Vinte Linhas 466

Maria Farandouri – memória de um poema

A propósito da Grécia lembrei-me da Maria Farandouri. Em 1981 dediquei-lhe um poema no meu livro «Inicias» e ontem passei uma hora a ouvir no Youtube as suas canções cuja memória ainda guardo: Pote, pote, pote, To palio roloi, Ligo akoma, Pios ti zoi mou, O kaimos, Menexedenia ta vouna, Z, To Yelasto pedi, O Antonis e Asma Asmaton. Canções quase todas com música de Mikis Theodorakis, ligando de modo mágico o som da sirtaki à sua poderosa voz de contralto.

O poema é este:

Desculpe que lhe diga mas gosto mais do disco

Não digo que não me emocione profundamente

Quando a vejo num palco a enfrentar a multidão

Mas o disco tem um som mais cuidadoso e belo

Você coxeia ligeiramente talvez devido às sevícias

Embora a sua palavra nada transmita dessa situação

Como se fosse possível esconder a longa noite

Por detrás da frescura da sua bela voz

Nesse tempo você não usava óculos como hoje

Na prisão em Zatouna você percorria o perímetro da lágrima

Hoje tenho comigo a dupla emoção de a ver

Pedindo-lhe desculpa por não saber escrever grego.

27 thoughts on “Vinte Linhas 466”

  1. Ainda perguntas, Sinhã?
    Se fosse comigo, não garanto que pusesse o autor a escrever grego, mas a coxear punha-o de certeza. :))

  2. Pois, mas também te ficou a dúvida. Seja como for, não me esqueci que há gostos para tudo. Mas a mim não me ocorreriam docinhos e cigarros depois de ler uma coisa destas. :)

  3. GUIDA: Ainda bem que não fazias parte do júri que lhe atribuiu o prémio em 1980. Nem fazias parte do Conselho de Leitura da Moraes Editores. Safa!

  4. JCFRANCISCO, eu não conheço a senhora de lado nenhum. Não gostei foi do “poema” que lhe dedicou, e nem lhe peço desculpa por isso. Gostos. :)

  5. sim,guidinha, mais logo que agora só vim descarregar a máquina – e a tripa – e vou a correr para as medições analíticas numa de plásticos. :-)

  6. Este Paul Valery piolhoso fala em rima mas não está lá rima nenhuma. O critico que não é nada só fala do que é – porcaria. Safa!

  7. É triste constatar que o próprio autor possa ser tão cegueta. É flagrante, surpreendente! E vem comprovar todas as anomalias e defeitos presentes em tamanha bosta.

  8. Olha lá, então tu dizes que dedicaste o “poema” à coxa em 1981 e agora vens dizer que já tinha sido premiado em 1980?

  9. Essa do ‘dá-lhes’ também me inclui?
    Olha que eu quando disse que o deixava a coxear era só uma pisadela sem querer (num dedo com uma unha encravada), nada de grave. :)

  10. Eu vejo-me realmente grego e estonteado face a esta amálgama de palavras tão deformadamente assassinadas.
    Como, em Portugal, permitem que palhaços auto-umbigais se pavoneiem histérica e provocadoramente nas praças públicas e nos salões rançosos de um bolor ancestral?
    Há falta de gosto e força de pensar na capital portuguesa! Se os bons se calarem, são os péssimos e medíocres que progridem! Não se esqueçam disso.

  11. Para acalmar os ânimos…

    Poesia

    Se todo o ser ao vento abandonamos

    E sem medo nem dó nos destruímos,

    Se morremos em tudo o que sentimos

    E podemos cantar, é porque estamos

    Nus em sangue, embalando a própria dor

    Em frente às madrugadas do amor.

    Quando a manhã brilhar refloriremos

    E a alma possuirá esse esplendor

    Prometido nas formas que perdemos.

    Sophia de Mello Breyner

  12. ai, guidinha, que precisava de relaxar e limpei a casinhã toda. agora que cheira a lavanda, estou como nova. :-) dar pode ser com meiguice. :-)

    há espaço e estilo para todos, crítico literária.

    (haja língua):-)

  13. Senhorita Sinhã, não há espaço para discursos obsoletos como os exibidos pelo Sr. JCF. Pavoneia-se, bamboleia-se e está encarecidamente convencido de todo o seu esplendor literário. O Sr. José do Carmo Francisco saiu do armário rançoso do século XVIII-XIX e traulita feliz e alegre pelas ruas de Lisboa, convencido de sua pessoa e talento literário.
    Os “poemas” do Sr. JCF são caricatos, tirados das valetas mais sujas da capital, apesar de toda a neutralidade fétida e deprimente a emanar das suas empobrecidas obras.
    Sr. JCF, um conselho amigo: dedique-se às obras da Igreja, mas não às Letras. Tenha dó delas.

  14. Isto está povoado por malucos mas o pó há-de assentar e eles voltam para o Miguel Bombarda no próximo fim-de-semana. Há essa certeza…

  15. Deixa ver se adivinho.

    Tu dedicaste o poema à senhora

    1 ano após ter sido premiado

    Porque estiveste esse tempo à espera

    De saber se ela tinha reagido mal

    Ao facto de teres dito que era melhor

    Ouvir o disco que uma coxa caixa-de-óculos

    Mal acompanhada por uma má orquestra

    E como ela te ignorou… pimba!

    Publicaste o poema sem remorsos

    A sangue frio.

    Olha! Acabo de fazer um poema! Afinal é fácil, basta escrever umas linhas, sem vírgulas, a dois espaços!

  16. ZECA DIABO Tu até és bom rapaz mas não percebeste, mais uma vez. Foi o facto de a Grécia estar na berra, toda a gente fala da Grécia e eu lembrei-me deste poema. Podes entrar no Youtube e escreve ro nome dela e ouves maravilhado. Pode ser Farandouri ou Farantouri, é o mesmo.

  17. Eu não percebi? Tu é que não percebeste que a referência ao coxear da senhora era escusada, tanto como dizeres que a actuação em palco era de inferior qualidade relativamente ao disco. Já agora, a que disco te referes?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *