O fim de um monstro

Faz hoje exactamente 200 anos que a Inquisição foi abolida por uma lei aprovada por unanimidade no primeiro parlamento do liberalismo (31 de março de 1821). O Santo Ofício da Inquisição, que durou quase três séculos, foi a maior fábrica de opressão, fanatismo, intolerância, tortura, morte, perseguição, roubo, confisco, delação, preconceito, conformismo, submissão, atraso, ignorância e compressão do pensamento da história de Portugal.

A Inquisição foi também um tribunal corrupto, que inventou os processos arbitrários, esmagando os direitos dos réus. Alguns desses processos deixaram saudades em certos juízes que ainda por aí vegetam.

Na Assembleia da República, Ferro Rodrigues lembrou esta manhã a data histórica. No Público de hoje, Esther Mucznik assinalou a data. A TSF também evocou a data, entrevistando o historiador da Inquisição José Pedro Paiva (vale a pena ouvir).

Estou curioso do que vão dizer, ou calar, os nossos “liberais” de hoje, muitos deles apenas reaccionários disfarçados, como a Bonifácia e os seus colegas.

32 thoughts on “O fim de um monstro”

  1. Foi pena não ter sido abolida a instituição que lhe deu origem, ou seja, a Igreja Católica, que, através da Inquisição que criou, cometeu os mais hediondos crimes que se possam imaginar. Por exemplo:
    – Massacrou os habitantes de Beziers, por não se submeterem à autoridade do Papa;
    – Mandou para a fogueira aqueles que não acreditavam no que ela impunha;
    – Fez uso de TORTURA para obrigar os hereges a se retratarem;
    – Condenou a teoria heliocêntrica por ser contrária à bíblia;
    – Negou, por muitos anos a biologia evolutiva (dos animais) que deram origem ao homo sapiens;
    – Opôs-se à dissecação de cadáveres na medicina;
    – Promoveu nove(9) cruzadas que deixaram milhões de mortos;
    – Permitiu a ascensão ao poder de HItler, firmando contrato com ele;
    – Obteve as terras do Vaticano através de um Tratado com o fascista Mussolini;
    – Perseguiu e segregou Judeus;
    – Defendeu a monarquia e atacou a s ideias republicanas;
    – Defende a superioridade do homem sobre a mulher;
    – Fomenta a discriminação para com gays e lésbicas;
    – Opõe-se a pesquisas com células tronco-embrionárias.
    … E MESMO ASSIM, MILHÕES DE PESSOAS CONTINUAM A FAZER PARTE DELA!!!

  2. Não diria abolir a Igreja Católica estamos em democracia, mas que foi e é segundo as suas regras ( só se submete quem quer) um atraso civilizacional da humanidade, com um indice muito grande de criminalidade(comparável ao daesh)

  3. MCtorres:

    É falso que sejam imputáveis à Igreja Católica a prática dos crimes mais hediondos que se possam imaginar. Afirmá-lo é dar prova de escassez de imaginação ou, pior ainda, manifestar a desonestidade intelectual mais básica, que branqueia o histórico de crimes tão ou mais hediondos praticados em nome de ideologias totalitárias repressoras da liberdade religiosa, e, por consequência, do catolicismo.
    Apenas por sectarismo jacobino ou laicismo dogmático se pode imputar a uma instituição religiosa a responsabilidade de crimes de gravidade superior aos cometidos por regimes que contabilizam milhões de mortos em valas comuns, em campos de concentração, em campos de extermínio, em deportações forçadas, na produção industrial de cadáveres, na fome planeada como instrumento de repressão ou consequência criminosa de opções de política económica, além da profanação de templos religiosos, da execução sumária de sacerdotes ou da violação e assassinato de religiosas, a que acrescem a instrumentalização e manipulação da ciência, tornada instrumento de desumanidade, a repressão da cultura e da liberdade religiosa, ou, finalmente, a segregação das minorias étnicas, religiosas e sexuais.
    Várias alíneas do seu comentário são total ou, parcialmente, falsas. É falsa a asserção de que a Igreja Católica permitiu a ascensão ao poder de HItler, firmando contrato com ele. Não apenas a Igreja Católica não contribuiu para a ascensão do nazismo, como a Concordata assinada entre a Alemanha e a Santa Sé visou, na perspetiva do Papa Pio XI, a salvaguarda do catolicismo alemão, que, justificadamente, considerava ameaçado pelo novo regime.
    É também falsa a alegação de que a Igreja Católica defende a superioridade do homem sobre a mulher. Produzir tal afirmação é, ao arrepio da verdade, negar a evidência de que, hoje, a Igreja afirma, sem equívoco possível, o princípio da igual dignidade do homem e da mulher, vistos, à luz da sua doutrina, como imagem de Deus.
    Ao contrário de si que, com parcialidade e enviesamento, lamenta a não abolição da Igreja Católica, só tenho a congratular-me com o facto de que pessoas como você não tenham tido o poder de promover essa abolição. Caso contrário, teríamos a lamentar que aos crimes cometidos por poderes não democráticos acrescentássemos, hoje, em democracia, por sua culpa, o paradoxo da prática de um crime que viola objetivamente o art.º 18.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

