Viagem com Ana Maria
De repente falámos de Veneza e as carruagens do Metropolitano sofreram nos meus olhos uma metamorfose, as estações ficaram inundadas e os seus nomes passaram a ser gritados em italiano pelo marinheiro fazendo sinal com o braço ao capitão para que a demora em cada paragem seja curta. Estamos num vaporetto prestes a chegar à Praça de São Marcos inundada de pombos e de japoneses com máquinas fotográficas da última geração. Á esquerda o grande areal do Lido com as mesmas pequenas casas de madeira usadas nas filmagens de «Morte em Veneza». Todos os anos as pintam no princípio da época balnear. E porque são muito caras há quem viva em Veneza e as alugue para usar de manhã subalugando a amigos à tarde. Vejo nos teus olhos a imensidão do Mar Adriático sem ondas e apenas sacudido ao de leve pela passagem de um petroleiro a caminho do Sul. Vem de Trieste, do outro lado do Golfo. Oiço na tua voz as sílabas perdidas de todas as minhas viagens. Um voo nocturno para Milão, uma viagem de autocarro até Bolonha, uma viagem de comboio até Veneza. No bulício da estação de comboios de Santa Lúcia descubro a tua voz límpida, terna e alta como num passeio da Rua do Ouro em 1969. Ao fundo está não a Ponte de Rialto mas o Cais das Colunas e os cacilheiros lentos cruzando um rio triste onde chegam aerogramas amarelos com notícias de emboscadas e de feridos evacuados de helicóptero. Os aerogramas estão todos amarrotados nos bolsos dos casacos dos passageiros. Tenho de novo dezoito anos na tua voz porque a memória não mente. Entre a emoção e a verdade a memória escolhe sempre a emoção que é, também, todos o sabemos, uma forma de verdade.
Acredites ou não, lendo apenas a 1ª frase, recordei-me logo, num relance, de “Morte em Veneza”. Excelente, jcf. Excelente mesmo.
Volta o Zé do Carmo escritor, num belo postal de Lisboa-Veneza. Só acho o último período duplamente a mais. É como contar uma anedota e, no fim, explicá-la duas vezes.
Rica viscontada sem tuberculoses e homosexualidades dos maus tempos da proibição e vergonha. Vieram-me as lágrimas aos olhos quando me lembrei duma lição de geografia adriática há muitos anos, durante a guerra do ultamar, no caso, e descobri com os meus condiscípulos que da estação de Santa Lucia é muito dificil ver a Ponte do Rialto. Há emoções que nunca se desvanecem da memória das verdades enjeitadas.
Não te esqueças de mandar um postalito da tua próxima viagem, mas sem clichés de “japoneses com máquinas fotográficas da última geração”.
PS. 18 em 69, portanto tens 57, ou para lá vais.Idade para se ter juizo. Em qualquer época.
é verdade, a emoção é uma forma de verdade. Mas fico sempre espantada de como é mesmo essa forma. A coisa mais dificil dessa forma é que precisa de tempo. Demora tempo a saber a verdade que traz a emoção…
É assim. Das gôndolas de Veneza damos um trambolhão nos cacilheiros de Lisboa, mas só pela evocação da obra genial que é “Morte em Veneza”, vale tudo porque é uma das minhas obras preferidas.
Desculpe mas se “Estamos num vaporetto prestes a chegar à Praça de São Marcos inundada de pombos e de japoneses com máquinas fotográficas da última geração”, não vejo bem como pode ter “Á esquerda o grande areal do Lido com as mesmas pequenas casas de madeira usadas nas filmagens de «Morte em Veneza», pois o areal em causa (e as pequenas casas) situa-se do outro lado do Lido. Nem vejo bem como pode estar a ver o Adriatico.
Estamos antes, a meu ver, perante uma pessoa que nunca viu Veneza a não ser num filme, de que alias nem se lembra muito bem…
Em contrapartida, eu vejo no seu texto uma metafora magnifica sobre o (intemporal) intelectual português…
O que você viu, João Viegas já eu tinha visto. Reparei nas incongruências em que nenhum dos comentadores reparou. Mas não quis estragar aquilo que me parece mais um sonho/desejo do autor do post: ir até Veneza. Por outro lado, é notório o snobismo de que enfermam alguns autores. Pensam eles que sobem no conceito dos leitores – e também no dos confrades! Também pode dar-se o caso do autor ter confundido um passeio até Cacilhas, com a tal viagem hipotética “num vaporetto, prestes a chegar à Praça de São Marcos”!
