Eu sou Raif Badawi

Mais terrorismo religioso, desta vez sem kalashnikov.

Raif Badawi, um blogger saudita que “insultou o islão” recebeu ontem, sexta-feira, numa praça da cidade de Jidá, as primeiras 50 de 1000 chicotadas, que serão escalonadas ao longo de 20 semanas. O seu crime, pelo qual foi condenado também a 10 anos de prisão, foi ter-se insurgido, no blogue que fundou com a activista dos direitos das mulheres Suad al-Shammari, contra a influência da religião na vida pública do seu país. Já tinha sido acusado no passado de “renúncia à fé”, um “crime” que pode levar à pena de morte.

P.S.: Suad-al-Shammari está presa na Arábia Saudita desde Outubro passado porque tweetou que a sociedade saudita era masculina e que a religiosidade de um homem não se mede pelo comprimento da barba. Um “clérico” saudita quer que ela seja condenada a perder uma mão e a vista.

28 thoughts on “Eu sou Raif Badawi”

  1. Eu sou… eu sou… Já que toda a gente quer ser alguém, aqui fica matéria para ponderação sobre o papel dos humoristas bem pensantes como cães de fila do poder:

    http://blanrue.blogspot.pt/

    Pensem bem antes de escolher quem querem ser. Martírio por martírio, há mais, muito mais, por onde escolher.

  2. “… dont l’esprit était resté collé comme du chewing-gum aux pavés de mai 68.”

    gostei, especialmente porque o 68 dos françiús deu origem ao 69 português, coisa que os estrangeirados não percebem. n’est-ce pas pintô?

  3. Andaram três religiões, durante séculos, a explicar ao bicho-homem que só seria civilizado se não matasse, não cometesse adultério, não roubasse, não praticasse falso testemunho, não cobiçasse mulher do próximo ou a vivenda aonde ele mora, ou a empregada que ele tem, ou o boi ou o jumento que ele tem (Deuteronomio 5), para depois vir um jornal semanário ridicularizar esta e outras mensagens importantes que transformaram o bicho-homem em homem. E fazem-no com o fito de ganhar dinheiro a alegrar os consumidores néscios de barriga cheia que vivem muito acima das suas possibilidades à custa de roubarem descaradamente os povos pobres, pelo mundo fora. Consumidores que se babam de prazer a ver a Casa dos Segredos, a ouvir Quim Barreiros (o artista preferido nas festas de estudantes das universidades), a ver no Youtube as músicas da Rosinha, ou, espante-se, a ver filmes pornográficos na NET! Para além, claro está, de se deliciarem com os cartoons que ridicularizam tudo e todos, incluindo profetas e religiões…
    Além disso estes consumidores leem jornais e veem telejornais e artigos de opinião aonde só se dizem mentiras ou, quando muito, semiverdades. Consomem OPINIÃO. Depois vão votar certinhos (menos de 50% deles) nos partidos que são os seus, exprimindo as suas opiniões através do voto…

    E os poderes instituídos chamam e isso liberdade de expressão e de informação.

    Consumidores que, para além disso, roubam à descarada (as Finanças e muito mais), cometem adultério frequentemente, praticam falso testemunho muitas vezes, cobiçam grande parte das mulheres dos outros, e o carro deles, e a casa deles, e o burro deles se o tiverem, etc., sem que sejam incomodados pelo DCIAP ou pelo Ministério Público (com exceção do preso 44, claro está!). Só são chateados quando matam, e nem sempre.

    E os poderes instituídos chamam a isto Estado de Direito.

    Porém, em países aonde não existe DCIAP ou Ministério Público, impera a lei do cacete, ultimamente substituído pela espingarda, e bazuca (por enquanto não têm acesso ao drone), sentem-se no direito de perseguir fora das suas fronteiras e punir iniquidades lá praticadas que os afetam. Direito esse, emergente do direito comparado internacional, aonde se tornou banal, e passou a ter força de lei, que os países pratiquem a punição além das suas fronteiras, com toda a naturalidade, sem considerarem que estão a violar a Lei Internacional.

    E os poderes instituídos chamam a isto de terrorismo quando é praticado no seu território, e chamam de defesa da democracia quando é praticado no território dos países que não têm DCIAP.

    400 cidadãos daqueles países que não têm DCIAP, entram em cada dia que passa no espaço Schengen, sem saberem comunicar por palavras ou por escrita, sem dinheiro, sem formação profissional. Veem juntar-se aos filhos de emigrantes que por cá andam, os quais exibem com orgulho a nacionalidade europeia mas que continuam sem perspetivas de integração. Todos formando um exército de milhões de indivíduos suscetíveis de serem recrutados com naturalidade como jihadistas.

    Será bom de imaginar como os Poderes Instituídos vão descalçar esta bota.

    O Islão não tem nada a ver com isto.

