Fact-checking do fact-checking

Há muito quem julgue que o fact-checking hoje em voga na comunicação social é uma moda positiva, porque pode ser uma arma preciosa no combate à aldrabice política e à mentira ou preconceito que grassam impunemente nas redes sociais.

Assim poderia ser, e muitas vezes é. Mas, em muitos outros casos, não é. Na realidade, são grandes as possibilidades de manipulação e distorção através dessa suposta ferramenta de verificação, que se arvora em juiz infalível, mas está muito longe de o ser.

Desde logo, pela selecção dos “factos” que são, ou não são, submetidos ao fact-cheking. Qual o critério? Quem e como decide da relevância dos (poucos) factos que são escolhidos ou da irrelevância dos (muitíssimos) factos que são ignorados? Que interesses, agendas e parcialidades presidem a essa selecção?

Depois, pelo discutível rigor e até falta de lógica com que, por vezes, essa ferramenta é usada. Se muitas vezes as conclusões são indesmentíveis e bem ponderadas, outras vezes são duvidosas, precipitadas e até suspeitas. E o pior é que as conclusões legítimas e acertadas conferem, por simpatia, credibilidade às conclusões incorrectas ou falsas.

Depois, pelo nivelamento ou equivalência que o fact-checking frequentemente estabelece entre mentiras afrontosas, mentiras descaradas, mentiras “honestas”, mentiras involuntárias e simples inexactidões mais ou menos desculpáveis. Tudo, nesta hierarquia, leva o rótulo lacónico e igualitário de “falso”, desde as difamações odiosas perpetradas conscientemente por patifes calejados e impenitentes até às declarações apressadas do político, blogueiro ou facebookista que, por ignorância ou descuido, se engana numa data, percentagem ou outro pormenor mais ou menos inócuo. Escusado será dizer que tal nivelamento, longe de ser inocente, é muitas vezes propositado.

Por fim, mas não em último lugar, os órgãos de comunicação social que praticam o fact-checking, esquecem-se sistematicamente de o aplicar às mentiras, inexactidões e faltas de imparcialidade que eles próprios cometem ou divulgam diariamente nos seus noticiários, programas de informação, colunas de opinião, etc. Não raro, fica-se com a impressão que o fact-checking é, para essas televisões e jornais, apenas um habilidoso processo de promoção da sua imagem, que lhes permite ufanarem-se de um rigor e de uma isenção que não têm e até habitualmente ofendem – uma mera arma de propaganda e auto-legitimação.

Omiti propositadamente nesta rápida análise o elemento manipulatório resultante do facto de os órgãos de comunicação social que praticam o fact-checking, desde a SIC até ao Observador, serem consabidamente enviesados politicamente. Mas isso é pano para outras mangas.

27 thoughts on “Fact-checking do fact-checking”

  1. É evidente que, estando toda a informação nas mãos dos “empresários” do ramo, qualquer modo seleccionado de dar ou ‘checar’ notícias é esconder a verdade dos factos, tentar vender uma pós-verdade.
    E nesse caso, quando se embrulha o facto sob a capa duma confirmação feita por quem já seleccionou e depois lhe faz o embrulho à medida do seleccionado, é uma manipulação em triplicado daquelas que o pagode engole como quem lhe mete a papa pela goela abaixo.
    É precisamente isso, que é uma normalidade de recurso à sabedoria made in google que dá o falso conhecimento que muitos comentadores, até muito espertos, repetem como verdades provadas quando na verdade não passam de tentativas de impingir pós-verdades a partir de uma propositada falsa interpretação de factos reais.

  2. Exatamente.
    A principal fonte de escolhas dos factos a analisar é do Observador e outros seguem cegamente como carneirinhos. Não só nos programas de fact-checking, mas infelizmente também nos temas a abordar.
    Vemos os fc na SIC e TVI e geralmente são sessões de “julgamento” e , claro, condenação, dos socialistas.

  3. Por acaso devia ter havido um fact-checking ao perito da DGS no caso das compotas.
    Fiquei sem saber se a compota de morango era melhor que a compota de tomate.
    Espero que façam agora um fact-checking no dia 30, estou curioso para saber qual é o partido que vai rejeitar o voto dos infectados.

  4. Manojas, fact-checking, à letra, é verificação de factos. Decerto já ouviu a palavra checar, que certa gente usa em vez de verificar.
    A SIC chama Polígrafo ao seu fact-checking. O polígrafo (ou psicogalvanómetro) é um detector de mentiras, mas no caso da SIC é só para uso externo, como dizem os farmacêuticos.

    FG, os media têm todo direito de nos querer impingir as opiniões que lhes apetecer, desde que não sejam puras mentiras, mas o mais revoltante é o tal simulacro de “julgamento”, isto é, quererem fazer passar as suas opiniões por sentenças, como se fossem juízes. Mas sabemos que também há juízes mixordeiros nos tribunais…

    A selecção do que é notícia é outra área onde campeia a manipulação. Quando um canal de tv, uma estação de rádio ou um tabloide faz uma insinuação sobre alguém ou lança uma bojarda em circulação, os outros todos, incluindo a tv e rádio publicos, vão atrás como carneirinhos. De meia em meia hora lá vem a insinuação ou bojarda outra vez, durante dias, até a bolha secar. Dá nojo.

