Hoje, no «Público», o jornalista JORGE MARMELO escreve na sua crónica desportiva, a propósito do Mundial em curso:
«Quando a Alemanha, bem vistas as coisas, tem sido, entre as quatro semifinalistas, a única equipa capaz de jogar a bola de forma minimamente empolgante, está tudo dito. O resto é futebolzinho de risco zero, burocrático e calculista, caravaggiano e fatimista».
Há ainda uma oportunidade para ganhar, ou para perder, dignamente.
O escritor Manuel Jorge Marmelo está aqui. E o blogueiro aqui, com um obrigado ao Joao Luc.
Acrescento…
está aqui:
http://marmelo.blogspot.com/
Caro Fernando, não concordo com essa vírgula após “o jornalista Jorge Marmelo”. Parece-me, até, um erro linguístico. Estarei errado?
Abraço.
Só para deixar o meu @braço no regresso a estas lides após uma breve ausência.
Zeca da Nau
What Am I,
Você não me vê, mas eu estou corado por fora e por dentro. Sim, logo eu, que me imagino o melhor «desk» (no desactivo) de Portugal. Não sabe como lhe agradeço.
Essa afiramção de Jorge Marmelo não acrescenta nada à do que os mais famosos (mais famosos que o Jorge Marmelo, têm dito ou escrito sobre a selecçõa portuguesa e Scolari. Penso até que choram quando Portugal perde e acendem eles mesmos velinhas a Nossa Senhora de Fátima e de Caravagio para que Scolari perca. Para seu gaudio pessoal.
Corrijo:
em vez de “…quando Portugal perde”
deveria ter escrito
“…quando Portugal ganha”.
“Ainda sou do tempo em que para nadar na praia tinha de desviar os cagalhões e das poucas vezes que a Selecção Nacional jogava perdia logo. Os políticos acabaram com estes nossos ‘direitos adquiridos'” – Kitéria Bárbuda in “Elogio ao Marmelo”, Revista “Espírito”, nº 35, 2006.
A Alemanha ainda está a tempo de acreditar em jogos de boa vontade e em deuses menores milagreiros.
A Cornucópia da Abundância, seguido de um Elogio do Capachinho
Portugal é um país em risco.
Há 800 anos que ele está para ser barbaramente devorado pela España, e só escapou da coisa, porque os estados de Sua Majestade Catolicíssima têm medo de não ter dinheiro para o Alka-Seltzer necessário: reza a História que tentaram uma vez, mas que o vómito foi tal, que, desde então, decidiram tratar-nos com longas pinças…
De aqui para ali, são terras de Portugal, despejemos o entulho e fomente-se o consumo do monturo.
Palavras sábias: já temos as prateleiras do El Corte Ingles cheias de tanques de guerra, muito bem blindados e camuflados em latas de sardinhas: um dia que, em Madrid, toque altissimamente a rebate, elas subitamente insuflar-se-ão, e marcharão sobre o Quartel do Carmo, para dizer que a farsa acabou, e que nos tornámos, para sempre, numa pobre província espanhola.
Obviamente que um país debaixo deste permanente risco tem de apostar em fortíssimas Forças Armadas, e no mais moderno equipamento. As fortíssimas não discuto, porque nunca andei a jogar braço-de-ferro com elas. Apenas sei que, de aqui a dezoito anos, já todos os mancebos terão nascido em Badajoz, terra do cruel inimigo: o Sultão dos Turcos usava a mesma táctica, e recrutava as suas tropas de “elite”, os Janízaros, entre os jovens nascidos no seio de famílias cristãs. Tremei, pois. Quanto ao equipamento, ele oscila entre a sucata de parada e o pretenso moderno, mas tão moderno, que, às vezes, até acaba a ser vendido, ainda antes de ser estreado.
Luxos de países ricos, e até os submarinos da “Fardas”, que entraram para a heráldica do imaginário reles de todas as anedotas porcas a que Paulo Portas, durante o seu curto pontificado, tão bem se prestou, deu o flanco, e, parece, até adorou,
dizia eu
de
que
até esses célebres submarinos corremos nós o risco de ver um dia destes à venda, nos cobertores inclinados da Feira da Ladra.