Há pessoas muito maldosas. Só porque «de facto» o Lido é à esquerda mas não ali ao lado (é verdade, é assim) tentam mentir e dizer que eu nunca fui a Veneza. Fui duas vezes em 1998 e 1999 e estive lá 12 dias em casa dum professor meu amigo que foi meu professor aqui na Veiga Beirão. Em 98 aoroveitei ir para Bologna fazer o jogo da Taça UEFA e dei uma saltada mas em 99 até levei a minha mulher. Aparece cada um…
Desculpe la. 0 meu comentario dirigia-se mais ao seu texto do que a si (que não conheço). Não duvido que tenha ido a Veneza. O que compreendo do seu texto, é que esta a precisar de la voltar, o que lhe desejo de resto.
JCF amigo, o povo (hoje) está contigo.
Estes merdas estão-se nas tintas para se é à esquerda ou se é ali ao lado ou no cu de Judas. só querem é afirmar e sublinhar e reiterar que ELES CONHECEM MELHOR VENEZA DO QUE TU, que antes de tu lá ires já eles eram habitués, que eles é que são fixes e conhecedores e o caral** a quatr*. Mas tu estás a cagar-te para eles e eu também ajudo. Mesmo que nunca tenhas ido a Veneza, o teu texto é bom, aliás é ainda melhor do que se tivesses ido, e só estúpidos snobs é que vão verificar o pormenor do detalhe e do arrebique, como se isso interessasse para alguma coisa. Estes merdas não sabem apreciar um texto, ponto final.
«…é ainda melhor do que se tivesses ido…»
Então, também duvidas pá? Eu acredito que o Zé esteve lá em 98 e 99. Agora tu é que parece que não acreditas. É verdade que já lá vão uns anos mas, mesmo assim, a tua frase é demolidora, pá. Estragas tudo com meia dúzia de palavras. Vê lá se te enxergas e não sejas ordinarote. Baixa a pala e como diz o JCF vai cagar na rua ao lado. Safa!
Eu não gosto de snobes.
Veneziano, estou a ver o teu rabo escondido com ratazana de fora, mas sempre te digo que a interpretares textos de português não vês um boi.
Que ninguém ligue ao NIK, abandonado à porta da Casa Pia, embrulhado num corbertor de papa. O JCF foi a Veneza duas vezes, mas esqueceu-se de tomar notas, mas mesmo assim quiz dar uma de Mann. Está perdoado. Eu esqueço-me dessa imitação do Seixal, e concentro-me mais nesta visão de Tarpley (que aposto nunca foi impressa pelas marrecas editoras de Lisboa):
“This was the metastasis of the cancer, the shift of the Venetian Party from the Adriatic to the banks of the Thames, and this has been the main project of the world oligarchy during the past five centuries. The Venetian Party, wherever it is, believes in epistemological warfare. The Venetian Party knows that ideas are more powerful weapons than guns, fleets, and bombs. In order to secure acceptance for their imperial ideas, the Venetian Party seeks to control the way people think. If you can control the way people think, say the Venetians, you can control the way they respond to events, no matter what those events may be. It is therefore vital to the Venetians to control philosophy and especially science, the area where human powers of hypothesis and creative reason become a force for improvements in the order of nature. The Venetian Party is implacably hostile to scientific discovery. Since the days of Aristotle, they have attempted to suffocate scientific discovery by using formalism and the fetishism of authoritative professional opinion. The Venetian Party has also created over the centuries a series of scientific frauds and hoaxes, which have been elevated to the status of incontrovertible and unchallengeable authorities. These have been used to usurp the rightful honor due to real scientists, whom the Venetians have done everything possible to destroy”. (Webster G. Tarpley)
o carnaval de Veneza é magnífico, mas um gajo nunca sabe o que está ali debaixo das máscaras, ainda por cima com um frio de rachar, fico meio tolhido,
Pronto, ficámos a saber que o Z também já foi a Veneza. Com esta do Carnaval, entrou a matar! Quem por aí é que não foi a Veneza, ponha um dedo no ar! Cambadinha de snobes, querida Cláudia. E tu, pequerrucha, já foste? Diz que sim, porque pode parecer mal à malta!
