Amor livre católico

Quem vai ser a primeira-dama? Como aparentemente estamos numa sociedade tolerante e sem tabus, ninguém se ocupou dessa questão durante a campanha presidencial. Num país primitivo como os EUA não seria possível omiti-la. Curiosamente, as revistas de fofocas portuguesas estão agora, depois da eleição de Marcelo, a explorar o tema. Já se afirma, mesmo, que não vai haver primeira dama.

Segundo a biografia disponível de Marcelo, ele é casado pela Igreja, mas está separado desde 1980. Nunca quis pedir o divórcio civil porque, segundo ele, isso iria contra as suas convicções religiosas. Também nunca quis pedir a anulação canónica do casamento, “pelas mesmas razões” – ou seja, não se sabe porquê, porque as “mesmas razões” obviamente não se aplicam a algo que é permitido pela Igreja.

As alegadas convicções religiosas nunca impediram Marcelo de, continuando casado pela Igreja, namorar outra mulher, com a qual diz “sair” e passar férias há 35 anos. Com essa namorada, que diz ser a sua “sensação espiritual”, partilha a convicção católica de que o casamento dura até à morte. Não se trata de uma união de facto, porque Marcelo nunca quis viver com a sua “namorada” e ela aceitou esse papel. A situação difere substancialmente da do primeiro-ministro Sá Carneiro, que, perante um divórcio litigioso que se anunciava demorado, assumiu plenamente a sua relação com Snu Abecassis. Sá Carneiro, antigo militante da Acção Católica, não era menos religioso do que Marcelo, mas queria divorciar-se. Não concordava com a Igreja e assumiu coerentemente essa discordância. Marcelo, pelo contrário, diz concordar com a Igreja, mas não assume coerentemente essa concordância.

À luz da doutrina da Santa Madre Igreja, Marcelo vive em pecado, tal como Sá Carneiro viveu os últimos anos da sua vida. À luz das leis que nos regem, Marcelo pode namorar quem lhe apetecer sem ser acusado de bigamia. Porém, se em actos oficiais exibisse uma namorada como sua consorte, talvez perturbasse o protocolo. Exporia, sobretudo, a hipocrisia das suas “convicções religiosas”. De facto, estas permitem-lhe, por um lado, estar casado pela Igreja, passar a imagem de um católico muito cumpridor que não se divorcia e, por outro lado, namorar há décadas outra mulher e ainda fazê-lo sem ter que a aturar todos os dias (e ela a ele). Isto talvez seja o sonho perfeito de muita gente, mas sempre foi considerado amor livre. A novidade que Marcelo pretende patentear é o amor livre católico.

45 thoughts on “Amor livre católico”

  1. Ouvi dizer mais do que uma vez de diversas ‘fontes’ que era muito liberal com o género de com quem dormia. Paulo Portas também exibiu namoradas e os media fizeram-lhe sempre a vontade sabendo perfeitamente que era fachada.

  2. Ele que se prepare porque o Correio Manholas está em cima da jogada.
    Se ele se armar em “protector” deste governo e demorar muito a convocar eleições o Manholas explorará o filão, e Marcelo passará a ser um Sócrates.

  3. Sofro o pensar que um país como Portugal tem um Presidente que vive em pecado. É duro mas são os tempos que nos toca viver.
    Mateo 19:3-6. o que Deus ajuntou não o separe o homem.

    Embora este Martelo é mais pilho do que parescia.

  4. Ó rainha das Bichas, onde é que ouviste falar de primeira dama de um PM? Qual era a Primeira Dama de Salazar? E a Cavaca não passou a ser PD apenas com Cavaco PR?
    Mas já que falas nisso, o correio manholas de hoje escreve sobre o verdadeiro harém de Sócrates, cinco mulheres, cinco! e todas sustentadas pelo dinheiro do amigo Santos Silva, provando mais uma vez que o dinheiro do amigo, afinal, é seu.
    A talho de foice: o MP e uma matilha de cães raivosos a ladrar contra Sócrates acham estranho e insólito que um amigo empreste a outro umas centenas de milhares de euros, entretanto já devolvido, segundo o próprio Sócrates. Ora. esse mesmo MP e mais uns tantos juizes desembargadores já consideram a coisa mais normal deste mundo que Sócrates coloque na conta do amigo, à qual não pode aceder, e, consequentemente, à disposição dos seus respectivos herdeiros como primeiros e últimos beneficiários em caso de incapacidade ou morte do amigo, uma fortuna de dezenas de milhões de euros.
    Isto é de loucos. Mas são os homens que temos na justiça!

