Vinte Linhas 546

Hoje há gralhas nas páginas do jornal Oje ou as ampolas

Na sala de espera de um Hospital ofereceram-me um jornal cujo título chama logo a atenção – OJE. Foi no passado dia 4-11-2010 de manhã e reparei logo na página 4. O título era apelativo: «Portugal paga juro mais alto por venda de dívida». No corpo da notícia pode ler-se: «O Estado português colocou 500 milhões de euros nos títulos de dívida pública com maturidade (sic) em Fevereiro de 2011, à taxa média de 1,818%, acima dos 1,595% da emissão de 06 (sic) de Outubro (sic), com a procura a superar a oferta em 2,2 vezes.» Mais à frente, na mesma notícia escreve-se de novo «com maturidade em Outubro de 2011» e, ainda noutro parágrafo, «Para a maturidade a 12 meses a procura também superou a oferta em 2,2 vezes». Vamos então ao caso. Vale a pena. Maturidade em bom português no velhinho dicionário de Moraes significa «madureza, idade adulta, estado dos frutos ou das sementes que chegaram ao grau de desenvolvimento que devem alcançar na planta mãe». Maturity date em bom inglês commercial significa «termination of the period than an obligation has to run». Está tudo isto muito bem explicadinho no Webster´s Seventh New Collegiate Dictionary da editora Merriam-Webster de Springfield – Massachusetts – USA.

Confundir Maturity com Maturidade é um erro crasso e não é preciso ter trabalhado na área do comércio internacional para o saber. Há quem lhe chame erro de simpatia mas para mim é ignorância. Faz lembrar o emigrante que dizia: «Ó primo em França trabalha-se muito e ganha-se bem mas o que estraga tudo são as ampolas!» Anos depois descobri que ele se referia a «les impôts». Ora bolas para as ampolas…

22 thoughts on “Vinte Linhas 546”

  1. …e a propósito :
    «termination of the period thaT an obligation has to run»
    -estas danadas pousam em toda parte! :)

  2. Critica, critica, mas está sempre a reconhecer erros naquilo que escreve, graças à chamada de atenção dos comentadores – melhor informados quanto ao seu «fluente» inglês, apesar dos seus excelentes dicionários. Sorry não chega, é fundamental não errar tantas vezes… Telhados de vidro, meu caro jcFrancisco!

  3. Só mesmo uma mente perversa e doentia pode querer confundir um erro crasso e brutal (traduzir maturity por maturidade) com um lapso (troca de that por than) na transcrição de um verbete do Merriam Webster. Maturity quer dizer «vencimento» ou seja data em que se vence um pagamento a prazo.

  4. Tá bonito ,tá.Tanta ideia para uma só Maria.É pena não aparecer uma Maria com muitas ideias.Mesmo ideias de merda,mas ideias novas,ideias novas mesmo de merda ,mas novas.Que se lixem as marias e as ideias.Marias e ideias velhas,são o que mais há nos tempos que correm.Correm, correm sem meta à vista.correr só por correr,satura a quem vê,mas tambem v. quem quer,o resto é palha.Palha é o que escrevi,mas,”assume”,dai o meu ganho,o “assumir”. Até já.

  5. Tenho a certeza que o JCF se está a borrifar para os insultos. O que lhe interessa é a quantidade de comentários, e quanto mais melhor. Recebe à peça? Só pode!

  6. jcf,
    – o comentário foi feito à guisa do interesse pelo lapso, haja a vista o contexto. Estou a examinar os “pontos cegos” na escrita, e, portanto, os percebo na escrita de outrem. Do meu ponto de vista, também cego, quem se atreve a escrever, erra.

    ideias
    – não sei o que fazes dos IP’s, coisas sobre as quais não tenho entendimento. Mas te posso garantir : oops não foi coisa JFK, seja lá quem for, posto que foi coisa oops. De letra para letra.

  7. É verdade que me estou borrifando para os comentários, o caminho é sempre em frente mas também é verdade que não recebo nada (nem queria!) pela colaboração. Só ganho à peça na Revista Ler – com todo o gosto – mas isso é outra coisa.