Nik, se eu não vejo um boi, tu não vês uma manada, pá. Já agora, estás de plantão aqui ao Aspirina? Não há vez que venha aqui que não te encontre com comentários em todos os posts! Não fazes nenhum? És reformado da Função Pública ou estás no desemprego? Ou gostas pouco de bulir? Isto de ratazanas dos canos a meterem o rabo nos blogs é no que dá: fazem-se juízos, pá…
E tu, ó Nigra, julgavas que ficavas de fora? Outra snobisse a tua ao comparares o texto do Carmo com a tua divulgação dum excerto do Tarpley. Em inglês, filho, vens atrasado: até na primária os putos já falam o idioma. «Editoras marrecas», dizes tu? Ande, atão, dize lá porque foi que nenhuma te editou? Essa raivinha só pode ser dos dentes por alguma ter rejeitado os teus escritos. Ora conta lá, pá…
Já agora, podias ter dito à gente que o Webster G. Tarpley persegue o Bush até à 5ª geração. É um investigador político e nada tem a ver o excerto do texto dele com o post do Carmo. Sê politico e intervencionista quanto queiras, mas não mistures as coisas nessa tua mona. Deixa a politica para os “verdadeiros” políticos e dedica-te de alma e coração à literatura. Talvez tenhas jeito, pá, nunca se sabe…
Já agora, andas a fazer concorrência ao Nik? Parece, onde está o comentário de um, está o comentário do outro. São siamêses ou também não gostas de bulir?
Atendendo às eloquentes provas que vem apresentando do seu nível cultural e intelectual, acabo de propor à Academia Sueca a promoção do subtanso à categoria imediatamente superior à sua, a de vice-tanso honoris causa. A condecoração ser-lhe-á solenemente entregue numa tasca da Alfama pelo jogador de bisca lambida Webster Griffin Tarpley em carne e osso, grão-mestre da Ordem dos Tansos e detentor do grau honorífico de Super-tanso (só há mais dois na rua dele).
Veneziano, és um falabarato a debitar merda. Esta é a tasca que eu frequento e não te peço licença. Se não és de cá, mete o focinho no cu. Se és, mete também, mas com mais força.
Ai, o que me farto de rir contigo, Nik! Meu tanso, atão não vês que estou a gozar à brava com a tua cara e nem dás por isso, meu artola? Ficas tão irritado que chegas a dar-me pena, pá. Mas assim é que se anima esta geringonça desta aspirina que não tira dores de cabeça a ninguèm. Antes muito pelo contrário. Bem diz o Luís Eme: famelga, é só famelga, pá. Tu deves ser primo afastado. No mínimo, compadre. Mas olha, ficas tão bem de ridículo, mas tão bem, que se fosse a ti não tirava a carapuça. Mas não ficas pior de irritadiço. A deitar lume pelas ventas. A chispar por tudo quanto é poro, pá! Só não sabia que frequentavas tascas merdosas. Um Nik a mandar os outros…Nem parece teu, pá. Para quem tem um canudo de papel higiénico nas mãos, cai um bocado mal, acredita. Bom, vou ter com a minha veneziana. Por hoje chega, pá. E olha se não és careca, não te chateis demasiado que faz cabelos brancos e muito mal à próstata!
Veneziano,
Obrigado por não me teres deixado de fora. Realmente é uma honra com susto permanente estar entre a tua “literatura”, coisa que intimida qualquer um, especialmente pelo uso e abuso dos “pás” e “atãos” muito próprios do bobo bonacheirão de nariz arrebitado por tanta aplicação da turquês do saber. E a tua apreciação respeitosa do valor artístico deste post do Zé das gôndolas resume-se a esta simplicidade: eu acredito que o homem já foi duas vezes a Veneza. Fizeste justiça, indo direito ao âmago da inspiração orbícola do autor. .
Aqui para nós, Vanessa, duvido muito que tivesses ouvido falar do Tarpley antes de eu te ter metido à frente dos olhos esse fragmento na conhecida língua das criancinhas portuguesas à frente. Nega e verás como me divertes.
E tenho um segredo muito grande para te contar, Veneziano. O Aspirina B não é um blogue exclusivamente preocupado com aquilo a que tu chamas “Literatura”. Aqui, além de muito mais, como em qualquer outra farmácia de bom nome, também se fala de “Política”, mal ou bem, e quando escrevemos com modos de pobres ou ricos literatos estamos a dar um arzinho daquilo que somos politicamente. Até pelo verniz das unhas da indiferença se pode julgar do que vai politicamente nas cabeças.
Portanto, nada de separar vizinhos de conhecidos com tabiques mais altos que as cabeças. Que é o mesmo que dizer-te que seria belíssimo que desistisses dessa ideia de não considerares apropriada a minha inserção do naco de Tarpley sobre a importância histórica da intriga de Veneza para a explicação do actual poder Europeu e Global. Deixo isso ao teu baralhado critério das compartimentações, ainda que sem esperança.
