar ou decapitar. Se não, vejamos:

A Afonso Salema e Rui Oliveira Neves o MP pede como medidas de coacção a proibição de contactos com outros arguidos, bem como com membros do Governo — actuais ou futuros — e ainda dirigentes das demais entidades referidas no despacho de apresentação, concretamente a Câmara Municipal de Sines, a AICEP, a AICEP Global parques, a ApA, o ICNF, a DGEG e a REN.

Francamente. Só espero que este recurso seja rapidamente indeferido.

E o autarca de Sines? Ah, para esse continuam a pedir “a suspensão do exercício de qualquer cargo político, nomeadamente do cargo de Presidente da Câmara Municipal, a obrigação de não contactar com todos os demais arguidos, bem como os funcionários da autarquia referidos no despacho de apresentação. Além disso, o MP pretende que o autarca fique proibido de frequentar diversos edifícios da Câmara Municipal”.

Isto porque, recordemos, pediu dinheiro para duas associações locais como contrapartida da aceleração do processo.

Estamos a ver o Ministério Público a preferir enterrar-se a admitir os seus erros. Mas há vítimas no meio disto tudo e a estabilidade de um país em risco. O MP quer saber disso? Nada. Tudo, mesmo dar circo, é preferível à autocrítica.

6 thoughts on “Ao Ministério Público: há limites para a não admissão de um erro grave. A Procuradora-Geral continua alheada”

  1. O Valupi não reparou na infame pulhice contida no comunicado acerca do “esquema” na frase quando o MP refere a necessidade de prisão preventiva para o “amigo” de Costa que diz (cito de memória) mais ou menos isto, «Para mais quando o PM continua em funções e há o perigo de o esquema continuar»
    Desta forma tortuosa, à semelhança do famoso parágrafo que incluía o nome do PM para despedir/em Costa, agora de forma ardilosa, nesta frase de bordel pidesco, insinuam às claras que Costa está metido no “esquema” montado e dirigido pelo Galamba.
    Há um “esquema” dizem declaradamente mas nem uma palavra escutada ou papel escrito que prove, ou sequer, crie qualquer espécie de dúvida apresentam relativamente a um assunto de tão importante magnitude para o país.
    Afinal estes senhores procuradores pensam e querem o quê para Portugal?

  2. “Os três procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que estão à frente da investigação da Operação Influencer solicitam no recurso que apresentaram no Tribunal da Relação de Lisboa que este tribunal superior reconheça os perigos de continuação de atividade criminosa e de perturbação de inquérito dos cinco arguidos detidos em novembro. Para tal, alegam que “existe a forte possibilidade de o arguido Diogo Lacerda Machado” poder “continuar a actividade criminosa”, “tanto mais que o primeiro-ministro [António Costa]”, tido “como o seu melhor amigo, continuará em funções pelo menos até ao dia 10 de Março de 2024”, lê-se no texto do recurso ao qual o Observador teve acesso.”
    https://observador.pt/especiais/mp-diz-que-lacerda-pode-continuar-alegada-actividade-criminosa-porque-costa-o-seu-melhor-amigo-continua-em-funcoes-ate-dia-10-de-marco/

  3. O processo INFLUENCER só na aparência é um processo jurídico. Substantivamente trata-se de política pura e dura feita pelo mp, um processo político, portanto.
    Pelo que se conhece do recurso do mp, parece até que os procuradores desistiram já fingir que se trata de um processo judicial, pois para além de não apresentarem provas para apontem para a existência de quaisquer crimes, uma repetição do que aconteceu quando o processo foi levado perante o juiz de instrução, consubstanciam agora novas acusações recorrendo à calúnia, à provocação e à má fé.
    Calúnia e provocação quando referem que o amigo de António Costa pode continuar a atividade criminosa pelo facto de António Costa continuar como 1º Ministro, sem apresentarem qualquer facto que suporte tamanho insulto. Isto é inadmissível, até do ponto de vista institucional, e o pR tem por obrigação exigir da nulidade que okupa o cargo de pgR (eu é mais bolos…), um pedido de desculpas ao 1º Ministro, que ele manteve em funções, confiou, até ao final de Março.
    Má fé quando acusam Galamba de ser assim uma espécie de capo mafioso, confundindo a atividade normal, o trabalho de um ministro, com esquemas obscuros de que supostamente terão resultado vantagens ilegais para alguém.
    Da atividade do ministro Galamba resultaram vantagens? Sim, para o país mais que para a empresa, que se não realizar o investimento em Portugal o irá realizar noutro sítio qualquer, o que é ao dia de hoje o mais provável.
    Afasto totalmente a possibilidade de haver aqui incompetência dos procuradores e da hierarquia do mp. São meninos crescidos, já andam nisto há muito tempo e sabem bem ao que andam e as repercussões dos seus desmandos. A lei veda ao mp o desenvolvimento de atividades políticas. Há delinquência no mp? A resposta só pode ser afirmativa. De gente assim não havia registo desde os tempos da PIDE.
    Trata-se de políticos, não procuradores, políticos que hoje mobilizam a população para ilegalizar os políticos e que quando atingirem esse objetivo mobilizarão os políticos então no poder para ilegalizar os protestos da população.

  4. Mas o que raio de coisa é uma lei sem medida? Então todas as leis acerca de determinado assunto não são feitas em consequência e “à medida” desse assunto? Quando no Parlamento se pede uma lei que legalize o lobi tal lei não é feita à medida dessa atividade considerada necessária?
    Então quando o governo faz leis acerca e sob pressão de sindicatos, ordens, associacões, manifs. etc. não está fazendo leis “à medida” sobre um determinado assunto considerado de interesse do país? Quando faz leis sob reivindicação dos magistrados para obter melhores regalias e mais autonomia não está procedendo “à medida” da pretensão dos ditos cujos?
    O governo pode fazer leis “à medida” do interesse de magistrados e outros grupos de pressão social e não pode fazer leis “à medida” do interesse do país?
    Pelo que nos informa o “lei malandra” acima, mais uma vez, o Marcelo estará intrometido no assunto por via venenosa. Só perante as labaredas da fogueira vem acrescentar fogo ao fogo ao promulgar a destempo a lei que desfazia dúvidas e suprimia qualquer nota de ilegalidade.
    Na guerra colonial as mulheres e filhos de nativos, quando se lhes perguntava pelo homem ou pai, respondiam: «foi no confusão». Pois Marcelo também está sempre metido na confusão dos acontecimentos estranhos do país e assim será enquanto lhe derem qualquer cargo de responsabilidade. Até ao dia que povo o considere um desprezível rico-sem-abrigo.

  5. ” Segundo o Ministério Público, diz o Observador, o ainda primeiro-ministro é suspeito da alegada prática do crime de prevaricação devido à aprovação do novo Regime Jurídico de Urbanização e Edificação no Conselho de Ministros do dia 19 de outubro de 2023.”
    MAS
    “PGR recusa-se a esclarecer se António Costa é suspeito de prevaricação”
    E
    “Esta sexta-feira, o Observador avançou que António Costa é suspeito do crime de prevaricação devido a uma lei alegadamente negociada entre João Tiago Silveira e João Galamba para beneficiar Start Campus”

    Mas afinal é oficial ou fuga de informação ??????? Em que ficamos ?
    E se foi fuga vai haver investigação ou será que mais uma vez vamos a ficar a ver gambozinos ?
    E se foi fuga que tem o PR a dizer já que a PGR não diz nada ?????

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