Passos Coelho deu o mote e os seus ministros e secretários de Estado, assim como os papagaios de serviço (era ver só ontem Frasquilho, Marco António, T. Leal Coelho), repetem até à exaustão que o Governo tem consciência de que tomou “medidas difíceis” com o mais recente orçamento de Estado. Mas afinal o que se entende por medidas difíceis?
Serão difíceis de tomar, no sentido de ser difícil decidir tomá-las? Não, alegremente as decidem, como já vimos em momentos anteriores, que registaram para a posteridade imagens de uma ida descontraída e animada de um tal primeiro-ministro a um espetáculo musical depois de anúncio semelhante. O espírito não mudou, provavelmente só a vergonha.
Terão então as medidas sido difíceis de elaborar? Não, claro que não. É só cortar! Parece-me francamente fácil com uma folha Excel, sobretudo para quem acha que o Estado, o funcionalismo público e os reformados só estorvam.
Talvez sejam difíceis de implementar? Também não. Surpreendentemente não são. Os futuros pobres são dóceis, já estão por tudo, possivelmente já se preparam para ir pedir esmola e mandar as filhas servir. Convém não esquecer que a maioria escolheu votar democraticamente por esta espécie de ditadura dupla sem perceber que, na economia de mercado em que vivem, não poderiam jamais ser culpados de níveis de vida imerecidos, pelo que o castigo devia ser inaceitável. Mas não se podem queixar. E o facto é que se queixam pouco. Além disso, há o segundo nível da ditadura – supostamente a Troika – uma espécie de divindade da qual os atuais governantes são o oráculo, que também os cala. Implementação fácil, portanto.
Então, o mais provável é serem difíceis de suportar? Ah isso são, mas não é a isso que o Governo se refere nem é isso que quer dizer quando fala em medidas difíceis, caso contrário teria acabado a frase e encorajado a revolta, coisa que não faz. O «difícil» fica melhor assim a pairar sem nunca verdadeiramente cair sobre uma vítima definida. Suspeito, porém, que se pretende que seja o próprio Governo.
Não sendo, pois, difíceis de tomar nem de elaborar nem de implementar, então as medidas são difíceis porquê? Na realidade, avançar com a palavra «difícil» é uma forma de suscitar um sentimento de compreensão e dó junto de quem sofrerá as consequências de tais medidas em relação a quem não teve alternativa senão impô-las. O pobre do Governo terá, nesta perspetiva, sofrido horrores para se decidir por todos estes cortes. Sem um líder veemente na oposição, possivelmente esta estratégia terá grande êxito. Combinada com a atribuição de culpas ao anterior governo, até pode funcionar. Mas a verdade verdadinha é que o à-vontade com que se tem vindo a empobrecer e a destruir um país porque se foi eleito com maioria absoluta aponta mais e decididamente para o epíteto de «fácil». É tudo fácil. Mais fácil até do que pensavam. As medidas, embora duras para os portugueses, são fáceis de tomar (são tidas como corretas para os neoliberais), de elaborar e de impor. São fáceis do ponto de vista do impositor, mais fitas menos fitas de Paulo Portas (até isso as torna mais fáceis). Embora há mais de dois anos a fazerem asneiras, a primeira das quais foi empurrar o país para o abismo porque já era hora de subirem ao poder, e a não resolverem problema algum, os atuais governantes divertem-se com as palavras e estão convencidos que dão música.
A Conjugação Dos Referenciados E Dos Referenciáveis,São Um Excelente Argumento Para Que Proclamemos Em Portugal;O DIA NACIONAL DO VOMITO.
Para As Excelências Em Apreço,O Meu Profundo ARROTO.
Penélope
concordo em tudo nesse exercício de desmontagem da hipocrisia. Só não percebi esta parte da conclusão, face ao resto do texto: “os atuais governantes (…) estão convencidos que dão música.” E dão, não é?
Será que os reformados e pensionistas, se vão deixar esbulhar assim tão mansamente?
A esta pergunta, talvez se comece a encontrar a resposta no próximo Sábado às 15HOO,no Largo de Alcântara.
Edie: Têm dado, valendo-se da maioria que têm e apoiando-se na força punitiva da tal divindade. Era por isso mais do que necessário um líder da oposição imaginativo e incisivo, que constantemente lembrasse o que se passou para aqui chegarmos. Não existe. Mas mesmo assim tenho esperança de que a música possa vir a ser interrompida, porque me recuso a acreditar que seja toda a gente tão cega.
para quem queria ir “alem da troika” isto é canja!
eu também me recuso, Penélope, mas está cada vez mais difícil,à medida que o tempo passa e o esbulhanço continua sem obstáculos internos ou externos.
Na Grécia parece que deixaram
a concertina e passaram a tocar
trombone.