  4. Mctorres:

    Não é com maiúsculas ou pontos de exclamação que acrescenta razão à que têm. A crítica que formulei permanece inteiramente válida, fundamentada em livros de história que, a julgar pelo caso presente, serão mais abrangentes do que aqueles que você lê.
    A dimensão dos crimes praticados pela Inquisição e as suas consequências gravosas são, hoje, não apenas um facto histórico incontroverso, mas também realidade integrante da memória da Igreja Católica, a qual reconhece ter dado, no seu passado, exemplos de “antitestemunho” e de “escândalo” (João Paulo II).
    Agradeço-lhe a sua sugestão de leitura, que, respeitosamente, declino. Em contrapartida, faço-lhe, sem expectativa, a sugestão de que tente ultrapassar o viés epistemológico a que voluntariamente se condenou. Refiro-me ao seu anticlericalismo em grande medida anacrónico que o faz lamentar a permanência de uma instituição que congrega milhões de fiéis, mas hoje não manda nada, nem política nem economicamente, e é incapaz de determinar o curso das transformações sociais e culturais contemporâneas ou de exercer influência nas instâncias do poder formal ou fático.
    Caso não queira ou não consiga ultrapassar o referido viés epistemológico, sujeita-se a ficar na duvidosa condição de epígono tardio do mestre Voltaire, esse espírito obstinadamente intolerante na apologia da tolerância e dogmático na refutação do dogma.

  5. Mc torres orgulhoso futuro padreca não binário , é só xuxalhada podre stereo neste mundo e o resultado tá a olho(traseiro obviamente…)

  6. feito semelhante só será alcançado com a proibição do futebol profissional , a coisa mais alienante de que tive noticia , com custos brutais para os povos em “deixa andar” , domingo à bola…mais valia que fossem à missa , sempre ouviam a palavra de um Senhor.

  7. A Inquisição acabou. A atitude inquisitorial não. A intolerância manifesta-se agora de muitas outras maneiras. Aí está o MC Torres ilustrando o tema.

  8. Ola,

    De um ponto de vista historico, é inegavel que existe uma filiação (não apenas em Portugal) entre as inovações processuais do(s) tribunal(is) do santo oficio (primeiro em França e em Roma, depois na Peninsula ibérica) e a adopção do principio do inquisitorio em muitos sistemas penais europeus. Os excessos e os abusos vêm imediatamente à cabeça e, neste blogue, são abundantemente criticados, por razões que todos conhecemos.

    Procurando ir um pouco além das questões politiqueiras da praxe, sera que, entre os leitores deste blogue, é pacifico que um sistema de processo penal baseado principalmente, ou mesmo exclusivamente, no principio do acusatorio, ou seja em que a iniciativa e a condução do processo, são deixadas exclusivamente às partes (réu de um lado, ministério publico do outro), é superior ao sistema actual, em que a investigação é levada a cabo por um juiz de instrução que tem a obrigação de ser imparcial e de instruir “à charge et à décharge”, como dizem os Franceses ?

    Eis o que poderia ser um debate interessante.

    Boas

  9. Para não magoar (com a verborreia que aqui vou despejar) o meu amigo Lucas Galuxo e outros homens e mulheres de boa vontade que aqui vêm petiscar, partilhando generosamente o seu próprio farnel, faço desde já uma distinção entre a Igreja Católica e os milhões de católicos e outros cristãos que têm Jesus Cristo como exemplo de homem bom. Tanto quanto julgo saber, do que a História nos dá a conhecer, também eu, ateu de uma gloriosa e leprosa linhagem de ateus (graças a Deus!), nisso acredito. Seria um homem bom, honesto, corajoso e coerente. Seria igualmente, ou tentaria ser, um homem justo. E tudo o que seria, ou tentaria ser, mais o que dizia que era e o que na realidade foi, o levou ao funesto fim que todos conhecemos. Daí a ser filho de Deus, bueno, para os como eu ateus (graças a Deus!) seria preciso que Deus existisse e tivesse tido filhos, ou filho. No credo, mas respeito quem crê.