Por outro lado, ando à volta com a dificuldade de te chamar asno sem mencionar nomes de quadrúpedes. Mas enquanto deixo esse problema para resolver mais tarde, agradeceria que me explicasses o que é um “intervencionista”. E que me digas por que razão lá muito da tua cabeça de grilo me ordenas a ser “político” e logo a seguir achas melhor que eu deixe “a política para os políticos”. Se me convenceres que essa não é de asno maior e vacinado, estou disposto a aceitar qualquer outro animal à tua escolha. Como vês, sou democrata quando me convém.
E já me esquecia: as editoras merdocas lisboetas estão fartas de recusar manuscritos meus. Poesia, ensaio, e até romance. Normalmente, quando escrevem a dar-me com os pés, a resposta dos biltres é sempre a mesma: desculpe, mas temos falta de papel. Já desisti. E agora com os meninos da primária a dominarem o inglês já nem me atrevo a ganhar mais dissabores.
Finalmente, espero que não te vás embora, depois desta voltinha pelo Grande Canal. Preciso dum rabo diferente do do NIK para quebrar a rotina das minhas palmas. As chatas gostam de variedade e de cús ainda a ganharem calo de bulirem tanto. Não, não, não, estou a mentir. De facto, vou ser sincero e revelar o meu interesse científico nisto: suspeito que tanto tu como o NIK possam ser dois casos marcados pela característica anómala de possuirem um único hemisfério cerebral. O primeiro caso foi descoberto em 1830 num post mortem efectuado por Wigan. O homem ficou parvo de admirado e escreveu um livro sobre isso: The Duality of Mind. Mal sabia ele que no Aspirina, quase duzentos mais tarde, etc. etc.
sub-tanso, estás a honrar a tua promoção a vice-tanso pelo lunático do WGT. Uma sugestão de borla: publica as tuas Complete Refused Works numa nova editora, a Marrecos & Merdocas. Na Feira do Livro de 2127 ainda vão sobrar exemplares, mas, se o papel for mole, talvez dêem para limpar o cu.
Querido(a)s aspirinautas, vou entrar de férias. Não sei se o Aspirina também vai, mas todas as tascas costumam fechar neste período. Até depois.
Tinhas que estrabar com repuxo antes de te fazeres às montanhas. Não te esqueças de pôr bastante lixívia nessas sanitas para dares o exemplo ao cloacário que te irá render.
Ponto a meu favor, Nigra: as editoras não têm falta de papel (a não ser em euros). Quem tem falta de papel (papel para imprimir, sabes?) são as gráficas. Percebes tanto disto como uma minhoca, que sempre tem a cabeça mais pequenina do que a cabeça de um grilo.
Agora, diz-me lá: como é que abarbanhaste o Aspirina B? Falas do blog como se fosse coisa tua, pá. Conta-me, porque este tipo de investimento interessa-me. Ultimamente deixei de jogar na Bolsa. E dizes bem: podia lá eu deixar-te de fora nos comentários que fiz!? Nem pensar, caro Nigra! Mijo-me a rir com a seriedade que pões naquilo que escreves. Palavra de Veneziano, pá! Depois «duvidas de muitas coisas», «tens segredos», «revelas-me os teus interesses científicos»…E mais essa de «asno sem mencionar nomes de quadrúpedes»…És um achado, pá! Uma verdadeira pérola, ainda dentro da ostra, à deriva pela blogosfera. Também gostei muito daquela do «bobo bonacheirão de nariz arrebitado»! Outro mimo de imaginação, pá! É de portento, Nigra, de autêntico portento literário. Não compreendo como as editoras «merdocas e marrecas» não te aproveitam…Maus feitios e falta de olho, é o que é. Mas, acima de tudo, és tão, mas tão azelha, que não queres aceitar que também gozo com a tua cara de pau com bicho como gozo com a do Nik. É para passar o tempo. E tu e o outro vão na conversa, como dois anjinhos! Verdadeiro artola me saiste tu!
Agora, diz lá se o circo não animou bastante? Com dois ursos amestrados como tu e o Nik, qualquer grupo de saltimbancos tem casa cheia. Vou deixar-te, com imensa pena, mas a minha Veneziana espera-me. Daqui a pouco vou afogar nas ondas as chatas que tiveste a amabilidade de me enviar – à laia de vírus pelo computador. Põe DDT e acabas com elas, pá!