  8. Oops, meu querido ou querida, chama-me? Ora diga lá o que quer, que eu não percebi o seu comentário.

    Alagarvio, o puritanismo da linguagemno aspirina b venceu-me. Se asism não fosse, já estavas a lamber algum produto chinês, castanho, que eu nunca percebi linguagem de figo seco ou amêndoa torrada.

  9. É curioso que ninguém pegou na frase do emigrante: «Em França ganha-se bem mas o que estraga tudo são as ampolas». Eu acho uma delícia de mal entendidos…

  10. Já marquei consulta num centro de estética para ficar com os olhos em bico. Para o ano não vou para a plaia, os novos patlões não gostam.

  11. A respeito de delícia de mal entendidos… faz-me lembrar o uso de “tablets”, no inimigo público, a respeito das aparições de nossa senhora.
    Aconselho, vivamente, a ler. Sem querer ser pretenciosa, claro!
    Cumprimentos,
    P. M.

  12. ideias,

    … nao imaginas a quanta bobagem, platonices e platitudes exponho-me para concluir umas notas sobre línguas e seus registros, ou registos, mas como o teu comentário sobre a minha bobagem faz sentido, fez-me rir e deu-me o título de um capítulo, dou-te por agradecimento este recorte, recolhido noutro blogue:

    “ Quando D. Afonso Henriques recebe o Condado Portuca”tuga”lense no século XI, já o espírito tuga fazia parte de nós. O próprio D. Henrique teria dito ao filho: “Não és tuga não és nada, se não acabas com a raça desses mouros”. O que é certo é que quase 9 séculos depois, a raça prolifera e o tuga, o mouro e outras raças menores continuam a partilhar o território português. Não há meio do alarve se impor. O alarve, para quem não sabe, deu origem ao algarve (pensa-se que por erro de copistas do século XIII), e como sabemos é a região onde se falam mais línguas em todo o mundo, e das mais raras. O alargavio ( e não o algarvio) deve portanto ser a língua oficial deste Portugal. Numa próxima oportunidade daremos conta de como se fala bem alargavio ou mais correctamente o alarviguês. O futuro não é o inglês como por aí se apregoa…”

  13. Muito bom!
    Obrigada! Ri imenso com esta…
    E para quem está desempregada, L.D. , com uma depressão arrastada e “drunfada”, por conselho médico: é uma dádiva saborear estes textos ; pois lamento o facto do meu cérebro funcionar, até demais, conseguindo perceber a panóplia de alarvices que cada vez mais povoam a nossa terra. Irra!
    Cumprimentos,
    Paula Marques

  14. Oops,

    Algaraviadas ou alarviguês todos trauteiam, pontapeando na gramática, que esta tem costas largas e rabo ainda maior. Os oblíquos átonos são os mais frustrados, andam sempre a mudar de sítio, devem ser os tipos mais nómadas da gramática portuguesa internacional. V. Exª. bem o comprova.

    Agradeço o seu presente, grande clássico do ‘português da cromagem’, que só confirma que os copistas, esses seres escreventes, no meio das caves geladas e mofentas dos mosteiros e dos conventos, de tanto escrevinharem, pariram costumes e tradições, como o celibato e outras coisas que tais.
    O espírito tuga, não sei o que é, diga-me o que entende pelo mesmo, abstraindo-se dos platónicos e derivados. Quanto ao futuro da língua mundial, pois lá telá a mesma que acompanhar os novos patlões, e a testa que bater no chão, por causa das figulinhas de polcelana. Não consta é que os alarves se afastem, antes pelo contrario, proliferam e depois do «É assim…», «É assim… tipo, tás a ver», talvez a maior evolução da língua portuguesa, não sei bem se o alarviguês se manterá à tona no acervo do idiota que julga ser inteligente.
    Um plazer falar com V. Ex.ª.

  15. O fino humor de Olhão está expresso nuam fala de um gerente bancário perante um cliente que dizia «levantar todo o dinheiro porque os juros desapareceram» este mimo MAS O HOME TÁ CHEIO DE RAZÃO E NÃO SE CALA PERQUÊ?

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