    Isso não invalida outra realidade histórica, tão inquestionável como a não menos histórica realidade do Cristo homem. A saber, os incontáveis crimes em seu nome cometidos por uma Santa Madre Igreja Católica Apostólica “Romanólica” que sobre ele se encavalitou e lhe parasitou os méritos, crimes esses que estão longe, muito longe, de se resumir à Inquisição. Homem de boa vontade que sou, ou pretendo ser, ou quero e me esforço por ser, dúvidas tenho nenhumas de que nesses incontáveis crimes não tem o Cristo homem sombra de culpa.

    As lavandarias da galáxia e arredores todas juntas seriam insuficientes para branquear os crimes da Igreja Católica, sempre aliada ao poder, no “acompanhamento espiritual” das colonizações, por exemplo. Isto não esquecendo alguns católicos que mijavam fora do penico e, homens bons que eram, tentavam seguir à letra o homem bom cuja vida e morte os inspirava, como o padre António Vieira, por exemplo.

    Quanto à salada do Francisco Ribeiro:
    “[Crimes] cometidos por regimes que contabilizam milhões de mortos em valas comuns, em campos de concentração, em campos de extermínio, em deportações forçadas, na produção industrial de cadáveres, na fome planeada como instrumento de repressão ou consequência criminosa de opções de política económica, além da profanação de templos religiosos, da execução sumária de sacerdotes ou da violação e assassinato de religiosas, a que acrescem a instrumentalização e manipulação da ciência, tornada instrumento de desumanidade, a repressão da cultura e da liberdade religiosa, ou, finalmente, a segregação das minorias étnicas, religiosas e sexuais.”

    O que podias ou devias fazer, para obteres os mínimos para Tóquio, era atribuir donos aos bois, para se perceber do que falas. Juntar na mesma panela tudo o que no momento te ocorre de sacanices em que a História dos homens é fértil, à laia de sopa da pedra, e espetar ruidosamente com o vasilhame em cima da mesa do pardieiro, pode satisfazer-te o ego, mas a promessa de sopa nutritiva não passa de salada de demagogia bitaiteira e o pessoal continua com fome.

    Quando falas de “profanação de templos religiosos, da execução sumária de sacerdotes ou da violação e assassinato de religiosas”, por exemplo, eu lembro-me imediatamente do que aconteceu aos cristãos do Kosovo, apoiados e armados até aos dentes por outros cristãos (muitos deles católicos), confortavelmente instalados na América e nos bantustões vassalos europeus. Ocorre-me também o que, desde 2011, está a acontecer aos cristãos da Síria às mãos do Daesh, insuflado e armado por debaixo da mesa pelas mesmas piedosas almas atrás referidas e pela ladroagem nazionista. Posso estar enganado, mas não me parece que seja desses que falas, estarás eventualmente ainda ancorado nas malfeitorias da Moscóvia soviética.

    E quando aludes a uma não-sei-das-quantas “instrumentalização e manipulação da ciência, tornada instrumento de desumanidade”, eu até tenho medo de formalizar na mona aquilo que suspeito ser o que vai na tua.

  10. bem dizia o ora queijeiro jorge coelho ( quem se mete com o PS leva ! ) que isso de se meter com a Igreja Católica era uma guerra perdida ( por outras palavras, uma coisa ou guerras que o partido devia evitar ) o Vera Jardim tentou em tempos mexer com a concordata e o resultado foi de que não só a igreja católica manteve tudo e e não abdicou de nada como em resultado do princípio da igualdade, outras religiões conquistaram direitos ( o mais lamentável foi a extensão aos evangélicos brasileiros que fazem da religião abominável, escandaloso e rentável negócio ) .
    Quanto à inquisição ( e às pré-inquisições ) e como nasceu o princípio da não incriminação, ou direito de permanecer calado, para quem gosta da história do Direito, ler a wikipedia, pequeno excerto :

    The “cruel trilemma”
    Main article: Ex officio oath
    The “cruel trilemma”[7] was an English ecclesiastical and judicial weapon[8] developed in the first half of the 17th century, and used as a form of coercion and persecution. The format was a religious oath to tell the truth, imposed upon the accused prior to questioning. The accused, if guilty, would find themselves trapped between:
    A breach of religious oath if they lied (taken extremely seriously in that era, a mortal sin),[7] as well as perjury;
    Self-incrimination if they told the truth; or
    Contempt of court if they said nothing and were silent.
    Outcry over this process led to the foundation of the right to not incriminate oneself being established in common law and was the direct precursor of the right to silence and non-self-incrimination in the Fifth Amendment to the United States Constitution.

    Muitos dos incriminados no tempo da rainha Isabel, religião anglicana, foram com provas forjadas e acusados por conspiração e alta-traição, portanto quando eram inquiridos, o tribunal já tinha prontas as respostas que queria ouvir, caso o inquirido se mantivesse calado e nada dissesse, era considerado desprezo pelo tribunal, se negasse a acusação era considerado um mentiroso e incorria em perjúrio e em pecado mortal, se dissesse a verdade – que o tribunal queria ouvir – porque a prova e o julgamento já estavam de antemão feitos, tramava-se .
    Em qualquer dos três casos, estava tramado e previamente encaminhado para a execução.
    O notavel juiz Edward Coke enfrentou as autoridades eclesiásticas e pôs termo a essa infâmia .
    Existe uma página sobre esse notável jurista que recomendo :

    WIKIPEDIA
    TRILEMMA
    https://en.wikipedia.org/wiki/Trilemma

    RIGHT TO SILENCE
    https://en.wikipedia.org/wiki/Right_to_silence

    EDWARD COKE
    https://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Coke

  11. “ (…) a permanência de uma instituição que congrega milhões de fiéis, mas hoje não manda nada, nem política nem economicamente, e é incapaz de determinar o curso das transformações sociais e culturais contemporâneas ou de exercer influência nas instâncias do poder formal ou fático. (…)

    Com o devido respeito, relembro que a Opus Dei faz parte da Igreja Católica, responde ditectamente perante o Papa, e não só pode como manda, política e economicamente, como ora soi dizer, de forma mais discreta ( politicamente ), ora de forma mais pública ( economicamente ) .
    Aliás a IC é muito activa e influente na America Latina, e nem é preciso ir muito longe, também aqui na vizinha Espanha, apenas relembro certas aberrações e extremismos como os guerrilheiros de Cristo-rei ( e também coisas semelhantes no México ou em países do istmo do Panamá ), inclusivé em tempos observei na TV uma iniciativa de um celerado que fez uma espécie de academia para formar padres na modalidade de super-sacerdotes, uma espécie de exército eclesiástico de elite para os tempos modernos e difíceis, raros em vocações e plenos em escândalos, deu mais tarde em escândalo com acusações ao fundador, de abusos sexuais, era um pedófilo, enganou o próprio Papa João Paulo II que chegou a visitar a “obra” e o tinha em alta estima .
    Mas claro que também há excepções e excelentes membros da IC nesses países, infelizmente são a excepção .

  12. O cabrão do monstro é hidra de muitas cabeças, cada cabeça é fénix continuamente renascida e o planeta é pequeno para bicho assim, como se empenham em provar saudosos discípulos de múltiplas e inesperadas geografias:

    https://www.rt.com/op-ed/519778-butler-university-angela-davis/

    My kind of woman! Mas é claro que aquele país de merda, aquela banana republic on steroids, aquela united republic of bananas and morons, deita para o lixo tudo o que tem algum mérito, algum valor.

  13. Joaquim Camacho:

    Descontadas as alusões pitorescas a “saladas” e a “mínimos para Tóquio”, aproveita-se do teu comentário a verificação de que há pessoas a quem é preciso tornar claro o óbvio. Os “bois” em causa têm nome, que só por manifesta ignorância, se desconhece: nazismo e comunismo. Não deves recear aquilo que a tua “mona” (palavra tua, sublinhe-se) possa conceber quanto ao significado da minha referência à instrumentalização e manipulação da ciência. Creio que para sossego da tua alma ou se preferes, da tua “mona”, fica o esclarecimento de que me refiro à prática científica sob o regime nazi, exercida no quadro de princípios eugenistas e racistas.
    Quanto à violência exercida por comunistas e anarquistas sobre a Igreja Católica durante a Guerra Civil Espanhola, trata-se de facto histórico incontroverso, tal como é incontroverso o seu aproveitamento propagandistico pelas forças beligerantes “nacionalistas”, e incontroversa a responsabilidade destas na prática de crimes de guerra (inclusivé contra o clero basco) que não lhe davam moral alguma para apontar o dedo aos outros, ainda que com a benção da grande maioria da hierarquia da Igreja Católica espanhola e a preferência eletiva da Santa Sé.
    Finalmente, acrescento que não há razão para que a tua “mona” se preocupe com o facto de eu poder estar ainda ancorado nas “malfeitorias da “Moscóvia soviética”. Não correspondendo à realidade o que presumes na tua “mona”, dou-te o esclarecimento de que é sempre preferível estar ancorado na memória histórica de crimes cuja gravidade e dimensão não nos autorizam o seu esquecimento nem a sua relativização sob o pretexto de crimes contemporâneos.
    Concluindo, Joaquim Camacho, sempre que a tua “mona” carecer de mais explicações, estarei, na medida das minhas possibilidades, disponível para dá-las. Contando, obviamente, que adotes a humildade de quem tem a aprender o que julga poder ensinar.

  14. angela davis aconselhou votar biden, não foi no palhaço que tu defendes e que é apoiado pelo canal do tio putinhas. tens uma certa tendência para te colares a cenas que não entendes só porque cheira a bolor do polibturo ou soa a griffe de gauche, chamemos-lhe pedantismo de esquerda na versão benévola, para não levarmos a aldrabice muito a sério.

    https://www.youtube.com/watch?v=v8M8f9x435I

  15. Dizia o Libaninho, à sombra da sé de Leiria, na casa da S. Joaneira :
    – Jesus, credo, calem-se ! Ainda vem por aí um raio ! Uma desgraça !!!!

  16. Francisco Ribeiro, não te acanhes a chamar mona à minha mona, porque de mona se trata de facto. Quanto aos realmentes, equiparar nazismo e comunismo é comparar a Feira de Borba com o olho do cu (pardon my French), e com isto não branqueio os crimes da Moscóvia soviética, com o georgiano bigodudo ao leme e não só. A “fome planeada como instrumento de repressão ou consequência criminosa de opções de política económica” em nada se assemelha à política deliberada, implacável e metodicamente praticada, de assassínio, liquidação, extermínio, a frio, aos milhões, de povos inteiros, “raças inferiores”, grupos étnicos, religiosos ou políticos, como judeus, ciganos, eslavos, comunistas, socialistas, dissidentes, deficientes, homossexuais e outros, para lhes ficar com as posses ou os territórios, para os tirar do caminho ou simplesmente porque sim. Excepto casos pontuais como o massacre de Katyn e pouco mais, tenho como abusiva a equivalência entre nazismo e comunismo.

    Abusivo me parece também chamar comunismo aos métodos de acumulação e concentração de capital na Moscóvia. Dando de barato as boas intenções desajeitadas (de que o Inferno continua cheio) de criação do “homem novo”, numa sociedade apregoada e desejavelmente mais justa e igualitária, parece-me que a “experiência” soviética não passou de capitalismo de Estado, com uma casta a substituir a classe na apropriação, administração e distribuição de lucros do capital dolorosa e implacavelmente acumulado.

    No que respeita “à instrumentalização e manipulação da ciência, tornada instrumento de desumanidade”, enganei-me a teu respeito e fico mais descansado. Pensei que o que te ia na mona era a interrupção voluntária da gravidez, a pílula contraceptiva, a morte assistida e outras malfeitorias possibilitadas e/ou facilitadas pela ciência, pecados mortais que a Santa Madre Igreja considera crimes de assassínio ou mesmo genocídio, ou seja, “instrumentos de desumanidade”.

    “Quanto à violência exercida por comunistas e anarquistas sobre a Igreja Católica durante a Guerra Civil Espanhola”, e seus corolários franquistas, subscrevo na íntegra o que dizes.

