A questão pós-eleitoral que verdadeiramente interessa

Haverá, nos próximos quatro anos, alguma possibilidade de toda a oposição (120 deputados, direita e esquerda) se coligar para mandar o Governo abaixo? Se há, o PS será obrigado a ceder a algumas exigências à sua esquerda, resta saber quantas, para conseguir garantias de estabilidade. Se não há, é lidar com os pequenos entraves, gerir a responsabilização por uma eventual crise e seguir para bingo.

 

Análise geral da situação

 

Percebe-se por que razão António Costa não só não pediu maioria absoluta como também disse, em campanha, que lhe parecia que os portugueses não gostavam de maiorias absolutas. Tratou-se de um um incentivo algo decepcionante à distribuição de votos, em seu próprio prejuízo. Mas percebe-se, porque, ao fim de quatro anos de pacto de não agressão e de apoio do Bloco e do PCP, soaria algo agressivo defender que “tudo muito bem, obrigadinhos, amigos, mas agora dispensamos empecilhos e vamos querer governar sozinhos“. Essa atitude suscitaria automaticamente da parte desses partidos insinuações, quando não acusações, demagógicas de “mal agradecido”, a que muitos eleitores facilmente adeririam e que prejudicariam o PS, considerado nessa base um partido abusador e sem ética. E digo “demagógicas” porque tais insinuações não teriam todo o fundamento necessário uma vez que eles próprios também obtiveram, graças à geringonça, vitórias, experiência e um acréscimo de importância, que guardarão como boa recordação e da qual será difícil prescindir. Costa não podia, pois, pedir maioria absoluta. Sabia as condicionantes futuras da formação da “geringonça”.

 

Ora bem, não pedindo maioria absoluta (não porque não a quisesse), Costa não a teve. Mas poderia ter tido, ou poderia ficar apenas a depender do PAN e do Livre, um partido europeísta (contrariamente ao Bloco), para conseguir uma maioria no Parlamento, se o Ministério Público não entendesse por bem vir provocar um “chinfrim” sobre Tancos em plena recta final da campanha. O certo é que veio, e os hipotéticos 39% de votos que se avizinhavam passaram a 36,6%. A formulação não agressiva encontrada por Costa para pedir maioria cingiu-se, dadas as condicionantes, a um pedido de uma “maioria reforçada”.

E agora aqui está o PS com essa maioria reforçada e com todas as probabilidades de esta não lhe servir para nada de positivo. E porquê?

 

Por isto: o PCP declarou de imediato estar fora de um novo entendimento escrito, interpretando a perda de votos como consequência da aliança com o PS. Um erro, mas eles lá sabem. O PCP declinará inevitavelmente, e já vinha a declinar, por razões históricas, e não há ruptura com os socialistas que lhe valha para voltar aos seus tempos áureos do PREC. Se apoiasse uma nova geringonça, o seu futuro também não ficaria melhor. Sendo, portanto, a sua situação difícil mas, a meu ver, independente de entendimentos, decidiu dizer que “passa”, pensando que assim se limpa seja lá do que for. Sem o apoio duradouro e explícito do PCP, e como os deputados do PAN e do Livre não chegam para o PS formar uma maioria parlamentar, resta o Bloco. E aqui está o problema. Muito provavelmente, ciente da sua importância para a estabilidade, Catarina enveredará por uma via de exigências, muitas delas impossíveis de satisfazer, como já se viu, porque implicam uma despesa de milhões e milhões de euros e um desvio de prioridades e de políticas inaceitável para os socialistas. Por outro lado, a votação no Bloco fica muito aquém da do Podemos, o que deveria e poderá levar o partido a uma certa e necessária contenção. De momento, não sabemos. Assim, tanto lhes pode subir a importância ao nariz e pouco se importarem com paralisias e instabilidade, como poderão ser razoáveis. Mas também eles farão contas à vida, como é claro.

Perante este cenário, o melhor é olharmos de novo para a pergunta lá de cima, porque a resposta à mesma decidirá se este Parlamento vai ou não funcionar e se o Ventura vai sequer ter oportunidade de se orgulhar, entre deputados, de ser fascista e racista. Mais do que uns meses.