  5. “Ao menino Rio e ao borracho continua o João Adelino Faria a pôr a mão por baixo.”

    achei a coisa bem esgalhada, profunda e bué poética e disse para mim mesmo a esta hora este comentário já deve ter umas centenas de citações e uns milhares de plágios na blogoesfera tuga.

    resolvi fazer fart checking e guglei, resultado: Cerca de 35 900 resultados (0,54 segundos)
    avaliação: é verdadeiro caso a pesquisa inclua o nome completo do joão adelino faria

  6. É verdade que aqui no Aspirina há sempre duas bichas e um troll a avacalhar o sistema.
    Fact-checking—–Verdadeiro.

  7. Júlio, obrigado pela sua explicação que veio confirmar o que eu já calculava: fact-checking: verificação de factos. Quanto ao checar, não, não conhecia a palavra que, aliás, não consta do dicionário de língua portuguesa, como fact-checking também não, no dicionário inglês-português que consultei. Sabe, o meu inglês é fraco e eu gosto muito do português.

  8. “Quanto ao checar, não, não conhecia a palavra que, aliás, não consta do dicionário de língua portuguesa, como fact-checking também não, no dicionário inglês-português que consultei. Sabe, o meu inglês é fraco e eu gosto muito do português.”

    ahahahah… cá em casa é o mesmo. só entra depois de verificado e certificado pelo mordomo da porto editora ou da priberam caso o primeiro esteja de folga ou o segundo debaixa médica e versa-vice. tamém gostamos muito de cozido à portuguesa, raro falhar às quintas-feiras, só mesmo quando os enchidos vão de férias ou as hortaliças estão em greve, nesse caso optamos pelo tradicional arrozdebife nacional com batata frita saloinha, corte clássico, frita em banha de porco.
    xau, que se faz tarde para uma dose de couratos com chá de limonete.

  9. “Marinha anuncia promoção da primeira mulher a Oficial General”

    li este título, fiquei curioso e fui ler a notícia completa à procura dum feito heróico ou duma cena tipo 1ª. mulher a comandar um porta-aviões que prescinde dos serviços de piloto de barra e rebocador para estacionar o barco no alfeite.

    https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/marinha-anuncia-promocao-da-primeira-mulher-a-oficial-general

    afinal saiu-me isto, a senhora é médica e foi promovida porque “satisfaz as condições gerais e especiais de promoção”.

  10. Ó yo também era bom saber porque é que deixaram de dar a AstraZeneca e a Johnson. Ou é preciso fazer um fact-checking?

  11. por isso mesmo , Eu mesmo , problemas circulatórios , trombos . agora falta saber se a pfizer não tem os mesmo efeitos em doentes com problemas circulatórios prévios , o caso dos diabéticos.

  12. Para não falar da alteração da menstruação que parece que agora é que é caso de preocupação.
    Entretanto a malta continua a cair para o lado, dizem que é morte súbita mas que não tem nada a ver com vacinas.

  13. Assistir ao bate papo entre o merdas do eu mesmo e a matrafona yo é uma preciosa dádiva dos céus.
    Conversa estéril, saturada da acidez dos impotentes. E a lembrar a gritaria histérica da Ana Desirat e do seu rebanho de alucinados.

  14. Emmerder todos os imbecis que por aí pululam, incluindo o Ventura que afirma ir vacinar-se, é tarefa ociosa.
    Emerdados andam eles há muito ,note-se o aspecto e o cheiro.
    Caem como tordos, atravancam os incineradores, atrapalham as pás carregadoras…
    Que a flauta de Hammelin continue a chamá-los, em coluna compacta, cenário para romance do Orelhas…

  15. Ó constipado toma mais uma dose que isso passa.
    Está descansado que não és só tu, há mais totós que tiveram efeitos secundários mas não querem dizer para não passarem por estúpidos.

  16. o mesmo não diria das tiradas malévolas e repinicadas do amigo dos pencudos . quem sai aos seus não degenera , ó visível descendente de scrooge , mesmo estando tão constipado. tem acções na pfizer , né ? o lucro , né?

  17. ó pá , lá está este vendilhão do templo a vender a cena dele : não lhe compro vacinas , não ! nem lhe vou pedir emprestado para as pagar , pá . vá vender para israel, lá é que gostam de trambiqueiros manhosos aciganados.

  18. Pois é, yo. Já me tinha apercebido de que ia para aí uma dose bem grandona de défice cognitivo, mas estou a ver que é bem pior do que isso. Essa dos pencudos é de atrasado mental da quinta casa. Jesus Cristo era pencudo e Karl Marx também. Adolf Hitler, Francisco Franco e Salazar não eram. O teu herói, cretino e vendilhão do templo (ou de feira) Ventura, também não. Não se percebe é porque continuas a vir aqui, diariamente, menear a bunda para os infiéis, fazendo tão tristes e desprezíveis figuras.

  19. Ó yo lá por o nariz do capacho só se ver através do google earth não quer dizer que seja pencudo. É grandito, vá.

  20. Cá está, uma vez mais, a obsessão da matrafona em relação ao pénis. Primeiro, a seringa, depois o supositório no espaço. Agora, a penca. E, acrescente-se, com uma transparente alusão ao vibrador repenicado.
    O resto se verá, com tanto desejo compulsivo de macho. Não tarda muito e regressa ao colinho do velho sátiro.

  21. sr. Camacho , se o ventura é o seu herói , tudo bem , não tenho nada a ver com isso. agora , se faz favor , não projecte. de momento só tenho um herói , o tenista Djokovic.

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