Vinte Linhas 459

Futebol – em 2010 a pensar em 1966

Uma das vantagens que retirei do convívio regular com alguns antigos jogadores de futebol foi ter apreendido uma outra versão das coisas do futebol. Entre 1988 e 2006 convivi de perto no Sporting Clube de Portugal com Pedro Gomes, Mário Lino, Fernando Mendes, Hilário, Carvalho, Vítor Damas, Osvaldo Silva, Jesus Correia, Travassos, Vasques, Aurélio Pereira e Rui Palhares. No Benfica convivi com Rui Rodrigues, Bastos Lopes, Chalana, Jaime Graça, Toni, José Henriques, Bento, Humberto Coelho, Néné e António Carraça. Entre outros. Elas sabiam e sabem as coisas que, por norma, não aparecem nas páginas dos jornais. Por exemplo o caso do Campeonato do Mundo de 1966. Para quem sabe e lá esteve, tudo aquilo foi possível porque nesse ano de 1966 o campeão nacional foi o Sporting Clube de Portugal e o vencedor da Taça de Portugal foi o Sporting de Braga. Isso conduziu a uma situação em que os jogadores do Benfica estivessem mais descontraídos nesse Verão de 1966. O ataque da selecção nacional era o ataque do Benfica – José Augusto, Torres, Eusébio e Simões. Em termos mentais eles estavam melhor do que os outros jogadores que disputaram palmo a palmo tanto o campeonato nacional desse ano como a Taça de Portugal. Em 1966 eu tinha 15 anos e vibrei com as reportagens dos jornais. Inesquecíveis as crónicas de Carlos Pinhão em Manchester e em Londres. Vibrei com a carreira da equipa portuguesa em 1966 mas só muito mais tarde percebi a verdadeira razão pela qual tudo foi possível. Num ano de Mundial vale a pena lembrar esta memória de quem sabe do assunto porque andou lá dentro das quatro linhas.

5 thoughts on “Vinte Linhas 459”

  1. Esta relação de causa-efeito não tem lógica nenhuma. Basta referir, por exemplo, que em 1972, no Torneio de Independência do Brasil, no qual Portugal perdeu a final com o Brasil por 1-0 (golo de Jairzinho), o campeonato e a taça de Portugal foram ganhos pelo Benfica e a selecção que disputou essa final era constituída na quase totalidade (9 em 11) por jogadores do Benfica, a saber: José Henrique; Artur, Humberto Coelho, Messias e Adolfo; Toni, Jaime Graça e Peres; Jordão, Eusébio e Dinis

  2. Bela recordação, caro jcf.
    Grandes jogadores.
    E fala de um que muito gostaria de saber por onde anda : Rui Rodrigues.
    Vi-o na grande Académica de Mário Wilson e depois no Benfica. Jogador de uma elegãncia e qualidade extraordinárias. Por onde andará ?
    Cumprimentos

  3. Eu explico, JCF. “Conviveste”, porque se calhar, na idade tenra de quinze anos ou menos, andavas a apanhar bolas ao lado da baliza, e “vibraste” porque talvez tenhas levado mais que uma vez com boladas nos peitos que te roubavam a respiracao, ou na cuca que te deixavam a cabeca num sino cerca dum minuto sem poderes contar aos poucos assistentes dos treinos para que lado ficava o polo norte.

  4. Meu Caro ANtónio P. – O Rui Rodrigues esteve num almoço há pouco tempo em Coimbra com u grupo onde eu participei – trata-se do Blog «cromodoscromos». Está bem, tem uma farmácia na Parreira, perto da Chamusca. Conhecio-o mais de perto em 1997 quando ele estava à frente dos mais peqeuninos do Benfica. Como jornalista do «Sporting» fui destacado diversas vezes para jogos com o Benfica. Pode ver pormenores no Blog «cromodoscromos»

  5. Com quinze anos já trabalhava no BPA Rua do Ouro. Nunca fui apanha-bolas mas não tenho nada contra. Comecei a colaborar no «Sporting» em 1988 e em Janeiro de 1997 tornei-me redactor efectivo -logo que saí do BPA. Se não acreditas estás no teu direito mas isso não altera nada…

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