Vinte Linhas 580

Ouve-se alguma «Música no coração» em Alfama

A ideia geral que todos nós temos da Áustria ou do império Austro-Húngaro resume-se a meia dúzia de nomes e de figuras. Na escrita Franz Kafka, Stefan Zweig e Sigmund Freud – embora o terceiro seja mais do que autor de livros. No cinema Romy Schneider e Arnold Schwarzenegger, na pintura Gustav Klimt e no mundo dos automóveis Ferdinand Porsche. Do lado da música temos W.A. Mozart na dita clássica e Falco (Hanz Hölzel) na dita popular – único artista no nº 1 do Hit Parade americano com uma canção de língua não inglesa – o célebre «Rock me Amadeus». Mas não pode ficar esquecida a senhora baronesa Maria Augusta von Trapp cuja vida e canções deram origem ao filme «The sound of music» entre nós traduzido por «Música no coração» enquanto no Brasil passava como «A monja rebelde». Descobri em plena Alfama um espaço (Rua de São João da Praça, 95) onde se respira o ambiente dos cafés de Viena. Abre às 11 da manhã talvez para os magníficos bolos à fatia já estarem prontos à chegada do primeiro cliente. O espaço é enorme, a decoração é acolhedora, a disposição das mesas sugere o encontro. Há mesas grandes, médias e pequenas assim se adaptando aos grupos e seu tamanho. As fatias de bolo são uma tentação perigosa para quem não pode comer doces e o uísque servido em doses generosas e nada caras. Para quem goste de descobrir a gastronomia do velho império austro-húngaro, as duas senhoras são excelentes cicerones. São mesmo muito simpáticas. Os arcos em pedra lembram uma igreja mas a liturgia aqui é outra. E a oração também. Ou seja – ligar numa refeição dois mundos separados no que é uma maneira bonita de não estar só.

6 thoughts on “Vinte Linhas 580”

  1. pois, café com ambiente austríaco de viena do castelo, tou a morder a cena arnoldo debita uns fadunchos do kafka, wolfgang à guitarra e a baronesa violada ao vivo. tudo isto à sombra da sé com baldes de uísque à vilaneza. mais publicidade dissimulada com recurso abusivo a roupa de marca, o segismundo resumiria: parolíce aguda crónica.

  2. JCF,

    Isto não é querer ser má-língua, mas acho que a famelga Strauss, tão grande como a dos austríacos Rothschilds, famosos sapateiros da banca, merecia muito mais ser lembrada que a baronesa von Trapp, já que estás a falar de cafés que te lembram Viena no ambiente. E lembra-te do Mahler, mesmo que o consideres muito triste para o teu café, do Schubert, etc. Ou de Maria Restituta, morta pelos nazis, com tanta gente sempre a dizer mal das freiras, os ingratos de esquerda e do centro.

    E depois citas um maluco, espécie de accionista duma fábrica de máquinas de escrever, e um escritor pederasta por amor à profissão (dizia-se isso do Zweig quando eu era rapazito, sabias?) e terminas com um analo sexista analista psico doido com fama de pedófilo que se encheu de bagulho à conta da credulidade das suas clientes endinheiradas que classificava de “negros” (na acepção de almoço humano que se apresentava ao leão faminto quando dava o giro pela savana da África freudiana), senhoras que lhe arrancavam sorrisos com larguras na proporção directa do valor das maquias que o psico malabarista lhes cobrava como pagamento de consultas. Claro que nada disto evitou a “revolução sexual” dos anos sessenta e setenta (desenterrada e adaptada) muito bem acompanhada pelas raparigas e rapazes universitários a pensarem na teta da mãe, sempre muito prontos a separarem as ideias dos “génios” das agendas políticas para um progresso de efeitos retroactivos em beleza.

    E o Arny, tadinho, pois, nem me fales desse gajo, muito bem relacionado com as altas esferas da nova ordem muscular, de Bush a Clinton. Do lado paterno herdou, diz-se, uma cruz gamada na cabeça da pila, muito erótico, blindado e tudo, mas como ele nunca aparece frontalmente nu da cintura pra cima (já lhe vimos o cu, lá isso vimos) ficamos com meio corpo de carne e zero de delito. E o Adolfo, também esqueceste esse famoso austríaco, e idem o Wiesenthal, caçador-mor, que nunca o apanhou, porque os restos sumiram-se entre o cimento do bunker (lérias e estórias), mas isso desculpo-te, porque senão irias rebentar com a freguesia ao cafèsito.

  3. “Parolíce”? “Parolíce”, anónio? Escrito assim mesmo, com acento agudo na sílaba tónica, tal como… parvoíce (agudo-crónica?)? Isso é grave…

    Já quanto à Áustria, “a ideia geral que todos nós temos” dela passará, quanto a mim, muito mais pelas Óperas do Mozart e pelas Valsas dos Strauss (e, infelizmente, também pelo tal que era filho do Alois e da sua mulherzinha…), já para não falar do Francisco José e da Sissi, da última jornada do Francisco Fernando em Sarajevo, do Nikki Lauda e, a outro nível, de um tal Metternich…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *