Liberdade de escolha

Segundo Fernanda Câncio , haver brinquedos rotulados de brinquedos de menina e brinquedos de menino é um espartilho que configura uma discriminação de género. Em nome da liberdade de escolha, diz a jornalista, deve dar-se às crianças a possibilidade de escolher o brinquedo da sua preferência, sem espartilho. A questão surgiu a propósito dos brinquedos que a McDonald’s oferece às crianças com os Happy Meals, umas refeições merdosas de que as crianças gostam porque trazem brinquedo. A empresa decidiu agora acabar em Portugal com a discriminação de género na oferta dos brinquedos, como já fazia na América. Fica tudo na mesma, inclusive os brinquedos de menina e de menino, só que sem o rótulo… Extraordinário avanço!

A secretária de Estado da Igualdade, Catarina Marcelino foi taxativa: “Não há brinquedos de menino e de menina. A prática de dividir brinquedos por sexo é uma atitude discriminatória que reforça os estereótipos de género.” Não sei se já dá prisão.

João Miguel Tavares perguntou à Fernanda Câncio, com alguma razão, se não há perfumes de homem e de mulher, roupa de homem e de mulher? E perguntou mais: “Estará Catarina Marcelino disposta a avançar com legislação para acabar com as secções feminina e masculina do El Corte Inglés? E casas de banho separadas? Não serão também elas uma forma perniciosa de reforçar os estereótipos de género?” Claro que ninguém tinha falado em produzir legislação, mas não faltará muito.

Fernanda Câncio não gostou nada dos exemplos do Tavares, mas infelizmente não explicou porquê. Eu não me importava nada de conhecer essas razões. Em nome da liberdade de escolha, talvez houvesse senhoras que gostassem de usar os quartos de banho dos homens, pelo menos quando os delas têm fila à porta. E talvez houvesse senhores que preferissem usar os quartos de banho das mulheres, quando os deles estão ocupados. Ou, até, quando os das senhoras estiverem mais asseados. Bora acabar com essa discriminação jurássica?

A propósito, o ancestral urinol masculino é uma coisa sexista. Devia ser proibido e colocado num museu, como o de Marcel Duchamp. E os meninos que mijem sentados, que é para saberem o que a vida custa.

23 thoughts on “Liberdade de escolha”

  1. Realmente! A Fernanda Câncio, desde que começou a ser arrastada na lama pelo CM, perdeu a lucidez. E logo quando mais dela precisava, para enfrentar os ratos daquele esgoto. Agora sem mordaça, o CM publica tudo o que lhe apetece sobre o processo Marquês, a que teve acesso como assistente. E diz que é investigação jornalística. Uma sociedade que aceita uma barbaridade destas, com toda a naturalidade, é uma sociedade apodrecida em último grau de decomposição. Séculos de Inquisição e quarenta anos de ditadura fizeram dos portugueses um rebanho de gente amorfa e sem preocupação pela princípios básicos da ética. Habituaram-se a aceitar a canalhice como dona e senhora dos seus destinos. No reino dos céus será feita justiça. Por cá, coma-se o que é servido.

  2. O problema é esse :
    – já ninguém teme o castigo de Deus.
    Vai daí :
    – pouca vergonha, barbárie inquisitória e política de denegrir , insultar, caluniar.
    Valha-nos a Deputada Mortágua com o seu seu jeito de Grande Senhora a falar com saber factual, baixinho e com elegância.
    O resto é boicotar :
    – as audiências automáticas são uma arma.
    Quanto ao pro menino e pra menina é falta de flexibilidade que parece machista.

  3. A Fernanda não disse qual a diferença mas digo eu.
    As casas de banho destinam-se a servir necessidades fisiológicas que são diferentes consoante o sexo. Não há discussão possível.
    As secções de roupa para homem ou mulher destinam-se a adultos que podem optar. Ninguém impede um homem de entrar numa secção de roupa feminina e comprar o que lhe apetecer, e vice-versa. Já a secção de “roupa infantil” é única, e como tal também deve ser a dos brinquedos. Deixem que as crianças escolham de acordo com a sua preferência. Nunca vi que as lojas tivessem “secções de brinquedos para meninas e secções para meninos” graças a Deus !

