Privatização da Caixa, lembram-se?

O Novo Banco perdeu 9300 milhões em depósitos em 2014 e a Caixa Geral de Depósitos foi quem mais ganhou.

Por volta de 2008, ainda Passos Coelho estava longe de chegar ao poder e já tinha duas ideias. O que, para um gajo com três neurónios, rondava perigosamente o limiar do esgotamento cerebral.

Uma dessas ideias era a privatização da RTP, para acabar de pôr o resto da comunicação social em mãos exclusivamente de direita. Cenário alternativo era a extinção pura e simples da empresa de televisão e radiodifusão do Estado, dado que as empresas privadas do ramo, gente amiga, não deitariam foguetes por ficarem com mais concorrência, se a RTP fosse vendida.

A outra ideia coelhina era a privatização da Caixa Geral de Depósitos, porque lhe fazia impressão que na administração do banco do Estado houvesse ainda uns pelintras sem cartão laranja. O mangas, muito excitado, imaginava já a quem entregar a joia da coroa. Futuramente, quem sabe, talvez lhe calhasse na administração uma cadeira para adoçar a reforma, como calhara já a outros.

Entretanto o mundo deu umas voltas e o Coelho evacuou as duas ideias solitárias que acalentava em 2008. Desde então, a banca privada portuguesa mergulhou até aos olhos nas mais sórdidas histórias de delinquência financeira – ou, pelo menos, a crise tornou visível a bandalheira que já vinha de trás. Uns tantos bancos foram virtualmente à falência, incluindo o BPN, o BPP e o BES. Os outros andam por aí de mão estendida, à espera do BCE ou da Isabel dos Santos. A Caixa, entretanto, foi obrigada a ajudar o Estado em várias operações de salvamento da banca privada falida. Ao que chegámos!

Os jornalistas lacaios que pululam por todo o lado como baratas tontas ainda não perguntaram ao Coelho porque é que ele já não propõe a privatização da Caixa.  E, já agora, da RTP.

12 thoughts on “Privatização da Caixa, lembram-se?”

  1. Os funcionários públicos, auto intitulados há 40 anos como “trabalhadores” entraram numa das várias greves anuais devidamente programadas como habitualmente há 40 anos.

    Bem hajam!

  2. ” Futuramente, quem sabe, talvez lhe calhasse na administração uma cadeira para adoçar a reforma, como calhara já a outros.”
    As cadeiras da administração que já calharam a outros foram atribuídas quando a CGD era privada ou pública? Foram atribuídas por partidos à direita ou à esquerda?

  3. Estas greves da função pública são muito bons para o ambiente.

    É muito agradável um dia sem cheiro a sovaco.

    Que alívio!

  4. Pois é, os que trabalhavam que nem uns danados eram os do BPN, BPP, para além de outros lídimos representantes da iniciativa privada. Ah, é verdade, e também os do BES que inundavam de odores pestilentos, produtos da sua aplicação laboral, a Av. da Liberdade (?).
    Acrescente-se, ainda, o Paulinho das Feiras, quando assentou praça na aviação submarina. Depois de ter manchado as camisas de transpiração no acto….das 60.000 fotocópias.

  5. “A Caixa, entretanto, foi obrigada a ajudar o Estado em várias operações de salvamento da banca privada falida.”

    Não percebo esta esquizofrenia: há dias em que se critica o governo (este ou qualquer outro) por colocar o salvamento da banca privada acima do bem estar das pessoas; noutros dias louva-se o papel da CGD enquanto instrumento dos governos para salvar a banca privada falida.

    A banca privada falida devia ter falido: salvaguardando os depósitos até um limite razoável, implicando perdas totais de capital aos capitalistas (accionistas). A CGD não devia ter sido usada para salvar a banca privada falida. Enquanto for pública a CGD vai servir sempre para tudo mais um par de botas (incluindo para distribuir cargos a políticos desempregados). Só quem não conhece a CGD é que não percebe que a CGD é hoje o grande campo de batalha entre detentores de cartões de militante do PS, do PSD e do CDS/PP por cargos e poder.

  6. “a CGD é hoje o grande campo de batalha entre detentores de cartões de militante do PS, do PSD e do CDS/PP por cargos e poder.”
    Eh pá……., e nem um comunistazito para amostra nem nada?

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