Uma badalhoquice

António Araújo, do blogue Malomil, é um rapaz culto, inteligente e tem ironia para dar e vender. Entre os seus inúmeros afazeres políticos, jurídico-profissionais, intelectuais e familiares, encontrou tempo para manter um blogue onde já publicou textos com valor. Mas o seu pezinho, afinal, revela tendência para a chinela do José Agostinho de Macedo, que há duzentos anos também não era nada burro nem falho de sarcasmo.

Vem isto a propósito de uma soez crítica que Araújo publicou há dias no seu blogue.  O alvo da sanha corcunda do Araújo, a fazer inveja ao tal José Agostinho, é um livro de Isabel Moreira, Apátrida, que eu não li. Também não conheço pessoalmente a Isabel, que escreve por estas paragens, apenas sei dela o que todos sabemos, via televisão e jornais, mais o Aspirina.

Não é necessário ler o livro da Isabel Moreira para se perceber que a “crítica” do Araújo é um exercício impassível de desonestidade intelectual e moral. Não vou aqui perder tempo a tentar prová-lo. No seu próprio blogue, alguns dos comentadores já lho explicaram, se ele precisasse.

Há, porém, um ponto no post do Araújo em que a badalhoqueira excede os limites da tolerância que se costuma ter com incontinentes, qualquer que seja a sua cor política. Diz a dada altura o Araújo, sobre a autora de Apátrida, que ela…

…vem confirmando uma postura política, mas sobretudo ética, de rejeição estridente do alinhamento à direita, em confronto furioso, mas nem sempre coerente, com o fascismo das consciências e dos afectos, outrora presente em instituições sinistras como a PIDE ou o campo de concentração do Chão Bom do Tarrafal (reaberto por portaria ministerial de 17 de Junho de 1961).

É vilíssima esta última alusão ao Tarrafal, com que o Araújo, fingindo-se liberal, pretende amesquinhar, de forma despropositada, tortuosa e cobarde, não o ministro em causa, que reverencialmente não nomeia, mas o desalinhamento à direita de Isabel Moreira – esse sim, o grande e órrível crime que enfurece o blogueiro. Que me conste, até a PIDE sabia distinguir, por vezes, entre pais e filhos. Só estalinistas é que nunca quiseram saber disso, nem o lobo da fábula do carneiro. Nem o Araújo, pelos vistos.

8 thoughts on “Uma badalhoquice”

  1. Tem toda a razão: é mesmo obra de badalhoco. A Igreja anda em maré de azar: já lhe chegava o Abominável das Neves e agora sai-lhe .

  2. o que é que querias dum empregado do cavacoiso? belém paga-lhe para adocicar a pílula e cuidar da imagem do bronco, tarefa bué difícil que o gajo lá vai vendendo aos impressionáveis com o estilo, desta vez a pressão da família moreira decapou a patine e arrebentou o lacado do liberalismo de pacotilha. tem a importância que tem, nenhuma, dar publicidade a isto é um favor desmerecido e inoportuno. eu teria ficado por umas bojardas no respectivo caixote de comentários do gajo e já seria confiança a mais.

  3. contavam com a isabel,para alinhar no orfeão da direita.como tal não aconteceu,só faltou reabrir o tarrafal, para mandarem a isabel fritar ovos na frigideira!que os pariu

  4. Depois passar os olhos pelos sanitários do Asdrúbal fiquei enojado – este comentário tem por isso bola vermelha ao canto.

    Fascistas de merda! Não consigo ler nem ouvir este gangue de mafiosos e vigaristas. Dizem-nos que a culpa é nossa, que vivemos acima das nossas possibilidades, que é preciso deixar os mercados funcionarem. Falam de cátedra, quando são eles os ladrões, guardam o que roubam nas contas da suiça e nos paraísos fiscais, exploram a fragilidade financeira das famílias com vencimentos que não chegam nem para pagar uma renda de casa.

    Uma velhota é levada para a esquadra por roubar um chocolate para comer, ainda terá de ir a tribunal. Gestores de um banco fazem desaparecer 12 mil milhões de euros e nada acontece. Um país é levado à ruína, destroem-se empregos, manda-se para fora a juventude, pessoas morrem por não terem os tratamentos hospitalares que era suposto, destroi-se a cultura e a educação, vende-se um país a saldo, e os criminosos que nos governam continuar a contar piadas com os seus dentes de porcelana.

    É neste ponto de coisas, que o panasca enfeitado do blogue ao lado, ainda se vem masturbar à conta de umas páginas da Isabel Moreira. Vá para a rua, vá a um centro de desemprego, a um hospital, saia da sua zona de conforto! De preferência emigre para Donetsk e terá o orgasmo da sua vida com um livro da Clara Pinto Correia!

  5. Chão Bom existiu! E ninguém negará as suas responsabilidades,homessa! A referência a Estaline é claríssima: toda a direita odeia quem derrotou,até ao fim,toda a direita mundial. Custou esta vitória à URSS vinte e dois milhões de mortos.

  6. Ó Pereira,

    Qual foi a direita que a URSS derrotou? E sozinha, ainda por cima.

    Ninguém, de boa fé, lhe retira a quota-parte de mérito na derrota do nazismo. Mas faça o favor a si mesmo de não reescrever a História, como alguns (muitos) comunistas tanto gostam.

    Mesmo porque a direita está aí, impante, cada vez com mais força.

    Infelizmente, digo eu.

  7. Não foi o Estaline que fez um pacto com o Hitler? Se começamos a puxar pelo fio à meada, é uma chatice. Morreram uns milhões de patriotas na luta contra o nazismo? Ninguém o esquece, honra lhes é devida. E que fez depois o Estaline? Em fomes, fuzilamentos e gulags, matou 20 milhões de compatriotas. E que fez o tarado do alemão? Só judeus, matou 6 milhões (fora cristãos, homossexuais, ciganos e diminuídos físicos).
    Um outro, que belos tipos!

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