O próximo passo de Coelho

Amanhã em Belém o ainda primeiro-ministro só poderá dizer isto:

– Sr. Presidente, não tenho maioria para governar. Venho despedir-me e desejar a V. Ex.ª muita saúde e um feliz termo do seu mandato presidencial.

Como se chegou aqui?

Por incrível que possa parecer, Coelho e Portas acreditaram que o PS não teria outro remédio senão trair os seus eleitores e deixar governar a coligação da direita à sua vontade, como se não tivesse havido eleições há 15 dias. Mais exactamente, Coelho e Portas fingiram acreditar nisso – o que para eles é o mesmo. A comunicação social, imperturbável, serve depois a papa fictícia.

Com toda a oportunidade e legitimidade, Costa submeteu à coligação da direita os pontos essenciais de uma necessária “reorientação política” – necessidade claramente expressa no sufrágio de mais 2.700.000 portugueses que chumbaram a orientação política dos últimos quatro anos. Obstinado na sua convicção de ter ganho as eleições e perfeitamente incapaz de negociar, Coelho fechou intempestivamente a porta a mais reuniões com os socialistas e declarou que não iria “governar com o programa do PS”.

Tem, de resto, todo o direito de assim proceder, mas terá de anunciar amanhã ao presidente da República que vai começar a fazer as malas, porque no Parlamento há 122 deputados que não querem a sua política, contra 107 que a apoiam (não sei se o PAN apoia coelhos destes). Que fará, perante isto, o homem de Belém, o tal campeão da governabilidade e da estabilidade, inimigo declarado de governos sem apoio maioritário? Trairá a sua palavra e os seus princípios, nomeando um governo claramente desapoiado no Parlamento?

Entretanto, para inglês ver e o Correio da Manha pespegar na primeira página, Coelho veio oferecer ao PS lugares num hipotético governo, como se Costa não tivesse dito e redito que não quer governar com a direita. Depois de recusar negociar propostas concretas de reorientação política, Coelho resolveu agora oferecer lugares a um partido que já disse que os não quer! Não ocorreu a Coelho e Portas outra coisa, senão tentarem comprar o principal partido da oposição com pastas ministeriais. Parece demasiado rasca para ser verdade, mas é o que há. Ficar-se-ão por aqui ou tentarão subir a parada? É costume oferecer também benesses e malas de dinheiro por debaixo da mesa…

17 thoughts on “O próximo passo de Coelho”

  1. É hoje possível avançar a notícia mais desejada dos últimos tempos: haverá um governo PS + BE, viabilizado pela CDU e pelo PAN. Para 4 anos. Podem difundir.
    Ass.: um bom amigo de J. Gusmão.

  2. Infelizmente não, tanto o lapsos coelho como a esfinge são teimosos, casmurros, fascistas, e como tal o ex-titular das acções do BPN vai dar posse ao lapsos coelho, mesmo em minoria…. depois logo se vê, pode ser que os Seguristas do PS possam dar uma mãozinha….que raio de povo este….

  3. Acho que a frase pode ser melhorada em parte, e que a lamúria vai ser assim:

    – Sr. Presidente, não tenho maioria para governar. Venho despedir-me, agradecer-lhe tudo o que fez por nós (saiba, aliás, que me tenho sentido bastante envergonhado por tudo há semanas) e desejar a V. Ex.ª muita saúde e um feliz termo do seu mandato presidencial.

  4. os gregos, resolvem bem ou mal as coisas em pouco tempo.em portugal parece que estamos no deserto,o tempo,passa,passa e nada de se passa.nunca houve tanto sossego neste pais como nestes ultimos dias.que bom é não termos governo!

  5. a LUSA está a noticiar que Carlos Silva, líder da UGT, demitiu-se hoje da central sindical, mesmo antes da reunião de dia 23. Já vai tarde.

  6. P
    19 DE OUTUBRO DE 2015 ÀS 20:25
    O aldrabão hoje em Bélém:

    “… dado que presido ao partido mais votado.”

    Ó P, deves ler …Coligação…não é? Que funcionou como PARTIDO candidato, não é? Então, qual é o teu problema? Já ouviste falar em entendimento hábil? É uma coisa muito utilizada em DIREITO e olha que nada tem que ver com o que podes pensar nesse teu presumível desconhecimento…

    Mas quem sabe podes explicar aqui quem ganhou as eleições…é que os XUXAS acham que as venceram…achas que as regras de matemática e/ou aritmética mudaram? Conta aí….

  7. fifi
    19 DE OUTUBRO DE 2015 ÀS 18:34
    os gregos, resolvem bem ou mal as coisas em pouco tempo.em portugal parece que estamos no deserto,o tempo,passa,passa e nada de se passa.nunca houve tanto sossego neste pais como nestes ultimos dias.que bom é não termos governo!

    E A CULPA É DE QUEM?

    veja só, até parece que touni foi convidado a integrar o governo…mas ele fez-se de caro. Deve estar a negociar preços…

  8. Para a coligação negociar é sinónimo de distribuir tachos e sinecuras, como bem se viu nos últimos dias. O burlão da Tecnoforma e o corrupto dos submarinos não conhecem outra coisa. Foi assim que compraram o caminho até ao poder e é dessa forma que o pretendem preservar.

