Lendo os principais ideólogos do agrupamento que se poderia intitular “Estado mínimo” ou “Portugueses contra zonas de conforto”, que publicam (e espumam) no Observador – o Rui Ramos e o José Manuel Fernandes -, ou Rui Rio faz como eles querem, a saber, defende que se “reforme o Estado” despedindo todos, que se privatize tudo, desde a saúde à educação, passando pelos transportes públicos, que se extingam as chamadas “clientelas do Estado”, como bombeiros, guardas florestais, assistentes sociais, operadores de Kamov, professores ou médicos, e que se dê a iniciativa a entidades privadas (como já fizeram, para agora se queixarem da falta de pessoal em todos os serviços básicos que o Estado tem obrigação de prestar aos cidadãos, como a protecção e a defesa, além dos serviços postais), ou eles, a direita desmiolada e os promotores do derrotado Santana Lopes fazem-lhe uma guerra tal que, se o homem não cair com os disparos, formam um outro partido. Poderá ser o… deixa cá ver… PPD. O segundo «P» valeria por «populista». Estaria na moda e diria ao que vinha. Seria politicamente incorrecto, elitista, grunhista e anti-distribuição. Defensor dos salários baixos. Um partido de direita a sério. A apoiá-los, contariam com pessoas como o André Ventura e o Passos Coelho. Estás feito, Rio. Se não fazes demagogia com a sustentabilidade da Segurança Social, o chamado “direito de escolha” no ensino, as gorduras do Estado, os direitos adquiridos, o salário mínimo e o próximo Procurador-Geral do Ministério Público, cuja nomeação os socialistas querem (sempre) viciar, o futuro PPD faz-te a folha.
*Por exemplo, este
É curioso como o aparecimento do Observador, e um alinhamento editorial mais nítido de, praticamente, todos os jornais e televisões da praça com o jotismo ultraliberal pregador de ódios, coincide com o declínio eleitoral da direita. Quanto mais falam mais se enterram. Sim. Em vez de fazerem política partidária disfarçada de jornalismo, seria útil um novo partido para saber de facto quantos votos estas caras valem.
O Rio, Penélope, sabe como fazer das tripas, à moda do Porto, coração. :-)
Vozes de BURROS (atolam-se logo nas primeiras nuvens)…
A camarilha golpista de 2 009-2 011, que desgraçou MISERAVELMENTE este País (ao ponto de o insuspeito Marcelo R. de Sousa ter de parecer hoje um perigoso e subversivo marxista), ainda NÃO PERCEBEU (nem dá quaisquer mostras de algum dia vir a PERCEBER) que a “realidade alternativa” que penosamente tentou construír durante meia-dúzia de anos e muitos esforços merdiáticos – e que ruíu fragorosamente no dia em que foi HISTÓRICAMENTE chumbado o pindérico e confrangedor XXº guverninho constitucional do ppc (pobre passos coelho) – é um farrapo roto e encardido de que ninguém, repito NINGUÉM, quer mais ouvir falar.
E se este salvífico Rio não perceber que o problema principal do PSD está em desistir do sonho húmido em que ainda vive e acordar – ACORDAI! – para a realidade do País, pois bem pode pôr o farrapo na máquina e passá-lo a ferro que ainda não é desta que vai saír do fundo do sofá, lavar a cara, vestir-se e voltar a encarar a vida real às claras.
Boa sorte (ou alguém que lhes abra os estores e lhes ponha música bem alta ao pé dos cornos…)!
Por outras palavras: a “missão histórica” do PSD na Democracia portuguesa (se é que alguma teve…) pode considerar-se esgotada a partir do momento em que a “Esquerda radical” (no fundo, mais uma expressão pejorativa da narrativa merdiática…) saíu do armário e se governamentalizou, ao mesmo tempo que o espaço político social-democrata foi definitivamente associado pelo eleitorado português ao PS e o PPD se casou pela Igreja (para a vida!) com o partido do Jacinto Leite Capelo Rego e explicita ou (em certos casos) implicitamente assumiram, como casal funcional, TODA a pesada herança dos defuntos corporativismo e miserabilismo social salazaristas, com contornos fortemente autoritários, tradicionalistas, revanchistas (sobretudo da Descolonização), neo-liberais puros e duros e, sub-repticiamente, obscurantistas.
“QUO VADIS”, psd?
“QUE FAZER”, Rui Rio?
Em resumo: se o Sá Carneiro hoje fosse vivo, não serviria para nada.
Dói muito, mas é exactamente isto que os ppdês precisam de aceitar, se querem voltar à vida.
Pois eu cá estou convencido de que existe uma fortíssima probabilidade de eles não quererem voltar à vida…