Natal em Maio

Um tribunal animado do mais puro espírito natalício acaba de perdoar aos antigos dirigentes do BCP uma data de crimes de que eram acusados, de os presentear com penas suspensas de dois anos e de lhes diminuir as indemnizações pedidas pelo Ministério Público de 19 milhões de euros para 1,2 milhões (600 mil a Jardim Gonçalves e 300 mil a Filipe Pinhal e António Rodrigues, cada um), soma que terão de entregar a organizações de caridade. O tribunal não decidiu quais as organizações de caridade que vão beneficiar dos 1,2 milhões, mas espera-se que não seja a Associação Caritativa de Auxílio na Velhice aos Banqueiros e Carteiristas.

Os três meliantes acima nomeados foram condenados por manipulação do mercado em co-autoria, mas safaram-se das acusações de terem criado as 17 offshores nas Ilhas Caimão, de terem falsificado contas e escondido prejuízos do BCP com o fim de sustentar o valor das acções do banco. Isto porque o tribunal não conseguiu provar que as 17 offshores do BCP tenham sido constituídas por ordem do BCP, nem que o BCP controlava as 17 offshores do BCP, nem que as 17 offshores do BCP fossem do BCP, nem que os banqueiros do BCP tenham dado ordens para o BCP financiar as operações das ditas 17 offshores do BCP. Para que servem os advogados, né?

Pergunta você e pergunto eu: mas então se os meliantes foram condenados por manipulação do mercado, porque é que não foram condenados pelo resto, que foi o modo concreto pelo qual manipularam o mercado?   Faz lembrar a história do O. J. Simpson, ilibado do homicídio da mulher, mas condenado a pagar a indemnização pelo mesmo homicídio, embora nesse caso fossem dois processos em dois tribunais distintos. Aqui não, é tudo na mesma sala de audiências e no mesmo processo.

O senhor de Beck, ex-vice-presidente do BCP, foi absolvido de todas as acusações, por não ter ficado provado que sabia das operações de compra de acções do BCP por parte das 17 offshores do BCP realizadas com créditos do BCP, embora fosse o mesmo senhor de Beck quem superiormente “filtrava” a atribuição desses créditos. À saída do tribunal o senhor de Beck teve uma frase maravilhosa, descarregando as suas responsabilidades numa certa pessoa – o que, a ser verdade, nos faz pensar que o Banco de Portugal está agora em óptimas mãos. Foi assim:

“A maior parte [dos créditos do BCP às offshores] eram subscritos pelos meus directores, entre os quais, o Dr. Carlos Costa [actual governador do Banco de Portugal] que, durante muito tempo foi o meu director da direcção internacional [no BCP]”.

11 thoughts on “Natal em Maio”

  1. gente fina, é outra coisa! um pobre é preso por roubar comida. o dinheiro não fala,se falasse era o caralhinho!em 40 anos de democracia ainda não houve um juiz que tenha sido subornado.imaginem o que seria a justiça se houvesse corruptos no seu seio!

  2. So existe um partido do qual se pode esperar um minimo de decencia e esse minimo passaria por os seus membros abandonarem os atuais orgaos de soberania que enxovalham e conspurcam a democracia e a constituicao. Mas o PS representado por algumas das suas mais miseraveis e caciqueiras figuras, v.g. coelhone, ai estao na ribalta do apoio ao tozenulo. É isto que temos a grande democracia a alternativa formal, substantivamente coisa nenhuma. A vanguarda do partido, as mentes progressistas, por la andam manietados a fazer pela sua vidinha e a fingir q contam para alguma coisa.

  3. Talvez justifique pormenorizar um pouco mais os factos: as 17 contas Off-Shore, com efeito, não terão sido abertas pelo BCP. Tê-lo-ão sido ainda no tempo do BPA, banco que foi adquirido e integrado no BCP.
    Acontece que quem está na abertura das contas Off-Shore do BPA e depois nas suas movimentações já no BCP é uma e a mesma pessoa: -Dr. Carlos Costa, Dig.º Governador do Banco de Portugal. E esta, hein!

  4. O Costa do BdP, amigo de peito do Cavaco. Isto está tudo ligado, para fechar o processo só faltava agora o Cavaco medalhar esta “gente honrada”, mais o Oliveira e Costa do BPN. Que grande quadrilha!

  5. “… porque é que não foram condenados pelo resto, que foi o modo concreto pelo qual manipularam o mercado?”

    tudo o que fizeram foi para salvar o banco da falência que tinham provocado, isso é que era crime. é um remake do delorean, só que em vez de traficar droga para pagar as dívidas, o jardim traficou acções para remunerar os accionistas. para a coisa ficar perfeita falta condenar o berardo por ter denunciado a quadrilha.

  6. Só é de admirar, não ter o comité do Nobel conhecimento
    destes engenheiros financeiros que conseguem fazer es-
    tes golpes de multiplicação dos “pães”!
    Estala o verniz e, para espanto de muito boa gente se vê
    que ilustres banqueiros, profes de finanças e afins é tudo
    farinha do mesmo saco como diz o porta voz do colectivo!
    Logo em cima da mesa não está uma saída limpa mas, sim
    a necessidade de fazer uma limpeza completa desta gen-
    talha sem qualquer pingo de vergonha, confiscar-lhes to-
    dos os bens conseguidos e pô-los a partir pedra no “resort”
    da Carregueira … em Tribunal Popular!!!

  7. Ja sei, ja sei !

    Foi porque o tribunal deu como provadas umas acusações, mas não as outras…

    Estou a gostar desta nova série. Posso propôr uma pergunta para a proxima vez, de aritmética ?

    Boas

  8. enapa,não te preocupes com o jorge coelho.ele com o pcp não perde tempo.o contrario já não podemos dizer.o pcp apresenta 30 candidatos ao parlamento europeu.entra tudo.deputados no activo na assembleia da republica. (carla cruz e paulo sá)deputados eleitos nas autarquias.ex deputados ao parlamento europeu como ilda figueiredo e por ultimo eleitos para os orgão da cgtp.à falta de gente,a renovaçao em marcha parou no entroncamento.enapa fala-me de gente seria!

  9. oh biegas! és pior c’a bécula em matéria de afirmação, a gaja caga os passeios todos com asneira, tu não perdes pitada para insinuar umas parvoíces de funcionário ungido do cej para a superior missão de fazer sentenças de 20 páginas para velhas que gamam champôs ao alex e que se manifestam incompetentes para julgar um cabrão que goza com a justiça à força toda.

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