«Jogar bonito»

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Hoje, no «Público», o jornalista JORGE MARMELO escreve na sua crónica desportiva, a propósito do Mundial em curso:

«Quando a Alemanha, bem vistas as coisas, tem sido, entre as quatro semifinalistas, a única equipa capaz de jogar a bola de forma minimamente empolgante, está tudo dito. O resto é futebolzinho de risco zero, burocrático e calculista, caravaggiano e fatimista».

Há ainda uma oportunidade para ganhar, ou para perder, dignamente.

O escritor Manuel Jorge Marmelo está aqui. E o blogueiro aqui, com um obrigado ao Joao Luc.

16 thoughts on “«Jogar bonito»”

  1. Caro Fernando, não concordo com essa vírgula após “o jornalista Jorge Marmelo”. Parece-me, até, um erro linguístico. Estarei errado?

    Abraço.

  2. What Am I,

    Você não me vê, mas eu estou corado por fora e por dentro. Sim, logo eu, que me imagino o melhor «desk» (no desactivo) de Portugal. Não sabe como lhe agradeço.

  3. Essa afiramção de Jorge Marmelo não acrescenta nada à do que os mais famosos (mais famosos que o Jorge Marmelo, têm dito ou escrito sobre a selecçõa portuguesa e Scolari. Penso até que choram quando Portugal perde e acendem eles mesmos velinhas a Nossa Senhora de Fátima e de Caravagio para que Scolari perca. Para seu gaudio pessoal.

  4. “Ainda sou do tempo em que para nadar na praia tinha de desviar os cagalhões e das poucas vezes que a Selecção Nacional jogava perdia logo. Os políticos acabaram com estes nossos ‘direitos adquiridos'” – Kitéria Bárbuda in “Elogio ao Marmelo”, Revista “Espírito”, nº 35, 2006.

  5. A Cornucópia da Abundância, seguido de um Elogio do Capachinho

    Portugal é um país em risco.
    Há 800 anos que ele está para ser barbaramente devorado pela España, e só escapou da coisa, porque os estados de Sua Majestade Catolicíssima têm medo de não ter dinheiro para o Alka-Seltzer necessário: reza a História que tentaram uma vez, mas que o vómito foi tal, que, desde então, decidiram tratar-nos com longas pinças…

    De aqui para ali, são terras de Portugal, despejemos o entulho e fomente-se o consumo do monturo.
    Palavras sábias: já temos as prateleiras do El Corte Ingles cheias de tanques de guerra, muito bem blindados e camuflados em latas de sardinhas: um dia que, em Madrid, toque altissimamente a rebate, elas subitamente insuflar-se-ão, e marcharão sobre o Quartel do Carmo, para dizer que a farsa acabou, e que nos tornámos, para sempre, numa pobre província espanhola.

    Obviamente que um país debaixo deste permanente risco tem de apostar em fortíssimas Forças Armadas, e no mais moderno equipamento. As fortíssimas não discuto, porque nunca andei a jogar braço-de-ferro com elas. Apenas sei que, de aqui a dezoito anos, já todos os mancebos terão nascido em Badajoz, terra do cruel inimigo: o Sultão dos Turcos usava a mesma táctica, e recrutava as suas tropas de “elite”, os Janízaros, entre os jovens nascidos no seio de famílias cristãs. Tremei, pois. Quanto ao equipamento, ele oscila entre a sucata de parada e o pretenso moderno, mas tão moderno, que, às vezes, até acaba a ser vendido, ainda antes de ser estreado.
    Luxos de países ricos, e até os submarinos da “Fardas”, que entraram para a heráldica do imaginário reles de todas as anedotas porcas a que Paulo Portas, durante o seu curto pontificado, tão bem se prestou, deu o flanco, e, parece, até adorou,
    dizia eu
    de
    que
    até esses célebres submarinos corremos nós o risco de ver um dia destes à venda, nos cobertores inclinados da Feira da Ladra.