  5. O Bichas do Chiado
    Não lês o Manholas ? eles agoram estão mais interessados em vender o homem como um sedutor de mulheres, tas a ver ? Não tens hipóteses.

    Agora a sério. O Socrates nunca foi hipócrita. Sempre assumiu ser divorciado. E também não se escondia, a namorada era a Fernanda Câncio. Mas também não se exibia.

  6. que caralho. até parece que é o estado civil que faz o carácter do homem e do político. eu cá acho que um Presidente feliz é bom. e é só. :-)

  7. Não se justifica o interesse na Primeira.

    Um homem casto e seco como o Marcelo cai bem na sociedade portuguesa. Ao Cavaco para ser quase perfeito só faltou ser casto. Assim tipo Infante D. Henrique ou Salazar.

  8. Que o Sócrates seja homem de muitas amizades femininas não me admira. Está nos genes dos portugueses serem uns grandes sedutores. Veja-se o excelente exemplo do Cristiano Ronaldo.

  9. “Assim tipo Infante D. Henrique”. Pois, mas ao que consta o Henriquinho gostava muito de marinheiros e não era só por coisas de marear.

  10. ó bimba, já que falas em carácter, o Júlio está a dizer que o marmelo virou marmelada. É um hipócrita! Segundo a ICAR, o homem que repudia a mulher não se pode envolver com outra.

  11. e o Marcelo podia anular o matrimónio católico sem mentir ? alegava o quê ? não consumação do mesmo , como a Carolina do Mónaco ? sabe que não se pode pedir a anulação só porque nos apetece , sabe , não sabe ? vá lá espreitar o código em que situações se pode pedir a anulação , mas é.

  12. Júlio, se te desgosta a luta política do vale tudo, incluindo a devassa da vida privada dos inimigos, que envenenou o debate e a escolha livre, em Portugal, nos últimos anos , mete-te na tua vida.

  13. Há umas tias de Cascais, algumas com blog e escrita pública, que sabem desta história toda de Marcelos, Portas, gajas a fazer de conta, peregrinações a Fátima, silêncio divertido de certos bispos, etc. etc. etc. Na vez de andarem por aqui atrás do próprio rabo, feitos cachorros tontos, falem com elas. São um livro aberto.

  14. Querido, eu não sou tia nem de Cascais e conheço tudo. Conheço os rapazolas metidos no seminário porque a mamã e a titi achavam que poderiam sair maricas, por mostrarem pouco interesse nas moças da terra. Nas famílias com menos nível a prática é mais exótica. Dá-lhes para aderir às Testemunhas de Jeová, onde os casamentos são combinados à pressa para acalmar os boatos. Sim queridos e queridas, há casamentos combinados em Portugal. A Cância, que é jornalista, vá ouvir os que ainda tiveram lucidez de abandonar essas seitas. Conheço os capelões e um ou outro bispo com outros gostos, Quando andava toda maluca e armada em macha activa com um filho de um ex-deputado do PS, almocei e jantei muitas vezes com proeminente nome da ICAR. Havia sempre tema de conversa pois todos três tínhamos os mesmos gostos. Deixei entretanto de ver o rapazola, pois incomoda-me um homem que usa cuequinha vermelha fio-dental. Conheço a ronda do chá de Coimbra, estrada perto do Mondego onde as paneleiras doutoras da Universidade e dos Hospitais e alguma padralhada de Fátima ia fazer à noite o seu car cruising, uma bela experiência sociológica onde a ralé trolha e o professor doutor conversavam no escurinho da estrada e se tratavam mutuamente por tu.

    No Verão havia as idas às dunas entre a Manta Rota e Cacela Velha, à praia de Nueva Umbria ou à praia Grande de Armação. Isto era o circuito de bicha remediada, pois as pobrezinhas ficavam pela 19 da Caparica, e se fossem do Norte iam ao Furadouro, e quando havia dinheiro para o gasóleo, dava-se um saltinho à Galiza. Já as bichas ricas tinham outro andamento, das Canárias a Capri, de Nice a Mykonos, ilha onde um filho de um conhecido político da praça, por ventura muito hetero e macho, gostava de passar as suas férias do Verão.

