Notas de leitura

Um tal Bobone, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e dono de mais uma dúzia de cargos, atacou a existência do salário mínimo nacional. Contra a elevação do dito (que o governo pretende aumentar para 530 euros), escreveu que “um novo tecto de salário mínimo” (sic) não devolverá a dignidade aos trabalhadores. Pois não, não devolverá. Mas os Bobones deveriam perguntar a 1,2 milhões de portugueses se preferem esse aumento do seu salário ou ficar três anos seguidos em 485 euros, como o anterior governo impôs entre 2011 e 2014. Já agora, como é que o Bobone pode ser presidente de uma associação empresarial e não saber o que é um tecto e o que é um mínimo? Qualquer trolha o sabe.

Na sua homilia de hoje, o diácono César das Neves confessa-se um “grande pecador”. “Nós, os grandes pecadores…” – escreve ele no DN, revelando assim também que são vários os da sua laia. Claro que aquilo é só retórica de sacristia, para logo a seguir tentar engrandecer-se, afirmando que só os grandes pecadores (ele e os outros) podem ser verdadeiramente misericordiosos. Mas a confissão não deixa de espevitar a minha curiosidade. César das Neves admite ser um grande pecador! Espero que na próxima homilia ele comece a detalhar os seus pecados, inclusive se já teve tratos com o demónio. Caso contrário a minha fantasia irá por aí fora.

Um piolho chamado Duarte Marques convidou Pacheco Pereira a abandonar o PSD “pelo seu próprio pé” (se não, o quê?). Não é preciso ser fã de PP para se perceber que o reino da mediocridade total está a tornar o PSD numa piolheira infecta. No ponto a que as coisas chegaram, talvez Pacheco Pereira prefira mesmo ser defenestrado daquela alfurja.

15 thoughts on “Notas de leitura”

  1. Sobre os efeitos do salário mínimo devia começar por analisar os resultados do “famoso” relatório Centeno. Para não parecer que são só os Bobones a alertar (de forma atabalhoada) para os efeitos potencialmente negativos do salário mínimo.

  2. Pacheco Pereira passou 3/4 da vida a ter pesadelos com Álvaro Cunhal.
    Pacheco Pereira é inócuo.
    Pacheco Pereira é uma injecção de água destilada, mas é de facto uma injecção.
    A burguesia nacional antigamente produzia disto.
    Incrível!

  3. anonimo, está a confundir a situação portuguesa com a de outros países europeus, inclusive a Grécia, que tem um salário mínimo de 751€. O de Portugal, 505 €, ronda o limiar da sobrevivência. O Bobone é contra o salário mínimo nacional, contra a negociação colectiva e a favor da “liberalização total” da remuneração do trabalho, já o declarou. Quer um regresso ao século XIX. O salário mínimo nacional, aqui introduzido em 1974, já estava a ser estudado pelos governos de Salazar e Caetano.

    Reaça, o PP é tudo menos inócuo, a avaliar pelos gemidos do seu (ex-)partido.

  4. Os Bobones à portuguesa não aprendem nada: ainda não perceberam que são os maus patrões que geram os radicalismos politicos e revolucionários.
    João César das Neves, o Grande Fariseu, ´é muito engraçado com aquela pera, aquela vozinha de disco partido, aquela autêntica dependência para o barulho, a zanga. Até parece o Afonso Costa da Católica.
    O fedelho Duarte Marques, o tal que faz parte da gajada de Mação, tem ao menos uma coisa boa: a fuça bem redonda para levar umas estaladas.
    A direita faz lembrar, cada vez mais, aquele filme FEIOS, PORCOS E MAUS.

  5. Pacheco Pereira não consegue ganhar com o seu Cunhal ao Salazar de Fernando Acosta que vai em mais de 30 edições das ” Máscaras” do Homem, o meu ídolo aliás.

    Há grandes portugueses destes 40 anos que o seu grande curriculo político é apenas terem sido apenas “anti-comunistas” ou “anti-salazaristas”, e mais nadinha.

    Só que Pacheco Pereira, consegue englobar as duas paixões no seu grande coração.

  6. É o Bobone e o ex sindicalista Saraiva da Lisnave que, se manifestaram contra um
    Salário de 530 euros, invocando produtividades, competitividades e, tudo o que
    lhes vem à cabeça … mas, não lhes assiste um pouco de razão nesse espernear!
    Cada vez há menos indústrias de mão de obra intensiva, não faz qualquer sentido
    querer competir com Marrocos aqui tão perto, com salários muito mais baixos
    aliás, o Saraiva foi dizendo antes da tomada de posse do Governo que, dada as
    incertezas muitos “empresários” já estavam a “exportar” os seus capitais, se isto
    não é o princípio da chantagem o que será?
    O actual Governo definiu que o novo paradigma para a nossa economia deverá
    ser baseado na inovação na elevação do valor acrescentado, numa aposta nas
    novas tecnologias onde começa a haver alguma experiência isto, em contraponto
    com as políticas de empobrecimento do anterior des-governo que, tudo fez para
    desregular as condições de trabalho para sermos os mais competitivos da Europa
    e arredores!!!

  7. Se um militante do PS tivesse dito do piésse o que o Pacheco Pereira tem dito do PSD, já tinha sido expulso há muito. O Pacheco tem boa imprensa porque dá jeito ao PS. De resto, como a maioria das pessoas de centro-direita o desprezam, ninguém se dá ao trabalho de o expulsar. Isso era dar-lhe importância. Mas fica claro que é mais um sem vergonha ligado à esquerda, porque qualquer pessoa com espinha dorsal jamais quereria pertencer a um partido do qual não gosta. Por isso, o Pacheco Pereira que vá pró c*********, e assim ele tem mais uma coisa para dizer mal da direita.

  8. Trocado, conta-me lá essa dos críticos expulsos do PS. Fiquei curioso. Conheces algum? Eu não conheço. Sei de um tal Henrique Neto, que se diz socialista e que todos os dias ataca o PS, mas não me consta que tenha sido expulso. Dizes que “O Pacheco tem boa imprensa porque dá jeito ao PS.” Podes completar melhor o teu raciocínio? Fiquei curioso. Parece que, na tua visão, é o PS quem domina a imprensa, e não a direita.

  9. Tadinhos, tadinhos que andam com o coiso tão doridito. Deixem lá que daqui a uns anos há outra vez eleições e nessa altura o vosso querido Passos pode voltar a fazer o que sempre adoraram: mentir. A bem da vossa espécie e para desgraça de quase todos nós. Mas vocês gostam.

  10. Reaça, o Dacosta e não Acosta é que é o autor das “Máscaras de Salazar”. Deves estar a confundir com o Acosta, grande goleador do Sporting. Pelo que me dizes, já leste o livro do Dacosta. Diz lá o que é que achaste dessa obra prima. É que eu li-o e depois limpei-lhe o cu. Como era para deitar fora, sempre lhe dei alguma utilidade.

  11. Já li as Máscaras do Acosta, imagina que até confundo o nome , e um bocado do Cunhal do Pacheco, então com este quase entupi a retrete com tanto limpar o cu.

    Mas qualquer capa de livro que traga o nome de Salazar ou Cunhal, é só lucro, é livro escrito livro vendido.

    E se eu junto os dois autores, é precisamente porque é só escrita oportunista com fins comerciais das editoras e dos autores, mas que no caso do Pacheco é tal o martelar de ideias, que até o Cunhal já deve estar enjoado e até com desinteria.

  12. como é que alguém consegue pagar uma casa, água, luz, gás, comida, roupa e ir ao dentista ou mudar a bateria de um carro, ou comprar livros escolares, com cerca de €500? ainda assim há que considere €530 uma fortuna, um roubo. miséria. que raiva.

  13. Dacosta, chama-se Fernando Dacosta o jornalista, natural de Angola, íntimo de Natália Correia e da Senhora Maria do Salazar. O livro sobre o Salazar é interessante, embora bastante sujectivo, o que deriva do fascínio que o ditador morto exerce sobre o autor. Nada de espantar. Pacheco Pereira, mais historiador, com outra bagagem académica e cultural, com muita oficina, também não escapa ao fascínio intellectual por outro ditador, o Cunhal. Nada de espantar. Escrever biografias é isso mesmo.

  14. Tem razão a Olinda: que raiva estes patrões capitaneados por um que já foi lacaio deles. E se calhar, continua a ser… Quem dera que o povo mandasse, ao menos por um dia, para pôr todos esses chulos da Pátria a viver com o ordenado mínimo e direito aos serviços de saúde que temos. Era pena mais pesada do que metê-los na cadeia.

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