    Finalmente, e voltando às malfeitorias da “Moscóvia soviética”. Não querendo duvidar de que não corresponde à realidade o que presumi na minha mona sobre o que ia na tua, não concordo que seja “sempre preferível estar ancorado na memória histórica de crimes cuja gravidade e dimensão não nos autorizam o seu esquecimento nem a sua relativização sob o pretexto de crimes contemporâneos”. Considero, porém, que tal atitude metodológica é indispensável, incontornável e útil, o que é diferente de “sempre preferível”. Só assim poderemos reagir eficaz e atempadamente à contemporaneidade e evitar a repetição de tragédias, o que raramente tem acontecido. Cresci e formei o modo como encaro o mundo no pós-guerra e na indignação e consciência dolorosa dos crimes nazis. E porque não os esqueço é que reajo instintivamente, visceralmente, aos “crimes contemporâneos” que pareces desvalorizar, secundarizar, porventura com a mesma candura com que os contemporâneos dos crimes nazis os desvalorizaram quando comparados com os da Inquisição ou, sabe-se lá, do Gengis Cão. Exemplos: Daesh e Al-Qaeda na Síria; Al-Qaeda e afins no Kosovo, Bósnia, Chechénia; de novo Daesh, Al-Qaeda e afins no Iémen, Líbia, Iraque, Moçambique, etc. Sem esquecer os crimes nazionistas na Palestina. E não, não defendo o fim de Israel. Inviabilizada a solução de dois Estados pela continuação do esbulho nazionista de terras palestinianas, sonho com um único país em que judeus e árabes formem um único povo. Poderá chamar-se Israelina, ou Palestisrael, ou outra coisa qualquer, e sei que nunca o verei, porque os Mandelas não crescem nas árvores, mas é fatal como o destino. A alternativa seria o extermínio de todos os palestinianos e, hoje em dia, isso não é viável, por muito que tal sonho humedeça as noites do corrupto Nazinyahu.

  17. O parvalhatz, aka cretinatz, aka javardatz, aka porcalhatz, aka aldrabatz, continua, esforçadamente, a pedir-me namoro. Não aceita, o parvalhão, que eu não goste de cu de cão. Constantemente (re)descobrindo o caminho para a Índia, ou o caminho das pedras, ou uma viela esconsa qualquer, não entende, o burro do caralho, que o campeonato em que se esfalfa em nada se assemelha à Primeira Divisão. Por isso ignora, o idiota de merda, que também Bernie Sanders e Tulsi Gabbard (minhas escolhas aqui inúmeras vezes confessadas), bem como pensadores de esquerda como Noam Chomsky e muitos outros, apoiaram explicitamente o corrupto senil Joe Biden, na ânsia facilmente compreensível de se livrarem do lourinho desbocado. E que isso não lhes retira méritos, não devendo, por tal, ser ostracizados, ainda que sejam, todos eles, ódios de estimação do criptonazi porcalhatz.

  18. para ti o trump não passa dum lourinho desbocado e o putin a última reserva moral da humanidade e salvação da espécie humana. à falta de cerejas cristalizadas enfeitas o bolo com sandes de esquerda, uma surfista pró-putin e mais unas cenas de marca que te disseram ser o supra-sumo da barbatana canhota. não fazes ideia de nada do que referes e o que te interessa é o somatório das palavras que debitas ser qualquer coisa a favor da dupla trump/putin numa corrida louca de latoaria. martelar e lata é o objectivo dos fardos de palha do pascóvio para ver se a bannoneira pinga uma avença.

  19. Joaquim Camacho:

    Agradeço os esclarecimentos. Nada tenho a acrescentar relativamente àquilo sobre o qual manifestas concordância.
    Devo, todavia, dar nota da minha discordância quanto à tua rejeição da equivalência do comunismo com o nazismo. Tratam-se de experiências comparáveis pelos traços comuns da sua natureza totalitária, ainda que sem omissão daquilo que os distingue. Recorde-se que a tese formulada por Alain Besançon sobre a “hipermnésia” do nazismo e a correlativa “amnésia” do comunismo é integrante do debate historiográfico suscitado na sequência do “Livro Negro do Comunismo”, obra colectiva dirigida por Stéphane Courtois, cuja relevância para a ultrapassagem da “comparação interdita” (Jean-François Revel) não a torna isenta de reparos, devido às inconsistências nela verificáveis e que estiveram na génese da polémica ocorrida entre vários dos seu autores.
    Hoje em dia, podemos fazer o balanço de que a comparação entre comunismo e nazismo – inaugurada pela reflexão pioneira de Hannah Arendt, Raymond Aron, Robert Conquest ou Claude Lefort -, conduziu ao aprofundamento do conhecimento histórico daqueles fenómenos políticos (no caso do comunismo, em particular, do estalinismo), implicando a destrinça das suas especificidades e analogias, tornadas patentes no trabalho de historiadores como Nicolas Werth, Anne Applebaum, Tony Judt, Ian Kershaw, Henry Rousso ou Philippe Burrin. Trabalho historiográfico fecundo, conforme justamente reconhecido por Johann Chapoutot, um dos mais interessantes historiadores da atual geração.
    Acrescento que discordo da tua asserção de que o estalinismo não foi comunismo, mas forma brutal de capitalismo de Estado.
    Deteto nessa categorização do estalinismo o eco de uma certa crítica de esquerda trotskista (precisamente teorizada por Trotsky, em particular na sua obra “A Revolução Traída”, de 1936) e desenvolvida por historiadores filiados nessa corrente política, como Daniel Bensaid, com a qual não me identifico.
    Por último, acrescento que advogo o direito à existência do Estado Palestiniano e do Estado de Israel, sem prejuízo de admitir que se conceba, como alternativa, uma solução política integrante num único Estado de judeus e palestinianos.
    Todavia, faço o seguinte reparo: sendo eu frequentemente crítico do Estado de Israel e, em particular, de Benjamin Netanyahu, não aceito como minimamente válido, que a propósito de Israel, sejam evocados alegados sonhos de extermínio ou insinuada a natureza “nazi” da sua política. Fazê-lo é convocar, sem discernimento, a amálgama deliberadamente produzida por todos os que, pretextando o exercício de um legítimo direito de crítica, o que fazem. na prática, é desqualificar ontologicamente o Estado de Israel, assimilando-o insultuosamente à ideologia e forma de regime de quem, no passado, concebeu e executou o genocídio de grande parte da população judaica da Europa. Lamento, mas isso é inadmissível.
    Boas