30 thoughts on “A questão pós-eleitoral que verdadeiramente interessa”

  1. O PCP culpa o apoio à geringonça pela perda de votos? Então porque é que o BE manteve o número de deputados de 2015? Até podia ter subido de 19 para 20, não fosse o Livre ter-lhe roubado o sexto deputado que queria eleger em Lisboa.
    Na minha opinião, a descida do PCP deveu-se principalmente à melhoria da situação social e económica nos últimos quatro anos. Diminuíram os descontentes! Pode ter havido, por isso, muita abstenção entre os eleitores habituais do PCP, pois não acredito que tenham ido votar no PS.
    Antes de botarem faladura, Jerónimo e os seus camaradas deveriam analisar bem as perdas que tiveram agora, freguesia a freguesia. Mas muito antes das eleições eles já avisavam que não iam repetir a experiência da geringonça, com um medo tremendo de perderem votos. Afinal perderam-nos mesmo, e muitos. Qual a conclusão a tirar? A “experiência irrepetível” terá sido um bom slogan eleitoral ou foi-lhes prejudicial? No mínimo não lhes serviu de nada, como se viu; no pior dos casos tirou-lhes votos.

    Uma grande novidade saída destas eleições é que o PCP e o BE já não precisam de aprovar o programa ou os orçamentos do governo PS, basta que se abstenham para o programa e os orçamentos passarem. De certo modo, a situação actual até é menos constrangedora para eles: não têm de aprovar, basta-lhes a abstenção para não serem acusados de fazer o jogo da direita.

  2. Júlio: A minha questão prende-se exactamente com essa: a não haver acordo com o PS, quando estarão estes dois partidos dispostos, se tiverem coragem, a alinharem com a direita para derrubar o Governo, como já fizeram no passado? Por exemplo, chumbando determinada medida considerada fundamental para o prosseguimento da governação. Pode acontecer? Nunca vai acontecer?

  3. Isto vai cair na mesma história que os segundos governos Guterres e Sócrates: governos minoritários do PS, dependentes da boa-vontade dos partidos da oposição, que se abstêm ora um, ora outro para deixarem que o governo sobreviva. Até ao dia em que esses partidos decidem ter todos má-vontade. Tendo em conta que a alguns desses partidos (essencialmente, ao BE e ao PSD) dá, volta-e-meia, um ataque de irresponsabilidade aguda, as minhas previsões são más: o próximo governo não durará mais que dois anos.

  4. Penélope: já aconteceu por duas vezes e, portanto, voltará a acontecer. Aconteceu quando chumbaram o PEC4 do Sócrates e aconteceu quendo votaram para dar aos professores os 9A4M2D. Inevitavelmente, voltará a acontecer.
    O BE é um partido completamente não fiável, como já se viu abundantes vezes durante os últimos 4 anos, em que vinham pôr a boca no trombone em público quando negociações delicadas ainda estavam a decorrer. São tipos sem seriedade, sem credibilidade, adolescentes sem barba. A qualquer momento, dar-lhes-á um ataque de loucura e aliar-se-ão à direita para derrubar o governo. Somente porque sim.

  5. Atão e o Santana ?
    É mesmo ” à portuguesa”. Começamos a ter ideias sobre grandes obras (ponte 25 de Abril, Alqueva, aeroporto, cais de contentores, porto de Sines, as circulares de Lisboa etc etc) que levam tanto tempo a decidir e, quando se pretende construi-las , levantam tantos problemas e discussões,, Claro que quando feitas não são verificadas as expetativas da sua construção… PORQUE O MUNDO É OUTRO.
    Assim aconteceu com o Santana ! O Aliança apagou-se .Quando houve aquela sessão na RTP1 com os pequenos partidos , ver o Santana metido com aquela maralha, a acabar o discurso com uma tirada dirigida aos professores/as, que por acaso o Costa já tinha berrado 2ou três dias antes,, até meteu dó .
    Andou tantos anos e tantas vezes a querer fazer um partido novo, sem se decidir, que, agora , quando finalmente o fez, já tinha passado de moda . Não foi azar. Só os media se lembram dele. e se calhar só os jornalistas mais velhos….

  6. Penélope, teoricamente pode acontecer, mas por que raio haveriam esses dois partidos de querer derrubar o governo de Costa daqui a dois anos? Com que possível objectivo? Não estou a ver. Se o fizerem, levarão porrada nas urnas e talvez voltem a pôr a direita no poder. É isso que querem?

  7. Julio: O bom senso e muito mais ditariam que não o fizessem, mas não sabemos. Será que essa matéria é negociável? Era bom que fosse

  8. Será que o bloco cria um caso para haver eleições antes do barco começar a abanar? Não perca as cenas do próximo capitulo!

    É que em 2020 já não teremos o Rato SemTino!

