Anda péssima. Não se consegue ler uma única notícia imparcial e objectiva, um único destaque sério, um único comentário aceitável. Parece tudo contaminado, a funcionar em circuito fechado. Os jornalistas excitam-se uns aos outros, vão atrás dos “soundbytes” de alguns políticos da sua eleição. Os comentadores idem. Um mundo paralelo. Este é um caso em que nunca me pareceu tão positivo que a generalidade dos portugueses não compre jornais e prefira o futebol aos canais noticiosos. É que, de facto, o bacanal e a festança que vão pelos OCS parecem ser coisa de elites, coisas da capital, coisas demasiado elaboradas para os campónios que somos todos nós. Comigo passa-se que me sinto totalmente alheia ao que para aí vai. Tomemos os exemplos do tratamento respeitoso dado a Assunção Cristas – que lhes vendeu lixívia e eles compraram -, ou da ministra Urbano de Sousa. É evidente que esta pediria a demissão e que Costa a aceitaria. Aliás, a ministra já o tinha feito ainda antes de Marcelo discursar. E não, não concordo (tal como Costa) que a catástrofe de Pedrógão fosse razão para a demissão. Então porquê a insistência em que “Marcelo força saída da ministra”, que “Costa é cego”, que “levou um puxão de orelhas” (viram como Eduardo Cabrita surgiu como escolha pronta, tendo eu ouvido meia hora antes do anúncio do novo ministro um jornalista/repórter à porta de Belém a dizer que Costa não teria seguramente tempo para escolher um substituto para Constança antes do início da próxima semana, como se tivesse sido colhido de surpresa?), que, se não fizer não sei o quê, “Marcelo o vai chumbar“, etc., um etc. tão longo que seria fastidioso estar aqui a detalhar? Passem uma vista de olhos pelos jornais. É que nem se dão conta do ridículo da hipótese e da ameaça que deixam no ar ao falarem em chumbo: se Marcelo chumbasse Costa (dissolução da Assembleia e convocação de eleições), a seguir seria Marcelo a levar um chumbo monumental em sentido inverso do povo que diz amar e representar – pela instabilidade desnecessária que provocaria quando tudo corre bem excepto a meteorologia, pela inoportunidade e exagero da decisão, pela indefinição e o estado calamitoso do PSD, pela vitória reforçada do mesmo Costa. Por tudo isto, recomendo, pelo menos, pelo menos, calma. Eu compreendo que desejem vender o máximo, tornar o vosso negócio lucrativo e darem-se a importância de fazerem de contra-poder, mas se o tentarem fazer sendo ordinários e indo contra o mais razoável bom senso, estão a cometer suicídio. O Tavares do Público, por exemplo, o cómico de sábado à noite, acha que o Passos se revelou o grande estadista que é ao obrigar Portas, o da decisão irrevogável, a ficar em 2013. Ó Tavares, o Passos?? Fala-me da Merkel, fala-me do Cavaco, fala-me da Troica, mas … o Passos?? E não, nem sequer me fazes rir.
Há também os casos em que os títulos das notícias, como este, hoje, no Público – “Sócrates terá usado ex-ministros em crimes de corrupção no TGV” são escolhidos propositadamente para darem a entender uma coisa que, vai-se a ver, fica totalmente nebulosa, quando não negada, ao ler-se o desenvolvimento. Aliás, o texto, que transcreve a tese do MP no assunto em apreço, acaba por mostrar bem como o Ministério Público pode efectivamente, como dizem os advogados, ter-se entregue ao delírio e à efabulação no processo Marquês. Aqui impõe-se a leitura. Fica-se perplexo com o título, outros já houve em que se ficou escandalizado, mas pelo menos não se fica revoltado com o raio e o abstruso da maioria das opiniões. Mas que a pressão mediática da direita é desproporcional e desproporcionada, é.
Acho graça, quando não do vosso agrado, anda mal. Se assim não fosse ate elogiavam, ou não diziam nada
anémica pelo menos disfarça o nível de burrice.
Há muito tempo que a comunicação social é a voz dos donos em Portugal. Com os jornais muito em particular. E os tempos são de demagogia. Senão e ainda voltando muito friamente à tragédia dos incêndios este verão, qual é afinal a responsabilidade muito em particular deste Governo no último fim-de-semana? Só uma. Que não prolongou a fase charlie até ao último fim-de-semana? E com que Governo em mais de 40 anos de Democracia houve fase charlie em meados de Outubro. Porque essa decisão não se tomou com a previsão do tempo para o último fim-de-semana em cima da mesa como alguns querem agora fazer crer. Muita falta de verbas em toda a Administração Pública que não são compatíveis com metas impostas pela UE? Que novidade… O muito amadorismo das forças, os eucaliptos, a desertificação do interior e outras causas estruturais apontadas nos relatórios pelos teóricos também são de hoje? Ou o que é que houve realmente de muito diferente este ano? Não chovia há 6 meses e por isso é que todos os relatos indicam fogos como nunca ninguém tinha visto. O Costa devia ter tentado o S. Pedro para o MAI. O S. Pedro e uma Protecção Civil privada e altamente competente.
… «anémica pelo menos disfarça o nível de burrice», como eu!
Reparem: todos os anos morrem em acidentes rodoviários mais de 400 pessoas ( fora o exército de estropiados que nunca é devidamente aferido). Alguém pede a cabeça de Ministros por isso? Claro que não. Trata-se de uma tragédia que foi incorporada como “normal”. Comparando com os cerca de 6700 mortos contabilizados em 2016 ( ultimos dez anos à data ), o número de vitimas acumuladas dos incêndios nesse período quase passaria por irrelevante, não fosse de vidas que se fala. Porquê então a desproporção da cobertura? Por que é a CS tão rápida a responsabilizar o Estado por 100 mortes em incêndios e nada tem a dizer sobre a morte de mais de quatrocentos nas estradas?
Os franceses,agora,têm nomes para os jornalistas vendidos,ocos,burros. São os merdiás,les pressiputes,les paineliers… mrs. les journalistes de igual qualidade cá no país: façam favor de se servir do nome que lhes vai melhor!
pois. a grande, enorme, questão, é o contágio. neste caso específico que é a cultura, a virose propaga-se para o mal comum.