  9. Argumentos de autoridade são típicos de gente fraca ou sem argumentos. São a manifestação primária de complexos de inferioridade.

  10. LOL, o gajo de cima, deve ser o mesmo que o outro….de facto a tua amada touni é …trabalhador. Olha o que o gajo tem feito! Ele só tem que mudar o penteado…pois vocação para «kim», ele tem….tipo putins e companhia, e chavez e essa gente toda…eles adora (va)m o povo.
    E por falar em´complexo de inferioridade, melhor que Sócrates…não há! Ele dá-nos cada lição….

  11. Amanha António Costa em Belém:
    “Sr. Presidente, efectivamente não assumi que perdi as eleições. Sinto-me frustrado pois nem com as medidas anti populares que o governo criou eu consegui chegar a PM! Não consegui atingir minimamente (poucochinho) ao que me propus! Assumo a minha derrota e demito-me!”
    (desta forma dava lugar/tempo ao PS para arranjava alguém decente e negociava uma governação com a aliança pensando SEMPRE em Portugal, antes de tudo).
    Isto sou eu a pensar alto, tendo a ilusão de que António Costa é uma pessoa decente…que não é.

  12. TACHOS COELHO, relativo ao “caminho para o poder”, não é o PS que tem um ex PM detido em prisão preventiva e depois domiciliária e que presentemente é arguido em assuntos de enriquecimento ilícito enquanto era pm …alegadamente?

  13. Ui, o António Costa é que lhe deveria dizer «assumo a minha derrota e demito-me»?
    Mas o PR não é o mesmo tipo que foi o PM do PSD durante dez anos, nos bons velhos tempos em que o PSD gerou a primeira plêiade de ilustres portugueses (Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Arlindo de Carvalho Duarte Lima, Joaquim Coimbra, Rui Machete no BPN) e passim Martins da Cruz, Isaltino Morais, Miguel Relvas, Luis Filipe Menezes, Miguel Macedo, Marco António Costa um dia, etc? Xôoooo, o PR não é nenhum Presidente do Conselho porque não deixamos e, a ralhar, que ralhe aos ouvidos do Pedro Passos Coelho que esta nabice já chega.

    http://www.dn.pt/dossiers/economia/bpn/noticias/interior/quem_sao_os_homens_que_estao_por_tras_do_bpn_1048159.html

  14. Tempo houve – e ainda que mal perguntasse – que ainda me senti tentado em indagar o Valupi sobre o contributo de tanta má formação a todos os níveis aqui no blog. Nunca o tendo feito até agora, hoje só posso garantir que também não tenho nenhum divã ao lado do pc. E como por enquanto ainda escolho com quem debato… E excluindo de antemão qualquer tipo de arruaça ou ordinarice. Talvez o ultracitado 31 da Armada. Mas sinceramente também não sei. Nunca me senti possuído para ir até lá destratar toda a gente. E para isso basta saber que não me identifico com a linha editorial e não ter pancada nenhuma.

    P.S. Agora o aldrabão também já precisa de “tradutores”?! Talvez o comunicado da Presidência da Republica que informa sobre as datas para ouvir os partidos políticos que elegeram deputados à AR. Segundo prevê a Constituição da República Portuguesa, depois de ouvidos os partidos políticos e tendo em conta os resultados eleitorais, o Presidente da República deverá convidar o próximo primeiro-ministro para formar Governo. Em momento algum fala de alguma coligação, legalmente extinta depois dos resultados eleitorais apurados. O presidente da coligação?! E porque não o presidente do maior partido da coligação? Ou ainda melhor, o líder do partido mais representado na AR.

    E bastava um telefonema do “Touni” e em que praça de taxis também já estava o pantomineiro do CDS… Aquele que ensinou ao aldrabão que numa Democracia Parlamentar nunca foi preciso ter mais votos/deputados e/ou ganhar eleições para ser Governo. E é só da Democracia Parlamentar portuguesa que tanto se tem falado nos últimos dias em Portugal. E de novo só descobrimos mesmo que afinal sempre há muita gente que nunca fez a mais pequena ideia das regras numa Democracia Parlamentar!? Outros fazem-se desentendidos. E andam a dormir mal com pesadelos . Mas voltando ao pantomineiro mor e segundo os seus próprios correligionários do partido – “já foi eurocéptico depois passou a euroconformado, já foi popular e depois passou a centrista, já foi contra o aborto e agora é aborto conformado, já foi o Paulinho das feiras e do mundo rural e depois passou a Paulinho/estadista e agora pretende aparentemente ser o Paulinho citadino, moderno e ambientalista…” Isto tudo e ainda estávamos em 2009… Porque para um liberal do tacho só os outros é que não podem mudar uma vírgula.

    Privilegiar e ouvir o líder do PSD primeiro – com mais dois ou três deputados e muitos menos votos que o PS – fora do contexto de uma Democracia Parlamentar, dos outros partidos e no actual cenário pós-eleitoral só mostrou quem ainda mora em Belém. Para quem ainda tinha dúvidas. Que não é o caso de todos, como é óbvio. E por razões muito distintas.

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