Atenas recusa categoricamente cortes adicionais exigidos pela troika17 Outubro 2013, 12:43 por Lusa
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252O governo grego recusa categoricamente cortes adicionais de 2.000 milhões de euros em 2014, como pede a troika de credores internacionais, foi hoje anunciado.
“Não haverá novas medidas. Conseguimos um excedente primário com muito esforço e enormes sacrifícios da sociedade”, afirmou hoje o ministro para a Reforma Administrativa, Kiriakos Mitsotakis, em declarações à cadeia de televisão privada Mega.
O ministro reiterou que o governo “deu provas de seriedade e da sua vontade de fazer reformas reais” e descartou que o Parlamento possa aprovar um novo pacote de cortes.
Mais dramática foi ainda a advertência formulada pela irmã de Mitsotakis, a também deputada conservadora e ex-ministra dos Negócios Estrangeiros Dora Bakoyianni.
“Se querem evitar que a Grécia se afunde os credores têm que perceber que chegámos ao nosso limite”, sublinhou hoje Bakoyianni em declarações à televisão privada Skai.
O ministro da Saúde, Adonis Yeoryiadis, ainda foi mais longe na quarta-feira ao advertir que se obrigarem o governo a aprovar novas medidas haverá de novo eleições antecipadas.
Os três políticos conservadores fizeram estas declarações no âmbito das novas exigências apresentadas pela troika a Atenas para fazer cortes de mais 2.000 milhões de euros.
Segundo a ‘troika’, os cortes de 4.000 milhões de euros previstos no Orçamento para 2014 serão insuficientes para cobrir o défice de financiamento.
O próprio ministro das Finanças grego, Yannis Stournaras, falou repetidamente de falhas financeiras de cerca de 5.000 milhões de euros em 2014 e de cerca de 10.500 milhões de euros até ao final de 2016.
Segundo informações no portal informativo “in.gr”, o governo dirigido pelo conservador Antonis Samarás quer convencer a ‘troika’, formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, de que o défice poderá financiar-se com o previsível aumento de arrecadação de impostos em 2014.
O governo estima que esta melhoria das receitas fiscais seja viável porque a economia vai crescer pela primeira vez depois de seis anos de recessão consecutiva. Atenas prevê que o Produto Interno bruto (PIB) aumente 0,6%.
Stournaras assegurou que se procurarão as fórmulas necessárias em Dezembro e que actualmente todas as opções estão em cima da mesa, com excepção a de cortes “horizontais” a salários e pensões.
A próxima etapa de negociações entre Atenas e a troika está prevista para Novembro.
Não vai haver tempo para mudar. Cavaco pediu a revisão da lei eleitoral enfatizando o encurtamento do tempo necessário entre decidir e fazer eleições… Ninguém ligou nenhuma, aliás tal como Cavaco quer… Depois queixam-se…. O Tó Zé ,agora, anda é muito preocupado com Angola e até parece que entrou de férias . Livrem-se , urgentemente, da criatura ou isto vai virar um estaleiro de sucata resultante do desmantelamento em curso !
a grécia bateu o pé e disse basta, a espanha dá-lhes bofetões cada vez que tentam impor a receita (aquela que os nossos queridos psd,cds, be e pc e actual liderança do ps, por cumplicidade, procuraram avidamente) e nós aqui no meio a fazer figura de ursos e de emplastro à resistência que outros fazem. Não é de dar desgosto? Claro que é.
Temos o pior governo e PR de sempre no pior contexto em que podiam existir. Se há karma, devemos ter feito muita merda. Sendo que me ocorre uma assim mais recente: colocá-los lá. E outra ainda mais recente, não lhes fazer a vida negra até sairem porta fora.
Ao contrário, a nós é que os nossos governantes fazem a vida negra e muitos de nós lá vão porta fora: mais de 100 mil em dois anos. Os que ficam vão porta rumo ao lúmpen social, a camada menos reivindicativa da sociedade.
tenho que dizer isto, acabei de ver das análises mais lúcidas sobre o que era o verdadeiro programa do governo no seu início- totalmente ideológico e com alvos sociais concretos que não pasavam pelo estado, mas pelas relações laborais, e como, por falta de visão e previsão, anda agora a fazer remendos económico-financeiros no estado, sendo que o estado nunca foi o seu objectivo programático. So true.Ah,já me esquecia, a análise foi do Pacheco Pereira em HD.
estes exercicios de defesa dos “direitos” , mas só para quem tem direito á constituição de 1ª -os que fazem greve,nao fazem avaliações,enxameiam departamentos inuteis em que o que interessa é estar no blogue a ver as ultimas, não corresponde a todos os portugueses,nem sequer á maioria. Talvez daí a dificuldade em transformar Lisboa no Cairo. Mas não é dificil de solucionar : um bilhete lowcost(só de ida) e dois cestos de calçada portuguesa e vão ter divertimento todos os dias, A sério!