    E há muito mais para contar e com mais pormenores e nomes, ficará tudo numa arca para quando partir para o Purgatório ou para o Inferno, numa obra sobre o bas fond do putedo português, intitulada a «Monografia do meu Cu.».

  15. Portugal um grande armário.

    Na política não há bichas. E caramba, as que me ocorrem estão quase todas na Direita.

  16. Como se chamava aquele deputado do PSD que desapareceu da vida política em meados dos anos 80 depois de escrever uma carta contra os vícios despesistas do Governo? É que ele saiu por outros motivos mais coloridos, mais arco-íris, e imaginem quem seria o alvo dos amores? Nos EUA esta já tinha saltado há muito tempo pois foi coisa falada em surdina durante uns anos.

  17. Normalmente um bicha pura não gosta de outra. Conhecem-se por instinto. Faz faísca. É simples, gostam do mesmo e detestam a concorrência.

  18. Caramba, isto é um post sobre o PR e eu com conversas ordinárias e reles sobre o bas fond da bicharada! Desculpem a maçada!

    Votos de um bom Domingo.

    Beijinho bom, sempre vossa, Rainha das Bichas.

  19. Mais uma coisinha.

    Não há nada como a bicha do PSD com 4 ou 5 filhos, Opus Dei, contra o preservativo e a pílula, que vive na terra com o amante. Mas essa fica para outro dia.

  20. Deus me livre de comentar algo que diz respeito à vida pessoal de cada um. Mesmo o presidente da república.

  21. Porra, Bicha !
    Agora quero saber quem era a Bicha deputada que saiu nos anos 80!
    Papita-me que estaria apaixonada pelo …han ?

  22. Por favor, coisas à la mãnhas, não são pra aqui.
    A vida privada de Marcelo Rebelo de Sousa é tão privada como a que se exige para José Sócrates.

    Estou impressionada com o harém do Ex. Primeiro Ministro.
    Sempre o considerei um homem activo, de tempo muito apertado e muito presente com os filhos e mãe dos mesmos.

    Bem, é mais uma virtude de José Sócrates tantas e tão interessantes mulheres, atestam a sua qualidade de amante fogoso e bom amigo.

    Bill Clinton foi entendido e aplaudido pelos eleitores.
    Marcelo Rebelo de Sousa já me está a agradar:
    – homem livre em espaço próprio e companhia nos melhores momentos.

    Finalmente um Presidente que vive e sente de acordo com os tempos.

  23. “o que Deus ajuntou não o separe o homem” é uma coisa. Outra coisa é “o que padre ajuntou não o separe o homem”.

    Na realidade é Deus que ajunta o macho com a fêmea para que a espécie continue. O impulso desta união chama-se tesão! Logo a união macho-fêmea

  24. Terá sido um problema de distribuição do dinheiro que provocou o facto de haver tanta gente a falar nele?
    Na volta os dois milhões distribuídos aos Esp.Santos foram só a ponta do icebergue que afundou os submarinos…

  25. segundo consta os filhos do marcelo,vão obrigar o pai a viajar com a mãe como 1. dama. já sabia que lisboa estava cheia de fufas.porque será? quanto à paneleirada apetece dizer: BEM-VINDO AO SUL…

  26. Muito bem visto, em minha opinião: estaremos a caminho do «amor livre católico»? Que pensará o papa Chico? Vai haver uma Primeira Namorada a entrar disfarçada no augusto palácio pelo alçapão secreto do concubinato? Até o Hollande se vai morder todo de inveja e converter à verdadeira fé…

  27. E o Eurico “que lindo é o meu partido” de Melo estava apaixonado por quem ?
    Pelo Marcelo ou pelo Cavaco ? Hum ?

  28. E o Eurico “que lindo é o meu partido” de Melo estava apaixonado por quem ?
    Pelo Marcelo ou pelo Cavaco ? Hum ?

    Um dois três, isola na madeira.

    Alguém alguma vez se apaixonaria pelo Cavaco? Aquilo repele tudo!

  29. «Qualquer “gaydar” bem calibrado dispara a mais de meio quilómetro do Prof. Martelo…»

    O gaydar é uma experiência energética. Só funciona in vivo. Teria de estar ao lado da pessoa para ver se «apitava». Ver na TV não vale, é batota!