    Tantos milhões despejados pelo Costa com a ajuda do BCE e nem assim consegue comprar a maioria. Uns mal agradecidos, nesta nação com 840 anos.

  9. Esquecem a tentativa de agressão do Costa, ao velho provocador. Isso sim tirou votos ao PS, ninguem gosta de um politico arruaceiro.

  10. O teu linguajar infantilóide e despeitado, com arrogância de castrado, ajuda à brava a criar um clima que permita estabelecer pontes, acordos (ainda que pontuais) ou entendimentos mais duradouros, que foi o que nos permitiu ganhar alguma coisa nos últimos quatro anos. Fizeste o mesmo imediatamente antes e depois das eleições de 2015, mas felizmente que o Costa, o Jerónimo e a Martins, apesar das parvoeiras ocasionais, usam os neurónios com mais proveito do que tu. Como o Júlio tenta pacientemente explicar-te, não há motivos racionais para que isso passe agora a ser diferente, ainda que sejam teoricamente possíveis ataques de irracionalidade e mudanças pontuais de agulha que possam provocar descarrilamentos. O que não há, nem teórica nem praticamente, é necessidade de começar já a rezar aos santinhos todos para que rupturas irreversíveis e cenários catastróficos se concretizem, na esperança de que eleições antecipadas permitam finalmente a conquista da bendita maioria absoluta que agora se baldou à chamada. Até porque o resultado pode ser exactamente o oposto, ou seja, a recondução à mesa do orçamento de pafiosos e afins.

    Vai-te catar e vê se desistes de vez da água oxigenada, mesmo que em uso ocasional.

  11. Joaquim Camacho: estás a falar comigo?! É que soas cada vez mais a velho rancoroso. Acalma-te, vá.

  12. Velho? Sim, senhora! Rancoroso? Só uma boa dose de iliteracia funcional (culpa da água oxigenada?) poderá levar-te a ler-me assim. Atão eu apelo à moderação, ao diálogo, à conciliação, à tua costela lutherkínguica, e o rancoroso, o zangado, sou eu?! Bai-te catar, rapariga!

  13. Penélope,
    O bom senso e muito mais ditariam que não o fizessem, mas não sabemos.
    Muito bem escrito! A política é uma feira de vaidades, na qual muitas pessoas fazem muitos disparates totalmente escusáveis, vácuos e desnecessários.

  14. “Haverá, nos próximos quatro anos, alguma possibilidade de toda a oposição (120 deputados, direita e esquerda) se coligar para mandar o Governo abaixo? ”

    claro que haverá essa possibilidade e outras para mandar o governo abaixo, mesmo havendo contrato escrito ou de boca. o resultado disso será o fim do bloco e do pcp com o ps a capitalizar os votos que lhe darão maioria absoluta na eleição seguinte.

  15. Desde que não haja nova crise financeira mundial, parece não haver motivo racional para a esquerda não viabilizar a governação do PS. Por certo que o PS ficará mais confortável com a geringonça do que com a abstenção do BE e do PCP, pois o governo só sai reforçado com uma coligação parlamentar e social alargadas. Mesmo uma maioria absoluta do PS não significaria um nível de consentimento social à governação superior ao proporcionado pela geringonça.

    Porém, o novo quadro parlamentar é menos favorável à geringonça, e mais favorável à simples viabilização dos orçamentos. Por um lado, a abstenção do BE e do PCP é suficiente para viabilizar a acção governativa; por outro lado, o PS teria mais liberdade para se cingir ao seu programa eleitoral. Se o BE e do PCP forem confrontados com contrapartidas residuais, perder-se-á logo aí o único incentivo à reedição da geringonça.

    O PS corre então o risco de se ter que virar para o PSD; perseguindo uma agenda puramente “europeísta”, que decerto agradará a Bruxelas, pese embora entre em contradição com algumas partes do programa eleitoral do PS. Isso decerto que teria custos que muitos simpatizantes socialistas não pretendem incorrer. O reforço parlamentar do PS é um presente envenenado porque é enteado da ilusão de que o europeísmo liberal é (dogmaticamente) benéfico para o povo português. Com o recrutamento de Mário Centeno para o Eurogrupo perdeu-se a pequena margem de independência de pensamento do nosso governo.