No meio disto tudo, de tanta Crise e necessidade de defesa contra o papão invasor, subitamente aparece o Nuno Severiano Teixeira, mais um cangalho do Regime, para afirmar que “iria dar continuidade à política do seu antecessor”. Como nunca se soube qual era a política do antecessor, passou imediatamente a estar protegido pela transitividade do raciocínio: dar continuidade a uma coisa sólida mas imprecisável, logo para durar para sempre.
Há nisto tudo um pouco do Princípio da Incerteza, de Heinsenberg, mas eu até preferia nem ir por aí, e morder directamente o osso, pelo lado da Fisiognomonia.
Acontece que o Severiano Teixeira, mais o seu alarve sorriso de auto-complacência, tem tudo escrito na cara, ou, mais claramente ainda, tem escrito na cara que é daqueles capazes de tudo: do meu ponto de vista, fortemente marcado pela humildade de raciocínio deformado pelo sistema de ensino português, ele pertence, mesmo, ao terrível Clube do Capachinho, e devia ser imediatamente arrumado ao lado do Armando Vara, do celebrado Fernando Gomes (que é feito desse?…) ou do Luís Filipe Menezes, daqueles que me lembro, e lembro-me de poucos, porque hoje, por acaso, até nem estou em dia de Cena do Ódio.
Já tínhamos a Severa, e a Severina: suponho que o Severiano deva ser o glutão que vem papar as duas, e à canzana. Portanto, pior do que o capachinho exterior do Severiano, só o seu capachinho interior.
A verdade é que perfis e faciés destes nunca deveriam passar das bordas do simples alguidar autárquico, o que até já seria bastante, com o seu típico pendor para arranjar poleiros para familiares, desviar fundos, e manter a Cultura ao nível da Filarmónica.
Filarmonique-se, e, pelo Princípio de Peter, promova-se, promova-se, daquela já alta patente de Cara-de-Capaz-de-Tudo ao ainda mais alto posto de “Condottieri”, defensor de Portugal, nesta horrenda Guerra das Latas de Sardinhas.
Não agradeça, caro Fernando, não agradeça; quem nunca errou que atire a primeira pedra.
Abraço.
Occhi di sole,
occhi di vento,
occhi di stelle,
occhi d’argento.
Occhi d’amore,
occhi profondi,
occhi d’autore,
occhi rotondi.
Occhi dolci,
occhi belli,
occhi splendenti,
occhi monelli.
O que é divertido nos comentários a este post é que ninguém ligou nenhuma à tripla personalidade do Marmelo.
Tiro na água, I would say.
Terezinha
Não sei onde é que ele encontra esse futebol empolgante nos alemães. São gostos.
O Marmelo, na sala da televisão do grémio literário: Pois, meus caros, cá vamos então ver a Alemanha, a única equipa capaz de jogar a bola de forma minimamente empolgante, exactamente o contrário do futebolzinho de risco zero, buricrático e calculista, caravaggiano e fatimista. Passai-me aí a tacinha dos amendoins.
Pois estivestes bem, ó Marmelo. Também eu, quando vejo a Alemanha, fico empolgadissimo.
Há que agradecer ao Fernando o trabalho teimoso de manter esta gente (comigo no meio, soldado raso) informada sobre os alferes, tenentes e majores da nossa literatura. E sim, achei o blogue do MJM interessante, calmo, sem ventanias, a singrar no doce da prosa delicada, e fiquei bastante impressionado com a vasta gama de obras que já assinou, de acordo com o seu “perfil” bem esmiuçado. Confessar aqui que nunca tinha ouvido falar do Homem, visto sequer um dos seus livros à venda, é importante, pois poderá ajudar um ou outro a compreender a situação daqueles que como eu vivem longe da pátria, de feiras do livro e de livrarias acanhadas e depois, se merecer, comparar contra ela os benefícios de vivermos num terceiro andar duma almirante reis qualquer, com a papelaria do Marques à distância duma pedrada. Mas, porra, tenho que dizer isto: será que é desta que o nosso país vai ganhar para o bacalhau que importa com um autor que em volume de produção nos faz lembrar a gata Christie ou a outra, a Cartland?
TT
Eu, quando vejo a Alemanha, sinto uma vontade insuperável de gagar. Não se trata de uma aversão umbilical ou cultural a este país. É mesmo uma questão de snobismo, puro e duro. São brutos a falar. A comer. Até a dançar. Kant era um chato incurável. Hegel: megalomano. Nietzsche, o único pensador Alemão decente, era, naturalmente e felizmente louco.