    No meio disto tudo, de tanta Crise e necessidade de defesa contra o papão invasor, subitamente aparece o Nuno Severiano Teixeira, mais um cangalho do Regime, para afirmar que “iria dar continuidade à política do seu antecessor”. Como nunca se soube qual era a política do antecessor, passou imediatamente a estar protegido pela transitividade do raciocínio: dar continuidade a uma coisa sólida mas imprecisável, logo para durar para sempre.
    Há nisto tudo um pouco do Princípio da Incerteza, de Heinsenberg, mas eu até preferia nem ir por aí, e morder directamente o osso, pelo lado da Fisiognomonia.

    Acontece que o Severiano Teixeira, mais o seu alarve sorriso de auto-complacência, tem tudo escrito na cara, ou, mais claramente ainda, tem escrito na cara que é daqueles capazes de tudo: do meu ponto de vista, fortemente marcado pela humildade de raciocínio deformado pelo sistema de ensino português, ele pertence, mesmo, ao terrível Clube do Capachinho, e devia ser imediatamente arrumado ao lado do Armando Vara, do celebrado Fernando Gomes (que é feito desse?…) ou do Luís Filipe Menezes, daqueles que me lembro, e lembro-me de poucos, porque hoje, por acaso, até nem estou em dia de Cena do Ódio.

    Já tínhamos a Severa, e a Severina: suponho que o Severiano deva ser o glutão que vem papar as duas, e à canzana. Portanto, pior do que o capachinho exterior do Severiano, só o seu capachinho interior.
    A verdade é que perfis e faciés destes nunca deveriam passar das bordas do simples alguidar autárquico, o que até já seria bastante, com o seu típico pendor para arranjar poleiros para familiares, desviar fundos, e manter a Cultura ao nível da Filarmónica.

    Filarmonique-se, e, pelo Princípio de Peter, promova-se, promova-se, daquela já alta patente de Cara-de-Capaz-de-Tudo ao ainda mais alto posto de “Condottieri”, defensor de Portugal, nesta horrenda Guerra das Latas de Sardinhas.

  6. Occhi di sole,
    occhi di vento,
    occhi di stelle,
    occhi d’argento.
    Occhi d’amore,
    occhi profondi,
    occhi d’autore,
    occhi rotondi.
    Occhi dolci,
    occhi belli,
    occhi splendenti,
    occhi monelli.

  7. O que é divertido nos comentários a este post é que ninguém ligou nenhuma à tripla personalidade do Marmelo.

    Tiro na água, I would say.

    Terezinha

  8. O Marmelo, na sala da televisão do grémio literário: Pois, meus caros, cá vamos então ver a Alemanha, a única equipa capaz de jogar a bola de forma minimamente empolgante, exactamente o contrário do futebolzinho de risco zero, buricrático e calculista, caravaggiano e fatimista. Passai-me aí a tacinha dos amendoins.

    Pois estivestes bem, ó Marmelo. Também eu, quando vejo a Alemanha, fico empolgadissimo.

  9. Há que agradecer ao Fernando o trabalho teimoso de manter esta gente (comigo no meio, soldado raso) informada sobre os alferes, tenentes e majores da nossa literatura. E sim, achei o blogue do MJM interessante, calmo, sem ventanias, a singrar no doce da prosa delicada, e fiquei bastante impressionado com a vasta gama de obras que já assinou, de acordo com o seu “perfil” bem esmiuçado. Confessar aqui que nunca tinha ouvido falar do Homem, visto sequer um dos seus livros à venda, é importante, pois poderá ajudar um ou outro a compreender a situação daqueles que como eu vivem longe da pátria, de feiras do livro e de livrarias acanhadas e depois, se merecer, comparar contra ela os benefícios de vivermos num terceiro andar duma almirante reis qualquer, com a papelaria do Marques à distância duma pedrada. Mas, porra, tenho que dizer isto: será que é desta que o nosso país vai ganhar para o bacalhau que importa com um autor que em volume de produção nos faz lembrar a gata Christie ou a outra, a Cartland?

    TT

  10. Eu, quando vejo a Alemanha, sinto uma vontade insuperável de gagar. Não se trata de uma aversão umbilical ou cultural a este país. É mesmo uma questão de snobismo, puro e duro. São brutos a falar. A comer. Até a dançar. Kant era um chato incurável. Hegel: megalomano. Nietzsche, o único pensador Alemão decente, era, naturalmente e felizmente louco.

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