    Conquanto a economia continue a crescer, a ritmo anémico (exclusivamente por culpa do neoliberalismo míope da UE, bem entendido, e nunca por falta de “reformas estruturais”, como clamam o PSD, o CDS e a IL) mas que seja suficiente para ir redistribuindo umas migalhas de pão e uns efes de circo, não haverá alterações significativas do sentimento popular. Os nossos parceiros europeus continuar-nos-ão a exigir que todo o nosso excedente orçamental vá para a redução da dívida. Parcos excedentes de capital que assim se esvaem do país em vez de serem reinvestidos estrategicamente, invertendo-se a demografia e fortalecendo as infraestruturas, a educação e o SNS, preparando assim o país para choques futuros. Com as ditas opções “europeístas” e “liberais”, estaremos ainda mais vulneráveis, quando a crise financeira rebentar de novo. Algo que é inevitável; só não sabemos quando.

    Mas, até lá, qualquer derrube do governo por uma coligação negativa será castigado com grandes quedas eleitorais do BE e do PCP, e com uma maioria absoluta do PS.

  16. …aquela sessão na RTP1 com os pequenos partidos gerou uma consciência propícia a votar neles onde se prova que somos seres de espírito fraco e facilmente manobráveis. Tivesse a RTP1 querido e o PS teria tido a maioria absoluta e tão fracos que somos que 70 mil pessoas viram o Sol andar às voltas em Fátima a 13 de Maio de 1917…Não esquecer que a RTP é gerida por um antigo deputado do PPD que foi lá posto pelos pafiosos em 2015 que ainda conseguiu alterar muita coisa e ainda conseguiu derrotar o PS. Já dizia Lenine que as pessoas só votam em quem lhes mandam votar assim haja dinheiro para gastar na propaganda eleitoral e em outras coisas mais.

  17. Penélope, o artigo do Ricardo Paes Mamede é um exercício de lucidez e objectividade que aponta riscos e descreve cenários. A tua prosa é um exercício de arrogância sectária despeitada, de ‘bairrismo’ primário, de vistas curtas. Não apontas riscos, rezas por eles. Não descreves apenas cenários problemáticos, salivas com a simples possibilidade da sua concretização. Anseias por um futuro livre de empecilhos, pelo paraíso perdido, pelo raiar de uma nova aurora, sem uma nuvem no horizonte, e não percebes que ele poderá parir uma seca devastadora, seguida de pafiosas inundações catastróficas, que nos afogarão o que restar do gado e provocarão maleitas de difícil tratamento. ‘Après moi le déluge’ parece ser o teu lema. Não é o meu.

  18. Sr. Camacho, a realidade é tramada. Não é por a negarmos que ela deixa de se materializar.

    O Rato SemTino também sabe disso e não quer manchar o CV com um pormenor como uma crise aumentada por ele. Por isso vai deixar o governo em breve.

    As coisas nunca são como sonhamos, mas muitas felicidades do fundo do coração ?

  19. pronto, já têm vários cenários problemáticos futuros possíveis , agora toca de arranjar solução para cada um deles , para isto não ser um exercício completamente inútil.

  20. catarina, a irrevogável e joão pft (último parágrafo): Num cenário em que tudo o resto se mantenha como está agora, esse desfecho – o PS capitalizar em caso de derrube do Governo – é o mais provável . No entanto, o mundo move-se e a direita tratará de se organizar já a partir dos próximos meses, eventualmente elegendo lideranças mais agressivas que explorarão de imediato as guerras na geringonça. E com vocabulário ao estilo do Ventura, que ajudará à festa. Tratará de se apresentar como salvadora da pátria.
    É evidente que estou a especular. Mas estamos todos. A ver vamos. Só quis lembrar que o mundo também se move do outro lado da barricada.

    Joaquim Camacho:
    Deixa-te de interpretações parvas sobre a minha saliva e a natureza dos meus sonhos. Não acertas uma. Lembro-te que quem chamou a PàF foram os teus amigos do Bloco.

  21. “Lembro-te que quem chamou a PàF foram os teus amigos do Bloco.”

    Os “meus amigos” do Bloco!? “Lembro-te”? Várias vezes critiquei aqui o Bloco e o PCP por, com o chumbo do PEC IV, terem aberto o caminho aos pafiosos, o que estás farta de saber. Para as eleições de anteontem, por motivos que aqui expliquei, andei indeciso entre PS, Bloco e CDU, o que é meu legítimo direito democrático. Um ou dois dias antes, acabei por decidir votar nos “meus amigos” do PS, o que também aqui expliquei, e tudo isto é por ti sabido. Concluo que, ao atribuir a uma eventual iliteracia funcional a tua dificuldade em interpretar escritos de terceiros, pequei por excesso de optimismo e sou forçado a admitir outras possibilidades: ou és extraterrestre (improvável) ou a desonestidade intelectual é para ti ‘ferramenta’ perfeitamente legítima. Não é o meu caso.