  4. Correcção:
    As necessidades fisiológicas são as mesmas mas as circunstâncias de que necessitam para serem satisfeitas é que são diferentes.

  5. Jasmin: «As casas de banho destinam-se a servir necessidades fisiológicas que são diferentes consoante o sexo. Não há discussão possível.»

    E as necessidades lúdicas, são iguais? Ou há discussão possível?

    Jasmin: «As secções de roupa para homem ou mulher destinam-se a adultos que podem optar. (…) Já a secção de “roupa infantil” é única, e como tal também deve ser a dos brinquedos.»

    Parece que nunca foste a uma loja ou secção de roupa infantil, onde está tudo separado por sexo. E os artigos unisexo estão à parte também.

    Jasmin: «Deixem que as crianças escolham de acordo com a sua preferência.»
    Apoiado. Sou pela liberdade de escolha desde pequenino. Até brinquei com uma boneca e ninguém mo proibiu. Sou é contra a neurose que quer impingir a ideologia da neutralidade de género às crianças, quer elas queiram quer não. Sou, em geral, contra a neurose que quer regular a vida dos outros.

  6. Jasmin: «Correcção: As necessidades fisiológicas são as mesmas mas as circunstâncias de que necessitam para serem satisfeitas é que são diferentes.»

    É só acrescentar o urinol.

  7. as casas de banho separadas são um disparate completo, ninguém tem disso em casa, só nos edifícios de utilização pública é que existe separação homens/mulheres/deficientes. no estado novo a segregação era maior, escolas masculinas e feminimas, profissões por sexo e outras cenas do macho é que manda e na idade média ainda ser pior, mas acho que a coisa vai lá, apesar do pensamento dominante ainda ser um bocado trogolodita.

  8. Este não anda por ca. Polémica acerca de casas de banho unisexo como forma de diminuir filas nas das senhoras, ja ouviste falar ?

    https://en.wikipedia.org/wiki/Unisex_public_toilet

    Portanto não podias ter escolhido um pior exemplo…

    O resto é a reacção boçal esperada perante estas questões. As mulheres ja usam calças ha uns anos. Reparaste nisso ao menos ?

    Este blogue ja foi de esquerda, ha muitos anos é certo. Que tristeza…

    Boas

  9. Só temos que seguir o que sempre seguimos com uns anos de atrazo: copiar a velha inglaterra nossos aliados.

    Ali, já em breve será uma respeitável avozinha, o senhor Helton John, e nós aqui ainda a discutir o sexo da paneleiragem. homossexual.

  10. Não sabia que era um tema de fratura.
    Chik! Super chik !
    Vou passar a fazer xixi em pé! Carregar o piano e falar grosso.
    Como também não posso ser de esquerda por encontrar nulidade em certos temas :
    – sou, afinal, e por decreto sectário de :
    – direita.
    FY.

  11. Livre escolha do brinquedo, da roupa, da casa de banho? E já agora: onde fica a liberdade de escolha da tendência sexual? Não será de mero bom senso atribuir a diferenciação na construção das casas de banho a questões de ordem prática? Por quê uma sanita dispendiosa, se um simples urinol satisfaz melhor a função? Estas discussões merdosas e disparatadas só servem para gerar mais confusão em cabecinhas já demasiado confundidas. Afinal o que se pretende uniformizar? Estamos a caminho do máximo de personalização e nâo da uniformização. A criança escolherá a sua “secção” de brinquedos conforme a sua tendência pessoal. Não é mais prático fazer a separação nas lojas?
    Mas que desacerto, Fernanda Câncio! E assim falo eu que sou tua admiradora como jornalista.

  12. 48 anos de primavera, nem seis meses de verão, como é que esta malta não havia de ser a tristeza que se vê ?