Antes de ir até ao areal, diz lá se eu te dou ou não boa matéria para mostrares como o escrever é para ti como pão para a boca. É essa mistura intelectual, literária, cosmopolita e anal que te torna tão profícuamente gracioso.
Nik, nem sei como vou passar sem ti. Mas cá te espero. Goza lá as tuas férias com saúde e bom tempo. Esta tasca até parece que já fechou. Não vês que desde há uns dias os posts são sempre os mesmos? Calhando, estão no areal…
pois, é isto da Serenissima,
(quem me f*deu a kpk ao menos que a goze)
Z: La Sereníssima!? Não me digas que vais de férias para Veneza, pá! E eu a julgar que o assunto estava morto e enterrado…Safa!
(Lixaram-te a kpk? (sempre sou mais comedido que tu)E quem te manda a ti ser nabo?)
Veneziano,
Telefona à tal Veneziana, por favor, e vê lá se essa coisa não se importa que te demores aqui por uns dias. Não digas mais nada e hoje à noite aparece lá de surpresa, entra à socancra como de costume e senta-te numa mesa de canto. Depois, com um ar muito sério, pede à senhora da pastelaria que te sirva um café lata bem quente e um pastel de nata.
Vais ver que vais ficar muito melhor dessa marrequita. A mim poupa-me tempo, que é papel, como sabes.
a Serenissima no Verão com o scirocco de mistura? nem pó! sou mais tipo pimentão
Nigra:
Decide-te, pá: queres que fique ou queres que vá? Acabei por confundir-te as ideias, foi o que foi. «Demorar-me aqui por uns dias», lamento desiludir-te, mas não posso fazer-te a vontade. Outros afazeres mais altos me esperam. Olha, um deles é o de ir contigo ao médico da vista, porque já vês bossas onde elas não existem. Parece-me grave. Quanto ao papel, resta saber se te referes aos euros ou às gráficas, lembras-te? Aliás, coisa que não parece preocupar-te nada é o tempo. Já contabilizaste aquele que passas aqui no Aspirina? Eu, apareci por cá agora e já estou de abalada. Ri o que tinha a rir e acabou-se a festa. Agora, pastéis de nata, meu caro Nigra, só se forem os de Belém. Pensavas, por acaso, que entro numa pastelaria michuruca? Tás bem enganado, pá! E lá vou. A minha Veneziana não gosta que a faça esperar. Tchau, Nigra, amigos como sempre!
Z: Não te esqueças da Avène 50 spf e depois do Posthelios para aconchegar.
obrigado pai, soube bem o recado, o anthelios ainda vai
Sim, o anthelios também não é mau. Mas insisto no Avène spf. Vai por mim, porque os pais só dão bons conselhos, como sabes…Tchau, meu!
Veneziano,
Já decidi, já tinha decidido: não partas. Aquilo era apenas crescendo rabelaisiano (de rabelo da famosa Ria) para construir uma frase de surpresa. Vamos lá, para editorar mais um dos meus “portentos literários”. Portanto, a confusão ainda não anda a fazer ninho na cuca deste rapaz. Já o mesmo ninguém poderá dizer dum brincalhão como tu.
Médico da vista, sim, preciso dum, mas até à data não encontrei um gajo que entenda verdadeiramente da especialidade que cobre o seu negócio. Os “afazeres altos que te esperam” não podem ser mais importantes que o afazer de deixares nesta caixinha uma simples opinião sobre a viagem de vaporetto do Zé, que era o que deverias ter “afazido” mas nunca “afizeste”. E, depois, vais-te assim embora sem pores a limpo esta questão de eu falar como se fosse dono “disto”? Não percas a grande oportunidade de prestar um serviço à comunidade.
E gastas vapor desnecessário em navegações circulares de leme preso. O “papel” não era da gráfica, senhor, era da editora.
Vai lá à tua Veneziana, se quizeres, acaba com as confusões. Traja com rigor de petimetre quando beijares a mão da “senhora”. Sugiro o Arlequim com codpiece (o teu problema de microcaulia é bem conhecido aqui na tertúlia) para impressionar o resto das putas. Se ficares, como eu desejo e é do teu interesse, o Pierrot assenta-te como uma luva e tens tempo de sobra para agitares os guizos e bateres a pandeireta. Não há nada que bata musica com circo. Ou vice-versa.
ainda andas a querer endireitar o mundo? Agora no Verão dá-te férias,
mas portanto, voltando à política, eu gosto destas coisas que o Socras vai à Libia enquanto o Chavez vem cá. O tal arco-íris vai-se configurando. Tenho saudades da Índia também,