Iliteracia histórica

As comemorações do 25 de Abril no parlamento vieram dar visibilidade mediática à estrela em ascensão na bancada do PSD e actual líder da JSD, Margarida Balseiro Lopes. No seu discurso, a jovem deputada disse que as conquistas da liberdade são de todos e exemplificou, referindo-se a dirigentes de todos os quadrantes políticos. Isso pareceu ser gentil e fez-lhe colher aplausos mesmo além das bancadas da direita. Falou também da corrupção, que definiu como a captura do Estado e do erário público por interesses privados, e da necessidade de a combater. A imprensa sublinhou ter sido a única voz a falar da corrupção no evento, como se isso tivesse algum significado ou importância.

Houve outras alusões no seu discurso que não mereceram destaque da comunicação social.  Uma delas foi a sua referência a duas revoluções, a de 1974 e a de 1975. Como quem diz: – Estamos aqui a comemorar a revolução de 1974, mas também houve a revolução de 1975, coitadinha dela, que não se comemora e, se calhar, é tão ou mais importante do que a outra. É uma variação suave do tema há muito glosado por gente da direita, que opõe o 25 de Novembro (a boa revolução) ao 25 de Abril (um golpe militar marxista).

Ora em Novembro de 1975 – duas décadas e tal antes de a deputada Balseiro Lopes nascer – não houve revolução nenhuma, mas apenas uma operação militar que fez abortar uma tentativa de insurreição de extrema esquerda e restabeleceu a ordem nos quartéis que não obedeciam à linha de comando nem aos órgãos de soberania, incluindo o VI governo provisório. Após essa operação militar, os órgãos de soberania mantiveram-se todos no seu lugar e a Assembleia Constituinte continuou o seu trabalho de elaboração da Constituição, que viria a ser aprovada em Abril de 1976. Em Novembro de 1975, o povo também não veio em massa para as ruas apoiar os militares, como fizera em Abril de 1974, mas a maioria do país, que entretanto já se expressara em eleições livres em Abril de 1975, suspirou de alívio por ter sido abafada uma tentativa revolucionária. Se se pode falar de revolução em Novembro de 1975, é dessa, a que foi abortada.

A história foi obviamente mal contada à deputada Balseiro Lopes, que também não deve saber o que é uma revolução. Os mestrados em direito e gestão não exigem que se saiba isso.

9 thoughts on “Iliteracia histórica”

  1. a balseira está aí para recontar a história da revolução, não se admirem se a próxima versão for tributo aos generais spínola, galvão de melo, kaúlza de arriaga e silvério marques. se não conhecem esta peça marinhota, informem-se e irão descobrir um prodígio em aldrabice programada.

  2. Ó Júlio, se calhar, a Margarida, e seus coleguinhas de turma da universidade de verão, aprendeu pelas sebentas dos titios, reunidos na Gulbenkian em 2015, que “ O 25 de novembro/75 foi o momento da instauração da democracia em Portugal”.
    Ora toma, Julinho! Volta p’rá escola seu malandro!
    25 de novembro sempre!

  3. Lula da Silva, condenado numa sentença ridícula, liderando com larga vantagem todas as sondagens para as próximas eleições presidenciais, está preso, isolado do mundo, sem poder receber visitas de amigos, de advogados e até do próprio médico. Parece que a juiza que determina as violentas condições de carceragem foi nomeada dois dias antes da sua prisão. O juiz que o condenou, Moro, desrespeitou a decisão do Supremo Tribunal Federal de entregar os seus processos aos Tribunais do Estado de São Paulo, lugar do juiz natural, insinuando serem corruptos todos os seus colegas, só ele tem honestidade suficiente para julgar o ex-Presidente.
    O que um grupo de activistas justicialistas do Paraná estão a fazer a Lula da Silva é uma agressão à democracia, ao Estado de Direito e à decencia da vida em sociedade, do Brasil e do Mundo inteiro. Lula é mais um farol a iluminar a cara dos homens, decifrando onde estão os justos e os herdeiros das trevas. Até o silencio lhes espeta uma bandeira nas costas.

  4. Grande Lucas, sempre a lembrar as sacanices das máfias, cá, lá, acoli e acolá. No caso do Lula, que depois de preso foi súbita e eficazmente remetido ao “esquecimento”, não nos cansemos de denunciar que tal só é possível com a prestimosa colaboração, por acção ou omissão, das presstitutas sem espinha nem vergonha que empestam redacções.

  5. País irmão na sacanice.
    Lula incomodou, incomoda e incomodará esbirros ditatoriais.
    Muito medo desta gente que segue impune protegida pela democracia doente e enterrada pelos mânhas do mudo.

  6. Vamos lá a saber, Júlio.

    Sempre é verdade o que, aparentemente, diz a Sábado que a defesa do José Sócrates já custou 750 mil euros (não está online mas o advogado João Araújo parece ter sido dispensado pelo José “Iran Costa” Sócrates de fazer más figuras, o que lá no fundo ele agradecerá suponho).

    750 mil euros, dá-me que pensar…

    ______

    Grande Lucas, sempre a tripar.
    E sobre esta oferta para juntares ao trio do costume, nada?

    José Sócrates, Lula da Selva, Donald Trampa e, agora, a Cristina Cifuentes que tal?

    Argumentário, draft à borla.

    Uma mártir, essa dama!, que exalou o último suspiro no campo de batalha lá longe nas terras de España (vulgo no campo de batalha dos tempos modernos chamado “redes sociais”). Uma mártir, essa dama!!, a quem atraiçoaram porque houve uma câmera indiscreta que a apanhou a ser revistada por um gajo disfarçado de segurança de supermercado imagine-se! Uma mártir, essa dama!!!, que morreu às mãos de uns bandidos disfarçados de jornalistas bastantemente suspeitos que divulgaram a K7 e cujos contornos faziam lembrar a bandidagem conhecida ao serviço do juiz Carlos Alexandre, da Joana Marques Vidal e do Rosário Teixeira! Uma mártir, lalala.

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