  20. dois super graneleiros de palha, o fr inquisition e o jc pascóvia, ao serviço da companhia colonial de negação, embateram contra os pilares das pontes 25 aspirinas e vasco aspirina respectivamente, tendo cortado a navegação em ambos canais. a autoridade portuária ainda não tem previsão para regularização do tráfico marítimo e deverá fazer uma declaração aos apreciadores do produto em breve.

    https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/navio-mercante-embate-contra-pilar-sul-da-ponte-25-de-abril

  21. Francisco Ribeiro, como já deves ter percebido, não sou fã de Estaline, mas não o sou igualmente de Trotsky, responsável pelo esmagamento de Kronstadt. Quanto à extensa lista de autores que nomeias, e não os conhecendo todos, considero injusto e desprestigiante, quase insultuoso, juntar aos nomes de Hannah Arendt e Tony Judt, até mesmo de Raymond Aron, a (des)graça de uma Anne Applebaum, espécie de Dr. Strangelove da vida real, tão chalada como o “original” de Peter Sellers no filme de Stanley Kubrick. Corressem as coisas como ela, inúmeras vezes, tem defendido e andaríamos hoje, provavelmente, todos de contador Geiger ao pescoço, o ponteiro dançando desvairadamente como ventoinha louca até ao peido final.

    E por mais que estiques a já extensa lista de autores que equiparam nazismo e comunismo, eu, esquerdalho indiferenciado não comunista, continuarei a considerá-la abusiva. Ainda que de forma mais primária, Ventura faz equiparação semelhante, lembrando que NSAPD (Partido Nazi) significa precisamente Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, ou seja, os nazis seriam, no fundo, socialistas com a pretensão de representar trabalhadores.

    Quanto ao nazionismo e seu actual expoente Nazinyahu, é claro que, com o nazismo alemão ainda fresco na memória e o mundo todo a olhar, contexto agravado pela realidade inultrapassável da transmissão instantânea de informação por qualquer gato pingado para todos os cantos do planeta, torna-se impossível uma política de extermínio efectivo dos palestinianos. Mas trata-se de uma impossibilidade política, já que vontade não falta e massacres de palestinianos nos primeiros tempos da construção de Israel não faltaram.

    Afirmas não aceitar como “minimamente válido” e consideras mesmo “inadmissível” insinuar a natureza “nazi” da política levada a cabo pelo Estado que se autoproclama judeu. Não sendo “tecnicamente” nazi essa política, é no entanto semelhante o modo como encara “o Outro”, o palestiniano, o árabe, com cujo desaparecimento sonha, cuja morte deseja, o tipo que despreza, a pedra no sapato, o empecilho no caminho da felicidade plena. “E não se pode exterminá-los?” Não. No estado actual das coisas, não. Mas um dia, sabe-se lá! Depende da evolução da situação a nível mundial e regional. Por exemplo: provocação atrás de provocação ao Irão, até que este caia na esparrela e responda com contundência. Face a uma chuva imparável de mísseis convencionais made in Ayatollaland e à devastação que provocaria, estariam criadas as condições, a desculpa, o álibi, para uma “última palavra” de Israel que seria inevitavelmente nuclear e reduziria a Pérsia a pó. Com a América a dar uma ajudinha, claro!

