Estar livre do Bloco dá alegria a muita gente e é motivo para celebrar. Não duvido. Com flores e tudo. E o já “livre” Rui Tavares, como de resto qualquer cidadão, tem todo o direito e toda a liberdade de formar um novo partido. Mas, para nos convencer de que o seu projeto é mais do que a mera necessidade de conseguir uma base de apoio para continuar no Parlamento Europeu depois de ter rompido com os bloquistas, vai ter que esclarecer muita coisa.
Por exemplo, no campo dos princípios:
1. O nobre princípio de «Libertar Portugal da dependência financeira e do subdesenvolvimento económico e social» difere em quê exatamente do valente e patriótico, porém juvenil e indefinido “Que se lixe a Troika”? Conviria precisar, descrevendo os cenários possíveis.
2. «Traçar um modelo de desenvolvimento para o país assente na valorização das pessoas, do conhecimento e do território». Muito bem. Concordo. Eram apostas de Sócrates: educação, formação, ciência, universidades. Mas estavam Rui Tavares e os seus putativos apoiantes de acordo ou em desacordo com elas? Na altura não dei por nada que denotasse um, pequeno que fosse, entusiasmo. Eventualmente um embrião de entendimento? Que ideias novas/diferentes inspiram agora este propósito?
3. No capítulo do «Europeísmo», o que entendem por “expansão da soberania”? Do que tenho lido dos escritos de RT, não me parece que seja o reforço da soberania de cada Estado (o que seria contrário ao “ideal europeu”) ou a expansão da soberania de Portugal a Espanha ou, vá lá, à Galiza e seguramente também não a expansão da soberania da Alemanha sobre outros. Como expandir então a soberania de Portugal? Ampliando a zona económica exclusiva em volta das ilhas? Não vejo qualquer outra possibilidade. Bom, mas talvez se refira à transferência de poderes nacionais para um poder central europeu, com respeito pela soberania de cada um. Tarefa difícil. Nesse caso, qual a representatividade dos diferentes países? De onde governaria esse governo a Europa? De Roma, como há dois mil anos? Ou de Berlim? Bruxelas é uma hipótese? Em que medida isso nos “libertaria da dependência financeira”? Como se compatibiliza essa visão federalista com a lei do mais forte a que a Europa está sujeita hoje em dia e de que não se livraria possivelmente? Para voltar ao Parlamento Europeu e reclamar essa nova ordem europeia, há que ser mais específico.
4. No que toca à vontade de ter uma palavra, vaga ou precisa, numa instituição europeia para a defesa de um ideal, estamos esclarecidos. RT quer. E gostaria. Mas, se não for eleito, fica em Portugal a liderar o partido das papoilas? E se for eleito, quem liderará o partido e que com que finalidade nacional? Uma aliança com o PS ou apenas a destruição do Bloco?
5. E por falar em liderar: considera Rui Tavares e consideram os seus apoiantes que tem o perfil apropriado, ou seja características mobilizadoras, para líder de um partido português, antes de europeu? Rui Tavares é pouco conhecido e sempre manteve um perfil baixo.
A vertente ecológica e o seu peso também precisam de ser esclarecidos. Se não, fica a dúvida se não será apenas uma maneira de os eleitos deste partido integrarem o grupo dos Verdes no Parlamento Europeu (grupo Verdes/Aliança Livre Europeia), para onde Rui Tavares se transferiu, e onde não estão inseridos os eleitos do Bloco (GUE/NGL).
Concordando com o post do Valupi ali em baixo, acho, no entanto, que, ambições pessoais de Rui Tavares à parte, a liberdade de formar um partido é incontestável e que o principal rombo se deverá operar no Bloco, o que não é mau. Por isso, entendam-se ou desentendam-se. A menos que o Bloco em peso decida abandonar o radicalismo e aquela liderança bicéfala que não funciona e aderir ao novo partido, para a governabilidade do país à esquerda pouco deve acrescentar.
Lembro-me do PRD…Estes historiadores não me parece que se lembrem. É bom que revisitem a história recente para avaliarem o que pode significar mais este acrescento à rejeição do bloco e pc , alinhadinhos com a direita contra o PS… Agora armam-se em salvadores… Isto não significa que o Tavares não tenha direito a fazer o partido que quer … Aliás´, depois pode surgir mais um : a Frente BLOCO /LIVRE…. Quantos mais melhor… para a direita….
Sem dúvida, Penélope, todos os partidos são bem-vindos. E este até se propõe ser especialmente útil para se conseguir vencer o bloqueio à esquerda. O problema são os conteúdos programáticos e respectiva práxis, que neste momento correspondem a nada.
“E este até se propõe ser especialmente útil para se conseguir vencer o bloqueio à esquerda.”
eheheh! o que o gajo quer é tacho, a ideia é convencer o tózero das virtudes do grupo da papoila e das vantagens do ps integrar um independente na lista das europeias. se resultar, nas próximas legislativas temos mais independentes pelo ps, a púdica joana, ex-assediada pelo campos ou o sá-tunel-fernandes, para fazerem companhia a isabel. caso não resulte, não se fala mais nisso, ir a votos por conta própria dá chatisses, trabalho e despesa, e depois todos ficam a saber quanto pesam.
O que a direita quer é muitos partidos, quanto mais melhor, à esquerda, e em especial se nenhum se propõe integrar governos liderados pelo PS…..!!!!
Ser simpático e idealista não chega….há que assumir riscos e dispor-se ao escrutínio dos cidadãos…..!!! Paleio e grandes tiradas filosófico-politicas é para idealistas vazios e inconsequentes !!!!
RT vai mudar o panorama da esquerda em que os pequenos partidos defendem a sua “quinta” porque sim ?????
Há um capital de simpatia para com Rui Tavares, que tem manifestado competência e determinação no seu lugar no PE.
Falta cumprir-se o ideal feito ação concreta no panorama politico nacional…!!!!
lá para trás escrevi chatisses, devia estar inspirado com uns matisses.
O partido da “papoila” é mais um delírio a juntar a outros que só aparecem quando há eleições.
O mais certo, concorrendo às europeias, é não eleger sequer o seu líder.
O Dr. Rui Tavares teria sido mais inteligente se se juntasse ao PS onde teria mais hipóteses de ter uma acção política verdadeira mente consequente.
Assim….
E o “socialismo” que defendem? Coisa tão fofinha ( assim no mesmo estilo do TOZE)
bento.o socialismo que defendemos se só tiver 1% do teu,somos o povo mais leliz do mundo.prefiro a formaçao de um partido que tire votos ao pcp e bloco do que à entrada no partido socialista.se surgir terá a minha assinatura e a minha convicçao de que não vai ser um sucedaneo de bloco ou pcp.
Minha cara se o Rui Tavares fizer , e digo fizer, alguma mossa será ao PS,pois ao Bloco, partido a que o Rui Tavares NUNCA pertenceu, e perante o seu descarado OPORTUNISMO, pouca ou nenhuma mossa fará.
Se conseguir atrair a Ana Gomes, a Isabel Moreira, a Inês de Medeiros, e mais algum deputado do PS, descontente com o Seguro, e que não alinhe na conversa do Costa, talvez o seu partido unipessoal , possa representar alguma coisa, de contrário o tal livre , não será mais, que uma moeda de troca, para um lugarzinho nas listas do PS ao Parlamento Europeu.
A luta por uma alternativa de ESQUERDA, não passa por aqui.