As gralhas de Romana Petri e as outras (imagem de Carlos Silveira – A Horta antiga)
No livro «Que paisagem apagarás» de Urbano Bettencourt na página 20 pode ler-se «Quando me despedi de Johnson, ele falava ainda nos seus projectos, com um entusiasmo a que já não era totalmente alheia a garrafa de aguardente de figo posta à nossa disposição pelo senhor Amílcar (Romana Petri talvez preferisse um copinho de angélica como ela tontamente insiste em escrever).
A palavra correcta é angelica (com acento de pronúncia no «i») mas a senhora não compreende tal como não percebe a diferença entre sapateia e sapateira. Passadas algumas horas li um livro com algumas gralhas parecidas com as de Romana Petri. Vejamos algumas que não sabemos se são da autora se da revisora do livro:
Não se pode chamar bisavó a um homem, é bem bisavô. Não se pode escrever que as oliveiras são regadas, é absurdo. Não se pode confundir Coimbra com Canha – a localidade de Águas de Moura fica entre Setúbal e Canha. Não se pode escrever o povo aluiu, é bem o povo afluiu. Não se pode escrever Draco; o nome é bem Drago. Não se pode confundir opinião abalizada (competente) com avalizada (aval numa letra descontada).
Não se pode confundir o dia soalheiro (sol) com solarengo (de solar). Não se pode esquecer o itálico em sui generis. Não se pode esquecer que as bombas são usadas nos poços para tirar água, as outras bombas são da guerra. Os títulos dos livros e os nomes dos jornais devem aparecer em itálico.
Fiquemos por aqui. Dizem os pessimistas que um livro sem gralhas é como um jardim sem flores. Mas será mesmo?