  4. Não sei porque é que é tanta indignação.
    Em Portugal, o José Mendonça deu duas pantufadas num fotógrafo, só porque o desgraçado quis tirar uma fotografia ao Relvas.
    Que eu saiba, não houve nenhuma indignação nacional nem mundial por causa da liberdade de informação.
    Não estará por acaso a ser empolada uma situação com fins um bocado obscuros?

  5. Custa dizer, porque há muitos crentes bem intencionados, mas acho que podemos afirmar que a religião continua a ser, como sempre foi quando quando adquiriu supremacia, uma fonte de conflitos violentos. As democracias refrearam e domesticaram o fanatismo violento dos crentes, mas o fanatismo religioso continua bem latente por toda a parte. Se lhe for dado espaço, explode com toda a facilidade. Quanto mais depressa a ciência dissipar as trevas das religiões, melhor para a humanidade. A religião cumpriu o seu papel na evolução cultural do homem e agora é a vez do conhecimento. Está na hora de todos os homens perceberem que não podem contar com a ajuda dos “céus” que, na verdade, sempre foi uma ilusão. Os deuses não curaram um único doente, não protegeram uma única criança, não evitaram nenhum dos inúmeros holocaustos. Está na hora de rezar aos homens bons e demover dos seus intentos os homens maus. Se não for pela persuasão das palavras (creio que não será mesmo), que seja pela força magnífica do conhecimento, da formação e da informação.

  6. Gungunhana denuncia os “humoristas bem pensantes cães de fila do poder”.
    Tá visto que ele adora é macambúzios burros e revolucionários.
    Gostos…

  7. Sousa: ninguém gosta de levar uma «pantufada», quanto mais duas. Ainda por cima por causa do Relvas. Mas 600 chicotadas e dez anos de prisão é ligeiramente pior, não? Afinal quem é que empola?

  8. oh pascácio, fazes alguma ideia do hebdomanário? tirando as capas que foram divulgadas nos últimos dias, alguma vez leste algum número? um só que seja, diz qual e depois falamos.

  9. 5litros, se estás a falar comigo, posso confessar-te que já vi um dromedário, mas um hebdromadário, nunca. Quantas bossas tem?

  10. Ó Charlie, invadiram o Iraque, prenderam e mataram o Saddam porque tinha armas de destruição maciça. Agora que já passaram uns aninhos, diz-me lá, quem é que empolou?

  11. Maria Abril, pelo que escreves, a tua cabeça parece bom material para a ciência estudar os efeitos neuronais da lavagem cerebral neoateísta. Não te esqueças de postar uma fotografia com a cabeleira de fiozinhos enquanto recebes os choques eléctricos.

  12. Carlos Sousa, fala-se em alhos e tu vens com bogalhos. Achas então que os 12 mortos franceses da revista humorística francesa, assassinados em Paris por dois franceses de origem argelina, são um castigo pela invasão americana do Iraque? Ganda confusão vai nessa cabeça.

    Que eu saiba, Saddam Hussein foi julgado e condenado à morte por iraquianos pelos massacres que ordenou de chiitas e curdos.

  13. “Achas então que os 12 mortos franceses da revista humorística francesa, assassinados em Paris por dois franceses de origem argelina, são um castigo pela invasão americana do Iraque?”
    Ó Charlie deduziste isso de onde? Leste bem o que eu escrevi?
    Dei-te um exemplo apenas de manipulação de massas, na altura os defensores da liberdade invadiram um país soberano.
    Neste momento são os mesmos “Charlies” que se estão a manifestar, percebes agora?

  14. Charlie Sousa, cada vez te percebo menos. Os teus exemplos são despropositados. E a manifestação, que meteste aqui como o Pilatos no credo, será orquestrada pela CIA? Tens um raciocínio em círculo, como a paranoia.

  15. aquelas reguadas na primária da professora, a partir da terceira reguada já não se sentia.

    isto já lá vão cincoenta aninhos.

  16. “Tens um raciocínio em círculo, como a paranóia.”
    Ó Carlitos, então deves estar contente com a manifestação de hoje, a tal do “Charlie” e da liberdade com protocolo, ah e também republicana.
    Ó Carlitos, e os outros que não são republicanos? Terão outro tipo de liberdade?

  17. Carlos Sousa, afinal sois monárquico? E de que outra liberdade falais? Estais porventura a referir-vos às “amplas liberdades” cunhalinas? Sois porventura um monárquico leninista? Mas que grande salgalhada.

  18. Carlitos, se não andasses atrás da carneirada, e utilizasses a cabeça para pensar, talvez fosses capaz de interpretar aquilo que lês e não te deixasses manipular.
    Assim sendo, continua a ser o Charlitos, mas não desanimes, há mais como tu.

  19. Pinto: Gungunhana Meirelles, um blogger não é um humorista. Até pode ser as duas coisas mas não é regra.

    Não me referia a blogger nenhum. Referia-me aos humoristas do Charlie Hebdo e á vigarice em que esse jornal se tinha tornado. Esses é que são os cães de fila do poder que conseguem o prodígio de simultaneamente defender a censura dos outros (procura por Faurisson, Dieudonné etc.) e passar por libertários…

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