  22. Camacho, deixa-te de politiquices e traz as pipocas, anda assistir ao trilhar do PS francês.

    As dificuldades ainda não começaram e já está a ser divertido.

    Nós próximos 2/4 anos o AspirinaB vai ser uma janela para a diversão nacional. Isto se não desistirem de escrever.

  23. O PS a governar já não faz sentido sem o Bloco e a CDU. São como a farinha e o fermento.

    Assim como o PSD não vale nada sem o CDS…

    Isto é que é a grande conclusão a retirar da Política portuguesa dos últimos vinte e cinco anos!

    E, ao contrário de José Sócrates, o António Costa sabe isto perfeitamente, daí que se tenha sentido até algo incomodado com as perspectivas de maioria absoluta, que trazem sempre o Diabo no ventre.

    O Centro-Esquerda e a Esquerda em Portugal complementam-se hoje e dialogam abertamente, numa dialética imparável, profícua e indestrutível. Nunca tinha acontecido no nosso País até 2 015 e tornou-se a partir daí um facto histórico da maior importância. Espero que assim continue por muitos e bons.

    Que a Direita ainda não se tenha apercebido desta realidade, não me espanta muito. É aliás nesta incapacidade que reside a origem do seu completo apardalamento actual (ver os fantasmas do Relvas e do “defunto” Cavaco saírem à liça em desespero, a implorar à albuqueca que regresse à boca de cena para tentar rumar contra a História, é uma coisa pungente…).

    A Direita portuguesa no seu conjunto — os Partidos, os seus dirigentes, as élites sociais e, sobretudo, a brigada ligeira que “combate” ferozmente todos os dias nos mérdia (todos sabem muito bem a quem me refiro) — foi concebida “sem pecado” no ano de 1 975 (chamam-lhe, heroica e desdenhosamente, o “PREC”…) e baptizada, com fogo, no sagrado 25 de Novembro; como tal, não possui genes suficientes para imaginar uma Democracia em Portugal em que o PS não combata dia a dia e virilmente, a seu lado, os “comunas”. Temos pena.

    Se quiser entender o momento presente, porém, a Direita portuguesa vai ter que nascer outra vez (e se calhar já vai tarde).

    E talvez o consiga agora, oxalá, pela mão do Rui RIo, que por estes dias, ao ver os decrépitos lacraus todos a saírem da toca furiosos, que nem baratinhas tontas, deve andar transformado numa espécie de Rui Riso…

  24. Dá-Nos um certo gozo ver o Marcelo a fazer equilibrismo no arame; ele, que ao contrário dos seus, é suficientemente finório para já ter entendido a cena toda, tem contudo que se fingir desentendido para os broncos e transmitir a sua mensagem inocente de que é um garante da estabilidade e que, sim senhor, o PS ainda pode entender-se com o PSD, o Bloco Central não tem nada de mal, e etc. e tal, para tentar embalar a Direita aparvalhada e consolá-la com esta cantilena.

    Sim, porque, sem os votinhos da Direita, a sua reeleição daqui por uns quinze meses não será possível.

    Mas o número do arame, embora arriscado, com um grande artista como ele pode até transformar-se num grande espectáculo para as massas. Sendo certo, aliás, que poderá sempre actuar descansado, pois, por obra e graça da Geringonça, a “rede” sob o arame, neste momento, está mais sólida do que nunca…

  25. a única coisa que Costa tem que fazer é promover o Montenegro à liderança do PSD e não entrar nas ondas radicais da esquerda caviar, para depois daqui a 1 ano convocar novamente eleições legislativas…a primeira já está em curso, com a comunicação social próxima ao mano Costa, a liderar a mudança de líder no PSD…a comunicação social promove lideres medíocres na politica portuguesa…

  26. Uma coisa é certa, se a esquerda vier a deitar abaixo o governo, motivada pela sua sobrevivencia, e entregar o poder à direita , só demonstrará ,que quando afirmou que uma maioria absoluta era má para os portugueses ,estaria , nessa hipotetica situacao ,que nem quero admitir que venha novamente a acontecer, a cometer uma fraude enganando os portugueses que sao de esquerda, ja que ai as suas promessas teriam funcionado completamente ao contrario.

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