  30. Qual é a diferença entre o Sidónio Pais e o Marcelo Rebelo de Sousa? O Sidónio era o presidente-rei, o Marcelo é o presidente-gay!

  31. Ainda bem que não há primeira dama, o Estado poupa em cabeleira, manicure, etc., no caso da cessante, até assessor dos presépios natalicios tinha, – ignoro se em part-time, se em full-time .
    É coisa que em regime escorreito, limpo e ligeiro, isento de taras e manias, não devia existir . Não é eleita para nada, e vai por arrastamento, reminiscências dos antigos regimes, plenos de privilégios e beneplácitos.
    Creio que não existe divórcio católico, existe sim divórcio civil, e se não estou errado :
    – Apenas existindo simultâneamente casamento católico e registo do mesmo no civil, pode ser pedido o divórcio, divórcio civil, alertando, porém, o Código de Direito Católico, para as graves consequências de quem decida deitar mão de tal possibilidade . Deve ser pecado, mortal ou não, inferno, etc.
    Na pratica, o CDC, desencoraja o divórcio para esses casos .
    – Existe a possibilidade de anulação do casamento católico, que obedece a uma série rigorosa de requisitos, é selectivo e restritivo, demorado, burocrático, e dispendioso .

    No caso de Marcelo, não me aquece nem me arrefece, o homem, que eu saiba, nunca andou a pregar sobre a matéria, e portanto, dou um desconto, se tivesse, era diferente .

    É não é ” o que Deus juntou “, é o que o padre católico ajuntou, e tendo-se cobrado devidamente, pois que já que Deus não cobra honorários, o padrola, aproveita .

  32. Fosgas, é Código de Direito Canónico, e não Código de Direito Católico.
    Embora vá dar ao mesmo .

  33. Quando Sá Carneiro assumiu a sua união de facto com Snu Abecassis, estando já separado da mulher, vários bispos e simples sacerdotes malharam nele como em centeio verde. Mesmo durante o funeral se fizeram ouvir. Pelos vistos, os tempos mudaram porque estão todos calados. Digam lá que não há diferença entre esquerda e direita… A esta última tudo se perdoa, não é verdade?

  34. Ao autor do post: Não seja tacanho. Não julgue as pessoas. Ninguém tem nada a ver com a vida do homem.
    Haja paciência!

  35. «Quando Sá Carneiro assumiu a sua união de facto com Snu Abecassis, estando já separado da mulher, vários bispos e simples sacerdotes malharam nele como em centeio verde. Mesmo durante o funeral se fizeram ouvir. Pelos vistos, os tempos mudaram porque estão todos calados. Digam lá que não há diferença entre esquerda e direita… A esta última tudo se perdoa, não é verdade?»

    A Esquerda dizia nas ruas que se Sá Carneiro não sabe governar um casamento, não sabe governar o país.

    Naquele tempo a Esquerda também malhou bem no Sá Carneiro, o divórcio ainda era tabu.

    Eu cá sou orgulhosamente bisneto de uma das primeiras mulheres a pedir divórcio na Primeira República.

  36. Para quê perder tempo com esta coisa, será porque o escriba remete para a leitura deste site?

  37. Chamo a atenção que o blogue da Estrela Serrano linka o post do Aspirina B, com uma notas que não são sublinhadas mas que me parecem importantes. Um dos artigos mencionados está no interior da revista Sábado e, para além do facto da coisa poder ou não ser incluída na “imprensa cor-de-rosa” como a Flash e outras ferramentas usadas pelas manicures deste país, parecem ter sido os ramos familiares tradicionais da senhora que estarão na base de dois pontos: a passagem de Marcelo pela presidência da monárquica e salazarista Fundação da Casa de Bragança; pela sua ligação ao sector da saúde privada, por onde andou uma reconhecida senhora candidata presidencial de nome Maria.

    O que dá que pensar sobre a forma como os bastidores da sociedade funcionam ainda hoje, exibidos quando se descobrem sob a leve camada de tinta a óleo que os esconde, surgindo o Presidente da República e uma candidata a (Marcelo e Maria, exemplos, fazem parte de uma paradoxalmente longa mas exclusiva lista) como simples peças no sistema giratório das influências mútuas entre a política portuguesa e os interesses públicos e privados.

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