    Aprendam alguma coisa, ao menos, com o debate sobre as casas de banho. Trata-se de um bom exemplo de como, a pretexto da “Natureza” e do “Deus manda separar as couves galegas das couves lombardas”, reproduzimos desigualdades sem nos questionarmos. A questão das filas para as casas de banho publicas é relativamente menor, é certo, mas interessa para se compreender do que falamos quando falamos de remover biés na procura da igualdade efectiva.

    Mas ja sei “igualdade efectiva”, o que é isso ? As mulheres amanhã vão usar calças, trabalhar em escritorios e mesmo pretender a lugares de chefia ? Esta quieto ! Ser de esquerda OK, mas so das seis-e-meia às sete. Arranja-me um emprego…

    Uns bons burgessos, eis o que v. me sairam !

    Boas

  13. a liberdade de escolha do brinquedo do McDonalds sempre houve, os funcionários do dito restaurante tinham ordens para satisfazer a vontade aos clientes infantis nessa questão; agora lembraram-se disto porque assim reduzem custos.

    a novela dos swaps, isso sim, é assunto importante. O acórdão do tribunal de Londres, ao provar que os gestores públicos e os banqueiros que assinaram os contratos tinham conhecimento pleno dos riscos prova que houve gestão danosa e/ou abuso de poder e burla do soberano da nação (o povo português) por parte dos banqueiros.

    Não poderão os responsáveis por este descalabro na gestão financeira da nação vir agora alegar que o dano se verificou contra a expectativa fundada do agentes; pois, no caso dos swaps, e segundo o tribunal de Londres, os gestores e os banqueiros tinham a exacta noção dos riscos que aqueles contratos comportavam para o povo português.

  14. Claro que há brinquedos de menino e menina, não se vai cá misturar pilinhas e passarinhas. Tenho um dica, sempre que o tavares tiver uma opinião a correcta é a contrária. Não há como falhar.

  15. É muito interessante observar como toda a gente sem excepção, mesmo os que defendem que a criança «escolha o seu género», se coíbe de mencionar sequer a sexualidade infanto-juvenil, essa coisa maldita excomungada pela revolução, de que só se fala em surdina. E já agora — vade retro satanachia! — a sexualidade juvenil que se manifesta, de forma transiente ou não, em impulsos transetários [*]…
    ___________________________
    [*] Sim, trans + etários. É de propósito.

  16. E já agora que falamos de brinquedos, porque não Barbies de barbas e GI Joes com maminhas, para melhor modelar as crianças logo de pequenas?

  17. Deixem que a maioria que vem aí em força pela Europa a dentro, quero ver os invertidos, convertidos, subvertidos e revertidos a entrar na mesquita e ficarem de cu pró ar..

    Vai ser lindo! até se vão sentir embutidos!

    Quem viver verá!

  18. Ó velhote aqui de cima, já ouviste falar na futura mesquita no histórico bairro da mouraria?

    Já nem há lisboetas de gema ateus que se revoltem, porra.

  19. mas se meninos e meninas são em tudo diferentes por que não realçar essa diferença? estou contigo Júlio. estou contra o conceito de androginismo fabricado pelo sexismo. parece um pa

  20. Meter assuntos de crianças e de adultos no mesmo saco é um pouco inadequado.

    Brinquedos marcados como de rapaz ou de rapariga dizem respeito a um período de desenvolvimento que pode ser negativamente marcado por estereótipos que os pais/sociedade assimilam e tentam fazer as crianças assimilar.

    Todos os outros exemplos dizem respeito a adultos e a conversa é outra, as consequências são outras.

    Querer olhar para a sua experiência pessoal em como até brincou com bonecas e extrapolar para a experiência de todas as outras crianças é um erro. Muitos são os rapazes que os pais não deixam brincar com bonecas precisamente porque são brinquedos marcados como de raparigas.

    Deixo-lhe a questão: qual a situação que mais dano potencial ao desenvolvimento de algumas crianças pode acometer, ter os brinquedos classificados como de rapariga ou rapaz, ou impedir essa classificação?

    Aborde esta questão da perspectiva da salvaguarda da criança na sociedade em que vivemos, não na que acha que devíamos viver ou naquela em que viveu pessoalmente. Pode ser que altere o seu ponto de vista.

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