Ah, ah! Vocês são/eram o quê?

Com a degradação da perspetiva («outlook») da Alemanha, Holanda e Luxemburgo pela Agência Moody’s, está finalmente a chegar o momento «nós não somos a Grécia» também para estes países. Para já, a Alemanha ousa apenas protestar, dizendo: «Nós somos a âncora da estabilidade da Europa». Pode ser, mas a mim parece-me mais que são a âncora da sua própria estabilidade e da dos satélites mais próximos. Até um limite. Para não se tramarem, os alemães teriam que exercer ou ter exercido esse papel com uma visão europeia, coisa que não lhes passa pela cabeça. Chegamos assim ao ponto em que a rã gostaria de se libertar do escorpião e o escorpião da rã, mas não conseguem. Vão os dois ao fundo.

14 thoughts on “Ah, ah! Vocês são/eram o quê?”

  1. A Alemanha não é a ancora ,mas a coveira da europa.Uma ancora tinha atacado de inicio o problema grego mesmo sem baldas, e a europa não tinha chegado a este estado de putrefação.Com a recuperação que o homem de Massamá está a levar a cabo… ainda estou a ver Merkel vir a Portugal pedir dinheiro depois do resgate. A nossa troika seria composta pelos dignissimos social democratas: Dias Loureiro, Oliveira e Costa e Catroga tudo gente dedicada à causa.$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

  2. “Só por curiosidade, liderança e visão europeia teriam alguma coisa a ver com financiar a Grécia?”

    depende, se achares que a grécia é europa, faz sentido ser financiada, mas se achares que é áfrica já não faz. parece uma resposta estúpida, mas a pergunta não ajuda.

  3. É sempre bom dar uma vista de olhos pela História para recordar alguma coisa.
    Em 1930, na querida Alemanha de alguns novos germanófilo (afinal não devem ser muito diferentes dos anteriores), o desemprego crescia, a agricultura definhava, a crise que tinha abalado os EUA e que tinha afetado este lado o Atlântico assustava a classe média alemã, o que fez com que o sr. Hitler em dois anos saltasse do milhão de votos de 1928 para quase seis milhões e meio em 1930!
    Na altura foi explorado o ‘perigo judaico’ para entusiasmar o votante e claro, o famoso espaço vital.
    Hoje ninguém se lembra do assunto e criou-se entretanto um novo bode expiatório – os povos do sul – e o novo espaço vital, leia-se défice.
    O pior, é que a classe média que comprava produtos alemães está a transformar-se na nova classe pobre que compra artigos chineses e vai daí a Alemanha começa a ficar à rasca, do mesmo modo que as Holandas e Luxemburgos se ressentem da falta de ar das maiores empresas.
    Há quem defenda mais austeridade, o que se traduz por menos carros, menos televisões, menos eletrodomésticos, menos passeatas domingueiras, menos consumo de bens não essenciais e até os essenciais sofrem quebra pois o belo bife é substituído pela boa sopinha que leva menos carne mas alimenta melhor, deixando as salsichas e derivados nas prateleiras e voltando se calhar a aparecer os estéticos galinheiros nas varandas que eram moda nos idos da primeira metade do século passado.
    Se calhar, liderança e visão europeia terá a ver com pagar as dívidas, não vender armamento a quem não tem dinheiro para tal, não deslocalizar empresas para fora da Europa, retribuir o que lhes deram quando estavam enterrados em cacos até ao pescoço e não tinha sido por culpa dos outros, mas nessa altura ninguém lhes disse que eles tinham de passar fome e sede porque por causa de apoiarem o senhor Hitler tinham escaqueirado meia Europa que se recompôs à sua própria custa.
    Consta que nessa altura não havia alemães, holandeses, finlandeses e demais abéculas a dizer que não aceitavam esmolas cá do extremo.

  4. Luis: Teriam a ver com sentarem-se todos à volta de uma mesa, se não antes pelo menos em 2010, quando começaram os ataques especulativos, e, tomando a palavra, a Alemanha dizer, por exemplo: «Meus amigos, os tempos não vão ser fáceis. O euro tem fragilidades, resolvemos isto em conjunto ou é cada um por si? Sabemos que as dívidas de nós todos aumentaram forçosamente no último ano para sustentar as economias e o emprego.Em muitos países, os bancos, [… ]. Os nossos bancos também estão extremamente expostos às dívidas soberanas de alguns de vós. Por outro lado, há desperdícios no setor público um pouco por todo o lado, que devem ser corrigidos […] . Também o BCE e os seus estatutos [… ]», etc. e tal por aí fora. O que já sabemos, não vale a pena repetir.
    Em vez disso, o que se fez? Não se mexeu uma palha nas atribuições do BCE, em vez de solidariedade e soluções conjuntas, seguiu-se a via do cada um por si, disponibilizaram-se empréstimos aos países em maiores dificuldades como se a CE e o BCE fossem o FMI, ou seja, uma entidade absolutamente externa e alheia ao projeto europeu, com cobrança de juros muito pouco “solidária”, e enveredou-se pelos discurso moralista dos gastadores e irresponsáveis que mereciam ser castigados com austeridade em dose tripla.

    Se isto me diverte? Não muito. Gosto de ser europeia. Mas, de tão previsível, a atitude das agências de notação e sobretudo a reação da Alemanha só podem dar vontade de rir.

  5. Diz o gajo que caiu do 14º andar para aquele que picou o dedo com uma agulha:
    Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha !!!!!!!! Bem feita, pensavas que era só eu que me lixava?

  6. o objectivo disto tudo foi sempre atingir a alemanha. nunca pensei é que “os mercados” dos históricos agiotas se precipitassem assim , pensei que pacientemente e para disfarçar abatiam mais alguns pelo caminho antes e ferrarem o dente nos boches . ainda lhes saem os planos furados agora que tudo fica mais claro até prós ceguinhos.

  7. magnifico post, mais uma vez. Acho que é realidade, ainda que doia.

    Para quem aproveitei mais do que eu, um documento de sabios, para convencer o escorpião e não magoa-lo, aliás para fazer açoes para mudar o rumo da nau. Pois a tramóia da não intervenção do BCE para fazer uma política monetaria expansiva,que sería a solução não é posivel.
    Uns sabios juntarom-se e fizeram este estudo, para sairmos do entalamento .
    Em resumo, há um que diz que eles dizem:
    os problemas actuais são por um mal disenho do euro e a zona euro.
    A curto prazo, plan de emerjencia.
    A longo mutualismo das dividas, e novo desenho da eurozona.
    Eis o documento.

    http://ineteconomics.org/sites/inet.civicactions.net/files/INET%20Council%20on%20the%20Euro%20Zone%20Crisis%20-%2023-7-12.pdf

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *