Soares e Alegre não trocaram uma única palavra entre si.
Estes intelectuais estragam tudo
Agora, infiltrou-se um no programa “Bancada Central” da TSF. Um tal “Professor Antunes”, que mais parece invenção do Gato Fedorento. O homem é demais. Hoje, a propósito da Mulher, deixou mesmo que a sua inspiração bolorenta e sempre eruditíssima levantasse voo. Apenas alguns exemplos, citados de memória: “A mulher deve cultivar o seu poder e o seu poder é o Amor. O Amor, esse grande dissolvente das arestas da Vida, esse curador das injustiças da História”; “A mulher deve aceitar e apreciar o seu corpo. Deve ser feminina; feminista é escusado”. E há tantos desportos onde a mulher pode exibir a sua “graciosidade”: “a ginástica rítmica, a natação sincronizada”… Ainda por cima, este relambório de lugares-comuns pomposos e sexistas é servido numa sonolenta cadência de padre provinciano; pobres os alunos universitários a quem calhe semelhante professor.
Claro que o povo ouvinte aplaude a “qualidade” que tomou de assalto o programa. Mesmo antes de mais uma vez classificar a possível greve dos jogadores do Vitória de Setúbal como “escusada”, “folclore”, ou mesmo “favor ao Benfica”. Mas antes uma hora destes desvarios clubísticos que um minuto de Professor Antunes.
O voto é o bolo do Povo!
A Arma e a Crítica
Dois livros para compreender o caos urbano e as guerras nos subúrbios: Myron Magnet dita a política das novas cidades-fortalezas; Mike Davis faz a história deste massacre. Infelizmente, só Magnet está traduzido em Portugal (Paradigma Urbano, Quetzal, 2001)
Deuses de mãos limpas?
Quem tem o Islão por fé cruel e guerreira faria bem em ponderar no papel que as várias Igrejas tiveram no genocídio do Ruanda. Mais de 40 padres católicos, segundo a African Rights, participaram activamente nos massacres, transformando muitos templos em casas da morte. Pastores anglicanos e adventistas deixaram-se igualmente contaminar pela febre de sangue que assolou aqueles 100 dias terríveis.
Já adivinharam quem foram os únicos que então se recusaram a fazer distinções entre Tutsis e Hutus, opondo-se às matanças e acolhendo os perseguidos? Pois é: os muçulmanos.
O verdadeiro espírito do Natal
Dilema do quadrado
Experimentem lá jogar este jogo. Há um quadrado vermelho que tenta escapar incólume ao contacto com outras quatro figuras geométricas. Ou seja, o objectivo é não tocar e não ser tocado. Tarefa difícil, a exigir rapidez de movimentos e capacidade de fuga (o meu melhor score ficou-se pelos 15 segundos).
Como é óbvio, qualquer semelhança entre este passatempo algo básico e a candidatura de Manuel Alegre não passa de pura coincidência.
Kit de sobrevivência para revolucionários desiludidos
Nota – Estes lenços de papel existem mesmo. Comprei-os numa loja de objectos de design, junto ao canal de Saint-Martin, em Paris.
Finalmente uma boa notícia
Venham os amanhãs que cantam
A campanha de Soares, quase em directo
No American Club, o candidato perora sobre os direitos humanos nos países da NATO. José Lamego dorme a sono solto.
Estamos fora-de-jogo!
Sei que parece incrível, mas julgo que nenhum de nós leu o “Bilhete de Identidade” de Maria Filomena Mónica. Assim sendo, ficamos excluídos da discussão que por aí anda acerca desta autobiografia. Assim, sendo, e por muito que me custe, não podemos dar razão ao João Pedro George (nem, improvável hipótese, ao Martim Silva).
Está mal. Não pode ser. Vamos lá a escolher, pelo consagrado método da palhinha mais curta, um “voluntário” para emborcar a coisa. Para compensar tal esforço, este mártir da Cultura será também o nosso enviado especial ao próximo Mundial de Futebol.
Constipation
Não consigo. O dia foi mesquinhamente reduzido a 24 horas, decisão tão arbitrária como essoutra que faz com que os rios corram para o mar. Que raio vai fazer um rio para o mar? Adiante. Só 24 horas, em que o homem comum passa dezasseis a dormir. A mulher incomum é diferente, duas vezes oito horas a sonhar. Por isso, não consigo. Há blogues a mais. Cada blogue tem posts a mais. Um post tem palavras a mais. As palavras têm silêncios a menos. Em soma, é-me igual. Porque não consigo. Preciso de tempo para ler a Odisseia traduzida pelo Frederico Lourenço. Em voz alta, devagar. Devagar não, quedo. Preciso de tempo para olhar o Bad Boy do Eric Fischl nos olhos, ele que está de costas. Quanto tempo se leva para descobrir o rosto de uma figura que está de costas? Pouco, nada. Mas o nada demora. Preciso de tempo para escrever a biografia de uma erva daninha, para ouvir o Carl Dreyer, para abraçar uma árvore, para chegar ao fim do Half-Life 2 e começar o Civilization IV, para arrumar os livros por ordem analfabética, para ajudar uma velhinha a atravessar a vida, para reencontrar os amigos que vejo todos os dias, para dançar ao som da Nona de Beethoven, para me fechar numa praia deserta em manhã fria de Inverno.
Há blogues a mais.
Obrigado, gracias
Nem preciso de consultar os restantes para saber que estamos todos gratos às menções que por aí vão fazendo ao nosso pequeno recanto farmacêutico. Mas há uma que me deixa mesmo surpreendido: José Luis Orihuela, no seu eCuaderno, recomenda-nos na categoria de blogues grupales. Não fazia ideia de isto era uma cena “grupal”. Nem que poderíamos merecer o interesse de um simpático professor de Navarra. Mas olhem que o agrado é recíproco: o eCuaderno merece mesmo uma visita demorada.
O Império verde-alface expande-se
1bsk, o conhecido gigante da blogosfera, acaba de abrir a sua primeira sucursal, equipada com uma moderna e confortável sala de Cinema. Apaixonados da contre-plongée, esmiuçadores da découpage, corram já para os braços da mulher do aviador!
Olhe que não! Olhe que não!
Convinha explicar ao candidato da direita que a ironia, como certas gravatas, não lhe assenta nada bem.
Ai fazem-se, fazem-se
Mário Soares, hoje mesmo: “Não se fazem políticos em barro como nas Caldas”.
Note-se que o lindo boneco acima faz parte do acervo da útil Fundação Mário Soares. E veio mesmo das Caldas.
Nuno: toma lá mais um para a galeria de horrores
Bem-vindo Professor Silva
Há um filme com Peter Sellers , passou pelo burgo como “Bem-vindo Mister Chance”, em que um jardineiro levemente atrasado, que vive a ver televisão e a dizer frases pueris do tipo: “a seguir ao Inverno vem sempre a Primavera”, chega a Presidente dos Estados Unidos da América. Todas as pessoas que o ouvem atribuem-lhe uma inteligência e profundidade que ele não tem. Falam-lhe da crise económica e ele, distraído com o Outono, responde algo do tipo: “as folhas caídas, serão sementes e dessas sementes vão nascer frutos”. E tudo reage como se uma profunda sabedoria económica estivesse subjacente. Com as devidas distâncias (Sellers treme pouco e não costuma fazer aqueles esgares húmidos ao canto da boca) o Professor Aníbal Cavaco Silva faz lembrar a personagem: as suas receitas optimistas, a sua ideia de que o consenso utilitário entre quaisquer duas pessoas com a mesma informação, desde que bem intencionadas, chegam às mesmas conclusões é enternecedora. É genial como há alguém que depois ler as formulações do utilitarismo, aplicado à Microeconomia, acredita nelas. Como é possível resumir a sociedade a formulações do tipo: “um consumidor, com toda a informação, tenderá a maximizar a sua satisfação gastando as suas unidades de compra até que a utilidade marginal, conseguida com o dispêndio de mais uma unidade equivalha ao seu gasto…”.
O ar basbaque dos comentadores ouvindo as generalidades do professor é notável. Graças a Deus, o professor, ao contrário do jardineiro do filme, não é tão inocente. E todos sabemos que por detrás das formulações consensuais está um programa político e económico, que é uma escolha determinada que favorece determinados critérios, em prejuízo de outros.
Ao contrário do que a vulgata, e o professor, nos pretendem fazer acreditar, não há uma “Economia”, mas várias políticas económicas.
Procurei no Google-Imagens “Cavaco Silva” e apareceu-me isto
Alguém me explica??? Terá alguma coisa subjacente????
A clareza de sempre, também na política internacional
Mário Soares, há minutos na Universidade Nova:”Sempre apoiei o presidente Gore contra Bush”.