    A propaganda do mainstream merdia explicaria e branquearia a coisa como o último recurso das eternas vítimas que os mauzões queriam mais uma vez holocaustar e deitar ao mar e prontes, se à sombra disso três milhões de palestinianos fossem encarados como perigosa quinta coluna, massacrados e os sobreviventes convenientemente expulsos para os países árabes vizinhos, ninguém daria por isso e quem desse acharia muito bem, no mínimo inevitável. Os israelitas têm um nome para a coisa, chamam-lhe “Transferência” e não é teoria da conspiração. A seguir ao 11 de Setembro de 2001, com todos os olhos postos na América e depois nos bombardeamentos democráticos e humanitários do Afeganistão, os nazionistas também aproveitaram a distracção geral para roubar aceleradamente mais umas terras e massacrar umas centenas de não eleitos, que, naturalmente, se haviam oposto ao esbulho.

    Não vejo diferença substancial entre a “raça superior” do nazismo e a implícita superioridade, por decreto divino, do chamado “povo eleito”. O esquema é o mesmo: “Nós somos os melhores, todos os outros nos são inferiores.” Porquê? Num caso porque o “arianismo” o prova, no outro porque Deus disse. Bardachiça! Não aceito! O povo eleito tem de aprender a ser povo entre povos. Não mais e não menos do que isso.

    Lembro-me bem, nos tempos que antecederam o assassínio de Itzhak Rabin por um fundamentalista judeu, das manifestações de milhares de judeus israelitas com cartazes em que Rabin era representado com farda de SS nazi, braçadeira com suástica no braço e tudo. Ou seja, aos eleitos, ainda afectados pelo trauma recente do Holocausto, chamar nazi a outro judeu é permitido e não provoca qualquer indignação. A mim, ralé deseleita e desclassificada, gentio dum cabrão, o mesmo comportamento está-me vedado. É a velha história de que todos os rebeubéus são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.

    Sugiro-te:

    “O Pecado Original de Israel”, de Dominique Vidal (jornalista e ensaísta francês), editora Campo da Comunicação

    “Destruir a Palestina”, de Tanya Reinhart (linguista israelita, 1943-2007), Editorial Caminho

    “Memórias de Uma Aldeia Palestiniana Desaparecida”, de Mohammed Al-Asaad (palestiniano, tradutor para árabe das obras de Italo Calvino e Arthur Miller), editora Campo das Letras

    “Israel, Palestina, Verdades sobre Um Conflito”, de Alain Gresh (nascido no Cairo, de família ítalo-judaica, ex-editor do ‘Le Monde Diplomatique’, com o qual continua a colaborar, com trabalhos simultaneamente publicados no ‘The Nation’ americano), Editora Campo das Letras

    Salut.

  22. Joaquim Camacho:

    Fica registada a tua resposta.
    Sem surpresa, ela torna ainda mais evidente a profunda divergência que nos separa, divergência muito dificilmente superável.
    Cumprimentos.

  23. afinal a ponte salazar não caiu, o supergraneleiro só deixou uma marca de ferrugem num pilar numa manobra para descarga de palha no cais do santo ofício, o que motivou uma divergência com outro supergraneleiro de palha negacionista, encalhado de longa duração no mar da palha. a autoridade do porto de lisboa já regularizou o trafego marítimo na zona e brevemente serão rebocados para o cais das divergências, onde ficaram atracados para peritagens técnicas favoráveis às respectivas inconclusões.

  24. “muito dificilmente superável” deve querer dizer que o francisco já está a pensar em eliminar o joaquim. cuidado, meu.
    francisco, em resumo és um neandertal. acho que alguém precisa de to dizer e sempre que tiver essa possibilidade disponho-me a fazer o sacrificio.
    foi o que cristo me ensinou, e espero que um dia também o consigas perceber.

  25. o pascóvio passou à clandestindade e queixa-se de ameaça de morte em período pascal, época em que os coelhos põem ovos, para os menos familiarizados com a eucaristia da vida, tamém conhecida por inflação.

  26. Amigo Francisco Ribeiro, paz na Terra aos homens e mulheres de boa vontade. Quanto aos parasitas que infestam aqui o pardieiro, nada que uma ocasional esguichadela de Baygon não resolva, mas o melhor mesmo é não ligar, são bicharocos efémeros. Um abraço.

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