O horóscopo de Delfos em 1973
Corria o ano de 1973 no jornal «República», tempo de guerra colonial e de censura mesmo ali ao lado na Rua da Misericórdia. Cansado de ler notícias com suicidas «caídos» das pontes, recém-nascidos «esquecidos» em vários lugares, revólveres a dispararem sozinhos, casais detidos por um beijo num jardim, o jornalista Eduardo Valente da Fonseca resolveu esquivar-se à censura oficial deixando de enviar o Horóscopo – tal como as palavras cruzadas ou os discursos de Américo Tomás.
Teve o apoio de José Magalhães Godinho, Raúl Rego, Álvaro Guerra, Álvaro Belo Marques, Victor Direito, Mário Mesquita, Jaime Gama, Afonso Praça, Fernando Cascais, Fernando Assis Pacheco, Figueiredo Filipe, Carlos Albino, José Alcambar, Miguel Serrano, José Manuel Barroso, Antónia de Sousa, Helena Marques, Gonçalves André, Pedro Foyos e outros companheiros.
Vejamos apenas um exemplo do que a censura não viu e depois já era tarde:
«ARIES – Quanto mais se oculta a verdade mais poder ela tem quando se sabe. TAURUS – Com Deus, Pátria e Família não se faz chá de tília. GEMINI – Políticos prolixos, pró lixo… CANCER – Não há governante amado por um Povo dominado. LEO – Encontrarás por aí muitos cartazes que já não colam… VIRGO – A governar desgovernados, é o que vês para mal dos teus pecados. LIBRA – O teu voto está votado à sucata… SCORPIUS – Quem é democrata não escapa… SAGITARIUS – Não tenhas dúvidas de que, de facto, conversa não enche barriga… CAPRICORNIUS – Não ver publicidade é meia felicidade. AQUARIUS – De governantes como dantes não te espantes… PISCIS – Os endireitas das direitas endireitarão? Não e não».
Recuperado e divulgado por José do Carmo Francisco
E antes de 1973 ainda tínhamos o Salazar. Lembram-se?
Tanto tempo a governar
fez um país sem futuro,
por isso o Salazar
veio a cair de maduro!
E por essa altura havia muita emigração. Gente que fugia “deles” e outros que procuravam ganhar a vida melhor. Depois do 25 de Abril começaram a regressar:
Emigrante tantos anos,
enfim, pessoal, voltei,
cheiinho de desenganos
em vez de cantar, chorei!
E, depois, com 25 de Abril houve uma coisa importante que ganhámos. A LIBERDADE.
É um bem a liberdade,
por todos apreciada,
é tão boa, na verdade,
que deve ser racionada!
E, agora, para variar falemos do Presidenye da República porque anda aí na berra por ter criticado o (des)governo. E para mim qualquer um pode ser presidente. Basta ter a 4ª. classe mesmo que para isso a mãe dele tivesse que dar um garrafão de azeite para o puto ter o diploma.
Quando eu era pequenino,
ouvia que um cretino
podia ser presidente.
Hoje com a minha idade,
acho qu’isso é verdade,
para desgraça da gente!
E acabei por não comentar o post do jcfrancisco. Mas também haveria pouco a dizer.
Até breve!
Naquele tempo havia perspicácia nos jornais e nos.jornalistas.
Para se chanar ditador a Salazar era preciso muita «tolinha», pois, apesar de saudarmos`de braço no ar como os alemães do Hitler, e já este tinha morrido, já os alemães não levantavam o braço no ar.
Hoje convida-se nos jornais a imitarmos os alemães, para sairmos da crise.
Será que o botas era bruxo? antes do tempo?
tão giro e esperto, este horóscopo que cegou a censura como piscis na água. :-)
ò Adolfo não é meu – eu apenas o recuperei e divulgo junto de todos nós.